sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

FELIPE NASR BI EM DAYTONA

Com uma pilotagem firme no stint final da corrida, Felie Nasr levou a Penske Porsche a mais uma vitória nas 24 Horas de Daytona, obtendo seu segundo triunfo consecutivo na classe dos protótipos.

            O mundo do automobilismo nem sempre é justo. Vários pilotos de talento passam suas carreiras inteiras sem ter o merecido reconhecimento de seus talentos ao volante, quando muito têm a possibilidade de guiar carros que lhes proporcionem mostrar suas capacidades, e lhes permitir vencer corridas ou campeonatos. É tudo uma questão de estar no lugar certo, na hora certa, e muitas vezes essa equação não consegue ser preenchida adequadamente.

            Felipe Nasr que o diga. O piloto brasileiro era mais uma grande promessa de nosso automobilismo quando chegou à Europa em 2009 para dar seguimento à sua carreira no Velho Continente, como inúmeros compatriotas fizeram antes dele. Trabalhando duro, e batalhando com o melhor que podia obter dos equipamentos que teve à mão, chegou enfim à F-1, primeiro como piloto de testes da Williams, em 2014, e por fim tornando-se piloto titular em 2015, quando alinhou no grid da categoria máxima do automobilismo pela equipe Sauber. Fez a melhor estréia de um piloto brasileiro na competição, terminando em um 5º lugar, e firmando-se como principal piloto do time naquela temporada. No ano seguinte, contudo, diante da crise financeira que o time suíço viveu, Nasr acabou sendo relegado pelo time, com os recursos da equipe sendo direcionados para o colega Marcus Ericsson, cujos patrocinadores exigiam que ele tivesse maior destaque. Mas foi o brasileiro quem impediu que a equipe passasse em branco em 2016, ao marcar, com uma atuação heróica, dois pontos no GP Brasil, que permitiu à Sauber evitar de terminar em último no campeonato, e lhe garantindo uma premiação melhor, salvando o time de quebrar. Mesmo assim, Nasr acabou demitido ao perder o patrocínio do Banco do Brasil, apesar de tudo o que fez pela escuderia, que preferiu ter outro piloto pagante em seu lugar. E assim, Felipe viu seu sonho da F-1 se desvanecer, e ele nunca mais retornaria ao grid.

            Mas o automobilismo mundial não se resume à F-1, e Nasr migrou para os Estados Unidos, onde as possibilidades de obter melhores opções de carreira são mais amplas. E após passar um ano sabático em 2017, em 2018 ele estreou no IMSA Weather Tech Sportscar, o campeonato de endurance dos Estados Unidos. E foi a melhor escolha possível, pois logo em seu primeiro ano na competição, ele chegou ao título, defendendo a equipe Action Express, mostrando sua capacidade. A parceria de Felipe com a escuderia na classe Dpi, a principal do IMSA, estendeu-se até 2021, sendo que neste período o brasileiro foi novamente campeão na temporada de 2021. Em 2019, Nasr terminou o ano com o vice-campeonato, enquanto em 2020 os resultados caíram, e ele foi apenas o 8º colocado na competição. Em 2019, ele ainda se aventurou na Formula-E, pela equipe Dragon Penske, participando de 3 etapas, mas não obteve resultados de monta, preferindo se concentrar mesmo no IMSA, onde já estava firmando seu nome na competição.

            Em 2022, Nasr foi contratado pela Penske para fazer parte do novo projeto de Roger Penske dentro do campeonato de endurance, em parceria com a Porsche. O brasileiro abraçou a oportunidade de defender um dos mais tradicionais times de corridas dos Estados Unidos, e entrou firme no trabalho de desenvolver o novo modelo 963 da Porsche, que seria usado tanto no IMSA quanto no WEC, o Mundial de Endurance. Isso deixou Nasr fora da classe protótipos do IMSA naquele ano, competindo na classe GTD Pro pela Pfaff Motorsports, e participando do Mundial de Endurance (WEC) pela Penske na classe LMP2, enquanto trabalhava no desenvolvimento do novo carro. Em 2023, ele voltaria à classe de protótipos do IMSA com o novo carro, colhendo os primeiros frutos do trabalho, e terminando a competição na 5ª colocação. O resultado de todo o trabalho desenvolvido pela equipe e piloto se confirmou no ano passado, quando Nasr foi novamente campeão do IMSA, agora pela equipe de Roger Penske na classe GTP junto com Dane Cameron. Um tricampeonato de Nasr nos seis anos competindo na classe de protótipos do IMSA, uma mostra mais do que impressionante de seu talento e capacidade, e podendo estar em um time competitivo, algo que lhe foi negado na F-1.

Em 2022, vitórias brasileiras em três classes nas 24 Horas de Daytona, com Hélio Castro Neves (ao centro), Felipe Fraga, e Felipe Nasr.

            Nas 24 Horas de Daytona, o bicampeonato obtido este ano é o ápice de mais de uma década de participação na mais importante prova do endurance norte-americano. Nasr fez sua estréia na corrida muito antes de chegar à F-1, tendo disputado a edição de 2012 na classe principal pela equipe de Michael Shank, terminando a prova em uma honrosa 3ª posição, em parceria com os pilotos Jorge Goncalvez, Michael McDowell, e Gustavo Yacamán. Em 2018 e 2019, ele já começou mostrando a que veio agora como piloto de tempo integral do IMSA, terminando ambas as edições em 2º lugar, pela equipe Action Express. As edições de 2020 e 2021 foram menos auspiciosas em Daytona, com um 7º e 6ºs lugares, respectivamente. Mas foi em 2022 que o brasileiro conseguiu seu primeiro triunfo em Daytona. Não na classe principal, mas na GTD Pro, pela Pfaff Motorsports, o que não deixa de ser uma vitória e um resultado importante no currículo do piloto, que em 2023 voltaria à classe principal, a GTP (ex-Dpi) para finalizar em 7º lugar. No ano passado, contudo, Nasr se consagraria nas 24 Horas de Daytona com seu triunfo na corrida, agora na classe principal dos protótipos, e escrevendo seu nome na competição. Um início de temporada com o pé direito, que se completaria com o título do IMSA ao fim do ano.

            Na etapa deste ano das 24 Horas de Daytona, Nasr partiu da 3ª posição do grid, na segunda fila. E não demorou muito para brigar pela liderança e assumi-la, em que pese a duração de uma prova de 24 horas como é a de Daytona. Mas Felipe mandou ver, e mostrou que estava ali para ganhar, impondo um ritmo fortíssimo, e colocando a Penske sempre em posição de vitória, no carro Nº 7, assim como o carro Nº 6 do time, também um forte candidato ao triunfo na prova da Flórida. Felipe também fez um istint noturno na corrida, e mesmo à noite, continuou mostrando sua capacidade para manter o ritmo necessário a manter as possibilidades de vitória, mesmo depois de ter um enrosco com Campbell na saída do pit line após uma parada, que fez com que o brasileiro despencasse para a 5ª posição na classificação da corrida. Faltando menos de meia hora para o fim da corrida, Nasr relargou bem da última bandeira amarela, e após superar o BMW Nº 24 de Dries Vanthoor, que havia largado na pole-position, rapidamente colocou o carro Nº 6 da Penske, conduzido por Matt Campbell, na alça de mira. E quando Campbell chegou nos retardatários, Nasr partiu para cima, e superou o companheiro de equipe, assumindo a liderança faltando 20 minutos para o término da competição. E ele precisou acelerar fundo, já que Campbell veio para tentar retomar a liderança, e ainda havia o problema dos retardários.

Comemoração de Nasr no Victory Lane de Daytona.

            Mas Nasr conseguiu se livrar dos demais competidores com mais desenvoltura que Campbell, que por sua vez, passou a ser acossado pelo carro Nº 60 da Meyer Shank, com Tom Blomqvist ao volante, que estava a fim de tomar a vice-liderança da corrida. Isso facilitou um pouco as coisas para Felipe, que aproveitou para escapar um pouco, mas nunca abrindo mais de 2s3 na liderança, uma margem bem pequena, que sempre diminuía quando encontrava outros carros pela frente, de modo que Campbell e Blomqvist se aproximavam de forma perigosa, onde um erro poderia colocar tudo a perder. Mas Nasr conseguiu manter a situação sob controle, e por outro lado, Blomqvist acabou superando Campbell, desfazendo o sonho da Penske de fazer uma dobradinha no pódio das 24 Horas de Daytona.

            Com este segundo triunfo, Nasr se iguala a outros nomes de peso do automobilismo norte-americano que venceram duas vezes as 24 Horas de Daytona, como A.J. Foyt, Al Unser Jr., além de nomes como Kamui Kobayashi, Simon Pagenaud, Jordan e Ricky Taylot, entre outros. Entre os brasileiros, Christian Fittipaldi e Hélio Castro Neves, com três vitórias, ainda estão à sua frente, mas é questão de tempo até Nasr poder igualá-los, e até superá-los, uma vez que Christian já se aposentou das pistas, e Helinho não vem participando das últimas edições. Mas, antes de tentar um novo triunfo em Daytona, a missão de Nasr agora é o tetracampeonato do IMSA, e o brasileiro larga na frente na temporada, que começou justamente pela prova das 24 horas. Ao lado do belga Laurens Vanthoor e do inglês Nick Tandy, Felipe abriu o ano com 380 pontos na tabela. A próxima etapa da competição é em março, com as 12 Horas de Sebring, e a temporada se encerra em outubro, com a etapa da Petit Le Mans, no circuito de Road Atlanta.

Felipe Nasr (ao centro), comemorando o segundo triunfo consecutivo em Daytona.

            Do alto de seu queixo empinado, a F-1 dificilmente se ressentiria de não ter um piloto como Felipe Nasr no grid. Mas, para o brasileiro, atualmente ele pode até dizer o mesmo, de não sentir a mínima falta de estar na F-1. O mundo do automobilismo é vasto, e Nasr achou o seu lugar. Azar da F-1. Só é pena que, para muitos brasileiros, o mundo do esporte a motor se resume quase que exclusivamente à categoria máxima do automobilismo, ignorando as demais competições internacionais do mundo do esporte a motor, ou não lhes dando o valor que merecem.

 

 

O triunfo de Felipe Nasr na edição deste ano das 24 Horas de Daytona coroa um feito impressionante para o Brasil: nos últimos cinco anos, um piloto brasileiro esteve no time do carro vencedor. Em 2021, Hélio Castro Neves defendeu time da Wayne Taylor Racing, em parceria com Felipe Albuquerque, Rick Taylor, e Alexander Rossi, vencendo a corrida. Helinho venceria também as edições de 2022 e 2023, competindo pela Meyer Shank. Já no ano passado, o triunfo foi de Nasr com a Porsche Penske, ao lado de Dane Cameron, Matt Campbell, e Josef Newgarden. E Nasr repetiu a dose este ano, aumentando para doze o número de triunfos de pilotos brasileiros na principal classe da principal prova de endurance da Flórida. Raul Boesel foi o primeiro brasileiro a triunfar por lá, em 1988, com a Jaguar. Em 2004, Christian Fittipaldi venceu a corrida pela Bell Motorsports, feito que repetiria em 2014 com a Action Express, e em 2018, pela mesma equipe. Em 2012, Oswaldo Negri Jr. faturou a vitória com a Meyer Shank. Já em 2015, a honra coube a Tony Kanaan, com a Chip Ganassi. E Pipo Derani teve seu triunfo em 2016, com a Extreme Speed Motorsports. Desse modo, também tivemos vitórias consecutivas em 2014, 2015, e 2016. Na verdade, contados os últimos 14 anos, um piloto brasileiro venceu em nada menos que 10 edições da prova. Só não tivemos vitória em 2013, 2017, 2019, e 2020. Um feito impressionante de nossos ases da velocidade.

 

 

Nove pilotos brasileiros estiveram na pista este ano nas 24 Horas de Daytona. Além de Felipe Nasr, Felipe Drugovich também competiu na classe GTP, no carro Nº 31 da Cadillac, com os pilotos Earl Bamber, Jack Aitken e Frederik Vesti, e chegaram a brigar pela vitória na parte inicial da corrida. Porém, uma batida protagonizada por Aitken ao volante complicou tudo, deixando a equipe longe de tentar o triunfo, ficando renegada à 9ª colocação geral. Melhor sorte tiveram Felipe Fraga e Felipe Massa, que dividiram o carro Nº 74 da Riley Motorsports, junto aos pilotos Josh Burdon e Gar Robinson, que chegaram na 3º posição na classe LMP2, apesar de terem enfrentado problemas com a porta direita do carro, que quebrou e os fez perder um tempo razoável nos boxes. Só que a desclassificação do carro vencedor da LMP2, o Nº 8 da Tower Motorsport, pilotado pelo quarteto Sebastien Bourdais, Job van Uitert, Sebastian Alvarez e John Farano, por motivo de infração técnica descoberta na inspeção pós-corrida, promoveu o carro Nº 74 para a 2ª colocação final na classe LMP2. Também na classe LMP2, tivemos Pietro Fittipaldi, defendendo o carro Nº 73 da equipe Pratt Miller com Chris Cumming, Callum Ilott e James Roe, que demonstrou potencial para brigar pela vitória em sua classe, cujas possibilidades ruiram diante de um acidente ocorrido na parte noturna da prova, deixando-os apenas na 10ª posição. Na classe GTD Pro, Augusto Farfus bem que fez o que pôde com o carro Nº 48 da equipe BMW, mas um acidente protagonizado por Max Hesse fez com que o carro terminasse apenas em 12º na sua classe. Já Daniel Serra, competindo na classe GTD, também começou bem a corrida com o carro Nº 34 da AF Course, mas problemas mecânicos relegaram os competidores do bólido ao 12º lugar na classe. Também na classe GTD, Pipo Derani, que já venceu a corrida em 2016 na classe principal, este ano correu com um Corvette, mas o carro Nº 36 teve um incêndio durante a madrugada, de modo que eles não conseguiram ir além da 20ª posição na classe.

 

 

O triunfo da Penske em Daytona este ano consolida a Porsche como maior vencedora das 24 Horas, contabilizando até aqui 20 triunfos como construtora, e 24 vitórias como fabricante de motores. No quesito contrutores, a Riley ocupa a 2º posição, com 10 triunfos, enquanto no quesito de fabricante de motores a segunda posição é da Ford, com apenas 6 vitórias na competição.

 

 

Lewis Hamilton acabou abreviando sua segunda participação em testes com o modelo SF-23 da Ferrari. A programação do time italiano, na pista de Barcelona, previa usar o restante da quilometragem permitida pelo regulamento com carros de dois anos de uso e pilotos titulares, mas o heptacampeão escapou da pista no circuito da Catalunha no segundo dia de trabalhos e bateu com força na proteção de pneus. Embora Lewis não tenha se ferido e saído do carro sozinho, os danos ao monoposto foram suficientes para fazer com que o time italiano tivesse que encerrar os trabalhos, de modo que Charles LeClerc, que também ia andar com o modelo, não pode testar, já que os reparos do carro demoraram muito, e não havia mais luz natural para prosseguir com os trabalhos de pista. Os trabalhos visavam oferecer uma melhor adaptação de Hamilton aos trabalhos de seu novo time, a Ferrari, após mais de uma década defendendo a Mercedes. Hamilton e Leclerc voltam ao cockpit da Ferrari na próxima semana, agora durante os testes da Pirelli, que estará avaliando os pneus que deverão ser usados para a temporada 2026. A sessão vai acontecer também em Barcelona, e o time italiano terá a companhia também da McLaren, que também estará na pista. Este teste, contudo, não está computado no limite previsto pelo regulamento para as atividades das escuderias com carros mais antigos.

Testes da Ferrari em Barcelona com o modelo de 2023 acabaram abreviados com o acidente de Lewis Hamilton, que segue seu processo de adaptação ao time italiano.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

HAVOC SERIES – A TEMPORADA DE 1986 – PARTE VI

Numa derrapagem controlada de um carro com mais de mil cavalos de potência, Nélson Piquet assumiu a liderança no primeiro GP da Hungria, na temporada de 1986, em manobra antológica nos anais do automobilismo.

            E seguimos em frente com a série de postagens de vídeos trazendo as corridas da temporada de 1986. Depois de virar o jogo e vencer de forma categórica o GP da Alemanha, Nélson Piquet continuou seus esforços para virar o jogo contra Nigel Mansell dentro da equipe Williams, que estava favorecendo claramente o piloto inglês em detrimento do brasileiro. O triunfo de Piquet em Hockenhein foi decisivo, mas ainda havia muito a fazer para voltar efetivamente a duelar pelo título, ainda mais faltando seis corridas para o final do campeonato, sem esquecer que Ayrton Senna e Alain Prost seguiam firmes na briga e poderiam complicar a situação da dupla do time de Frank Williams.

            E o palco seguinte seria novidade para todos, e para a própria F-1: o novo Grande Prêmio da Hungria, que fazia sua estréia não apenas no calendário da categoria máxima do automobilismo, mas também no esporte a motor internacional. Afinal, naqueles distantes anos 1980, a Hungria fazia parte do Leste Europeu, composto pelos países sob influência da União Soviética, e que seguiam a ideologia comunista, presente nos países da chamada “Cortina de Ferro”, onde o atraso da ideologia comunista contrastava com o progresso da face ocidental da Europa, capitalista, sob influência do Reino Unido e dos Estados Unidos. Conseguir realizar um Grande Prêmio de Fórmula 1, uma das categorias que mais representava o espírito capitalista ocidental, em um país onde o governo era comunista, e estava sob a órbita de Moscou, foi um feito e tanto de Bernie Ecclestone, na época o presidente da FOCA, a Associação dos Construtores da Fórmula 1.

            E a primeira corrida, disputada no novíssimo circuito de Hungaroring, nas cercanias de Budapeste, no dia 10 de agosto, foi um assombro. Primeiro pelo público, de cerca de 200 mil pessoas que compareceram ao autódromo, número que pode ser corriqueiro nos dias atuais, mas que na época era impressionante para um GP, ainda mais no local onde se realizava. Segundo, pelo show que o público pôde presenciar na luta pela vitória naquela corrida, protagonizada por dois brasileiros, Nélson Piquet e Ayrton Senna, que mostraram o melhor de suas capacidades numa briga com direito a uma ultrapassagem antológica de Piquet sobre Senna em derrapagem nas quatro rodas com sua Williams sobre a Lotus do compatriota, essencial para superar o adversário em um circuito que se mostrou extremamente travado e quase impossível de se ultrapassar devido aos pequenos trechos de reta. Prevista para ter 77 voltas, a corrida foi encerrada com 76, diante do tempo de duas horas ter sido atingido, uma vez que o ritmo de corrida até se mostrou um pouco mais lento do que as projeções apontavam. Piquet, apesar de uma largada meio falhada, tendo sido superado por Nigel Mansell, foi à luta e superou o rival inglês ainda na 3ª volta, partindo para a luta contra Senna pela vitória, onde só os dois brasileiros lideraram voltas em toda a corrida. No fim, nova dobradinha brasileira, com Piquet vencendo mais uma, e Senna terminando em 2º. Nigel Mansell ainda deu sorte, fechando o pódio em 3º, mas praticamente uma volta atrás de Piquet, para ter uma idéia do ritmo imposto pelo bicampeão brasileiro. Um resultado contundente para Nélson buscar a liderança do campeonato, que àquele momento, estava com Mansell, mas agora com uma diferença de apenas 8 pontos à frente. Senna ainda mantinha-se na vice-liderança, mas com apenas 1 ponto de vantagem sobre Piquet. Prost, tendo um raro abandono, caía para a 4ª posição no campeonato. Vocês poderão conferir a corrida completa no vídeo abaixo, mais uma vez postado pelo usuário MrViniciusF1 1995 no You Tube:

 

https://www.youtube.com/watch?v=uvZJYyID8_M

 

A corrida seguinte seria na Áustria, na veloz pista de Zeltweg. Depois de duas vitórias e duas dobradinhas brasileiras, poderia se imaginar que tanto Piquet quanto Senna tentariam manter a rotina na prova austríaca, tanto mais pelo fato de ser apenas uma semana após a prova da Hungria. Mas, naquela época, os carros eram um pouco menos constantes e fiáveis do que nos dias de hoje, e a corrida austríaca foi um desastre para vários pilotos, com diversos abandonos, sendo que apenas 8 pilotos dos 26 que largaram chegaram a ver a bandeirada, entre eles, a dupla da equipe Williams, com Piquet e Mansell a terem problemas em seus carros. A dupla da Lotus também ficou pelo caminho, com Senna a sofrer um abandono decepcionante. Dos postulantes ao título, sobrou apenas Alain Prost, que venceu a corrida, mas não sem ter percalços, com seu motor cortando força em determinados momentos, e dando sorte de seu companheiro Keke Rosberg ter abandonado a 5 voltas do fim quando tinha tudo para superar o francês e conquistar aquela que poderia ser uma vitória redentora em sua última temporada na F-1, já que tinha anunciado sua aposentadoria das pistas ao fim daquele ano. E quem deu sorte foi a Ferrari, com Michele Alboreto e Stefan Johansson a conquistarem os lugares restantes do pódio, com uma performance apenas mediana, tanto que Alboreto cruzou com uma volta de desvantagem, enquanto Johnsson chegou duas voltas atrás. O resultado embolava o campeonato, com Prost voltando à vice-liderança, enquanto Mansell e Senna mantinham posições, e Piquet voltava para a 4ª colocação, mas com os quatro pilotos separados por apenas 8 pontos. Confiram o vídeo da corrida no link abaixo, mais uma vez postado pelo usuário MrViniciusF1 1995 no You Tube:

 

https://www.youtube.com/watch?v=pndQfVaPHYk&t=4581s

 

Com isso, chegamos a 12 corridas da temporada de 1986, com quatro etapas para terminar o campeonato, e muita briga ainda entre os quatro principais candidatos ao título. Em breve, trarei estas corridas aqui, para finalizar esta série de postagens de vídeos daquela célebre temporada dos anos 1980. Até breve.