quarta-feira, 14 de agosto de 2024

ARQUIVO PISTA & BOX – MAIO DE 2000 – 26.05.2000

            Hoje trago mais um de meus antigos textos, e este foi publicado no dia 26 de maio de 2000, tendo como tema central a retomada de Michael Schumacher da liderança e do controle do campeonato de F-1 daquele ano, que havia começado de forma tremendamente favorável ao alemão, que dava mostras de ser o grande favorito para conquistar o tricampeonato, e tirar a Ferrari de seu jejum de títulos que já durava mais de duas décadas. Mas a McLaren havia dado um forte susto nas últimas corridas, dando a entender que estava vindo firme para contestar o favoritismo de Michael, que soube aproveitar a pista molhada pela chuva em Nurburgring para voltar a vencer e esfriar os ânimos da dupla da equipe de Woking, que poderia crescer ainda mais no campeonato. Ao fim do ano, apesar dos esforços da McLaren, Michael Schumacher de fato conquistaria o título, e viraria deus em Maranello, por conquistar o tão esperado título sonhado pelos ferraristas por toda uma geração. E seria apenas o primeiro de uma série consecutiva de cinco conquistas, feito inigualado até hoje na história da categoria máxima do automobilismo. Uma boa leitura a todos, e em breve, mais textos antigos pintarão por aqui...

SCHUMACHER DE NOVO NO COMANDO

          Depois de duas provas com vitórias da McLaren, parecia que o campeonato de F-1 deste ano iria sofrer uma mudança de rumo, depois de 3 vitórias incontestáveis de Michael Schumacher, que certamente tiveram um bônus de ver a principal concorrente - a dupla da McLaren, se debater em problemas. Assim que a McLaren acertasse seus ponteiros, como ficaria a Ferrari, muitos se perguntavam? Depois do último domingo, infelizmente, a pergunta ainda é válida...

          Se Schumacher conseguiu uma vitória contundente que o recolocou no comando da situação, fica a dúvida se a chuva não tivesse contribuído para deixar a corrida do GP da Europa deste ano mais emocionante o principal motivo para a vitória do piloto da Ferrari. A McLaren parece ter de fato o carro mais estável e veloz, tanto que a pole foi de David Coulthard, e a escuderia prateada só não monopolizou a primeira fila porque Michael Schumacher - sempre ele, a exemplo do que fazia Ayrton Senna, conseguiu uma volta impressionante que o colocou ao lado do escocês, relegando Mika Hakkinen, normalmente muito rápido em qualificação, na 3ª posição. Rubens Barrichello, na outra Ferrari, ficou a praticamente 0,6s do seu companheiro de equipe alemão.

          Uma largada foguete de Hakkinen poderia ter sido o desaire que poderia colocar a liderança de Schumacher na classificação em risco, mas a chuva que começou a cair, deixando a pista escorregadia, era a deixa para que o bicampeão alemão, considerado não apenas o melhor piloto da categoria, mas também um expert na chuva, assumisse as rédeas da corrida e mostrar toda a sua habilidade ao volante, praticamente eliminando a vantagem do finlandês antes mesmo da primeira parada de box, e assumindo riscos de pilotagem com pneus para seco em pista molhada como só o alemão é capaz de fazer. Para a concorrência, não havia mais nada a fazer. A disputa era para ver quem seria o 2° colocado, e mais nada.

          Hakkinen, contudo, não deixou de lutar, e durante a prova inteira, com ou sem chuva, foi o único piloto a realmente ameaçar, ainda que de forma tímida, o domínio de Schumacher na corrida. Foi o único a terminar na mesma volta, apenas 13,822s atrás do alemão - todos os demais, inclusive o pole David Coulthard, ficaram a mais de uma volta de desvantagem na bandeirada, assim como Barrichello, vítima de uma estratégia estranha que o fez parar uma vez mais do que Schumacher, e certamente foi decisiva para o brasileiro perder o lugar no pódio restante, que ficou com o escocês. A McLaren dominou o pódio, mas quem deu o golpe mais poderoso foi Schumacher.

          Com o resultado de Nurburgring, o piloto alemão ganhou quase 20 pontos de vantagem para Hakkinen, agora o segundo na tabela do campeonato, com 28 pontos, contra os 46 do piloto da Ferrari. Com o terceiro lugar, Coulthard fica 4 pontos atrás de Mika na classificação. Barrichello, sentindo os abandonos ocorridos em Interlagos e Silverstone, está apenas em 4°, com 16 pontos. Na tabela de construtores, a Ferrari volta a respirar, abrindo 10 pontos de vantagem para a McLaren, que vinha se aproximando perigosamente do time vermelho.

          Mas não apenas a McLaren foi a grande derrotada em Nurburg. A Mercedes, fornecedora de motores para o time britânico, também foi a perdedora do fim de semana. Não é de hoje que a fábrica de Stuttgart usa a prova de Nurburgring para se autopromover, chegando a locar uma tribuna inteira para convidar funcionários e parceiros potenciais, além de sempre ter um camarote vip para os mais ilustres convidados. Mas as condições da prova na região de Eiffell têm por vezes o hábito de complicar as coisas para a turma da casa. Desde que iniciou sua parceira com a McLaren, apenas em 1998 a Mercedes teve a honra de vencer em casa, e mesmo assim, apesar de ter feito maioria no pódio, não foi como desejava, em dobradinha: Michael Schumacher foi uma sombra permanente em Mika Hakkinen, que venceu a corrida e viu seu parceiro de time Coulthard ser apenas o 3° colocado, mais de 30s atrás. No mesmo ano, pelo menos, a Mercedes também ganhou com a McLaren no GP da Alemanha, prova vencida também por Hakkinen.

          Schumacher ganhou uma folga importante a esta altura no campeonato. As próximas duas corridas são em circuitos onde a habilidade do piloto pode desequilibrar contra um carro mais rápido. Em Mônaco, Schumacher costuma se dar bem, e apesar de alguns reveses nos últimos anos, tem tudo para sair do principado com mais um bom resultado e colocar ainda mais pressão na dupla da McLaren. No Canadá, o circuito Gilles Villeneuve tem o hábito de aprontar algumas surpresas, o que dá indícios de ser uma prova agitada e movimentada. E nestas horas, o bicampeão alemão pode levar vantagem sobre a dupla prateada. Posso dizer com segurança que Michael está garantido na liderança do campeonato por pelo menos 2 corridas, independente do que ele faça, e essa folga será importante para poder administrar os resultados no caso de algum fim de semana ruim.

          Mas é notório que a McLaren está melhorando, e a Ferrari pode a qualquer momento perder o comando do campeonato. Nos anos anteriores, o time italiano começava o ano atrás da McLaren, e conforme a competição avançava, conseguia, com o talento de Schumacher, e evoluindo sempre o carro, igualar a briga tanto quanto possível. Será que agora irá acontecer o contrário? Por enquanto Schumacher vem fazendo sua parte, aproveitando as oportunidades para se garantir com certa folga na classificação. Mas em termos de equipamento, parece que aos poucos a McLaren está conseguindo melhorar seu carro, e a Ferrari parece indicar que, se nada de anormal acontecer, em uma disputa direta, pode ser derrotada pelo time inglês.

          A disputa do campeonato parece se manter bem interessante neste ano. Aguardemos as próximas corridas para ver quem de fato está com melhores cartas para a luta pelo título. Até o momento, Michael Schumacher e a Ferrari estão conseguindo lidar bem com a situação, mas parece nítido que a McLaren tem mais força que o time de Maranello, e tão logo consiga suar como deve essa força, pode disparar no campeonato.

 

 

Na coluna da semana passada afirmei que a grande decepção da temporada vinha sendo a equipe Jaguar, que não tinha conseguido nenhum ponto até então no campeonato, e apesar dos recursos providenciados pela Ford, parecia não conseguir coordenar seus esforços para melhorar o desempenho de seu modelo R-01. Em Nurburgring, mais uma vez a escrita se manteve, e os carros verdes continuaram sem apresentar um ritmo decente. Nem mesmo a chuva conseguiu ajudar os pilotos a conseguir um resultado melhor do que normalmente seria possível, apesar de terem conseguido andar um pouco mais à frente. Tanto Johnny Herbert quanto Eddie Irvinne acabaram abandonando a corrida após se envolverem em acidentes com outros pilotos. Foi uma oportunidade perdida para pontuar, pois carros mais competitivos do que a Jaguar, como a Williams e a BAR, também ficaram pelo caminho...


 

A F-CART tem hoje os treinos oficiais para a corrida de Nazareth. A prova acontece neste sábado, no pequeno oval do vilarejo da Pennsylvania, lar da família Andretti. Já no domingo, a Indy Racing League encara sua maior prova, as 500 Milhas de Indianápolis, que tenta manter o seu charme e carisma, que infelizmente já não são os mesmos depois do  "racha" ocorrido em 1996 promovido por Tony George, que tirou sua corrida do certame da F-Indy, promovido pela CART. Mas haverão dois pilotos que irão participar das duas corridas: a Chip Ganassi inscreveu seus pilotos, o colombiano Juan Pablo Montoya, e o americano Jimmy Vasser, na Indy500, e montou um esquema de participação especial apenas para essa corrida. Assim, amanhã tanto Montoya quanto Vasser disputarão a corrida de Nazareth, pelo campeonato da F-CART, e em seguida viajarão para Indianápolis, onde no domingo participarão da corrida no oval mais famoso do mundo. Montoya, aliás, já surpreendeu o pessoal da IRL no Pole Day, ao conseguir a 2ª posição no grid das 500 Milhas, enquanto Vasser largará na 3ª fila, em 7°. Vai ser um fim de semana cheio para ambos os pilotos...

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