sexta-feira, 17 de maio de 2024

SENNA OU PIQUET?

Mesmo após três décadas, "fãs" ainda "brigam" para provar qual de nossos tricampeões mundiais de F-1 foi melhor, com o intuito de desmerecer o outro.

            Neste ano, quando fazem 30 anos da morte de Ayrton Senna, parece ter voltado com tudo a velha discussão sobre quem foi maior, o finado piloto, ou seu rival compatriota Nélson Piquet. E nem é preciso dizer que fãs de Senna, alguns bem raivosos, não perderam tempo em classificar Senna como o maior piloto de toda a história do automobilismo, e denegrir completamente Piquet, com alguns acusando-o de ser um piloto trambiqueiro e sujo, numa discussão acalorada onde tentar se manter sóbrio nos argumentos parece ser visto por eles como ser puxa-saco de Piquet, como se sua defesa praticamente intransigente de Ayrton não fosse a mesma coisa.

            Esse assunto é bananeira que já deu cacho, com as discussões vindo desde antes da morte de Senna em 1994, e é infrutífera. O próprio Piquet já deixou este tipo de discussão para trás, e também já declarou que, como pilotos, ambos se respeitavam muito, por reconhecerem as capacidades um do outro. No plano pessoal, é claro, as coisas foram bem diferentes, e parte dessa rivalidade toda, por mais que ambos os pilotos tenham dado suas contribuições para alimentar essa briga, foram bem inflamadas pela imprensa, que queria claro, vender suas reportagens, e nada melhor que ter dois pilotos campeões do mundo de um mesmo país em pé de guerra midiática.

            De lá para cá, já se viu de tudo nestas discussões. E é inegável afirmar que Senna conseguiu ter mais fãs que Piquet, e até pelo modo como morreu, nunca será esquecido, devido ao trauma que foi aquele momento na história do automobilismo. Mas um roteiro parece ser disco riscado na maioria das brigas de torcida: o “deus” Ayrton Senna é alguém divino, enquanto Nélson Piquet é tascado como o próprio “diabo”, e alguém a ser execrado publicamente. Nossa, quanta dor de cotovelo! Ayrton não era um santo, e Piquet também tinha seus perrengues. Nenhum deles era “deus”, apenas humanos, ambos com talentos impressionantes como pilotos de competição, que à sua maneira particular, colocou cada um no grande hall de estrelas mundiais do automobilismo.

            Chega a ser engraçado tratarem Senna como “puro” ou “bom”, quando muitos nunca cansaram de massacrar Rubens Barrichello por nunca ter sido campeão da F-1 devido a ser “bom” demais como piloto, no sentido de ser otário e honesto. Para parte dessa gente, parece que os adjetivos mudam de sentido, dependendo de quem é o alvo do mesmo... E hajam comentários fuleiros, de ambas as partes, se bem que os “sennistas”, por serem em maior número, causam muito mais barulho, com poucos fãs de fato de Ayrton sabendo elogiar tanto um quanto o outro piloto, mostrando serem verdadeiros fãs da velocidade, que tem a decência de saber elogiar o talento do rival, o que também acontece com fãs de Piquet.

Um dos raros momentos onde ambos deixaram as rivalidades de lado, fazendo a festa da torcida, no GP do Brasil de 1986.

            Piquet é classificado de arrogante? Ele era apenas autêntico, e embora, aos olhos da turma de imbecis hoje que curte o politicamente correto, Nélson falava o que pensava, doesse a quem doesse, simples assim. Se achava superior aos outros? Todo piloto campeão se acha, afinal, foi campeão, e muitos outros não? Se ele cometia um erro na corrida, e isso ferrava com suas chances, ele falava sem procurar desculpas, confessando que tinha feito besteira ele mesmo, sem apresentar justificativas atenuantes. Alguém vai afirmar que Senna também não se sentia maior que os outros?

            Senna não era arrogante? Ele não era bocudo como Piquet, por isso, muitos o classificam até de “humilde”, fora o fato dele se confessar religioso, tendo até mencionado ter “visto” Deus em alguma curva pelos circuitos da vida, mas ele também tinha seus estrelismos e declarações polêmicas. Ao afirmar que “o segundo colocado é o primeiro dos perdedores”, ele praticamente insultava os demais pilotos do grid, como se eles não fossem competentes, ou não se esforçassem o suficiente para serem vencedores. Também chegou a dizer que só a vitória importava. Certo, que piloto não briga pela vitória, e não quer ter sempre o melhor carro? Esse é o objetivo de todo piloto profissional, mas poucos terão isso: o melhor carro, e as vitórias. Que piloto chegou a ter crise de estrelismo quando, em 1992, Senna queria porque queria pilotar a Williams, que metia até nele 2s por volta, e chegou a se oferecer para guiar “até de graça”, ou ameaçar deixar a F-1, se ela não lhe desse um carro decente? Olha, as coisas não funcionam dessa maneira, e aceitar derrotas não significa ser exatamente conformista ou derrotista, como alguns falam. Mas, se todo piloto fosse assim, os grids de todas as categorias seriam extremamente reduzidos, e no caso da F-1, nos últimos anos, ficaríamos reduzido a menos de um terço do grid atual. Mas, aqui, vemos dois pesos e duas medidas: fosse Piquet a falar isso, seria massacrado por essa turma que o critica, como mais um sinal de sua arrogância e prepotência, mas como foi Senna, ah, isso é ser determinado, objetivo, etc. Vamos ser imparciais, pode ser?

Dois gigantes da velocidade, que enfrentaram os melhores de seus tempos, e saíram vitoriosos, trazendo alegria aos torcedores brasileiros.

            Piquet era um piloto sujo? Onde? Até onde constatei, nos acidentes que sofreu, simplesmente ele foi o atingido, e não o responsável. Ele tinha uma pilotagem limpa, e não fazia marolas com os outros pilotos. Ayrton, por sua vez, não era um piloto sujo também, mas por vezes, seu arrojo o levou a alguns incidentes. Seu ponto fora da curva foi justamente no GP do Japão de 1990, onde ele acertou Alain Prost deliberadamente após a largada, numa vingança pelo que o francês havia lhe feito no ano anterior, numa polêmica que até os dias atuais é tratada como “o título roubado de Senna”, quando na verdade, a única coisa que Ayrton perdeu foi sua vitória na corrida japonesa de 1989, com o pessoal esquecendo (ou preferindo ignorar, até de forma conveniente) que o brasileiro abandonou a prova seguinte, na Austrália, debaixo de chuva, onde ele precisava também vencer para chegar ao título, de modo que, mesmo que tivesse mantido o triunfo em Suzuka, Prost ainda terminaria campeão. Curiosamente, Piquet sofreu um desaire parecido na disputa pelo título de 1980, quando Alan Jones abalroou a Brabham do brasileiro na corrida final, e Nélson teve que apelar para o carro reserva na relargada, que estava com problemas, e que causou seu abandono, e a perda do duelo para o australiano da Williams. Mas ele nunca jogou seu carro em Jones procurando vingança após aquilo.

            Aliás, neste ponto, me desculpem, mas Senna forçou demais a barra ao fim da temporada de 1989, sobre sua desclassificação em Suzuka, que sim, concordo, foi uma presepada armada por Jean-Marie Balestre em cima do brasileiro, mas ao abandonar a prova da Austrália, que era vital para ele ainda chegar ao título, se tivesse vencido no Japão, ele perderia o título da mesma maneira. Tivesse vencido em Adelaide, ele teria de fato muitos argumentos para criticar o que fizeram com ele em Suzuka, pois que teria sido um roubo descarado de fato. Mas, mesmo que não tivesse perdido a corrida japonesa, com o abandono na Austrália ele ainda ficaria atrás de Prost na classificação. E se alguém pergunta se com a vitória ele não teria corrido de maneira diferente naquela prova sob chuva? Ora, Senna era ávido pela vitória, era seu estilo. Ele partiu para tentar vencer aquela corrida, como sempre faria, independente da situação, até mesmo porque se vencesse, isso lhe daria o crédito a favor contra o caso do Japão. Mas, ironia do destino: o “ás” da chuva acabou sucumbindo numa corrida sob chuva, perdendo de fato sua chance de título de 1989. Ele poderia até reclamar sobre a vitória no Japão, mas ao alegar a garfada do título, quando aquilo já não fazia mais sentido, resolveu desafiar a FIA, e por pouco não se ferrou, quando teve de se retratar publicamente perante a entidade, que do contrário, teria cassado sua superlicença, e talvez até acabado com sua carreira na F-1, pela ousadia desmedida que apresentou.

Nos pódios que compartilharam, dava até para sonhar com Senna e Piquet sendo amigos, mas os bastidores eram bem diferentes...

            Foi uma derrota inútil, e uma humilhação desnecessária. Sua melhor vingança viria meses depois, quando deu o troco em Prost, e foi bicampeão na mesma Suzuka de um ano antes. Mas poderia ter passado sem a queda de braço que não resultou em nada, a não ser, para alguns, se achar maior que a própria F-1. Não houve nenhum ganho naquele esperneio todo, e nem era necessário, pois todo mundo tinha visto o que havia acontecido.

            Sobre Nélson ser antipático, é preciso ressaltar que ele precisou se fazer sozinho no mundo do automobilismo. Apesar de ser filho de um ministro do governo militar, Piquet nunca teve apoio da família em sua empreitada. Ele corria com recursos contados, e quando foi para a Europa, chegava a dormir no caminhão da equipe, ao lado do carro de competição, por não ter dinheiro suficiente. Teve alguns poucos patrocínios, mas mesmo assim, irrisórios, de forma que ele só foi ganhar mesmo dinheiro após ser campeão, em 1981. E a imprensa da época praticamente o ignorava, dando preferência a outros pilotos nacionais, como Daniel Serra, que ainda podiam contar com alguma assessoria de imprensa, o que os ajudava e muito a ter maior cartaz. Quando ele começou a vencer corridas e disputar títulos, a imprensa, ávida por um novo ídolo, aí sim o procurou, mas querer que ele esquecesse o modo como foi tratado antes, e ainda por cima entrasse naquele climão de “vencer pelo país, pelos fãs, etc”, não era com ele, tanto que dedicou seu primeiro título a si mesmo, afinal, ele tinha conquistado aquilo pelos seus esforços durante quase uma década. Mas só sabem dizer que Piquet era mal-humorado, arrogante e prepotente, esquecendo que ele era bem-humorado e irreverente, e que nestes momentos ele fazia a festa dos jornalistas, que podiam contar com ele para conseguirem matérias bombásticas, fosse no bom, ou no mal sentido. E na grande maioria das entrevistas feitas pela Globo, ele nunca foi descortês ou mal educado, ainda que vez por outra falasse o que muita gente não gostava de ouvir. Ou vamos esquecer que Senna chegou a ficar brigado com Reginaldo Leme em fins de 1989 a 1992, por não gostar do teor de algumas matérias que nada tinham de tendenciosas como ele afirmava. Leme sempre tentou colocar panos quentes na rivalidade entre ambos, mas o máximo que conseguiu foram alguns poucos momentos de “civilidade” entre ambos, que infelizmente nunca fizeram muita questão também de se darem bem. E olhe que Reginaldo foi um incentivador da cobertura de Senna antes de sua chegada à F-1, mostrando que ele não tinha “lado” nessa briga como Senna chegou a sugerir em certo momento, procurando sempre ser objetivo no trato com ambos.

            Quem trabalhou com Piquet na F-1 só lhe tem elogios. Até Patrick Head, que em certos momentos de 1987 ficou em saia justa com o brasileiro por privilegiar Nigel Mansell de forma quase descarada na Williams, falava que Nélson era um dos pilotos mais espetaculares e capazes que já teve a chance de trabalhar. E que era extremamente íntegro como pessoa e piloto. E que piloto teria conseguido ser campeão contra a própria equipe? Nélson nunca reclamou com Frank Williams pelo time não ter cumprido seu papel contratual de ele ser o primeiro piloto, respeitando o momento delicado que Frank viveu naqueles tempos, quando tinha sofrido um forte acidente e ficou tetraplégico, mostrando caráter e decência que seus críticos vivem negando à sua pessoa.

            Portanto, quando Senna começou a vencer corridas em 1985, não foi difícil a Globo passar a lhe dar um tratamento melhor, e torna-lo o queridinho da torcida. E Ayrton, claro, não se negou a esse papel. Inteligente, ele usou seu carisma e modos, além de seu imenso talento, para capitalizar sua imagem. Estava errado? Não, da mesma forma como Piquet tinha todo o direito de ficar na sua, mesmo quando dava declarações polêmicas, como quando falou que Enzo Ferrari já estava gagá, e por isso mesmo, a Ferrari vivia batendo cabeça, o que não era nenhuma mentira, apesar de ter atraído para si a fúria da torcida ferrarista, que ainda teve de engolir o brasileiro como maior vencedor do GP da Itália na época.

A Estrela chegou a lançar um autorama dedicado a ambos os pilotos em um único brinquedo, em 1986.

            A verdade é que tanto Nélson Piquet quanto Ayrton Senna foram gigantes do mundo do automobilismo, cada um à sua maneira, com muitos fãs e rivais, às suas respectivas épocas. E cada um, por motivos diversos, acabou não realizando tudo o que poderia com seus imensos talentos. Senna, por óbvio, poderia ter atingido feitos ainda maiores na F-1, não fosse sua morte prematura em 1994. Alguns apontavam que ele poderia igualar e até superar o recorde de títulos na época, pertencente a Juan Manuel Fangio, com 5 títulos. Não seria nada impossível. Já Nélson teve parte de sua capacidade de pilotagem prejudicada pelo acidente sofrido em 1987 na curva Tamburello, que lhe roubou parte da sensação de profundidade, deixando-o menos veloz, e o obrigando a se reinventar para tentar manter a competitividade. Mas o fato de ter caído numa Lotus com projetos desvairados de carro em 1988 e 1989 afundou parte de sua reputação como piloto e campeão, impedindo-o de lutar por novas conquistas. Ele recuperou parte de sua imagem na Benetton, onde voltou a vencer, ainda que esporadicamente. Ele deixou a F-1 ao fim de 1991, desprezado por Flavio Briatore, que se encheu de olhos por Michael Schumacher, e defenestrou Roberto Moreno de forma imoral e desonesta, o que fez Piquet perder o entusiasmo por ver o amigo ser tratado daquela maneira. Mas, encerrada a participação na categoria máxima, deu por finda sua carreira ali, e recusou participar de projetos como “salvador da pátria”, por não querer prometer resultados que não teria como garantir. E sua vida seguiu.

            Senna conquistou uma imagem maior e mais positiva por ter mais carisma, o que ajudava a conquistar muitos fãs. E seu estilo extremamente arrojado também chamava muito mais atenção do que pilotos com estilos mais “cerebrais”. Não se trata de desmerecer seus feitos, mas o modo como Ayrton morreu, em plena liderança de uma corrida, ao vivo, para todo o mundo assistir, praticamente o canonizou, de modo que ele se tornou uma lenda maior do que já era ou seria, ao final de tudo, com o pessoal esquecendo as fraquezas e defeitos que, como qualquer ser humano, ele possuía. Todas as qualidades negativas passaram a ser direcionadas somente a Piquet, como se ele não tivesse suas qualidades positivas também. Falam que Senna foi um gênio das pistas, mas Piquet também o foi, e isso é fato, não um pachequismo de fã. Gordon Murray, projetista dos tempos de Nélson na Brabham, sempre afirmou que a capacidade técnica de Piquet era impressionante, e olhe que Gordon trabalhou também com Senna na McLaren em 1988, tendo uma boa base para comparar as capacidades de ambos.

            Três coincidências a respeito de ambos: o último show de pilotagem tanto de Senna quanto de Piquet na F-1 foram na mesma pista: Adelaide, na Austrália. Nélson venceu a corrida em 1990, que era o 500º GP da história da F-1, depois de um duelo renhido com Nigel Mansell nas voltas finais. Já em 1993, foi ali que Senna venceu pela última vez na F-1, encerrando sua era na McLaren. A outra coincidência é que ambos foram campeões com motores diferentes em cada ano. Nélson venceu em 1981 com motor Ford V-8 aspirado; foi bicampeão com o motor BMW L-4 turbo; e o tricampeonato veio com o Honda V-6 turbo em 1987. Já Senna foi campeão sempre com a Honda, mas em 1988 foi com o Honda V-6 turbo; em 1990 com o Honda V-10 aspirado; e o tricampeonato com o Honda V-12 aspirado. E tanto Piquet quanto Senna fazem parte da história da Honda na competição, sendo reverenciados pelos japoneses. Piquet por ter sido o primeiro piloto a ser campeão com a marca nipônica; Senna, por dar sequência a esse sucesso, sem mencionar que seu arrojo fazia os japoneses compararem o brasileiro quase a um guerreiro samurai, em sua determinação de vencer não importasse as dificuldades.

            Talvez a maior “ofensa” que Piquet comete hoje em dia é não se render ao politicamente correto, que virou uma verdadeira praga, fora termos hoje toda uma geração de mimizentos que não tolera gente sincera e autêntica. Sim, para muitos dessa turma, isso hoje virou sinônimo de arrogância e prepotência, quando na verdade Piquet nunca foi de seguir a onda dos outros. E, da mesma maneira que Senna, Piquet sempre confiou no próprio taco, e tal como seu compatriota rival, se deu bem em algumas ocasiões, e mal em outras. Coisas da vida, e ponto final.

            Ninguém ganha com essas discussões que, longe de serem razoáveis, na imensa maioria das vezes descamba para grosserias e falta de respeito. E para quê? Para afogar egos? O que isso traz de positivo. Ayrton se foi há 30 anos, e nunca será esquecido, tendo sido considerado um dos maiores pilotos da história da F-1. E Piquet, por mais que queriam renegar, foi outro gigante da categoria. Cada um foi o melhor, à sua maneira, como também foram Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Niki Lauda, entre outros, que às suas épocas, foram os melhores da competição. Não há como afirmar com certeza quem foi o maior piloto de todos, até pelas particularidades de cada década, de cada carro, e dos rivais que enfrentaram. Não precisamos que essas brigas fiquem parecendo uma disputa de caipiras enrustidos que não aceitam o que cada lado fez e conquistou. Ambos têm seus merecidos lugares na história, e infelizmente, um deles não pôde viver para desfrutar de suas conquistas como poderia.

            Os brasileiros precisam aprender a crescer, e não é de hoje. Os ingleses não ficam perdendo tanto tempo brigando para provar qual de seus pilotos campeões foi o melhor, todos são igualmente respeitados e admirados, inclusive um que nem campeão foi, pelas circunstâncias da época, Stirling Moss. Coisas de um país mais crescido e menos intolerantes, ainda que não sejam também perfeitos, mas sendo, pelo menos, mais coerentes que muitos “fãs” nacionais... Quem sabe um dia? Talvez seja uma esperança vã, pois as pessoas parecem estar emburrecendo cada vez mais, e já posso imaginar que muitos, ao lerem este texto, irão querer me defenestrar, pura e simplesmente, por não endeusar nem um nem outro piloto. Problema deles, porque não irão tirar o meu sono, muito pelo contrário, estarão apenas vestindo a carapuça, e confirmando minhas críticas de que essas discussões já deram o que podiam dar, e devem ficar no passado, nada mais tendo a acrescentar à história do esporte, seja nacional, seja mundial...

 

 

Pierre Gasly entrou na pista hoje para as atividades oficiais da Fórmula 1 na pista de Ímola homenageando Ayrton Senna. O piloto francês vai utilizar um capacete quase totalmente idêntico ao usado pelo tricampeão brasileiro, e na verdade, Gasly até já “estreou” o novo casco dias atrás, quando pode experimentar a Toleman de 1984, o carro da primeira equipe de Ayrton na F-1, quando deu algumas voltas com o modelo na pista de Silverstone. Haverá outra homenagem a Senna este fim de semana: Sebastian Vettel irá dar algumas voltas na pista italiana pilotando o McLaren MP4/8, carro com que Ayrton venceu suas últimas corridas na categoria máxima do automobilismo, em 1993, pelo time onde conseguiu todos os seus títulos. Já na F-2, Gabriel Bortoletto está usando uma balaclava e um capacete com o mesmo desenho de Ayrton.

 

 

Outro piloto falecido que terá homenagem este mês é Gil de Ferran. O brasileiro já foi lembrado pela equipe McLaren, que dedicou a ele a vitória de Lando Norris no GP de Miami, semana retrasada, e agora a homenagem parte de Hélio Castro Neves, que foi companheiro de Gil na Penske de 2000 a 2003. Helinho, que busca uma inédita quinta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, está usando um capacete que mescla o desenho do seu capacete com o de Gil. Neste período em que foram colegas no time de Roger Penske, Hélio venceu sua primeira prova na Indy500, em 2001, repetindo o feito em 2002. Em 2003, ano em que Gil pendurou o capacete ao fim da temporada, foi dele o triunfo na Indy500, no resultado mais significativo para o Brasil na famosa corrida, já que o pódio foi todo brasileiro, com Helinho terminando em 2º lugar, e Tony Kanaan, da Andretti, terminando em 3º lugar.

 

 

Aliás, este é o fim de semana de definição do grid para as 500 Milhas de Indianápolis, marcadas para o dia 26. Neste sábado, a partir das 13:00 Hrs., todos entram na pista em busca de uma posição no grid, onde pelo menos um piloto ficará de fora, já que temos 34 carros para 33 vagas no grid. No domingo, teremos a classificação do TOP-12, a partir das 13:00 Hrs., e a partir das 17:00 Hrs., teremos o Bump Day, e a seguir, a disputa pela pole da corrida, sendo que estes últimos dois treinos terão transmissão ao vivo da TV Cultura e da ESPN4, além do sistema Star+, que transmitirá com exclusividade os dois primeiros treinos, no sábado e no domingo.

Um comentário:

iron disse...

...discussão inócua e ridícula... Nelsão,apesar de ter duelado com o Ayrton, era de uma fase final no automobilismo em que o feeling do piloto para o acerto do carro era decisivo para vencer corridas... O Senna praticamente inaugurou uma nova era, em que a preparação física e mental interagia com o desenvolvimento do carro, cada vez mais tecnológico e veloz, principalmente nas curvas. O paulista era mais "kartista" com habilidade pra ter mais velocidade nas retomadas com o famoso "punta taco"... Nelsão, o mecânico com suas gambiarras geniais que punham a concorrência no bolso. O candango não precisa do paulista pra ser o Nelson Piquet e nem o Senna precisa do Nelson pra ser o Senna. Hoje o papo é o Drugovich, Bortoleto ou o Enzo na F1. O passado já passou...