quarta-feira, 1 de maio de 2024

FLYING LAPS – ABRIL DE 2024

            Já chegamos ao mês de maio, e os campeonatos automobilísticos mundo afora seguem firmes em seus respectivos certames, e como é de costume, todo início de mês é hora da sessão Flying Laps, para relacionar alguns acontecimentos do mês anterior que não tenham sido devidamente relatados nas postagens semanais regulares, sendo que nesta edição temos uma ênfase praticamente exclusiva da Indycar, que retomou suas corridas, e ainda teve um acontecimento bem sério que promoveu uma reviravolta no panorama inicial da competição nesta temporada de 2024, que é dissertada com alguns detalhes nesta edição. Portanto, tenham todos uma boa leitura e até a próxima edição da Flying Laps no mês de junho...

Reviravolta na Indycar: a equipe Penske acabou desclassificada da prova de São Petesburgo, que iniciou a temporada da competição, e perdeu a vitória de Josef Newgarden e o 3º lugar de Scott Mclaughlin. Will Power, que havia terminado a corrida em 4º, escapou de ser excluído da corrida, mas perdeu 10 pontos, apesar de ter ganho duas posições no novo resultado da corrida, cuja vitória ficou para Patricio O’Ward, da McLaren. O motivo foi a utilização irregular do recurso do “push-to-pass”, que Newgarden e McLaughlin acabaram usando nas relargadas, momento onde o uso do sistema é proibido. O sistema do push-to-pass, permitindo seu uso livre, havia sido utilizado pelos carros da escuderia de Roger Penske nos testes de pré-temporada realizados dias antes da primeira corrida, e por algum motivo, não havia sido trocado para o sistema correto de uso durante as corridas, quando seu uso é permitido apenas com autorização da direção de prova, que desabilita o sistema em determinados momentos, como nas relargadas, ocasião em que os dois pilotos do time da Penske acabaram usando o recurso, e assim, cometendo infração do regulamento. Mas pegou mal isso ter sido descoberto apenas por ocasião do GP de Long Beach, onde uma análise dos carros, 45 dias após a corrida de São Petesburgo, acabou constatando a irregularidade. Obviamente, a Penske aceitou a desclassificação, admitindo o erro, e saindo claramente chamuscada do episódio. Não faltou também críticas pela demora de se constatar este tipo de irregularidade, com alguns chegando a sugerir até uma manobra de má fé por parte da direção da categoria, que poderia ter privilegiado o time, que é de propriedade do mesmo dono da Indycar há alguns anos, Roger Penske.

 

 

Não seria por menos as dúvidas e críticas. A Penske é a maior e mais poderosa equipe de competição dos Estados Unidos, tendo participação nos campeonatos também da Nascar, além da Indycar, e já tendo participado do IMSA, o certame de endurance dos Estados Unidos, além de estar participando também do Mundial de Endurance (WEC), com apoio da Porsche. É o time mais meticuloso da Indycar, cuja competência e cuidado é ímpar, e acreditar que tenha deixado um erro crasso destes acontecer é meio difícil de acreditar. E claro, a insinuação de que a categoria estivesse sendo condescendente com a escuderia, por ser o time do dono da competição, não é nada agradável. Roger Penske, desde que assumiu a propriedade tanto da Indycar, quando do Indianapolis Motor Speedway, afastou-se do comando direto da equipe, delegando o comando a Tim Cindric, que há muito tempo já era seu braço direito no comando da escuderia, como forma de evitar este tipo de situação. E também não pega bem descobrirem algo assim mais de um mês após a realização da corrida, e ver que este tipo de coisa acabou passando batido até mesmo por ocasião do Desafio do Milhão, em que pese ter sido uma prova extra-campeonato, e com regras diferentes das etapas convencionais da temporada. De qualquer maneira, a desclassificação derrubou as posições de Josef Newgarden e Scott Mclaughlin na classificação, obrigando os pilotos a terem de correr atrás do tempo perdido.

 

 

E, esclarecendo: o sistema “push-to-pass” é um “botão de ultrapassagem”, que é utilizado pela Indycar há várias temporadas, com o propósito de tentar incrementar as disputas por posição na categoria de monopostos dos Estados Unidos. O seu uso é apenas nos circuitos de rua e mistos, e basicamente, é composto de um número de segundos disponível por corrida (que pode variar para mais ou menos), que ao ser ativado pelo piloto, lhe concede uma potência extra durante um intervalo de segundos calculado. Essa potência extra pode ser usada pelo piloto durante qualquer momento da prova, bem como qualquer trecho da pista, independente de outras condições. E não é restrito ao carro que vai à frente, podendo ser utilizado também pelo piloto que vem atrás, de modo que, ao tentar superar o piloto da frente com o recurso, este também pode apelar ao push-to-pass para tentar se defender da manobra, e com isso garantir a posição na pista. Claro, cada uso vai consumindo o tempo disponível do recurso para aquela prova, de modo que os pilotos precisam disciplinar o seu uso aos momentos estritamente necessários, caso contrário, perto ao fim da corrida, ele já não terá segundos disponíveis para tentar se defender de um adversário que tenha economizado mais segundos do recurso. O único momento onde seu uso não é permitido é nas largadas e relargadas, onde todos os carros estão juntos, e seu uso poderia acarretar algum acidente, quando vários pilotos poderiam se enroscar com pilotos que não usaram o recurso. Como em testes o sistema é liberado, ele precisa ser trocado no software dos carros para a corrida que vai ser disputada, e foi isso o motivo do problema com os carros da Penske, pois Josef Newgarden e Scott McLaughlin acabaram podendo usar o recurso nas relargadas, e com isso, se defenderem de quem vinha atrás, em um momento onde o uso do recurso não é permitido. Will Power acabou escapando de ser desclassificado por não ter feito uso do recurso como seus companheiros de equipe fizeram, e acabou perdendo 10 pontos, mas recuperando pontos também, por acabar promovido do 4º para o 2º lugar. Nas corridas em circuitos ovais, como as dificuldades de ultrapassagens são muito menores, o recurso não é utilizado.

 

 

E a prova de Long Beach acabou não sendo muito favorável aos pilotos da Penske. Josef Newgarden teve alguns percalços nas disputas da corrida, terminando a prova no famoso balneário californiano em 4º lugar, quando poderia ter subido ao pódio. Will Power foi outro que poderia ter terminado melhor do que deveria, tendo recebido a bandeirada em 6º lugar, enquanto Scott McLaughlin foi o mais azarado, tendo problemas no carro, e ficando longe de um bom resultado, sendo classificado apenas em 26º. E a vitória coube a Scott Dixon, que mostrando seus dotes de conseguir ser veloz e economizar combustível, conseguiu vencer a corrida, apesar do forte assédio dos rivais nas voltas finais da prova, em especial de Colton Herta, que tentou tomar a vitória do hexacampeão da Ganassi, mas não conseguiu achar uma brecha para tentar a ultrapassagem. Atual bicampeão da categoria, Álex Palou fechou o pódio com um excelente 3º lugar, com a Ganassi dando o troco à arquirrival Penske pelo ocorrido em São Petesburgo, e com o resultado da corrida, àquele momento, conferindo a liderança do campeonato a Scott Dixon, que com seu triunfo, alcançou a marca de 57 vitórias, ficando a 10 do recorde de triunfos das categorias Indy, pertencente a A. J. Foyt, com 67 vitórias obtidas na antiga F-Indy. Foyt, aliás, detém o recorde de títulos, com 7 conquistas também na antiga F-Indy. Dixon, por sua vez, já conquistou 6 títulos na IRL, atual Indycar, ficando a apenas uma conquista de igualar o feito de Foyt. O neozelandês continua andando forte, e mostra que ainda não pensa em aposentadoria. Será que ele conseguirá bater o número de conquistas de Foyt? Algo a ser conferido para o futuro próximo...

 

 

David Malukas está fora da McLaren na Indycar. O piloto, contratado para fazer parceria com Patricio O’Ward e Alexander Rossi nesta temporada, acidentou-se enquanto pedalava de montain bike, lesionando o pulso, e ficando impossibilitado de defender o time, no início de fevereiro. O que deveria ser uma recuperação simples, após cirurgia, contudo, acabou se revelando um problema bem mais sério e complicado do que a escuderia e o piloto poderiam imaginar, e com isso, David não conseguiu participar de nenhuma das quatro provas da competição realizadas até o presente momento, sendo uma delas o Desafio do Milhão, prova extra-campeonato disputada em março na Califórnia. Para a corrida de estréia da temporada 2024, em São Petesburgo, e esta prova extra-campeonato, a McLaren contou com Callun Illot no carro que seria de Malukas. Já para as corridas de Long Beach e do Alabama, o time teve Théo Pourchaire no seu terceiro carro. Como a situação da recuperação de Malukas ainda segue indefinida, o time acionou a cláusula contratual de rescisão do mesmo se o piloto ficasse impossibilitado de defender o time por quatro provas, preferindo liberar o piloto de suas obrigações. Malukas agora terá de correr atrás de um novo lugar para correr, o que possivelmente só deve ocorrer em 2025, o que fará o piloto ter um ano sabático fora das pistas, procurando recuperar-se adequadamente da lesão sofrida. Até o fechamento deste texto a McLaren ainda não havia se pronunciado sobre quem seria o ocupante definitivo do seu terceiro carro para o restante da temporada deste ano. Campeão da F-2, Théo Pourchaire gostou da experiência de pilotar o carro do time na Indycar, e manifestou interesse em continuar participando da categoria, mas ainda não sabemos qual será a escolha da escuderia, até porque tanto Illot quanto Pourchaire tem compromissos, o primeiro com o WEC, e Théo com a Superformula, onde compete na atual temporada, de modo que a McLaren pode partir para um outro nome, que não possua compromissos e possa defender o time em todas as provas restantes da temporada.

 

 

Chamuscada pelo episódio da desclassificação na etapa de São Petesburgo, a melhor resposta da Penske na competição da Indycar veio na pista, com uma dobradinha incontestável na etapa do Alabama, com vitória de Scott McLaughlin, com Will Power em 2º lugar, para mostrar que a escuderia não precisa de algo irregular para vencer na competição. Josef Newgarden, contudo, não deu muita sorte nesta etapa, e depois de um entrevero numa tentativa de ultrapassagem, o bicampeão perdeu o controle do carro, mas conseguiu evitar de bater ou ser atingido por alguém, porém despencou na corrida, e não conseguiu se recuperar, recebendo a bandeirada numa modesta 16ª posição, posição longe do necessário para reagir na classificação do campeonato. Linus Lundqvist salvou a honra da Ganassi, fechando o pódio com uma bela 3ª posição na pista de Barber, à frente de Felix Rosenqvist, da Meyer Shank, que vem fazendo um início de temporada extremamente positivo diante de sua nova escuderia, com Álex Palou terminando em 5º lugar. Depois do show em Long Beach, Scott Dixon se enroscou numa tentativa de ultrapassagem, e a exemplo de Newgarden, também caiu lá para trás, arruinando suas chances de um bom resultado, e terminando apenas em 15º lugar. Mas eles não foram os únicos a se enrolarem e fazerem confusão na pista: Patricio O’Ward acertou Pietro Fittipaldi quando tentava superar o brasileiro, após escapar da pista e perder várias posições, e na tentativa de recuperar o terreno perdido, acabou atacando demais uma zebra quando procurava superar o piloto brasileiro, perdendo a dianteira do seu carro, e jogando o rival para fora da pista, ocasionando o seu abandono ao bater nos pneus, e tomando um drive through pela manobra, também acabando com sua própria prova, finalizando apenas em 22º. No meio da confusão dos rivais, Colton Herta, da Andretti, apesar de ter feito uma prova discreta, terminando apenas em 8º lugar, mas mantendo-se sóbrio na pista, sem arrumar percalços com outros pilotos, assumiu a liderança do campeonato, com 101 pontos, com Will Power logo atrás, com 100 pontos. Álex Palou, na regularidade, é o 3º, com 98 pontos, à frente de Dixon, com 94. E Felix Rosenqvist é o 5º colocado, com 87 pontos. Agora a Indycar parte para Indianápolis, onde terá o GP no traçado misto do famoso autódromo, além das 500 Milhas, a prova mais importante do ano, no último domingo de maio.

 

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