Com uma bela performance e um pouco de sorte, Lando Norris entrou para a galeria dos vencedores da F-1 ao chegar em primeiro lugar na etapa de Miami, à frente de Max Verstappen e Charles LeClerc.
A corrida de Miami
conseguiu ser a melhor prova da Fórmula 1 na temporada 2024, e pelo menos este
ano já parece ser melhor do que o ano passado, pois, se em 2023 a Red Bull
falhou em vencer uma corrida apenas, este ano já são duas provas em que o time
dos energéticos não recebeu a bandeirada em primeiro lugar, primeiro na
Austrália, com um raro abandono de Max Verstappen, e agora em Miami, onde o
holandês não conseguiu se impor como costuma fazer, graças ao fato de seu time
não ter conseguido o melhor ajuste do carro para a corrida, que acabou nas mãos
de Lando Norris, que finalmente desencantou na categoria máxima do
automobilismo.
Da nova safra de talentos que chegou à F-1 nos últimos anos, Norris era o único que ainda estava “virgem” na categoria. George Russell, Esteban Ocón, Charles LeClerc, Pierre Gasly, Carlos Sainz, e até mesmo Oscar Piastri, que chegou à competição apenas no ano passado, já tiveram o privilégio de subir ao degrau mais alto do pódio, sejam nas corridas principais, ou nas provas Sprints. Mas Norris estava “empacado”, e parecia que sua sorte iria demorar um pouco mais a ser mudada, até diante da avassaladora hegemonia de Max Verstappen e da Red Bull desde o ano passado, dando pouquíssimas chances aos rivais de venceram alguma prova. E olhe que em alguns momentos não foi por falta de tentativas.
Mas, competência e talento de Verstappen e da Red Bull à parte, parecia que faltava aos concorrentes acertarem o passo, ou terem um pouco mais de sorte. No caso de Lando Norris, ele já tinha batido na trave em alguns momentos, como quando da última vitória da McLaren na F-1, obtida em Monza, na Itália, em 2021, com Daniel Ricciardo, em dobradinha com o inglês, que por ordem do time para não arriscar o bom resultado que estavam conquistando, manteve Lando em 2º lugar, com o australiano tendo ali seu único momento de brilho no time de Woking. No ano passado, a McLaren começou estupidamente mal o campeonato, disputando posições da segunda metade do grid para trás, necessitando de um megapacote de atualização a meio da temporada que felizmente corrigiu os problemas do carro, e fez da McLaren em vários momentos na segunda metade do ano as mais sérias ameaças ao domínio de Verstappen e da Red Bull. Mas o holandês seguia firme e impávido na frente, e só falhou em dois momentos: na prova de Cingapura, quando o triunfo foi parar nas mãos de Carlos Sainz e da Ferrari, onde Norris foi mais uma vez 2º colocado; e na prova Sprint do Qatar, onde o triunfo acabou, vejam só, nas mãos de Oscar Piastri, companheiro do inglês que havia estreado em 2023.
Desnecessário dizer que Lando ficou incomodado com isso, e em certos momentos, quando o australiano se saia melhor que ele nos fins de semana de GP, o piloto começou a ter alguns chiliques de se ver superado pelo novato, dando mostras de começar a ficar meio mal acostumado com estes reveses. Isso poderia complicar sua situação no time, se ele perdesse as estribeiras. Paralelamente, insinuações de que ele não era incisivo na briga por posições na pista contra alguns pilotos, especialmente Max Verstappen, davam a entender que ele abria as pernas para certos rivais na hora de disputar posição na pista, e um piloto que quer ser vencedor tem de partir para o ataque firme, seja contra quem for. Será que Norris, tido como estrela e potencial campeão da McLaren, iria ficar de salto alto frouxo no time, que com as boas apresentações de Piastri, poderiam colocar até em xeque sua permanência no time? Afinal, surgiram boatos de que a Red Bull gostaria de contratá-lo, mas para fazer figuração diante do domínio de Verstappen no time dos energéticos, obviamente. Ele toparia? Felizmente, não topou, mas certamente pode ter balançado em certos momentos, diante da supremacia da equipe austríaca, e da McLaren aparentemente não conseguir tirar a diferença de performance.
Os dois extremos do fim de semana de Lando Norris em Miami: abandono na prova Sprint no sábado logo na largada (acima), e a comemoração da vitória na prova de domingo (abaixo).
O início da temporada 2024 esfriou um pouco os ânimos, com a McLaren a não conseguir mostrar a força com que terminou 2023, e com a Red Bull dando pinta de que iria passear de novo com Verstappen por mais um ano, sensação que nem o abandono esporádico na Austrália parecia amortecer. Mas o time de Woking tinha seus planejamentos de melhorias, e para a prova de Miami, levou uma revisão completa do carro para o inglês, ficando Piastri com apenas metade das atualizações, a fim de analisar se todas as evoluções corresponderiam ao planejado. O início até foi inspirador nos treinos, mas na prova Sprint, um toque logo na largada fez Norris ficar fora de combate, e sem saber se as melhorias seriam efetivas. Como obviedade, apesar de suas reclamações sobre o carro, que não estava rendendo como de costume, Verstappen fez as poles e venceu a prova Sprint com alguma facilidade, mostrando o cenário de sempre.
Mas a sorte sorriu para Norris na corrida de domingo, onde inclusive ele contou com a ajuda do Safety Car para voltar à frente do pelotão após o pit stop, e dali em diante não sair mais, até a bandeirada de chegada. Por mais que possam dizer que o inglês acabou favorecido pelo carro de segurança, que inclusive entrou errado na pista, posicionando-se à frente de Verstappen, e não dele, o fato é que as diferenças seriam neutralizadas de qualquer jeito, e pelo ritmo que demonstrou na parte final da corrida, mesmo que o holandês tivesse ficado na frente no Safety Car, Norris tinha plenas condições de partir para o ataque, e superar Verstappen em luta direta na pista, como ficou mostrado no ritmo de prova do piloto da McLaren, que não apenas neutralizou o ataque do tricampeão holandês na relargada, como foi abrindo vantagem com autoridade, sem dar qualquer chance para o azar. E vencendo a corrida, para sua alegria, e da McLaren, que num gesto nobre, dedicou o triunfo obtido na corrida ao brasileiro Gil de Ferran, falecido em dezembro do ano passado, e que ocupava cargo importante no time, sendo respeitado e reconhecido por todos. Andrea Stella, inclusive, estava usando um pin em sua camisa com o desenho do capacete do ex-piloto. Gil, aliás, morava em Miami, e foi ali que faleceu, vítima de ataque cardíaco, em fins de 2023, de forma inesperada.
A homenagem feita pela McLaren a Gil de Ferran, falecido em dezembro, e muito querido por todos no time.
Para Norris, foi tirar
um grande peso dos ombros, podendo finalmente comemorar sua entrada para o time
dos vencedores da categoria máxima do automobilismo. O piloto comemorou
efusivamente em Miami, junto com o pessoal do time, e agora, poderá se
concentrar melhor em repetir o feito. Vários pilotos cumprimentaram o novo
vencedor, e que depois que se vence pela primeira vez, novos triunfos em teoria
são mais fáceis. De qualquer maneira, Norris reforça seu papel de líder do
time, que vinha sendo colocado à prova por seu novo colega de time Oscar
Piastri, que em vários momentos andou à sua frente, e parecia capaz de chegar
ao primeiro triunfo em uma corrida principal antes do inglês, a exemplo do que
fizera em Losail no ano passado. Uma preocupação que Lando não tem mais.
E agora? Podemos esperar novos triunfos de Norris e da McLaren, com suas atualizações? O time, embora feliz com o triunfo, prefere manter os pés no chão, evitando ficar empolgado demais com o resultado visto em Miami. Por mais que as atualizações tenham se mostrado certeiras, é preciso lembrar que a Red Bull não estava em sua melhor forma na prova da cidade da Flórida, e que é preciso ver como será a medição de forças quando os carros rubrotaurinos estiverem em sua condição normal de performance. E é preciso conferir se o desempenho do carro atualizado da McLaren se deveram também às características do circuito, e se elas se mostrarão eficientes nas próximas corridas, em pistas bem diferentes. O desempenho de Lando ligou o sinal de alerta na Ferrari, até então a rival mais próxima da Red Bull na temporada, que já vem com um pacote de atualizações para a etapa de Ímola, semana que vem, com o objetivo de recolocar o time de Maranello de novo na primazia de desafiante do time dos energéticos.
No ano passado, a McLaren conseguiu enormes progressos em suas evoluções do carro, que infelizmente chegaram tarde demais para permitir ao time recuperar todo o tempo perdido para rivais como Ferrari e Mercedes. Este ano, a confirmar o desempenho do time inglês em Ímola, mostra que a escuderia já teria conseguido evoluir sua performance bem mais cedo no campeonato, o que possibilita sonhar mais alto em tentar desafiar a posição dominadora da Red Bull, que certamente vai levar novamente ambos os títulos de 2024, de construtores, e principalmente de pilotos, com Verstappen, mas que poderá ter uma temporada um pouco mais trabalhosa do que o esperado, e agora ainda sem contar com a genialidade de Adrian Newey. É cedo ainda para comemorar o possível fim da dinastia Red Bull/Verstappen, mas certamente a forma renovada dos carros de Woking permitem sonhar com mais corridas mais disputadas no ano, e que poderá ficar melhor ainda, se a Ferrari também conseguir responder ao desafio, da mesma maneira como o time de Woking.
A temporada de 2024, que parecia fadada ao marasmo e à previsibilidade, diante do que parecia ser um novo massacre da Red Bull e de Max Verstappen, parece que terá algumas boas surpresas para nos apresentar na competição, e só podemos comemorar se isso se confirmar...
Adrian Newey já está oficialmente desligado do programa de F-1 da Red Bull, e segundo informado, o projetista já não teria mais acesso aos sistemas da escuderia, de modo que o inglês já estaria cumprindo sua “quarentena”, de modo que, caso vá para uma nova escuderia, ele estará liberado a partir de maio do ano que vem. Muitos, contudo, jogam na possibilidade de Newey se aposentar, dada a sua idade, e ao fato de não precisar mais trabalhar para viver, e que ele provavelmente irá aproveitar a vida, até porque tem um barco agora, e ele iria aproveitar para navegar um pouco, apesar das suposições cada vez mais fortes de que irá para a Ferrari, tanto que foi visto conversando com Piero Ferrari, filho do Comendador, fundador da marca, em Miami. Pode até ser, mas, desligado do projeto da F-1, e com o projeto do modelo RB17 de rua em finalização, inclusive com o carro sendo mostrado no evento do Festival de Velocidade de Goodwood no próximo mês de julho, ele pode tirar praticamente um ano de férias, antes de voltar a se engajar em um novo projeto, de modo que ele teria tempo para descansar e recarregar as baterias, antes de assumir suas novas funções, sabe-se lá em que time. Se ele for mesmo para Maranello, se não ocorrer um anúncio semana que vem, em Ímola, muito provavelmente deverá ser em setembro, então, em Monza, para o time aproveitar a presença em solo italiano, e diante de sua torcida, numa suposição mais lógica. Mas, pode ser que nada disso ocorra, e um anúncio seja feito a qualquer momento, ou até demorar. De qualquer maneira, o destino oficial de Adrian Newey ainda vai mexer com a imaginação dos torcedores e da imprensa especializada, até que algo oficial a respeito seja anunciado. Enquanto isso, todas as possibilidades vão sendo especuladas e avalizadas...
A Mercedes levou atualizações para a corrida de Miami, e embora Lewis Hamilton tenha feito sua melhor prova no ano, o desempenho do time alemão continua decepcionante, tendo sofrido inclusive para chegar ao Q3 da classificação, e ainda por cima passado boa parte da prova em disputa com os carros da Haas, tanto na Sprint quanto na corrida principal, com os carros de Brackley mostrando falta de velocidade nas retas da pista, o que tornou as disputas por posição complicadas. George Russell também se queixou do desempenho do carro, tendo ficado zerado na corrida Sprint, sem conseguir avançar à frente. E, com a evolução da McLaren com suas atualizações, a Mercedes fica ainda mais longe na relação de forças do grid, só não perdendo mais força porque a Aston Martin tem sido instável nas últimas provas, também perdendo performance nas corridas. O time anunciou novas atualizações para Ímola, na esperança de pelo menos estancar o déficit de performance, e tentar uma reação no campeonato, já que a Ferrari também terá inovações na prova italiana, visando recuperar sua posição de principal desafiante da Red Bull na temporada.
A Formula-E inicia sua segunda metade da temporada 2024, e a partir de agora, terá apenas rodadas duplas, começando pela etapa deste final de semana, em Berlim, no já conhecido ex-aeroporto de Tempelhof. A novidade é que o traçado da pista, montado no grande pátio onde antigamente pousavam as aeronaves, foi modificado para a edição deste ano. O novo traçado de 2,343 km, e conta com 15 curvas, sendo que as duas provas, de sábado e de domingo, rodarão no sentido anti-horário. No traçado utilizado até ano passado, uma das provas era disputado no sentido anti-horário, e a outra, no sentido horário, como forma de apresentar desafios diferentes aos pilotos no mesmo traçado. O traçado anterior, aliás, tinha extensão de 2,355 Km, contando com 10 curvas. As duas provas da rodada dupla terão largada a partir das 10:00 Hrs., pelo horário de Brasília, com transmissão ao vivo pelo canal pago Bandsports, e pelo canal do You Tube do site Grande Prêmio na internet.
O novo traçado do ePrix de Berlim, modificado para proporcionar mais disputas com os novos carros Gen3.
A F-E ficará em Berlim na segunda-feira, para o tradicional teste de novatos, que terá seis horas de duração, e teremos três brasileiros na pista de Tempelhof desta vez. Enzo Fittipaldi foi escalado para ocupar um dos carros da equipe Jaguar, ao lado de Sheldon Van Der Linde. Na Maserati, quem retorna é Felipe Drugovich, que no ano passado também participou de dois testes, e conseguiu surpreender, marcando os melhores tempos, e chegou a ser cotado para disputar a temporada deste ano, com interesse das equipes Andretti, e da própria Maserati, o que acabou não se confirmando, com ambos os times efetivando Norman Nato e Jerun Daruvala, respectivamente. E Caio Collet, que já é piloto reserva e de desenvolvimento da Nissan, finalmente vai entrar na pista com o carro do time nipônico. Embora os testes não sejam garantia de estarem no grid na próxima temporada, obviamente obter bons resultados vai contar muito para se garimpar um lugar na competição, caso hajam lugares disponíveis. Drugovich, por exemplo, poderia estar no grid hoje se não mantivesse sua meta de ainda focar na F-1, o que teria levado os times interessados a optar por outros pilotos. Diante de ter ficado sem melhores alternativas, Felipe acabou aceitando disputar o campeonato da Europe Le Mans Series, e inclusive, acabou de ser confirmado para disputar as 24 Horas de Le Mans, nos dias 15 e 16 de junho, ao lado de Pipo Derani e Jack Aitken pela Cadillac, no que pode ser a grande chance do brasileiro de reverter a situação de sua carreira no momento.
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