Hora de trazer novamente uma de minhas antigas colunas, e esta foi publicada no dia 28 de abril de 2000, fazendo um pequeno relato do caos que havia sido o GP da Inglaterra daquele ano, devido às fortes chuvas de todo o fim de semana, uma vez que curiosamente foi realizado em abril, e não em julho, como é de costume. Foi um festival de situações ridículas, e até bizarras, com parte do público chegando a ser barrada, para de prevenirem de não conseguirem garantir condições de tráfego até o autódromo. Tivemos carro de segurança precisando ser resgatado, carros de torcedores tendo de serem socorridos, etc. E tudo isso em meio a ameaças veladas de Bernie Ecclestone de tirar a corrida de lá, se não providenciassem reformas, além claro, de um valor mais condizente nas taxas (leia-se mais grana) para poderem continuar realizando o GP. Havia até um boato de que Brands Hatch, que iria passar por reformas em suas instalações, para poder sediar novamente o GP, mas infelizmente o clássico circuito nunca mais viu a categoria máxima do automobilismo correr por lá. Demorou, mas Silverstone melhorou muito sua infraestrutura anos depois, inclusive com a construção de um novo paddock e nova reta de largada do outro lado do autódromo, sendo que a pista também teve melhorias em suas estradas de acesso, para felicidade dos fãs. E, claro, ajudou também voltaram a corrida para o mês de julho... De quebra, alguns tópicos rápidos em especial da antiga F-Indy, que se preparava para a disputa do GP Brasil, em Jacarepaguá, e alguns outros acontecimentos. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos aqui no Blog...
BAGUNÇA PRA INGLÊS VER
Depois da confusão das placas, do asfalto e dos furos da segurança, vistos durante o GP do Brasil, quem achava que não poderia ver maior baderna teve de se render às evidências mostradas no último fim de semana em Silverstone. Foi o GP mais bagunçado que já vi em terras européias de que há memória recente. A mudança de data imposta por Bernie Ecclestone, que trouxe o GP inglês do meio do verão para o meio da primavera, teve seus pontos positivos nos treinos, embora na corrida não tenha proporcionado nada de anormal. Mas, fora da pista, quem deu mostras de incompetência e amadorismo foi a organização da corrida. Depois dessa, eu diria que criticar as falhas do GP do Brasil é praticamente ridículo. Nós, pelo menos, ainda temos a desculpa de ser o “3º Mundo”, mas e eles, os ingleses, justo o país onde é considerado o centro mundial do automobilismo?
As situações hilárias começaram nos treinos livres de sexta-feira. Debaixo de uma chuva torrencial, os pilotos tinham de “navegar” com seus carros nas mais diversas condições das interpéries. Como não poderia deixar de ser, os treinos foram coalhados por diversas rodadas e saídas de pista. Mas, do lado de fora da pista, a chuva também estava proporcionando algumas imagens inusitadas. Como o caso do público que ficou com seus carros atolados nos estacionamentos que, encharcados pela água, ficavam com sua cobertura de grama totalmente degradada. O que teve de carros precisando serem desatolados e empurrados, muitas vezes com a ajuda de muitos outros torcedores, foi no mínimo engraçado, mas apenas para quem via aquilo. Muitos torcedores não gostaram nada. Mas o cúmulo deste tipo de acontecimento ocorreu dentro da pista, onde o carro de serviço que ia rebocar o McLaren de David Coulthard teve de ser socorrido porque ficou atolado também. O piloto escocês até ajudou a desatolar o carro, com uma cena também curiosa: ele estava descalço. A alegação do escocês foi original: a equipe não paga pelas sapatilhas, então ele as tirou para não estragá-las no barro. E o simpático escocês ajudou só de meias mesmo.
O cúmulo da palhaçada, esta feita com os torcedores, foi reservada para sábado. Temendo a avalanche de carros atolados e o excesso de lotação e pior degradação dos gramados do autódromo, a organização proibiu todos os carros que não fizessem parte da organização do GP de chegarem a Silverstone. Um bloqueio barrou todos os carros não-autorizados a cerca de 5 quilômetros do circuito e, de lá, quem quisesse chegar à pista, só andando. Como é de se esperar, só os mais férreos e determinados torcedores resolveram encarar uma caminhada de 5 quilômetros debaixo de uma forte chuva e de um frio daqueles para assistir aos treinos de sábado. Na hora da classificação, o tempo até que deu uma pequena trégua, mas depois veio um pé d’água que inundou de novo o circuito e, com certeza, fez muitos tomarem um belo banho fora de hora. Patético, um total desrespeito para com o público.
É difícil encontrar meio-termos para criticar de maneira polida a atitude dos organizadores em Silverstone. Os organizadores não tomaram nenhuma providência em relação ao público para facilitar o acesso a Silverstone, que já não é fácil devido às pequenas estradas que levam ao autódromo. Bernie Ecclestone há anos exige obras que melhorem a infra-estrutura ao redor do autódromo, e todo este tempo os organizadores empurraram a coisa com a barriga. Como tirar o GP do país que é considerado o coração do automobilismo mundial e sede da grande maioria das equipes soa como heresia, desta vez Ecclestone tem um trunfo melhor: O circuito de Brands Hatch, que está sendo recuperado e reformado para receber a F-1, possivelmente já em 2001, mas com certeza no calendário de 2002. A mudança de data, proposital, de Ecclestone, da corrida inglesa para esta altura do ano, por mais mesquinho que tenha sido esta jogada, parece ter conseguido surtir efeito, mas é bem verdade que a culpa maior é dos organizadores, que deram o maior sinal de desrespeito ao público inglês. A única providência tomada pelos organizadores até o momento é o ressarcimento do valor dos ingressos aos torcedores que não conseguiram chegar a Silverstone. Mas a meu ver é muito, muito pouco. Quem sabe a perspectiva de o prejuízo do GP passar dos 6 milhões de dólares levem o pessoal da organização da corrida inglesa a ter um pouco mais de vergonha na cara...
Nem mesmo por aqui se viu tamanho descaso. A organização do GP do Brasil levou uma multa pesada da FIA por conta dos percalços que surgiram durante a realização do GP em Interlagos. Depois do que se viu no último fim de semana na Inglaterra, quero ver que atitudes a FIA vai tomar em relação ao GP da Inglaterra. Até o momento nenhum comentário ou possível sansão foi anunciada, mas alguma atitude deve ser tomada. Isso se a FIA tiver um mínimo de decência, afinal, não se pode exigir ordem nos GPs realizados por aqui se por lá acontecem coisas deste tipo. Respeito, acima de tudo, é bom e o público exige isso. E um campeonato tão profissional como é o Mundial de F-1, não pode ser desvirtuado com acontecimentos deste tipo.
Rubens Barrichello enfim brilhou com a Ferrari. No GP da Inglaterra, o piloto brasileiro interrompeu a série de poles consecutivas de Mika Hakkinem num dos treinos classificatórios mais emocionantes dos últimos tempos, onde a incerteza estava presente a todo minuto. Na corrida, mais uma vez, Rubinho mostrou sua competência, liderando com autoridade e firmeza a maior parte da corrida britânica. Era o mais cotado para a vitória, pois vinha mantendo sob controle a forte dupla da McLaren. Infelizmente, o carro deixou o brasileiro na mão, fazendo-o perder a liderança para Coulthard e depois causando o seu abandono. Mas Rubinho deu o seu recado, e mostrou que é capaz de andar na frente. E a Ferrari não está boicotando o piloto brasileiro, como muitos andaram especulando, em razão de só o seu carro ter quebrado até agora. A Ferrari precisava de Rubinho para vencer o GP da Inglaterra, pois Schumacher estava fora da briga pela vitória e ficou lutando o tempo todo no 2º pelotão da corrida, em virtude de sua má largada. Se Barrichello vencesse, a escuderia italiana teria sua 4ª vitória consecutiva na temporada, e poderia ter minado totalmente a confiança da McLaren. Como o time de Ron Dennis venceu, a escuderia de Woking viu renascer, ainda que meio timidamente, suas chances no Mundial.
Chegou a vez da etapa brasileira do mundial da F-CART. Hoje começam os treinos para a Rio 200, que tem como principal atrativo o fato de serem com entrada franca. Uma louvável iniciativa de Émerson Fittipaldi, organizador da etapa, que tenta popularizar a categoria para difundi-la ainda mais no Brasil. E o povo deve comparecer em massa ao oval de Jacarépagua. Bons motivos não faltam, como o fato de que o traçado trapezoidal do circuito proporcionar boas disputas e pegas emocionantes. E, para aumentar a euforia, nada menos do que 3 pilotos brasileiros são fortíssimos candidatos à vitória na etapa brasileira, pelo que já mostraram até agora nos testes, treinos e corridas disputados: Gil De Ferran, com a Penske; Roberto Moreno, da Patrick; e Christian Fittipaldi, da Newmann-Hass. As perspectivas são muito boas de se repetir uma vitória brasileira.
Desde o início da semana a cidade do Rio de Janeiro já vive o clima da F-CART. Como era com o pessoal da F-1, o Rio sabe encantar a todos com a sua beleza natural e a tradicional hospitalidade carioca. Apesar de alguns percalços por parte do governo em áreas como segurança, ecologia e similares, o Rio de Janeiro mostra que seus atributos são indiscutíveis como pólo turístico. E, quando sedia uma prova de porte internacional, ganha sempre pontos. Só gostaria que as autoridades dispendessem mais atenção aos problemas desta metrópole, que ultimamente têm tido grandes discussões a respeito de corrupção nas forças policiais, confrontos entre traficantes nas favelas, urbanização descontrolada e a poluição fora de controle na lagoa Rodrigo de Freitas. Mas, a esperança é a última que morre e, infelizmente, temos um ano eleitoral pela frente. Vamos ver o que a classe política promete desta vez...
Roberto Moreno anda empolgado com o desempenho de seu carro nas duas etapas disputadas até o momento no campeonato da F-CART. Não fosse o problema momentâneo durante duas voltas em Long Beach, o piloto brasileiro teria todas as condições de subir novamente ao pódio e estar brigando pela liderança do campeonato. Mesmo assim, Moreno não desanima: “Teremos condições de disputar o título”. E ele está certo. Só foram disputadas 2 etapas, e ainda temos 18 provas até o encerramento da temporada. Oportunidades não vão faltar.
Gil de Ferran, apesar de dizer que não se importa, pode chegar a uma vitória história para sua equipe se vencer a corrida de domingo, em Jacarépaguá. Seria a 100ª vitória da equipe de Roger Penske. Desde que a equipe surgiu, em 1969, a Penske já conquistou até o momento 99 vitórias e 118 pole-positions. Uma marca invejável, que a coloca como o time mais vitorioso da categoria. O piloto brasileiro diz que não fará diferença quem conquistará a 100ª vitória do time, se ele, Gil, ou seu companheiro, Hélio Castro Neves, mas se ela vier neste domingo, Ferran já avisa que a comemoração será por sua conta...
Antônio Pizzonia continua sua arrancada na F-3 inglesa. Venceu as duas etapas disputadas até agora do certame e é o favorito para vencer a próxima etapa, neste fim de semana, em Oulton Park. E Pizzonia dá seus primeiros passos rumo à F-1, já tendo acertado uma série de testes com a Benetton, em acordo fechado com Flavio Briatore no último fim de semana, em Silverstone. Estará na F-1 em 2001? Pode ser bem possível...
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