Lando Norris venceu seu primeiro GP na etapa de Miami, e pressionou Max Verstappen na briga pela vitória em Ímola. Ameaça real da McLaren à Red Bull na temporada?
Max Verstappen venceu
mais uma na temporada 2024, e caminha firme e forte para o tetracampeonato
mundial de F-1. Mas, será mesmo? Pela primeira vez na temporada, vimos um
vencedor de um GP que esteve perto de perder a vitória nas voltas finais, uma
vez que o atual tricampeão mundial da Red Bull cruzou a linha de chegada na
pista de Ímola com a McLaren de Lando Norris quase grudada em sua caixa de
câmbio. Se levarmos em conta que Norris venceu a corrida anterior, em Miami, a
pergunta que muitos fazem é se a Red Bull perdeu seu domínio na competição, e
se a McLaren chegou de fato.
Uma dúvida pertinente. Afinal, o triunfo de Lando em Miami, por mais bem-vindo que possa ter sido, tinha alguns pormenores a serem considerados. O primeiro deles, o fato de a Red Bull não ter conseguido achar seu acerto ideal na corrida citadina do Estado da Flórida, sendo que Max Verstappen só largou na pole graças a seu talento espetacular. Mas o holandês não conseguiu ir-se embora dos rivais como costumou fazer nos últimos anos, e ainda que o Safety Car possa ter dado uma ajuda ao reunir o pelotão, e fazer com que Norris assumisse a liderança, é preciso considerar que, na parte final da corrida, o piloto da Red Bull em nenhum momento esteve a ameaçar o triunfo do jovem da McLaren, que abriu uma vantagem confortável para vencer seu primeiro GP de F-1, e finalmente desencantar, depois de bater na trave em algumas oportunidades.
Desnecessário dizer que, desde meados da temporada passada, a McLaren veio desenvolvendo seus carros com extraordinária eficiência. Depois de iniciar a temporada de 2023 com um desempenho sofrível, a ponto de seus pilotos disputarem quase as últimas posições na pista, a escuderia conseguiu dar uma evolução no carro espantosa a meio do ano, a ponto de a McLaren se posicionar como a segunda força do grid, atrás apenas da hegemônica Red Bull, que até balançou em um momento ou outro sob a pressão dos carros laranja, mas ainda assim, conseguiu manter as rédeas da competição, e neutralizar a investida do time de Woking, que não fosse a primeira metade tão débil do ano, teria certamente brigado pelo vice-campeonato com Mercedes e Ferrari, tendo apenas conseguido superar a Aston Martin, que de equipe surpreendente, despencou na segunda metade do ano, em ritmo inverso aos exibidos pelos carros laranjas.
E no início da temporada 2024, deu a impressão de que a McLaren não prosseguiu com sua evolução, uma vez que a Red Bull mais uma vez atropelaria a concorrência com seu novo carro, e a Ferrari, apesar de uma evolução nítida, especialmente no ritmo de corrida, seu grande ponto fraco em 2023, ainda não estava em condições de desafiar Verstappen. Mas, mostrando novamente um pacote de atualizações certeiro, o time de Woking parece estar repetindo o feito de 2023, com o agravante (para os rivais, claro) de estar vindo bem mais cedo do que na temporada passada, além de a McLaren ter começado o ano bem mais competitiva do que o mostrado no início da temporada passada. Se o resultado de Miami tinha de ser relativizado pelo tipo de pista, e pelas dificuldades da Red Bull em ajustar seu carro para o circuito, a pista de Ímola, um traçado mais à moda antiga, poderia fornecer um parâmetro mais confiável da evolução real da McLaren. E o panorama parece bem animador, com Lando Norris a pressionar Verstappen nas voltas finais na luta pela vitória, chegando bem perto do tricampeão, que venceu a prova na base do braço.
Mas, novamente aqui,
temos considerações a fazer. O ritmo de Norris foi bom? Sim, mas
especificamente com os pneus duros, usados na segunda metade da corrida. Na
primeira metade, com pneus médios, Verstappen abriu uma vantagem de forma bem
satisfatória, que lhe permitiu ter uma segurança com a qual passou a ter de
administrar nas voltas finais. Norris afirmou que, se tivesse mais uma volta,
teria vencido a corrida, mas será que ele conseguiria ultrapassar o piloto da
Red Bull efetivamente? A pista de Ímola, antes tão boa em ultrapassagens, ficou
truncada com as reformas pós-1994, que eliminou da pista seus principais
trechos de alta velocidade, entre a reta dos boxes até a Tosa, agora recortados
por duas chicanes travadas.
E é preciso relevar que, mais uma vez, a Red Bull não acertou seus carros da maneira eficiente que vinha fazendo. Isso é uma tendência, agora que Adrian Newey deixou de acompanhar o projeto da F-1, ou algo pontual? É preciso um pouco de tempo para se ter uma resposta, e ela não virá exatamente neste fim de semana, em Monte Carlo, devido às peculiaridades do circuito monegasco, que podem mascarar a real força dos times, dependendo do esforço individual de seus pilotos. Mas, se a Red Bull voltar a enfrentar problemas nas duas etapas seguintes, em Montreal, e em Barcelona, circuitos de excelência técnica, aí sim poderemos dizer que o reinado fácil do time dos energéticos pode ter chegado ao fim, e que a concorrência, em especial a McLaren, chegou de fato para desafiar o favoritismo do time rubrotaurino e de Max Verstappen, podendo talvez até colocar em risco o possível tetracampeonato do holandês, antes tido como favas contadas, praticamente, diante da aparente incapacidade da concorrência em apresentar-se à altura da Red Bull na pista.
Para a competição, especialmente, seria muito bom vermos a McLaren retornando às vitórias de forma regular, algo que não ocorre há praticamente uma década, onde o time ocupou pela última vez uma situação de protagonista ainda na temporada de 2012. De lá para cá, o desempenho da escuderia, em especial na malfadada nova associação com a Honda, de 2015 a 2017, jogou o time de Woking para o fundo do grid, mercê da falta de competitividade da unidade de potência nipônica, e dos projetos deficientes dos carros. Foi preciso encerrar a relação para tanto Honda quanto McLaren redescobrirem seus pontos fracos e corrigi-los. O time passou anos na condição de coadjuvante, sem conseguir até mesmo pódios, e se perguntávamos se a McLaren seguiria a trilha de decadência que vitimou outros times outrora gloriosos no passado, como Lotus, e mais recentemente, a Williams. Ron Dennis, a grande liderança da escuderia, acabou desligado da organização, que passou a ter novos proprietários, e novo comando, agora sob o tacão de Zak Brown. Até mesmo a nomenclatura dos carros foi mudada, numa clara mudança na mentalidade de comando do time, que voltou a competir nos Estados Unidos novamente, entrando na Indycar, e mais recentemente, apostando também no campeonato da Formula-E. Para muitos, isso estaria tirando o foco da McLaren em competir a sério na F-1, mas felizmente, não parece ser o caso.
Pela primeira vez em
muitos anos, podemos dizer que a McLaren voltou a ser uma força a ser considerada
na categoria máxima do automobilismo, como fora em seus tempos áureos. Se não
está vencendo mais, é porque a Red Bull exerceu um domínio esmagador nos
últimos dois anos, que só agora parece estar sendo contestado de fato. A
Ferrari se credenciou a ser o principal nome da concorrência, mas agora, é o
time de Woking, que mostrando uma grande eficiência técnica, conseguiu colocar
seus carros como reais desafiantes do modelo RB20, oferecendo a seus pilotos
chances efetivas de tentar desbancar o domínio de Max Verstappen. E não apenas
com Lando Norris. Oscar Piastri tem tido alguns azares até aqui, que o deixaram
em posição inferior ao do inglês nas corridas, mas a performance do australiano
tem sido igualmente forte, e pode ajudar a deixar a briga ainda mais acirrada
contra o time dos energéticos e o resto da concorrência. E Piastri já mostrou
que pode engrossar essa parada ano passado, em sua temporada de estréia. Agora,
mais calejado, Norris precisa ficar de sobreaviso para não ser superado por seu
companheiro de equipe, que já deu seu recado claro de que pretende brilhar
também.
Ainda é cedo para dizer que o novo reinado da Red Bull acabou. Max Verstappen ainda é a principal arma da equipe rubrotaurina, e sua capacidade não pode ser ignorada. Alegar que Verstappen poderia ter ficado mal acostumado com seus anos de reinado quase solitário é uma afirmação perigosa. Muitos disseram que Lewis Hamilton seria incapaz de encarar o holandês em 2021, mas a Mercedes conseguiu equilibrar a disputa, e o inglês levou a briga até o final, decidida nas últimas voltas de Abu Dhabi da forma polêmica como se viu. Achar que Verstappen irá para as cordas diante de uma disputa mais renhida é simplesmente cutucar a onça com vara curta, a menos que a Red Bull se mostre completamente vulnerável agora sem a genialidade de Adrian Newey comandando o setor técnico, e direcionando as evoluções do modelo RB20.
E aqui é preciso ver se Lando Norris, que em tempos recentes foi acusado de ser leniente nas disputas de posição na pista com Verstappen, irá ter uma postura bem mais decidida e firme no duelo contra o holandês. Norris foi acusado de “dar passagem” praticamente a Verstappen em disputas na pista, enquanto engrossava a parada com outros pilotos, o que motivou algumas críticas de que Lando estaria com “medo” de encarar o agora tricampeão holandês. A vitória em Miami parece ter despertado um novo instinto em Norris, que pelo menos em Ímola, partiu para pressionar Max, mas que não chegou de fato a tentar dividir curva com o piloto da Red Bull na briga pela vitória. É a oportunidade de Lando mostrar que mudou de atitude, pois na dividida de posição com Verstappen, não há como ficar na indecisão, será preciso partir para o ataque de forma contundente. Se Norris quiser de fato ser um piloto vencedor e disputar o título, precisa deste instinto matador que todos os grandes campeões já demonstraram ao longo de suas carreiras. Até porque, como já mencionei acima, se Norris pisar em falso, Piastri vai querer aproveitar a oportunidade para se lançar à luta também. Se na Red Bull Verstappen não vê o perigo de Sergio Perez contestar sua posição no time e na pista, na McLaren essa certeza é tênue em relação a seus pilotos, que estão muito mais nivelados do que no time rubrotaurino.
Essa disputa promete. E podemos ver um novo round já neste fim de semana, em Monte Carlo. E quem largar na frente terá boa vantagem para levar a vitória, já que o circuito monegasco é praticamente inviável para ultrapassagens com os carros atuais da F-1. A briga para largar na frente será crucial, mais do que tudo. Quem vai ganhar essa queda de braço?
A Formula-E retornou à China após vários anos de ausência, devido à pandemia da Covid-19, que fez o país asiático se fechar de forma radical para o resto do mundo, até finalmente voltar a se abrir no ano passado. País da primeira corrida da categoria, em 2014, em um circuito montado nas ruas da capital Pequim, que inclusive teve como primeiro vencedor o brasileiro Lucas Di Grassi, a China recebe novamente os carros de corrida 100% elétricos no seu palco mais conhecido, o belo autódromo de Shanghai, que utilizará uma versão reduzida do traçado normalmente utilizado para outras categorias como a F-1, com 3,05 Km de extensão, e 12 curvas. E será uma rodada dupla, com corrida no sábado e no domingo, com largada prevista para as 04:00 Hrs., pelo horário de Brasília. Será a primeira vez que a F-E correrá na pista de Shanghai, sendo que até agora a categoria utilizou apenas pistas urbanas em Pequim, Hong Kong, e Sanya, e a previsão é que a prova seja outra corrida “de pelotão”, como foram as provas em São Paulo e Misano, com todos os carros andando juntos, e com muita disputa pelas posições. As corridas terão transmissão ao vivo do canal pago Bandsports, e do site Grande Prêmio, em seu canal no You Tube.
Depois de correr com vários pilotos substitutos na rodada dupla de Berlim, o grid da F-E contará novamente com todos os seus pilotos titulares na rodada dupla da China. E quem também retorna ao grid é Sam Bird, pela McLaren, que teve de se ausentar das etapas realizadas na capital alemã por ter tido que operar a mão, machucada numa batida na etapa de Mônaco, o que fez com que o inglês fosse substituído por Taylor Barnard na escuderia, tendo disputado a prova no Principado de Mônaco, e a rodada dupla de Tempelhof.
E chegou a hora da Indycar disputar a sua principal corrida da temporada. São as 500 Milhas de Indianápolis, em sua 108º edição, e os treinos de classificação, realizados no último final de semana, confirmaram a força e o favoritismo da Penske para a corrida, com Scott McLaughlin marcando a pole-position, com Will Power conquistando a 2ª posição, e Josef Newgarden obtendo a 3ª marca, de modo que toda a primeira fila da corrida é da equipe de Roger Penske, um grande feito mostrando a força da escuderia, que tinha obtido esse feito pela última vez em 1988, quando alinhou com Rick Mears (pole), Danny Sullivan, e Al Unser, também monopolizando a primeira fila na Brickyard. A Penske venceria aquela prova com Mears, com Al Unser terminando em 3º lugar, e Sullivan ficando pelo caminho, abandonando a prova, após sofrer um acidente. Josef Newgarden venceu a corrida em 2023, e Will Power já faturou a Indy500 em 2018. Será a vez de McLaughlin, ou Power e Newgarden conseguirão um segundo triunfo nas 500 Milhas? A Penske vem de reafirmar sua força, depois da polêmica desclassificação na etapa inaugural da temporada, pelo uso irregular do recurso do Push to Pass, que fez Newgarden perder sua vitória em São Petesburgo, e McLaughlin ficar sem o 3º lugar. Um triunfo limpo, ainda mais na Indy500, serviria para recuperar parte do prestígio do time, abalado desde então. Coincidentemente, da última vez que a Penske largou na pole em Indianápolis, ela venceu a corrida, com Simon Pagenaud, em 2019, o que pode ser um mau presságio para os rivais do time em busca do triunfo na Brickyard Line.
Domínio da primeira fila do grid na Indy500 deste ano faz da Penske a grande favorita para vencer novamente a corrida.
O Brasil larga com dois pilotos no grid da Indy500 2024. Hélio Castro Neves, da Meyer Shank, parte da 20ª posição no grid, e busca um feito inédito na história da famosa corrida, que seria um 5º triunfo na prova, vencida até hoje no máximo 4 vezes, e por apenas 4 pilotos, um deles o próprio brasileiro, que triunfou nas edições de 2001, 2002, 2009, e 2021. Os outros vencedores foram A. J. Foyt, Rick Mears, e Al Unser. Uma nova vitória faria de Helinho o piloto mais vitorioso da história das 500 Milhas, um feito para ficar na história. Mas a disputa não será fácil, e embora Indianápolis “escolha” seus vencedores, vários outros pilotos estão em condições de vencer a corrida, apresentando bom ritmo de seus carros, além de precisarem, claro, de uma dose de sorte para não serem colhidos no meio do caminho por algum acidente ou problema mecânico. Pietro Fittipaldi garantiu vaga para a corrida, largando em 30º lugar, e vai tentar chegar ao final, diante do ritmo pouco competitivo de seu carro para esta corrida, marcando o retorno do clã Fittipaldi a Indianápolis, que já teve Émerson Fittipaldi vencendo a corrida por duas vezes, em 1989 e 1993; e Christian Fittipaldi, que em sua única participação, em 1995, foi 2º colocado. Pietro já disputou a corrida em 2019, e terminou apenas em 25º, defendendo a equipe Dale Coyne.
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