quarta-feira, 3 de maio de 2023

FLYING LAPS – ABRIL DE 2023

            E já estamos no mês de maio, tendo deixado para trás o primeiro mês do segundo trimestre de 2023, que mais uma vez, parece ter começado ontem. O tempo parece continuar voando, tão rápido quanto os bólidos dos principais campeonatos do mundo da velocidade. E todo início de mês é hora de mais uma edição da sessão Flying Laps, relatando alguns acontecimentos do mundo da velocidade ocorridos neste último mês de abril, com destaque para os andamentos da MotoGp e da Formula-E, sempre com alguns comentários rápidos sobre os eventos citados. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps no início do próximo mês, já em junho...

Uma no cravo, outra na ferradura, poderíamos dizer do tradicional ditado popular. Bem, no Grande Prêmio dos Estados Unidos de MotoGP, disputado no belo Circuito das Américas, em Austin, Texas, Francesco Bagnaia resolveu lavar a honra maculada com a queda na etapa anterior, na Argentina, quando vinha para uma tranquila segunda posição. O atual campeão mundial fez uma performance firme na corrida Sprint, no sábado, sem cometer erros, mesmo diante de um inspirado Álex Rins, que tomou a dianteira de Bagnaia no arranque da largada, e resistiu firme no início, até que o italiano da Ducati assumiu a dianteira para não mais perde-la. Atuação irrepreensível, portanto, ajudando a esquecer o mau momento vivido em Termas do Rio Hondo. Mas, no domingo, na corrida principal, eis que Bagnaia voltou a cair, perdendo novamente a chance de vencer como fizera na véspera. Com isso, um retrospecto preocupante para o atual campeão do mundo, que em 6 provas, 3 principais e 3 Sprints, acumulou 2 quedas, evitáveis na opinião da maioria, fazendo reacender os temores de 2022, quando o italiano perdeu vários resultados potenciais na primeira metade da temporada, em virtude de quedas, precisando ir recuperar a desvantagem para os rivais, o que conseguiu com notável capacidade a partir do meio do campeonato, chegando a pulverizar uma desvantagem de 91 pontos para o então líder Fabio Quartararo. A favor de Bagnaia está o fato dos rivais não estarem tão fortes como no ano passado, e o modelo 2023 da Desmosédici ser bem mais dócil do que a moto do ano passado. Mas, mesmo assim, não se pode marcar bobeira, e quando se é um campeão, erros costumam ser muito mais cobrados do que de outros pilotos. Não há motivos para se preocupar no momento, mas é preciso tomar cuidado para não se errar novamente, ainda mais quando se é o favorito ao título, e ainda teve a facilidade de seu companheiro de time ficar de fora de algumas provas por causa de um acidente sofrido logo na primeira etapa, o que impediu uma competição interna no time de fábrica da Ducati. Portanto, “Pecco” ainda tem tudo para deslanchar na temporada, e lutar firme pelo bicampeonato. Basta ele ficar mais atento, e não dar mole para o azar. Por enquanto, quem comemora suas quedas são os concorrentes e a torcida por um campeonato mais equilibrado, já que por enquanto estamos vendo uma disputa mais parelha do que se pensava.

 

 

O grande destaque da etapa dos Estados Unidos na MotoGp este ano foi Álex Rins. O piloto, egresso da Suzuki, que se retirou da competição, acabou na equipe satélite da Honda, a LCR, enquanto seu ex-parceiro Joan Mir foi para o time de fábrica, correr ao lado de Marc Márquez. Rins se queixou de que, no planejamento da Honda para os fins de semana de corridas, estaria sendo subaproveitado pela marca nipônica, que poderia contar mais com ele. Bom, com a ausência forçada de Márquez em alguns GPs devido a ter fraturado a mão na etapa de Portimão, eis que a Honda ficou novamente à deriva neste início de competição, sem sua maior estrela, ainda mais em Austin, corrida que nos últimos anos foi quase inteiramente monopolizada pela “Formiga Atômica”. Mas Rins conseguiu quebrar essa marca este ano, e inclusive devolvendo à Honda um pouco do sabor de glória que anda tão escasso nos resultados da marca japonesa. O piloto italiano brilhou na prova Sprint, chegando a duelar no início com Francesco Bagnaia, mas acabando por terminar em 2º lugar, sempre estando atrás do atual campeão. Esse cenário se repetiu no domingo, com Álex comboiando “Pecco”, mantendo sempre o atual campeão na alça de mira, esperando por uma oportunidade. E ela veio, quando Bagnaia caiu, deixando a liderança com o espanhol da LCR. Mas não foi um triunfo fácil: Luca Marini vinha firme no seu encalço, seguido por Fabio Quartararo, que conseguia uma brilhante recuperação na prova. Mas Rins segurou a onda, não deixou os rivais pressionarem, a cruzou a linha de chegada com pouco mais de 3s de vantagem, coroando sua primeira vitória pela Honda. Rins venceu a etapa de encerramento da temporada de 2022, em Valência, na corrida de despedida de seu antigo time, a Suzuki, onde tinha vencido também o GP da Austrália da temporada passada. Se Rins reclamava um pouco mais de atenção da Honda, ele conseguiu dar o seu recado, ainda mais porque os demais pilotos da Honda na corrida ficaram pelo caminho, abandonando. Está na hora da marca nipônica fazer algo a respeito de sua dependência extrema de Marc Márquez.

 

 

Não é de hoje que a Honda vive às sombras do hexacampeão. Tendo obtido seis títulos em sete temporadas, de 2013 a 2019, a Honda praticamente negligenciou seus outros pilotos, contando sempre com o talento inegável de sua grande estrela, que chegou à MotoGP como um verdadeiro meteoro, arrasando a concorrência. Com uma moto nervosa que só Márquez conseguia domar, os demais pilotos que competiam com as motos da Honda raramente conseguiam obter os mesmos resultados, mas a marca estava vencendo provas e conquistando títulos com Márquez, para quê mudar isso? Mas, quando ficaram sem a “Formiga Atômica”, lesionado no início da temporada de 2020, a conta chegou, e foi devastadora: a Honda virou figurante no campeonato, situação que se mantém até o presente momento, tendo disputado poucas vitórias nos últimos tempos, a conseguido algumas vitórias esparsas, graças a Marc Márquez, nas provas onde ele conseguiu mostrar do que é capaz. Mas a Honda luta para conseguir evoluir sua moto, e fazer com que ela seja mais competitiva, e capaz de oferecer a seus pilotos melhores condições, não podendo ficar refém de um único piloto, por melhor que ele seja. Mesmo tendo se recuperado completamente para este ano, eis que Marc se acidentou novamente, na prova de estréia, em Portimão, e já ficou de fora das etapas da Argentina, Estados Unidos, e Espanha, e o que se viu foi a Honda virar novamente farelo na competição, sem conseguir exibir um mínimo de competitividade que lembrasse os bons tempos, à exceção do desempenho de Álex Rins na etapa de Austin. E a moto nipônica está longe de agradar até mesmo a Márquez no momento. Para se ter uma idéia de como a Honda ficou refém do hexacampeão, o último piloto fora Marc Márquez a vencer com uma moto Honda havia sido Cal Cruthlow, na etapa da Argentina de 2018, com o time satélite da LCR. Com a Honda mesmo, Dani Pedrosa tinha vencido a prova de encerramento da temporada de 2017 pelo time oficial da fábrica. O fato do time não dar ouvidos a suas reclamações sobre a moto japonesa ser nervosa demais, de modo que só Márquez conseguia obter resultados com ela, foi um dos motivos que levou o espanhol a resolver deixar o time, ao fim da temporada seguinte, passando a atuar como piloto de testes e desenvolvimento. Pedrosa, aliás, disputou a última corrida, na Espanha, em Jerez, como wild card da KTM, onde está atualmente, e mesmo sem competir regularmente, fez uma apresentação bastante razoável, terminando a corrida de domingo em 7º lugar, sendo que Sprint ele foi o 6º colocado. A situação da Honda não é nenhuma novidade, mas até o presente momento a marca nipônica não tem conseguido resolver seus problemas, e já se comenta a possibilidade de Marc Márquez deixar o time, procurando um equipamento mais competitivo...

 

 

Depois do bom resultado obtido no ePrix de São Paulo, a Jaguar se saiu ainda melhor na primeira corrida de Berlim da F-E, neste mês de abril. E Mith Evans, mais uma vez, chegou na frente, conquistando sua segunda vitória consecutiva, depois de subir ao degrau mais alto do pódio em São Paulo. E o triunfo da Jaguar foi em dose dupla, com Sam Bird terminando a corrida em 2º lugar. A grosso modo, a marca inglesa tinha tido um triunfo completo na etapa de nosso país, já que Evans foi o vencedor, e Bird tinha terminado em 3º lugar, fechando o pódio, mas com Nick Cassidy terminando em 2º lugar, sendo que a Envision, seu time, utiliza o trem de força da Jaguar. Desta vez, na primeira prova, o triunfo não foi total da marca inglesa, já que o 3º colocado foi Maxximilian Gunther, da Maserati. O pódio de Gunther, aliás, foi para lavar a alma do time italiano, que até agora vinha tendo resultados pífios na temporada, apesar do bom potencial de competição demonstrado em vários momentos, mas que nunca haviam conseguido converter em resultados efetivos. Mesmo assim, a Jaguar teve bons motivos para comemorar, já que a dupla da Envision terminou logo atrás, em 4º e 5º lugares, com Sébastien Buemi e Nick Cassidy, resultando em nos quatro carros com trens de força da marca britânica classificados entre os 5 primeiros colocados, mostrando que a Jaguar é a força do momento na temporada da Formula-E. Quem não conseguiu se sobressair como esperava foi a Porsche, que em sua primeira prova do ano em terras alemãs, viu Pascar Wehrlein terminar em 6º lugar, e vendo Antônio Félix da Costa abandonar após ser atingido por Jake Dennis numa manobra estabanada de ultrapassagem na parte final da corrida.

 

 

Para mostrar que está no seu melhor momento na temporada 2023 da F-E, a Jaguar também faturou a vitória na segunda corrida em Berlim, mas não foi com seu time oficial. Desta vez, o triunfo ficou com Nick Cassidy, da Envision, time cliente do trem de força da marca britânica, que venceu a corrida e, mais importante, encostou no líder do campeonato, Pascal Wehrlein, da Porsche, que a exemplo da primeira prova em Tempelhof, fez outra corrida apenas razoável, terminando em 7º lugar, e ainda se mantendo no comando da tabela de pontos, mas agora com uma vantagem de apenas 4 pontos para o neozelandês da Envision, que vem subindo de produção na temporada e, mais importante, mantendo-se constante. É verdade que tanto Cassidy quanto Wehrlein tem se mantido constantes no ano até aqui, com cada um tendo apenas uma prova de cada um sem marcar pontos, mas o piloto alemão da Porsche vem se mantendo em um patamar inferior ao rival desde as vitórias na rodada dupla de Diryah, permitindo a aproximação perigosa de Nick. Quem também deu uma reagida, depois de 4 provas sem marcar pontos, foi Jake Dennis, que foi o 2º colocado, redimindo-se um pouco da estripulia da prova do dia anterior, quando bateu e ainda azarou com a prova de Antônio Félix da Costa. E Jean-Éric Vergne segue pontuando aqui e ali, apesar da DS Penske ainda estar um pouco aquém de poder enfrentar os times da Jaguar em pé de igualdade. Já a Jaguar, depois do bom momento vivido na primeira corrida do fim de semana, teve uma segunda prova menos satisfatória, com Mith Evans terminando em 4º, mas vendo Sam Bird fora dos pontos. Com o resultado da rodada dupla do fim de semana em Berlim, Pascal Wehrlein lidera com 100 pontos, seguido por Nick Cassidy com 96 pontos. Um pouco mais atrás, Jean-Éric Vergne é o terceiro colocado, com 81 pontos, com Jake Dennis colado atrás, com 80. Mith Evans completa o TOP-5, com 76 pontos. O cenário ainda é indefinido sobre quem é o favorito na luta pelo título, neste ponto onde a temporada 2023 da Formula-E encerrou sua primeira metade. Quem será que irá deslanchar agora na segunda metade do certame? A conferir...

 

 

Quanto aos brasileiros, a rodada dupla da F-E em Berlim foi mais um fim de semana para ser esquecido, a exemplo do que já havia ocorrido em outras etapas. Lucas Di Grassi, com a Mahindra ainda apresentando um carro deficiente de performance, até lutou, mas novamente ficou fora dos pontos, depois de fazer provas de recuperação no sábado e no domingo. Já Sergio Sette Câmara, por sua vez, até conseguiu se classificar bem na primeira corrida com o carro da NIO, mas novamente não conseguiu converter isso em um bom resultado, também ficando muito longe de pontuar, ficando zerado no fim de semana alemão. A temporada para ambos segue complicada, e a expectativa de melhora a cada dia parece mais distante. Melhor começar a pensar em 2024, porque 2023 parece que já era mesmo...

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