Trazendo novamente uma de minhas antigas colunas, esta foi publicada no dia 04 de fevereiro de 2000, e o assunto principal era a apresentação do carro para a temporada daquele ano da Fórmula 1 por parte da equipe Ferrari, que se por si só já chamava a atenção por ser a apresentação de um novo modelo por parte do time de Maranello, havia um interesse adicional, que seria o primeiro carro a ter um piloto brasileiro titular de fato, na história da categoria máxima do automobilismo. E também a perspectiva de voltarmos a ter um piloto nacional com um equipamento capaz de vencer corridas, e quem sabe, disputar o título, que era Rubens Barrichello, que havia renascido na F-1 no ano anterior, fazendo boas performances com a Stewart. Bem, Rubinho até passou a andar na frente, mas sua vida no time italiano não foi tão vitoriosa como poderia ter sido, por motivos mais do que óbvios que não vale nem a pena perder tempo repetindo aqui. De quebra, algumas correções de informações equivocada que havia posto na coluna anterior, e algumas poucas novidades no mundo da velocidade nas notas rápidas. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos por aqui...
FERRARI 2000
Nesta segunda-feira, a Ferrari fará a apresentação do seu carro para a temporada 2000 em Maranello. Mais do que um evento esperado por toda a mídia especializada, a apresentação do novo carro, que deverá ser chamado de F12000, o novo chassi é a personificação da esperança de toda uma torcida de adeptos da escuderia de Maranello, caso único na F-1 e no automobilismo mundial, de uma devoção tão grande a um carro em especial.
Ferrari é sinônimo de F-1. Presente desde o primeiro campeonato da categoria, em 1950, a escuderia italiana é a única que possui uma legião de fãs tão fiel e dedicada, não só na Itália, mas em todo o mundo afora. E, a partir deste ano, passa a significar um pouco mais para os brasileiros, por ter, pela primeira vez, um piloto brasileiro para a disputa do campeonato.
E, para aplacar a paixão esmagadora de tal torcida, o time busca algo que há 20 anos não conquista: o título de pilotos da F-1. No ano passado, passou raspando, embora tenha levado o título de construtores como compensação. Para este ano, porém, só há uma certeza: se a McLaren não recuperar o seu poderio total, a Ferrari deverá ser a grande força do campeonato.
Os motivos são até óbvios. O time conta com Michael Schumacher, o melhor piloto da categoria no momento. E ganhou muito com a contratação de Rubens Barrichello, que nos testes feitos até agora mostrou que pode ser um páreo duro para Schumacher dentro da equipe, coisa da qual Eddie Irvinne nunca pareceu muito capaz.
Tecnicamente, ainda é cedo para falar que a Ferrari deverá ser mesmo uma grande força. O novo carro ainda não está totalmente pronto, e até os seus primeiros testes efetivos, não se poderá ter uma idéia de qual poderá ser o seu real rendimento. Enquanto isso, a McLaren apresentou ontem, na pista de Jerez de La Frontera, o seu novo MP4/15, com o qual Mika Hakkinem pretende chegar ao tricampeonato. O novo carro da escuderia inglesa impressiona pela visual prateado e pelo novo design de alguns pontos, mas os problemas de fiabilidade apresentados dão uma clara evidência de que ainda há muito chão a ser percorrido até a abertura efetiva do mundial.
Tais problemas também poderão se repetir na Ferrari. Mesmo o fato de ter tido carros muito mais fiáveis em 99 não significa que isso se manterá este ano. Em todo o caso, a Ferrari concentra todas as suas fichas numa evolução lógica do modelo F399 do último mundial, o que significa que as evoluções do carro são mais prudentes e calculadas.
O maior trunfo da escuderia italiana está mesmo no novo motor V-10 desenvolvido em Maranello, especificação 049, com o qual espera suplantar o déficit de performance para o Mercedes V-10 da McLaren, e conseguir com isso igualar sua performance. O novo motor, além de ser mais potente, é também mais compacto e mais leve em cerca de 15 Kg, o que pode significar uma boa vantagem em termos aerodinâmicos, pois as reduzidas dimensões do propulsor permitem um maior desenvolvimento da carenagem traseira. Em todo o caso, fica a dúvida se o novo motor terá toda a fiabilidade necessária para se transformar em uma real vantagem. O novo V-10 da BMW, no atual momento, está dando mais dores de cabeça do que esperanças propriamente para a equipe Williams.
Todo mundo acompanhará o lançamento do novo modelo da Ferrari com grande expectativa. Para seus fiéis torcedores, é a renovação das esperanças do time conseguir finalmente este ano acabar com seu jejum de títulos de pilotos na F-1. E, para o público brasileiro, é a mesma coisa. Com Barrichello na Ferrari, pode ter chegado ao fim também o jejum de vitórias brasileiras na categoria, que não vê um piloto de nosso país vencer desde o GP da Austrália de 1993, com Ayrton Senna, há 6 anos atrás. A esperança nunca morre, e para os tiffosi da Ferrari, este ditado é mais do que sagrado.
CORREÇÕES E MAIS CORREÇÕES. Quando se escreve sobre alguma coisa, sempre é preciso cuidado e profissionalismo para fornecer sempre as informações mais precisas. Mesmo assim, acontecem algumas falhas, e muitas vezes elas precisam ser corrigidas. Nas últimas colunas, tenho cometido algumas falhas que precisam ser retificadas, como segue abaixo:
- O Spring Training da F-CART, citado para acontecer nos dias 2 e 3 de fevereiro, na verdade será na próxima semana, nos dias 7 a 10. A citação errada ocorreu na coluna da semana passada;
- A Sauber mostrou o lançamento oficial de seu novo carro C19 esta semana, assim como as equipes Prost, Jordan e McLaren, e não na semana passada, como afirmei também na última coluna;
- A Arrows já mostrou seu novo carro para a temporada 2000, embora o lançamento oficial ainda não tenha sido feito. Dessa maneira, só fica faltando mesmo a Minardi apresentar o seu novo carro, o que só deve acontecer mesmo lá pela metade de fevereiro.
Ainda sobre a Minardi: o time italiano conseguiu fazer um acordo com a Cosworth para utilizar os motores V-10 CR utilizados no ano passado pela Stewart. A Jaguar continuará tendo o fornecimento exclusivo dos motores mais desenvolvidos, mas estes “velhos” propulsores serão repassados à Minardi com o intuito de serem desenvolvidos por terceiros. Neste caso, seria pela Fondmetal, uma das empresas que é sócia de Giancarlo Minardi. Esta tática já não é nova na categoria: há 10 anos atrás, os motores Cosworth eram desenvolvidos por alguns preparadores particulares, como as empresas de Brian Hart e de Heini Mader, que os repassavam às escuderias.
O novo chassi A20 da Arrows mostra que este ano deverá ser muito melhor para a equipe do que 1999. Impulsionado pelo motor Mecachrome Supertec, o novo carro mostrou bom desempenho nos poucos testes efetuados até aqui com outros times. Resta saber se a equipe não vai perder o rumo no desenvolvimento de seu carro por falta de capacidade financeira. A Arrows já definiu o seu quadro de pilotos para 2000: o espanhol Pedro de La Rosa, e o holandês Jos Verstappen.
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