E já chegamos ao fim do mês de maio, e logo, mais um pouco, encerraremos praticamente a primeira metade de 2023. Este mês foi palco de algumas das mais importantes provas dos campeonatos da F-1 e da Indycar, como o Grande Prêmio de Mônaco, e as 500 Milhas de Indianápolis, e nem é preciso fazer muita força para descobrir qual corrida foi a mais empolgante, ainda que seu final tenha incorrido em erros similares ao que vimos no GP da Austrália de F-1. Mas, o mundo do automobilismo não ficou restrito apenas a estas duas grandes provas. E então, é chegada a hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, com uma pequena avaliação de alguns dos diversos e vários acontecimentos e personagens do mundo da alta velocidade que pudemos vivenciar neste mês, com alguns comentários, no velho esquema de sempre: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, aproveitem o texto e tenham todos uma boa leitura, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no final do mês que vem...
EM ALTA:
Max Verstappen: o piloto da Red Bull resolveu mostrar que a temporada de 2023 de F-1 tem apenas UM favorito, e que é ele, e mais ninguém. E fez isso com grande competência, ao reverter as expectativas inicialmente desfavoráveis nas últimas duas corridas. Um problema na classificação em Miami o tirou da disputa pela pole-position, deixando a corrida, teoricamente, nas mãos de seu companheiro de equipe Sergio Perez. Mas Max escalou o pelotão, e atropelou o mexicano na parte final da corrida, exibindo uma performance impecável e imparável, mesmo tendo que fazer diversas ultrapassagens na pista da Flórida. Já em Mônaco, quando tudo parecia caminhar para ficar de fora até mesmo das duas primeiras filas do grid, Max arrebatou uma pole inesperada no braço, jogando um balde de água fria nos concorrentes, e largando na ponta, não perdeu a liderança em nenhum momento, e conseguiu driblar as expectativas de paradas com uma chuva que veio ao fim da corrida, para se manter no comando da situação e não dar chances a ninguém. Com o resultado, o bicampeão ampliou sua vantagem na classificação para 33 pontos, a maior do ano até aqui, para Perez, e caminha novamente a passos largos para mais um título, o terceiro consecutivo, já que a concorrência não tem demonstrado capacidade para reequilibrar a disputa este ano.
Fernando Alonso: O piloto espanhol é comprovadamente a sensação da temporada 2023 da F-1. Se todo mundo já sabia o que Max Verstappen faria, a nova forma da Aston Martin tem dado um refresco ao campeonato, mas isso apenas porque Alonso está guiando como nunca. O bicampeão tem dado um baile no companheiro de equipe, que vai ficando cada vez mais para trás no comparativo de resultados, e se a briga com Mercedes e Ferrari parece estar parelha com o time sediado em Silverstone, é Fernando quem tem se mostrado o grande trunfo da escuderia, que está se mantendo na vice-liderança de construtores graças ao espanhol, que é também o 3º colocado no campeonato. Alonso só não subiu ao pódio no Azerbaijão, onde Charles LeClerc surpreendeu fazendo sua melhor prova no ano até aqui, mas que poderia ter perdido o pódio se a corrida tivesse algumas voltas a mais, já que Fernando chegou colado no piloto da Ferrari. São cinco pódios em 6 provas, mostrando que “velhos são os trapos”. Fernando é o piloto mais velho do grid, mas continua mantendo a performance em alta, tanto que apesar de pouco provável, até já se discute se ele estará presente para comandar a nova parceria do time inglês com a Honda, a partir de 2026. Difícil porque a idade costuma ser um obstáculo cada vez mais implacável a partir de determinado momento, mas para quem tinha saído da F-1 há alguns anos, e era tido como passagem encerrada na competição, ver Alonso brilhando de novo, com um carro competitivo, apenas mostra que com o carro certo na mão, os grandes pilotos mostram do que são capazes. Não fosse a Red Bull e Verstappen dominando a temporada, Fernando seria o grande favorito ao título da competição este ano...
Josef Newgarden: O bicampeão da equipe Penske pode ter batido na trave nos últimos anos no que tange à conquista do tricampeonato na Indycar, mas ao menos em 2023 ele já tem um grande destaque para comemorar, que foi finalmente vencer as 500 Milhas de Indianápolis. Ainda mais porque, nas projeções da corrida, ele nunca foi considerado um dos favoritos, já que a Penske não havia demonstrado grandes resultados nos treinos livres, que apontavam um favorecimento claro de times como a Ganassi e a McLaren, cujos carros se mostravam mais rápidos. Mas a Indy500, sempre dizem, “escolhe seus vencedores”, e Newgarden foi crescendo aos poucos durante a corrida, sempre conseguindo se manter em posição para atacar, além de escapar dos azares que costumam vitimizar os pilotos na briga pelo triunfo na Brickyard Line, como foi o caso de seu colega de time Will Power, que era considerado pela metade da corrida como um dos nomes fortes para disputar a vitória, mas enfrentou problemas mecânicos na reta final. Com um final caótico, com bandeiras vermelhas e relargadas, a volta final seria um autêntico vale-tudo, e o estadunidense perdeu o arranque para Marcus Ericsson, mas soube partir para o ataque na reta oposta, arrebatando a liderança no momento que importava, e cruzando a chegada em primeiro lugar, recuperando o lugar mais alto do pódio para a Penske, que não vencia a corrida desde 2019, com Simon Pagenaud. Josef é praticamente a estrela maior da Penske nos últimos anos, e o piloto que tem obtido os melhores resultados desde então, no comparativo com os colegas de time, ainda que tenha perdido o duelo para Will Power no ano passado. Mas, enquanto o terceiro título não chega, Josef pelo menos já inscreveu seu nome na história da mais famosa corrida das Américas, um feito que não tem nada de desprezível, e que pode marcar sua entrada na luta pelo título da atual temporada da Indycar.
Nick Cassidy líder na F-E: E teve mudança de liderança no campeonato da Formula-E. Nick Cassidy, da Envision, deu novo show na etapa de Mônaco da categoria de carros monopostos elétricos, e obteve sua segunda vitória consecutiva na temporada. Como Pascal Wehrlein novamente ficou devendo, assim como sua equipe, a Porsche, o piloto alemão, que havia assumido a liderança do campeonato na rodada dupla da Arábia Saudita, perdeu sua vantagem na classificação, caindo para a vice-liderança, e com os concorrentes se aproximando rapidamente. Cassidy já vinha numa leva de bons resultados nas últimas corridas, quase sempre terminando no pódio, enquanto Pascal nunca mais repetiu o bom desempenho do início da competição. Nick vem aproveitando o excelente momento da Jaguar, cujo trem de força, que equipa a sua escuderia, assumiu a primazia de melhor equipamento do momento, e tem pilotado o fino. Em Monte Carlo, o neozelandês largou em 9º para escalar o pelotão na difícil pista de rua do principado para conseguir uma vitória decisiva para entrar firme na disputa pelo título, assumindo a liderança do campeonato, e colocando-se como o grande favorito do momento. Mas, ainda é cedo para comemorar, e já houve momentos em temporadas passadas em que o time também deu ares de que poderia brigar firme pelo título, o que acabou não se confirmando. Com quase metade da temporada ainda pela frente, esse é um fantasma que pode vir a assombrar Cassidy, e compete a ele mostrar que a história será diferente desta vez. Pelo que vem pilotando nas últimas provas, Nick tem tudo para quebrar a escrita e levar a Envision ao título pela primeira vez na história da F-E. Só não convém comemorar de antemão, e ele está ciente disso, pois assim como ele virou o jogo, os concorrentes, entre eles Mith Evans, da Jaguar, também podem complicar a disputa, além do próprio Wehrlein, se a Porsche acordar de novo na temporada.
Marco Bezzecchi: Se em 2022 tivemos um piloto de equipe satélite da Ducati surpreendendo todo mundo ao vencer corridas e se lançar na disputa pelo título, mesmo que inicialmente, na temporada atual estamos vendo uma reprise da situação, agora com Marco Bezzecchi no lugar de Enea Bastianini, e a VR46, o time de Valentino Rossi, no lugar da Gresini. Bezzecchi já faturou duas corridas principais até agora, Argentina e França, onde não apenas surpreendeu os rivais, mas se colocou no lugar certo para aproveitar as oportunidades. E com os tropeços (ou melhor, quedas) de Francesco Bagnaia, o grande favorito em teoria, eis que Marco está ameaçando o compatriota na disputa pela liderança do campeonato, estando agora, após a etapa francesa, apenas 1 ponto atrás do atual campeão mundial. Seu pior resultado até agora foi na etapa da Espanha, em Jerez de La Fronteira, quando marcou apenas 1 ponto, e embora Bagnaia tenha conseguido pontuar em todas as etapas, com as corridas Sprint, a verdade é que o atual campeão parece estar sentindo a pressão do piloto do time satélite, tendo chegado a dar até algumas declarações que causaram polêmica, como criticar o fato dos times satélites terem motos competitivas como os times de fábrica. Ora, se eles estão competitivos, é porque está fazendo também um bom trabalho, e piloto por piloto, Bezzecchi está conseguindo ser mais eficiente que Bagnaia, e nessa toada, ainda pode incomodar por um bom tempo, especialmente se “Peco” não colocar a casa em ordem. Seja como for, Bezzecchi está mostrando a que veio, e pode até não disputar o título, mas que vai dar trabalho, isso vai, assim como Bastianini fez no ano passado.
NA MESMA:
Equipe Mercedes: O time alemão viu que não dava para esperar mais nada do modelo W14, tendo incorrido no mesmo erro de projeto do ano passado, e viu que, diferente de 2022, precisava tomar providências mais contundentes. Por isso, a estréia do novo modelo W14 “B”, marcado inicialmente para a etapa da Emília-Romanha, mas que com o cancelamento da corrida, fez a sua estréia em Mônaco, apesar do circuito não ser muito propício para inovações deste tipo nos carros. Os resultados da escuderia, tanto em Miami quanto em Monte Carlo, não foram de todo ruins, e cadenciam a Mercedes a batalhar pela vice-liderança de construtores no campeonato, porém sem conseguir ameaçar a toda-poderosa Red Bull, que segue longe. Mas a equipe tem de agradecer ao empenho de sua dupla de pilotos por isso, sem a qual certamente o time de Brackley estaria em posição mais delicada na competição. Os resultados obtidos em Mônaco não foram conclusivos se o time evoluiu ou continuou onde estava, situação que só será mais conhecida na próxima corrida, em Barcelona, onde os dados poderão ser confrontados de forma mais clara, tendo em vista o alto conhecimento que todas as escuderias possuem do circuito espanhol. A escuderia prefere manter a cautela, sem prometer avanços que possam não se confirmar. A esperança, claro, é que possam ao menos consolidar-se como segunda força, e se não serão uma ameaça à Red Bull, esperam pelo menos chegarem mais perto.
Francesco Bagnaia e sua montanha-russa na MotoGP: Uma no cravo, outra na ferradura, parece ser o mote do atual campeão da classe rainha do motociclismo, “Peco” Bagnaia, que não está conseguindo deslanchar na temporada 2023. O piloto do time oficial da Ducati só conseguiu ter dois fins de semana sem maiores percalços até agora no ano: em Portugal, e na Espanha, etapas em que saiu com a vitória e bom resultado nas provas Sprint. Em compensação, nas demais etapas, o chão tem sido uma companhia quase irresistível para o atual campeão, seja por erros próprios, ou azares alheios. Na etapa da França, em Le Mans, “Peco” até que saiu bem na prova Sprint, mas na corrida de domingo, um enrosco com Maverick Viñalez acabou com a corrida de ambos, que foram ao chão numa disputa de posição, que comprometeu a vantagem de Bagnaia na classificação, deixando-o apenas 1 ponto na frente de Marco Bezzecchi, que vem impressionando no ano, tal qual Enea Bastianni havia feito no ano passado, ambos pilotando Ducatis de times satélites. No ano passado, Bagnaia teve uma primeira metade de temporada sofrível com muitas quedas, tendo que efetuar uma segunda metade impecável e arrasadora para detonar a desvantagem para o líder Fabio Quartararo, e conseguir vencer o título. Agora, a situação é menos difícil, mas tudo parece estar tão ou até mais complicado do que em 2022. Novamente contando com a melhor moto do grid, e vendo seu novo companheiro de equipe baqueado por um acidente na primeira etapa, Francesco teve toda a primazia da Ducati para si, evitando dividir atenções, e resultados, com o parceiro Bastianini, que poderia ter dificultado sua campanha. Mas o piloto tem tido uma cota de erros demasiado alta para quem luta pelo bicampeonato, e embora ainda seja o franco favorito, pela falta de rivais à altura, teoricamente, está se vendo numa disputa mais renhida do que esperava. Bom para a competição, mas ruim para o piloto, que claramente não está conseguindo se impor na pista como poderia. Ainda há tempo para colocar as coisas em ordem, mas é preciso ficar longe dos erros, e do azar. Se vai conseguir, ninguém sabe, talvez nem ele próprio...
Novo duelo McLaren X Ganassi na Indy500: Diz o ditado que, “quando dois brigam, o terceiro é quem sai lucrando”, e isso parece resumir bem o que aconteceu nas 500 Milhas de Indianápolis deste ano. Em que pese parte da imprevisibilidade que a famosa prova da Brickyard exerça ao longo de sua história, a edição deste ano parecia fadada a ser um duelo direto entre a Ganassi e a McLaren pelo triunfo da corrida, numa repetição do ocorrido em 2022, quando Marcus Ericsson deixou Patrício O’Ward para trás para consagrar-se com o triunfo na corrida, lançando-se à disputa do título da temporada da Indycar. E esse duelo estava se repetindo este ano, com certa predominância hora de um, hora de outro time. Mas, aos poucos, as principais forças da McLaren foram ficando fora de combate, com as batidas de O’Ward, e de Felix Rosenqvist. Na Ganassi, Scott Dixon parecia pronto para tentar dar o bote, apesar de pouco provável; e Álex Palou, depois de um entrevero com Rinnus Veekay no box, fazia uma recuperação esplendorosa para tentar a vitória mais uma vez. E ainda tinha Takuma Sato, que também era um candidato potencial à vitória, tanto que o nipônico já venceu por duas vezes a Indy500. Mas, nas confusões de relargadas finais, quem surgiu no meio dessa briga, derrubando os rivais, foi Josef Newgarden, que levou a Penske a mais um triunfo na Brickyard Line. Restou a Ganassi a satisfação de ter colocado quatro pilotos entre os sete primeiros colocados, enquanto a McLaren teve de se contentar com o 5º lugar de Alexander Rossi, enquanto Tony Kanaan, em sua despedida da Indy500 e da Indycar, foi apenas 16º colocado com um carro que não conseguiu se acertar durante a prova. Um novo round desta disputa certamente já está marcado para 2024. Quem levará a melhor no ano que vem?
Toyota no Mundial de Endurance: O time japonês tem conseguido mostrar sua força no WEC, com as novas regras da classe Hypercar, que atraíram novos participantes para a competição, entre elas a Ferrari, que tem tentado colocar em xeque o favoritismo dos carros nipônicos, que haviam ficado sem rivais à altura na categoria em anos recentes. E os concorrentes até tem conseguido dar algum sufoco à Toyota, mas a experiência da escuderia tem ajudado o time a continuar dando as cartas na competição, tendo vencido todas as três etapas disputadas até agora em 2023, sendo duas delas com dobradinha. Com a chegada em breve de novos competidores na classe principal, a Toyota certamente se verá mais exigida do que nunca para manter o seu domínio, enquanto os rivais não medirão esforços para destronar os atuais campeões mundiais do certame de provas de longa duração. A Toyota ainda tem conseguido vencer com folga razoável, mas nunca é bom baixar a guarda, e pelo menos neste momento, os japoneses tem conseguido manter tudo sobre controle, e rumar com favoritismo para a conquista do mundial deste ano. Só não se pode comemorar antes da hora, claro, e isso pelo menos eles não farão...
Kalle Rovanperã: O atual campeão do Mundial de Rali está na briga pelo bicampeonato, mas a parada não está muito fácil. O piloto da Toyota venceu a última etapa, em Portugal, e consolidou-se na liderança, estentando uma vantagem de 18 pontos para Ott Tanak, da Ford, mas a disputa promete ser acirrada. Tanak venceu uma prova no ano, e Sebastién Ogier foi quem mais venceu, com dois triunfos no ano até aqui, com 5 provas realizadas. O outro piloto a vencer foi Elfyn Evans, também da Toyota, time que só não venceu uma corrida na temporada até aqui. A sorte de Rovanperã é que Ogier não está disputando toda a temporada, e por isso, o octacampeão está em 3º lugar, com 69 pontos, contra 98 do atual campeão finlandês. Por isso mesmo, Kalle tem de partir para o ataque, se quiser evitar que os rivais o coloquem na alça de mira, até porque sua atual vantagem na classificação, apesar de não ser desprezível, também não é signifivativa, e uma prova com azar pode colocar tudo a perder. É preciso manter o foco e a concentração, algo crucial em provas off-road, onde o inesperado ronda a cada trecho da competição. Rovanperã pode ser bicampeão, mas vai ter de dar duro, mais do que no ano passado, onde com cinco etapas realizadas, o finlandês já tinha obtido três vitórias, panorama bem distinto da temporada de 2023.
EM BAIXA:
Grande Prêmio de Mônaco de F-1: Não é de hoje que a prova da categoria máxima do automobilismo no famoso principado da costa do Mar Mediterrãneo tem sua existência questionada, sob a argumentação de que a corrida não passa de uma mera procissão em alta velocidade, já que quase não há ultrapassagens na prova, o que contribui para a tediosidade do evento. E isso acabou comprovado na etapa deste ano, onde deu para contar nos dedos as mudanças de posição na pista durante a corrida monegasca. Nem mesmo a chegada da chuva conseguiu dar mais agito à prova na parte final da corrida. Além das críticas já tradicionais pela manutenção da corrida no calendário, Mônaco agora sofre a ameaça de ficar de fora do calendário após o fim do atual contrato, que termina em 2025, pois outros países, em especial a Arábia Saudita, que quer ter uma segunda corrida no calendário, estariam dispostos a pagar valores muito mais altos para ter o seu GP do que o principado paga atualmente, e com a Liberty Media cada vez mais dando sinais de que não está nem aí com as tradições do automobilismo, os riscos de a prova monegasca, a mais charmosa da competição, e um dos poucos lugares onde ainda se respira a atmosfera dos antigos Grand Prix, aumentam exponencialmente. O problema, em si, não é totalmente culpa do traçado urbano do principado, que sua suas já apertadas ruas para uma corrida de carros, mas da própria F-1 em si, com seus atuais carros, pois a Formula-E, que correu em Mônaco algumas semanas antes, e no mesmo traçado, apresentou uma corrida cheia de ultrapassagens e alternativas, mostrando que dá para realizar corridas ali, dependendo do tipo de categoria...
Sergio Perez: O piloto mexicano da Red Bull até ajudou a criar expectativas de que poderia entrar mais firme na disputa pelo título deste ano, ao menos, em relação ao que mostrou no ano passado, quando foi superado por ampla margem na escuderia por Max Verstappen. Mas, não apenas as circunstâncias jogam contra os sonhos do mexicano, como ele próprio desperdiça as oportunidades. Em Miami, ele teve a facilidade de largar na pole, enquanto Verstappen teve de sair mais atrás, e mesmo assim, conseguiu perder a corrida para Max, que efetuou uma recuperação impressionante, anulando sua desvantagem para o colega de equipe. Em Mônaco, visto por muitos como uma chance para reequilibrar a disputa, eis que Sergio errou justamente quando não podia errar, na classificação, batendo o carro, e tendo que largar em último, enquanto Verstappen partia da pole-position. Não deu outra: Max comandou a corrida de ponta a ponta, vencendo a prova, enquanto Perez não conseguiu sair lá de trás, devido não apenas às características truncadas do circuito monegasco, mas também a erros do próprio Perez, que cometeu outros erros durante a prova, e perdeu talvez sua melhor chance do ano de impedir que Verstappen disparasse na liderança, o que acabou acontecendo. Pior, tendo saído zerado de Monte Carlo, e com o 2º lugar de Fernando Alonso, é o asturiano que coloca o mexicano na alça de mira, podendo colocar em risco sua posição, algo impensável para quem está com o melhor carro da competição. Sergio vai precisar se desdobrar para reverter o azar, e impedir que isso aconteça, se pelo menos quiser mostrar mais competência ao time, que por mais que diga não ter planos de mexer com seus pilotos, tem Daniel Ricciardo ali na reserva, como uma sombra constante...
Equipe Ferrari: O time de Maranello vive uma temporada complicada na F-1 2023. O carro dá mostras de ter potencial para render mais do que mostrou até aqui, mas tudo parece conspirar contra uma melhor apresentação da esquadra rossa. E tudo, mesmo, refere a time, circunstâncias, e os próprios pilotos, que não conseguem entrar em sintonia, e fazer uso das ferramentas que têm à disposição, que poderia fazer com que a equipe, se mesmo assim não incomodasse a favorita Red Bull, pelo menos poderia estar consolidada na vice-liderança do campeonato de construtores, e talvez com seus pilotos brigando para serem o melhor do “resto” na competição. A escuderia não consegue acertar as melhores estratégias de corrida, e para completar, seus pilotos por vezes cometem vários erros. Como desgraça pouca é bobagem, ainda aparecem circunstâncias de momento que só fazem o time vermelho se complicar ainda mais. Numa disputa onde Aston Martin (leia-se Fernando Alonso), Mercedes e Ferrari batalham numa disputa onde não há favoritos claros, o time italiano fica para trás mesmo tento potencialmente as melhores capacidades. Frederic Vasseur, egresso da Alfa Romeo com a missão de redimir o time italiano, parece cada vez mais estar em um barco furado, com Mattia Binotto, despedido após a campanha desalentadora da Ferrari no ano passado, certamente rindo dos percalços sofridos por seu sucessor. Ruim com Binotto, pior com Vasseur, ainda que seja prematuro avaliar a gestão do novo dirigente com tão pouco tempo à frente da escuderia. Mas, paciência é a menor das virtudes da torcida rossa, e certamente a cobrança para uma evolução da campanha do time na atual temporada não deve tardar, e novamente, fazer os bastidores de Maranello ferverem, sobrando estilhaços para todos os lados, inclusive os pilotos, que também têm sua parcela de culpa. A sorte da Ferrari é que potenciais rivais, como Alpine e McLaren, estão ainda piores este ano, evitando que a equipe seja ameaçada efetivamente na classificação. Mas, isso não é nenhum consolo, para quem prometia ao menos desafiar o poderio da hegemônica Red Bull, como conseguiu fazer inicialmente no ano passado...
Retorno de Marc Márques na MotoGP: A “Formiga Atômica” voltou à competição na temporada 2023 da MotoGP, depois de ficar de fora de algumas etapas após se acidentar na primeira etapa, em Portugal. E Márquez voltou em grande estilo, lutando pela pole-position na etapa da França, e levando a Honda novamente a posição de destaque na competição como o time japonês não via há tempos. Se na corrida Sprint o hexacampeão teve um desempenho mais modesto, terminando em 5º lugar, na prova de domingo Márquez foi à luta, batalhando não apenas pelo pódio, mas pela vitória. Mas, forçando demais o equipamento, que já não é nenhuma maravilha, e guiando novamente no fio da navalha, o risco era alto, e novamente, Marc acabou indo para o chão. Se por um lado é bom ver Márquez exibir novamente a velha forma, que o fez ser seis vezes campeão da classe rainha do motociclismo, por outro lado, ele parece ter retornado ao velho estilo de guiar no limite, e além dele, tentando compensar a performance não tão competitiva da moto Honda. Só nos treinos livres foram duas quedas, culminando com a queda na corrida, quando batalhava pelo pódio, e tentava acompanhar o ritmo das Ducatis dos times satélites. E, a exemplo do que vimos com Fabio Quartararo no ano passado, quando o piloto da Yamaha, também forçando o ritmo contra os rivais mais competitivos, acabou sofrendo quedas que comprometeram sua luta pelo bicampeonato, Márquez também vai vendo resultados potenciais irem para o brejo pela necessidade de ser impetuoso na pilotagem a fim de compensar a menor competitividade das Honda no momento. De positivo, só o fato de não ter se machucado nestas novas quedas, mas o aviso está dado: é preciso tomar cuidado para não exagerar demais, e agora, ter paciência para que a Honda melhore o equipamento, para poder lutar de forma mais efetiva, e menos exagerada, contra os concorrentes na pista.
Equipe Mahindra na F-E: O time
indiano continua sua sina de ser um dos piores da categoria de carros
monopostos elétricos na temporada 2023. O desenvolvimento tardio do trem de
força comprometeu sobremaneira as possibilidades da equipe na temporada, e nem
a parceria técnica com a ABT está ajudando a evoluir o equipamento de forma
satisfatória. O time, mesmo conseguindo vez ou outra uma boa posição de
largada, tem sido engolido pelos concorrentes nas corridas. Lucas Di Grassi tem
feito um grande esforço em corridas de recuperação, mas sem sucesso, saindo
zerado das últimas provas. E a situação se mostrou tão ruim que Oliver Rowland,
piloto da escuderia deste o ano passado, decidiu dar um basta, e pediu para
sair do time, preferindo se concentrar em tentar buscar um lugar mais
competitivo para a próxima temporada do que ficar se esgoelando com o carro
pouco competitivo que a Mahindra apresentou para 2023. Quando um piloto pede
para sair, é porque a situação anda mesmo feia. E a perspectiva para o restante
da temporada já indica que o ano está completamente perdido: a Mahindra ocupa a
penúltima colocação no campeonato de equipes, à frente apenas da ABT, sua
equipe cliente, o que indica que o problema é mesmo o equipamento deficiente
concebido para a primeira temporada dos carros Gen3. O jeito é ir mesmo se
concentrando para a temporada de 2024, e torcer para conseguir recuperar o
atraso...
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