Trazendo mais um antigo texto neste fim de ano de 2021, trago hoje a coluna publicada no dia 20 de agosto de 1999, e o assunto era sobre o possível retorno de Michael Schumacher à competição na temporada daquele ano, após o acidente onde fraturou a perna em Silverstone, ficando de fora do campeonato, e da briga pelo título, forçando a Ferrari, a contragosto, a ter de apoiar Eddie Irvinne na luta pelo título, e se o alemão iria de fato ajudar o irlandês na empreitada, já que até então tudo na equipe italiana era feito em seu proveito, mesmo com prejuízo ao companheiro de equipe. Bom, de fato, Michael retornou, mas somente nas duas corridas finais da temporada, e até ajudou Irvinne em uma delas, cedendo-lhe a vitória, mas na derradeira etapa, no Japão, Eddie não conseguiu se colocar na posição necessária para receber a ajuda de Schumacher, e o título acabou ficando para Mika Hakkinen, que conquistaria o bicampeonato. O irlandês sairia em baixa do time, substituído por Rubens Barrichello, mesmo como vice-campeão, por ter se rebelado contra a política do time, onde tudo era feito para Schumacher, e apenas para ele, num claro sinal de desprezo ao piloto, que merecia ter sido melhor apoiado pela Ferrari, diante da política cretina da escuderia, mas que infelizmente negou fogo no momento crucial para ser campeão.
De quebra, mais alguns tópicos rápidos sobre outros acontecimentos no mundo da velocidade naquela semana, com rápidos comentários. Uma boa leitura a todos, e boas festas para 2022...
O DIA “D” DE
SCHUMACHER
Hoje é o dia “D” para o piloto alemão Michael Schumacher. É o dia do seu retorno às pistas, depois do acidente sofrido em Silverstone, em julho, há cerca de 40 dias atrás. Ontem, os médicos deram o aval para Michael voltar a pilotar. O teste será feito no circuito de Mugello, uma das pistas particulares da Ferrari na Itália. Será um teste fechado à imprensa e só o pessoal da escuderia poderá entrar no circuito.
Michael Schumacher com certeza tem andado remoído de frustração todos estes últimos dias. Quem conhece o alemão e sua ambição, não duvida que, depois de ver Eddie Irvinne vencer duas corridas seguidas após o seu acidente, deve ter xingado e amaldiçoado um monte de coisas, pois estaria perdendo sua melhor chance de chegar ao tricampeonato. Tanto que, alguns apostam, ele teria ficado até contente com a derrota do irlandês na Hungria, pois assim a Ferrari poderia continuar dependendo dele, se quisesse realmente ser campeã.
Exagero? Nem tanto assim. Como Irvinne já cansou de bradar aos quatro ventos recentemente, tudo na Ferrari é feito em virtude unicamente de Michael Schumacher, enquanto ao segundo piloto ficam apenas as sobras. Imaginem se, agora, com o acidente, e Irvinne liderando o mundial, o piloto irlandês acabasse campeão do mundo pela Ferrari? Seria a desgraça e a pior das humilhações para Michael Schumacher. Irvinne roubaria o cartaz do alemão, e perante a torcida italiana, poderia virar Deus, mesmo porque os tiffosi nunca foram muito com a cara e a arrogância de Schumacher, além de sua frieza germânica, e só o suportam porque ele, até recentemente, era a única esperança de fazer a Ferrari voltar a ser campeã do mundo.
A esta altura do campeonato, Irvinne tem 24 pontos de vantagem sobre Schumacher, enquanto Mika Hakkinen tem 22 pontos. Mesmo se Michael voltar na Bélgica, e comece a vencer as corridas que faltam, tanto Hakkinem como Irvinne poderiam correr apenas por resultados e não por vitórias. A ânsia de Schumacher em voltar é grande, e ele quer estar de volta o quanto antes para ele mesmo correr pelo título. Apesar de ter declarado que iria ajudar Irvinne, eu não acredito muito que tenha realmente essa intenção, que seria a correta para ajudar a escuderia a ser campeã novamente. E basta lembrar que o campeonato do ano passado, quando o piloto alemão ficou 22 pontos atrás de Hakkinen na classificação, ele quase conseguiu o título, recuperando a desvantagem que possuía em poucas corridas. Sem dúvida, deve ser essa a intenção do bicampeão alemão em querer voltar tão já.
Fica a dúvida de como Schumacher voltará. Irvinne andou falando muito sobre Michael voltar 100% depois do acidente tão já como algo meio duvidoso, mas o irlandês deve tomar cuidado com a boca. Apesar de todos os gestos de arrogância, Schumacher é o melhor piloto da F-1 ainda, e tem um talento incontestável. Quem não se lembra das férias de Ayrton Senna durante as temporadas de 89 a 92? Ayrton voltava tão descansado e em ponto de bala que bastava um treino para todo mundo ficar espantado e assombrado com seu ritmo de readaptação. Com Schumacher pode ser a mesma coisa, e se isso se confirmar, é bom que Irvinne comece a planejar a sua estratégia para ser campeão, pois seu colega de equipe não vai dar folga, sem falar na dupla da McLaren, que são fortíssimos adversários, especialmente Hakkinen, que tem tudo para ser bicampeão este ano.
E a Ferrari? Bem, a Ferrari, especialmente Jean Todt, quer o alemão de volta o quanto antes. Apesar de tudo o que Irvinne fez na Áustria e na Alemanha, bastou perder a corrida na Hungria para que a equipe voltasse a apostar suas melhores fichas apenas em Schumacher. Se bem que Todt está brigado com Irvinne, e se o irlandês for campeão, o baixinho francês que dirige a escuderia italiana teria de engolir as reclamações de Eddie, e a pressão e cobrança da torcida italiana, que pode começar a duvidar da competência do francês para dirigir o time. Afinal, ele sempre concordou com as exigências de Schumacher, embora no atual momento ele não pareça mais tão obediente ao alemão, pois é o principal articulador na equipe para a contratação de Rubens Barrichello. Resta saber se Schumacher está pensando mais é em suas possibilidades de ser campeão ainda neste ano. Uma atitude compreensível até, de nunca abandonar a luta enquanto ainda estiver no páreo. Resta saber como ele irá se comportar no jogo de equipe, caso a Ferrari resolva que Irvinne terá a preferência, pelo momento atual do campeonato. Acho que pode vir um racha na Ferrari por aí...
A F-CART inaugura mais uma etapa neste fim de semana: é o GP de Chicago, a ser disputado no novíssimo Chicago Motor Speedway, um belo circuito oval de 1 milha situado em um dos subúrbios da metrópole americana. De propriedade de Chip Ganassi, o circuito tem belas instalações, e custou cerca de US$ 70 milhões. Ontem, nos primeiros treinos livres de reconhecimento, houve algumas surpresas, com a dupla da Forsythe, Patrick Carpentier e Greg Moore, a andar na frente, seguidos de Roberto Moreno, que em uma pista oval, deu um verdadeiro baile em Michael Andretti. Hélio Castro Neves também foi muito bem no treino livre, mas é a partir de hoje, com os primeiros treinos visando à classificação que as coisas devem começar a esquentar. Está previsto mais um round na briga entre Dario Franchiti e Juan Pablo Montoya pela liderança do campeonato.
Raul Boesel também vai disputar o GP de Chicago. Raul irá correr pela All American Racers, que dispensou Guálter Salles depois de o piloto ter se desentendido com o time. Mas vai ser a única corrida de Boesel pela equipe. Na próxima etapa, em Vancouver, irá assumir o carro de Dan Gurney o piloto italiano Andrea Montermini.
Frank Williams está em Chicago, a convite de Chip Ganassi, para conhecer as instalações do novo circuito e tratar de negócios. Foi ele quem indicou Montoya para a Ganassi levar em troca de Alessandro Zanardi no ano passado, em uma competição que também teve a participação do brasileiro Max Wilson pelo segundo carro da Ganassi na categoria. Wilson acabou sobrando, e Montoya ganhou a chance de brilhar na F-CART como está fazendo. Mas há quem diga que o real motivo da vinda de Frank Williams a Chicago é se ele quer devolver Zanardi para a Ganassi já na próxima temporada. Pelo sim, pelo não, a concorrência treme só de pensar na possibilidade de Chip Ganassi correr com Montoya e Zanardi em sua equipe no ano que vem. O massacre imposto pelo italiano nos últimos dois anos ainda não foi facilmente digerido...
O tempo fechou na equipe Sauber de F-1 após o GP da Hungria. Tanto Jean Alesi quanto Pedro Paulo Diniz saíram muito irritados com suas atuações na prova húngara e de como as coisas andaram no time. A Sauber deve trocar totalmente seus pilotos para o próximo ano. Diniz tem convite da Benetton, enquanto Alesi pode ir para a Prost.
Falando em Alain Prost, o tetracampeão mundial de F-1 pode estar cortejando a Mercedes para receber os motores alemães para o seu time na próxima temporada. Corre o forte boato de que Peugeot, desgostosa com os resultados do time de Prost, estaria pensando em pular fora da F-1, e possivelmente já no fim deste ano...
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