E o ano de 2021 está chegando ao seu final. Um ano que foi extremamente desgastante para muitos, e para mim, em particular, foi um péssimo ano, tanto profissional como pessoalmente. Fico com esperanças de que o ano de 2022 seja melhor, mas até o presente momento, são apenas esperanças, uma vez que ando mais preocupado do que nunca com as consequências recentes no mundo, bem como em minha vida pessoal, e lamento dizer que ando bem pouco animado por estes dias. Mas, finalizando os trabalhos de 2021, é hora fecharmos com a última edição da Cotação Automobilística, com o tradicional balanço e avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade nestas últimas semanas, com comentários sobre cada situação, no tradicional esquema já conhecido por todos: Em Alta (menções no quadro verde); Na Mesma (quadro azul); e Em Baixa (quadro laranja). Portanto, tenham todos uma boa leitura, e cuidem-se todos. Agora é o momento de dar uma pausa, procurar relaxar a cabeça ao máximo, para voltar somente no mês de janeiro com alguns materiais novos. A próxima edição da Cotação Automobilística virá apenas no final do mês de fevereiro, com as avaliações sobre os acontecimentos dos dois primeiros meses de 2022. Então, fiquem agora com a cotação deste mês de dezembro, e boa leitura a todos...
EM ALTA:
Max Verstappen: Numa reviravolta que teria tudo para ser antológica, não fossem as condições incomuns da aplicação da relargada na volta final em Abu Dhabi, o piloto holandês da Red Bull conquistou o título da temporada 2021 da F-1 quando todo mundo quase já podia imaginar Lewis Hamilton mais uma vez como campeão. Max alcançou o seu objetivo, e sai de 2021 como piloto a ser batido em 2022, se as condições se apresentarem tão boas quanto foram este ano. Verstappen venceu 10 corridas no ano, sagrando-se campeão com todos os méritos, confirmando todo o seu grande talento na primeira oportunidade em que teve de fato um carro capaz de leva-lo ao título, e não decepcionou, ainda que algumas de suas manobras na pista continuem discutíveis, e que jogaram um pouco contra sua imagem de piloto, ainda considerado extremamente agressivo e por vezes tentando intimidar os adversários com manobras duvidosas. Mas Max não está nem aí para o que dizem dele, e se isso é uma virtude por não se deixar abalar com muita facilidade, por outro lado pode impedi-lo de refinar seu estilo de pilotagem, sem recorrer a manobras excessivamente agressivas na pista contra os rivais quando poderia fazer isso com mais polidez sem se tornar menos veloz. Mas o holandês travou um duelo ferrenho com Hamilton durante todo o ano, e nunca baixou os braços na luta, ganhando uma recompensa no final quando tudo já parecia sacramentado. Conquistado o primeiro título, obviamente seu próximo objetivo é repetir a dose, de preferência já em 2022. Vejamos como ele se mostrará daqui por diante.
Lewis Hamilton: O piloto inglês estava com o oitavo título quase à mão, quando o Safety Car nas voltas finais em Abu Dhabi complicou tudo, e a Mercedes ficou numa saia justa onde qualquer decisão que tomasse poderia ser a errada, dependendo de como os acontecimentos se desenrolassem. Com um carro menos competitivo que o da Red Bull em diversos momentos da competição, Lewis se manteve firme tanto quanto podia na disputa, e com um melhor acerto do seu monoposto, voltou ao ataque nas etapas finais da temporada, conseguindo igualar uma disputa que parecia perdida, e quase chegar lá. Acabou prejudicado em alguns momentos por estratégias equivocadas da Mercedes, e para quem achava que o heptacampeão só venceu seus campeonatos por ter o melhor carro, Hamilton respondeu na pista com uma pilotagem e determinação que mais do que justificariam seu mérito na conquista de mais um título, se tivesse chegado lá, mesmo com números ligeiramente inferiores ao do rival. Em muitos momentos, evitou de bater no rival diante das manobras intimidadoras deste, mas quando não o fez, dividiu opiniões por se mostrar tão agressivo quanto Verstappen na pista, mostrando ao holandês que ele precisava ter mais cuidado com os adversários nas suas manobras. Ultrapassou a marca de 100 poles e de 100 vitórias na carreira, recordes absolutos na história da F-1, e mostra que ainda tem muita lenha para queimar, o que poderá fazer nos anos restantes de seu contrato com a Mercedes, e quem sabe, conquistar efetivamente mais um título na carreira...
Transmissão da F-1 na Bandeirantes: dispensada pela TV Globo sem a menor cerimônia após mais de 40 anos de transmissões ininterruptas, a Fórmula 1 ficou durante algum tempo em situação indecisa no Brasil, até que o Grupo Bandeirantes assumiu a empreitada, recebendo de volta a categoria máxima do automobilismo em sua grade de programação, como já tinha feito no distante ano de 1980. Com uma programação mais flexível, deu muito mais liberdade a seus profissionais de transmissão, todos egressos da Globo, que acabaram contratados na nova emissora, e não decepcionaram, oferecendo muito mais informação e qualidade de transmissão do que a Globo vinha fazendo nos últimos tempos, e de quebra, ganhando de bônus o campeonato mais disputado nas últimas duas décadas, fazendo o ibope da emissora dar um salto, disputando até mesmo a liderança dos horários de transmissão nas últimas etapas, para desgosto da Globo, líder até então inconteste. Verdade que os números de audiência ainda são menores do que os apresentados pela categoria em suas transmissões na emissora carioca, mas para o primeiro ano em seu novo canal, e contando agora com seu serviço de streaming oficial no Brasil, a Bandeirantes até que se saiu bem. Muito bem, para muitos fãs e torcedores do automobilismo, que há tempos clamavam por mais respeito a eles nas transmissões das provas. E a Bandeirantes já pensa na renovação do contrato para além de 2022, mostrando estar extremamente satisfeita em sua aposta na nova atração esportiva, depois de seu primeiro ano de experiência.
Gabriel Casagrande campeão na Stock Car: Quem espera sempre alcança, e depois de quase uma década competindo na principal categoria de competições do Brasil, a Stock Car, o piloto Gabriel Casagrande conquistou o título na temporada 2021. Aliando principalmente constância e consistência, o piloto paranaense marcou duas pole-positions e duas vitórias na temporada, enquanto os rivais tiveram mais altos e baixos durante o campeonato, como por exemplo Ricardo Maurício, que apesar de ter sido o maior vencedor do ano, com 7 triunfos, ficou apenas em 5º lugar no campeonato; ou de Daniel Serra, que negou fogo quando precisava garantir mais triunfos para lutar pelo tetracampeonato, vencendo apenas uma vez, e amargando o vice-campeonato, sem ter conseguido pressionar o rival nas etapas finais como seria necessário para chegar à decisão do título em menor desvantagem. Para Gabriel, o título de 2021 foi uma recompensa pelo final de 2020, onde tinha chances de conquistar o título, mas teve de ficar de fora da etapa final por ter contraído Covid-19. Foi uma conquista de título em grande estilo, já que Gabriel levou a taça com 24 pontos de vantagem para Daniel Serra, e nada menos que 68 pontos para Thiago Camilo, que terminou o ano em 3º lugar, mostrando como ele conseguiu suplantar os rivais na pista durante o ano. Os concorrentes precisavam caprichar mais se quisessem complicar a disputa. Quem sabe em 2022... Mas falta combinar com Casagrande, que certamente vai querer repetir a dose deste ano e ganhar mais um título, quem sabe...
Fernando Alonso: O piloto espanhol voltou à F-1 depois de dois anos de ausência, e quarentão, suscitou várias dúvidas sobre sua capacidade, já que saiu da categoria por baixo, em 2018, depois de anos de maus resultados na McLaren, para não mencionar a idade, perdendo apenas para Kimi Raikkonen como piloto mais velho do grid. O próprio piloto disse que precisaria de tempo para se readaptar aos novos carros da competição, e estando ciente de que seu time, a Alpine, antiga Renault, não tinha carro para discutir pódios e muito menos vitórias. Bem, Fernando voltou um pouco mais humilde, e se mostrou um personagem muito mais amigável e acessível do que nos velhos tempos. Mas, principalmente, conseguiu dar a volta por cima na temporada, onde começou tomando tempo de Esteban Ocón, como ele previa, a ponto de se questionar até mesmo se seu retorno à F-1 não teria sido um erro, a exemplo do que Michael Schumacher fizera em 2010, depois de três anos de ausência. Mas, depois das corridas iniciais, Alonso não apenas conseguiu pegar a mão do carro, como deixou Ocón para trás, tanto na pista quanto na classificação do campeonato. Se o francês conseguiu uma inédita e inusitada vitória na etapa da Hungria, Alonso teve participação no triunfo do colega de time ao segurar Lewis Hamilton numa disputa de posição durante algumas voltas, impedindo que o inglês alcançasse o francês a tempo de discutir a vitória. E Fernando teve a chance de retornar ao pódio, de onde andava ausente desde 2014, com um belo 3º lugar no Qatar, mostrando um desempenho como se nunca tivesse estado ausente da categoria máxima do automobilismo, e fazendo seu time ver que a aposta no velho bicampeão foi mais do que justificada. Se tiver um carro mais competitivo, que lhe dê chance de disputar vitórias, seria muito interessante vê-lo de novo como um dos protagonistas da categoria, depois de tanto tempo sem bons resultados. Vejamos como ele se mostrará em 2022...
NA MESMA:
Sergio Pérez: Em 2020 o piloto mexicano fez uma excelente temporada, e terminou o ano atrás somente de Lewis Hamilton, Max Verstappen, e Valtteri Bottas, vencendo inclusive uma corrida. E ele repetiu a dose este ano, ainda que a comparação com o ano passado seja na verdade um revés, por estar este ano na Red Bull, time que disputou o título com o piloto holandês, que o conquistou. A excelente campanha na Raing Point cacifou a contratação do mexicano pelo time dos energéticos que precisava de um segundo piloto mais efetivo para ajudar Max Verstappen na luta pelo título e a escuderia na disputa pelo Mundial de Construtores. E Pérez cumpriu com o esperado, mas não em tempo integral. Sergio teve problemas para se adaptar ao estilo diferente de condução do carro da Red Bull, muito mais nervoso e complicado do que os carros anteriores de que dispôs. Uma adaptação que demorou mais do que deveria, para muitos, mas quando esteve mais à vontade com o bólido, o mexicano mostrou a que veio, subindo ao pódio e ajudando o time em várias etapas, inclusive salvando uma vitória para o time na etapa de Baku, após Verstappen ficar fora de combate por um estouro de pneu nas voltas finais. Se é verdade que Pérez ficou devendo em vários momentos, em outros ele acabou tendo um azar daqueles, perdendo oportunidades de pontuar bem por problemas alheios a seu controle. Se continuou demonstrando excelente ritmo de corrida, ele precisa, contudo, melhorar em classificação, onde foi massacrado por Verstappen, tendo de largar várias posições atrás, e perdendo muito tempo fazendo provas de recuperação. Não fosse isso, poderia ter lutado mais efetivamente com Valtteri Bottas pela 3ª posição no mundial de pilotos. Se tiver um carro mais “dócil” em 2022, pode compensar o time pelos momentos em que ficou devendo neste ano.
Pierre Gasly: O piloto francês viveu em 2021 a mesma situação de 2020. Fez uma temporada exuberante, literalmente carregando seu time, a Alpha Tauri, nas costas, com incríveis performances diante de adversários teoricamente mais bem equipados, mas mesmo assim, se vê desacreditado pela cúpula rubrotaurina, em especial por Helmut Marko, que continuou a dar alfinetadas no piloto francês, demonstrando ter um ressentimento incomum para com o piloto, que já se mostrou mais do que merecedor de um cockpit de ponta novamente. Para azar de Gasly, infelizmente as opções de vagas disponíveis em outros times para 2022 não se mostraram favoráveis a uma evolução em termos de melhor competitividade, de modo que só lhe restou continuar onde está, e esperar que com o novo regulamento técnico sua escuderia tenha como lhe fornecer um carro decente onde possa brilhar, a fim de tentar outras paragens em 2023, caso a Red Bull continue lhe negando uma nova chance. O caso mais emblemático a inspirar Pierre é o de Carlos Sainz Jr., que resolveu sair do bastião do time B dos energéticos e trilhar outros caminhos, brilhando na McLaren e na Ferrari, onde está atualmente. Não foram poucos os momentos no ano onde Gasly demonstrou estar mais apto a defender a Red Bull do que Sergio Pérez, onde o mexicano teve momentos bem abaixo do esperado. O jeito é esperar por melhor sorte em 2022, e torcer para surgirem mais opções competitivas em 2023, do que ficar “preso” na Alpha Tauri por mais tempo...
Equipe McLaren: O time de Woking, vindo de duas boas temporadas, tinha a difícil missão de manter o nível em 2021, com o agravante de ter sido a única escuderia a trocar de equipamento, ao substituir a unidade de potência da Renault pela da Mercedes, adaptando-a a um carro projetado para o propulsor francês, já que todos os modelos utilizados este ano eram os mesmos chassis de 2020. Com o teto orçamentário em vigor, diminuía também as possibilidades de desenvolvimento com o objetivo de se concentrar no projeto da próxima temporada. E, com uma Ferrari tentando se reorganização, a competição no grid se mostrava potencialmente mais ferrenha e difícil para o time inglês. Bem, pode-se dizer que a temporada não foi tão ruim. O carro de 2021 até que conseguiu exibir boas performances, e a escuderia conseguiu até mesmo voltar a marcar pole e vencer corrida, algo que não acontecia há muitos anos, mantendo-se firme na luta pela posição de 3º time da categoria, perdendo apenas para Mercedes e Red Bull. Mas o desempenho nas provas finais do ano teve uma queda que aliou azar e interrupção do desenvolvimento do bólido, de modo que a McLaren perdeu o duelo para a Ferrari, que terminou o ano na tão sonhada 3ª posição. Havia condições para vencer o duelo contra o time italiano, mas além de não ter tido sorte nas etapas finais, Daniel Ricciardo também não conseguiu se adaptar tão bem ao carro como seria de se esperar, mesmo tendo vencido a corrida em Monza, em um resultado que o time nunca foi capaz de repetir. De qualquer maneira, os resultados se mantiveram, mesmo com uma pontuação mais generosa do que em 2020, e se a escuderia tiver feito bem o seu projeto para 2022, quem sabe possa voltar a discutir poles e vitórias com a frequência que costumava fazer antigamente?
Kimi Raikkonen dá adeus à F-1: O simpático (ou apático, para alguns) piloto finlandês deu adeus de vez à categoria máxima do automobilismo, tendo tido a oportunidade de se divertir na pista um pouco mais depois de sua segunda passagem pela Ferrari. Representante de uma era menos “carregada” da categoria, e sem dar a mínima para muita coisa, Kimi era um contraponto aos talentos cada vez mais precoces que andaram chegando à F-1 nos últimos tempos, e quando o carro permitia, exibia ainda um pouco do talento que fez dele um dos protagonistas da competição na primeira década deste século, sendo até hoje o último campeão com a Ferrari. Com o aumento do número de provas por temporada, o finlandês deixou para trás Rubens Barrichello como recordista de participações em GPs, e sentindo que já deu o que tinha que dar, anunciou durante este ano sua aposentadoria definitiva da competição, ao contrário do que ocorrera há uma década, quando foi dispensado pela Ferrari, e esteve ausente das temporadas de 2010 e 2011, retornando em 2012, e até surpreendendo por se mostrar competitivo como se nunca tivesse ficado afastado. Não teve exatamente o mesmo sucesso de antes, por falta de carros mais competitivos em parte desse tempo, mas ainda mostrou ser o velho Raikkonen de sempre. E que não vai sentir saudade nenhuma da competição após pendurar o capacete, fez questão de frisar, bem ao seu estilo desencanado de ser. Vai deixar saudade em muita gente justamente por esse estilo “relax” de curtir a vida, sendo talvez o piloto mais “autêntico” dos últimos anos na competição. Mas ele não está nem aí se o pessoal vai sentir saudade ou não, fiel a seu estilo... Nada mais Kimi do que sempre foi...
China fora da temporada 2022 da F-E: Não será ainda em 2022 que a China voltará ao calendário das competições automobilísticas internacionais. Depois de ser confirmada que não estará no calendário da F-1, a F-E também confirmou que o gigante asiático não fará parte do seu certame no próximo ano, enquanto terá o maior número de corridas, e novas etapas estreantes, como Vancouver, no Canadá; Jacarta, na Indonésia; e Seul, na Coréia do Sul. Para preencher as 16 vagas do anunciado calendário, algumas provas serão feitas em rodada dupla, como Diriyah, na Arábia Saudita; Roma, na Itália; Berlim, na Alemanha; Nova Iorque, nos Estados Unidos; Londres, na Inglaterra; e em Seul, onde a temporada 2022 será encerrada. A China foi palco da primeira corrida da categoria em 2014, em uma prova disputada nas ruas da capital, Pequim, próxima ao estádio olímpico da cidade, e teve Lucas Di Grassi como vencedor da corrida. Em algumas temporadas, a F-E correu em Sanya, e em Hong Kong, mas devido à pandemia, a China esteve ausente na temporada do ano passado e também neste ano. E continuará ausente em 2022. Quem sabe volte em 2023...?
EM BAIXA:
Michael Masi: O diretor de provas da FIA terminou a temporada da F-1 como o principal personagem envolvido em uma disputa de pilotos, e de forma negativa pela maneira como aplicou os regulamentos, tentando se justificar a fim de evitar “interferir” na luta pelo título, o que acabou fazendo, mesmo que não estivesse privilegiando um ou outro piloto. Sem pulso forte, e inseguro de algumas decisões, o australiano termina o ano sem crédito e com forte pressão na FIA para ser substituído na função, se não até mesmo demitido dela. Poderia ter sido mais coerente com os regulamentos em vários momentos, aplicando ao menos a mesma interpretação de certas regras onde acabou agindo de maneira diferente a cada caso. Fez todo mundo ter saudades de Charlie Whiting, a quem substituiu após este falecer em 2019. Precisando mostrar serviço, ainda mais em um campeonato tão disputado como foi o de 2021 na F-1, mostrou-se deficiente na função, para dizer o mínimo, enquanto para outros foi algo muito pior e menos elogioso. Se continuar no cargo em 2022, é bom que trate de se preparar melhor para exercer sua função, se não quiser levar outra saraivada de críticas ao primeiro sinal de nova aplicação duvidosa ou incerta das regras de competição.
Equipe Haas: Não tinha como errar o time que seria o pior do grid em 2021. E ele não decepcionou. A Haas teve uma temporada tenebrosa, com uma dupla de pilotos que, ser não podia fazer milagres com o carro que já era muito pouco competitivo em 2020, ficou ainda mais para trás este ano, enquanto os rivais mais diretos, como Alfa Romeo e Williams ao menos conseguiram fazer alguns progressos. E seus pilotos, mesmo com essa verdadeira “bomba” nas mãos, também não ajudaram muito. Nikita Mazepin só mostrou qualidades mesmo na conta bancária de seu pai, que ajudou a sustentar o time na temporada, e garantiu o emprego do russo para 2022, mantendo a alcunha de “roleta russa” por mais um tempo na competição, tamanhas foram as vezes em que rodou na pista, sozinho ou com mais alguém. Já Mick Schumacher mostrou merecer um lugar melhor para competir, mostrando facilmente ter mais talento que seu companheiro de equipe, mas também andou se envolvendo em algumas confusões em algumas corridas, batendo o carro e ajudando a minar as já combalidas finanças da escuderia, que concentra suas esperanças no novo carro para o novo regulamento de 2022. E, como desgraça pouca é bobagem, além de ter uma dupla inexperiente, que só conseguiu acumular quilometragem andando nas últimas posições nas corridas, a Haas ainda viu seus pilotos se estranharem na disputa de posições entre eles mesmos, ajudando a deixar o ambiente meio turbulento nos boxes, com ambos chegando praticamente a não se falarem em vários momentos. Como desgraça pouca é bobagem, a equipe também foi a que mais gastou com batidas e acidentes com seus dois pilotos, tendo de gastar quase US$ 8 milhões só em reparos nos carros, o que ajudou a debilitar ainda mais as finanças combalidas do time. Preferindo concentrar seus recursos no novo carro do próximo ano, e rendendo-se a pilotos pagantes, é bom que a Haas colha frutos de suas escolhas para continuar sobrevivendo na F-1, onde chegou com boas esperanças, mas desandou completamente nos últimos anos...
Fim do autódromo de Curitiba: E mais um circuito brasileiro pode ter visto seus últimos dias de competição. O autódromo de Curitiba começou a ter sua pista demolida esta semana por uma empresa, ignorando notificação da justiça de um processo de tombamento do local por sua importância histórica e cultural, numa tentativa de impedir que o terreno onde está localizado o circuito vire um empreendimento imobiliário, ameaça que já vem de alguns anos. As obras de destruição da pista foram interrompidas por ordem da justiça paranaense, mas o desfecho do caso é incerto, e na pior das hipóteses, depois de ver o triste destino do autódromo do Rio de Janeiro, nosso país pode ver outra pista de longa tradição desaparecer também. A disputa segue na justiça para se tentar preservar o circuito através do tombamento. O automobilismo nacional já teve dias muito mais prósperos e respeitosos, e atualmente sobreviver, em especial a existência de alguns circuitos, já é um grande esforço. Resta ter esperança de que a pista de Curitiba (na verdade em Pinhais, na região metropolitana da capital paranaense) sobreviva para continuar existindo e podendo ser palco das competições do automobilismo nacional.
Valtteri Bottas: O ciclo do piloto finlandês na Mercedes chegou ao fim, e para muitos, foi mais um que não conseguiu aproveitar a contento sua chance pelo time dominante da categoria. Tido como um campeão em potencial, Bottas sempre esteve em desvantagem na comparação com Lewis Hamilton, algo que todos imaginavam ser uma situação difícil dado o fato do inglês ser um piloto fora de série. Mas Valtteri nunca conseguiu demonstrar o mesmo nível de performance exibido por Nico Rosberg, que levou o alemão a conseguir ser campeão do mundo, e o único a derrotar Hamilton dentro do próprio time. Até mesmo acompanhar o ritmo do companheiro inglês se tornou uma tarefa inglória para o finlandês, que nos momentos em que precisava ajudar a fazer frente à concorrência, deixou a desejar ao time alemão. A performance demonstrada por George Russel no GP de Sakhir em 2020 deixou as coisas ainda mais complicadas para Bottas, que em sua última chance de redenção nesta temporada, frente a uma Red Bull muito mais competitiva, poucas vezes conseguiu se mostrar um piloto combativo frente aos rivais, o que ajudou a encerrar sua passagem pela Mercedes, e o possível fim de sua condição de protagonista na F-1, uma vez que em 2022 defenderá a Alfa Romeo, time médio onde pontuar já é uma situação complicada, onde dificilmente voltará a subir ao pódio, e muito menos vencer corridas. Se Russel reafirmar a boa impressão deixada no GP de Sakhir do ano passado em sua temporada no ano que vem pelo time germânico, poucos sentirão saudades de Valtteri na escuderia.
Daniel Ricciardo: O piloto australiano sempre foi considerado um campeão em potencial nos seus tempos defendendo a Red Bull. Mesmo não tendo a velocidade bruta de Max Verstappen, Ricciardo equilibrava e até superava o holandês mostrando muito mais maturidade, visão de corrida, e uma pilotagem limpa. Não se pode culpa-lo por buscar outras paragens, quando viu que seu time passou a ter olhos apenas para o holandês, em sua ânsia desmedida de fazer um novo campeão pela escuderia. Ricciardo até começou claudicante na Renault, mas fez uma segunda temporada pelo time francês excelente, recuperando seu prestígio como piloto de ponta, de modo que aproveitou a oportunidade para se transferir para a McLaren este ano, um time com muito mais potencial do que a nova Alpine, o que acabou se confirmando. Mas o que ninguém esperava era que o australiano tivesse tantos problemas para se adaptar ao carro do time de Woking, algo que ajudou a minar parte das chances da McLaren terminar o ano à frente da Ferrari, o que acabou acontecendo. Daniel melhorou no segundo semestre, a ponto de comandar uma inesperada dobradinha do time inglês em Monza, marcando sua primeira vitória desde que deixou o time dos energéticos, e dando a impressão de que estava finalmente começando a se entender com o carro da McLaren, pronto para garantir melhores resultados nas etapas que viriam. Mas não foi bem o que ocorreu. Ricciardo até melhorou, mas continuou sendo completamente ofuscado por Lando Norris, terminando o ano bem atrás de seu jovem companheiro de equipe, não conseguindo superar a queda de competitividade que a escuderia demonstrou nas últimas corridas do ano. Um resultado até menos vistoso do que o obtido no seu primeiro ano de Renault. A esperança é que, com o novo carro e as novas regras técnicas de 2022 tragam de volta Ricciardo às suas melhores exibições na F-1, pronto para mostrar novamente o talento de potencial campeão que ele exibiu um dia, caso contrário, pode dar início ao seu ocaso na categoria máxima do automobilismo...
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