Hora de trazer mais um de meus antigos textos aqui no blog, e o de hoje foi publicado no dia 6 de agosto de 1999, com o texto principal enfocando a disputa pelo título daquela temporada na F-1, com a McLaren achando que teria vida mais fácil sem a concorrência de Michael Schumacher, e vendo uma realidade completamente diferente. E bota diferente nisso, pois Eddie Irvinne quase acabou chegando ao título naquele ano, só não levando a taça porque negou fogo na reta final, em que pese também a Ferrari ter vacilado com o piloto em alguns momentos. De quebra, mais alguns tópicos rápidos com outros acontecimentos dos últimos dias no mundo da velocidade. Uma boa leitura a todos...
PEDRAS NO CAMINHO
Depois do Grande Prêmio da Alemanha, disputado no último domingo, quem diria, o campeonato de Fórmula 1 assumiu feições totalmente novas e nem um pouco imaginadas antes do início da temporada: Eddie Irvinne lidera o campeonato e é até o favorito ao título do campeonato. Quem diria que a toda poderosa McLaren iria ter tantos problemas durante o ano?
Nas duas corridas disputadas com a ausência de Michael Schumacher, Irvinne faturou as duas provas. Não apenas o piloto irlandês tem andado razoavelmente bem, como a McLaren tem enfrentado uma crise atrás da outra, pelos mais variados e diversos motivos. A Ferrari sem Schumacher, que parecia não mais ser uma ameaça, mas do que nunca virou uma verdadeira pedra no sapato e no caminho da McLaren e de Mika Hakkinen, até então os favoritos na luta pelos campeonatos de construtores e pilotos da F-1.
Em Hockenhein, mais uma vez a McLaren perdeu uma corrida que tinha tudo para ganhar. Hakkinen estava fazendo sua parte, até a equipe se atrapalhar num pit stop do finlandês e derrubá-lo para a 4ª posição. Mika começou sua cavalgada em busca de recuperar o terreno perdido, até que um pneu estourado lançou o finlandês de encontro à barreira de pneus na curva de entrada do Motodron. Já David Coulthard fez novamente suas trapalhadas na pista: perdeu parte do bico do carro numa disputa de freada com Mika Salo, e ficou boa parte da prova numa corrida de recuperação, terminando em 5º lugar. Muito pouco para a McLaren. E pensar que, antes da corrida, Ron Dennis anunciou a renovação dos contratos de Mika Hakkinen e David Coulthard para a temporada do ano 2000. Eu diria que Ron deve estar se perguntando até agora se tomou a decisão correta. A julgar pelo que o escocês fez este ano, nem é preciso responder. Já Hakkinen tem sido muito mais eficiente, mas tem enfrentado muitos problemas, a maioria totalmente além de seu controle.
Enquanto a McLaren se vê às voltas com uma Ferrari que lidera o mundial de pilotos e mostra força sem Schumacher, a boa performance de Mika Salo em Hockenhein pode significar encrenca para Rubens Barrichello. Salo poderia até ter vencido a corrida, e só deixou Irvinne passar porque era sua obrigação colaborar para que o irlandês vencesse a corrida. E, em sua segunda corrida pelo time italiano, Salo já andou melhor até do que Irvinne.
E porque Salo pode ser uma pedra no caminho de Rubens? Simples: já não é segredo que, mesmo que Irvinne conquiste o título, ele não deve ficar na Ferrari. Há rumores divulgados esta semana que o colocam na Stewart no ano que vem. Acontece que, por contrato, Michael Schumacher é o piloto Nº 1 da Ferrari, com todas as atenções do time voltadas para ele, e só ele tem a primazia de lutar por vitórias. E o piloto alemão não tem gostado nem um pouco do comportamento “rebelde” de Irvinne este ano, que quis brilhar mais e ter o direito de vencer corridas. Uma tremenda mudança de opinião para quem, no ano passado, elogiava e enaltecia Irvinne como o melhor companheiro de equipe que já teve. Claro, desde que ele ficasse em seu devido lugar, e apenas isso...
Rubinho já deixou bem claro à Ferrari que ele quer poder lutar por vitórias na equipe, e que não quer ser o segundo piloto de Schumacher. Para ele, Schumacher só deveria justificar sua posição de primeiro piloto se fosse incontestavelmente mais rápido na pista em todas as ocasiões. E, lembrando que o piloto brasileiro já foi preterido por Michael antes há alguns anos, alegando que o piloto brasileiro era incompetente para trabalhar em um time de ponta, não seria demais afirmar que Schumacher tem medo do piloto brasileiro, ou no mínimo, sabe que não vai ser tão fácil subjugá-lo como já fez com todos os seus colegas de equipe na categoria, à exceção de Nélson Piquet...
Salo, por sua vez, está feliz com a chance de pilotar um carro de ponta na F-1. E, como estava desempregado, o finlandês sairia muito mais barato do que Barrichello. Se Schumacher invocar novamente com o piloto brasileiro, lá se vão as esperanças de termos novamente um piloto em uma equipe de ponta na categoria. A não ser que a Ferrari caia na real e resolva ter dois pilotos lutando forte pelo título, para não ficar na dependência de apenas um. Pelo que mostrou nas últimas corridas, a Ferrari mostrou que não precisa ter Michael Schumacher em seus carros para vencer corridas. Um bom sinal, sem dúvida, para uma escuderia que tem o bicampeão alemão, conhecido por monopolizar todas as atenções na equipe em torno de si apenas. E o que os ferraristas dizem disso? Alguém aí já pode até ir sonhando: Eddie Irvinne campeão do mundo pela Ferrari em 1999. Ainda faltam 6 corridas para o fim do campeonato, e tudo ainda pode acontecer...
Christian Fittipaldi parece que não consegue se manter longe dos acidentes em sua carreira. A batida que ele sofreu no circuito oval de Saint Louis, no início desta semana, foi bem forte. Felizmente, o piloto brasileiro já passa bem e não houve problemas mais graves, embora por um período de tempo, o coágulo que se formou em seu cérebro tenha preocupado muita gente. Christian praticamente dá adeus à luta pelo título da F-CART, na melhor temporada dele na categoria até agora. O sobrinho de Émerson só deve voltar a pilotar em Laguna Seca, faltando 2 etapas para encerrar a temporada. Para seu lugar, a equipe Newmann-Hass chamou Roberto Moreno. Moreno, depois de fazer boas corridas substituindo o inglês Mark Blundell, tem nova chance de mostrar serviço na categoria, e com um carro de ponta agora...
Hoje começam os treinos para mais uma etapa do calendário da F-CART: é o GP de Detroit, disputado no Belle Isle Park. O circuito de rua é de difícil ultrapassagem, o que torna o treino classificatório muito disputado. Nem mesmo a inclusão de um novo trecho de reta no ano passado melhorou muito as opções de ultrapassagem nesta pista. E teremos alguns novos nomes na prova: Jan Magnussen volta a andar na F-CART. Ele substitui o americano P. J. Jones na equipe Patrick, que foi demitido por não conseguir resultados com a equipe até agora. Na Walker, o japonês Naoki Hattori retorna, depois do seu violento acidente em Homestead. Mimo Gidley, que estava substituindo o japonês, vai correr pela Payton/Coyne. E, na Penske, o piloto uruguaio Gonzalo Rodriguez vai pilotar o segundo carro da escuderia neste fim de semana. E Mark Blundell retorna pela equipe PacWest.
Se no GP da Alemanha de F-1 os pilotos brasileiros não puderam fazer muita coisa (abandonaram a corrida por problemas alheios a seu controle), pelo menos na prova preliminar da F-3000, pudemos fazer a festa com uma dobradinha brasileira no pódio. A vitória foi de Bruno Junqueira, com Max Wilson em segundo lugar. Enrique Bernoldi também terminou na zona de pontuação, em 5º lugar. Mas apesar deste bom resultado, o título da categoria está praticamente definido com Nick Heidfeld, dada a grande vantagem na classificação.
O pódio do GP alemão de F-1 deixou todos os torcedores no autódromo pra lá de satisfeitos. Na ausência de Michael Schumacher, todos os alemães torciam para seu time, a Ferrari. E não é que por pouco Heinz-Harald Frentzen não fez a pole position nos treinos, largando na primeira fila ao lado do grande rival de Schumacher, Mika Hakkinen? Deu dobradinha da Ferrari, com Frentzen em 3º lugar. Para completar a festa, Ralf Schumacher chegou em 4º lugar...
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