sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O QUE ESPERAR DE 2021?

Liberty Media já planeja calendário de 2021 com as 22 provas "normais", mas a Austrália não deve abrir a competição (acima), com o Bahrein provavelmente recebendo a primeira prova na pista de Sakhir (abaixo).
           


Estamos chegando ao final do mês de setembro, e logo estaremos no último trimestre do ano de 2020, um ano que infelizmente está sendo da pá virada, devido à pandemia do coronavírus, que promete nos dar muitas dores de cabeça ainda por algum tempo. E, neste tempo, está incluído o ano de 2021, já que, até o presente momento, apesar de algumas boas perspectivas, ninguém sabe ao certo como se apresentará. E, em meio a toda essa incerteza, a Fórmula 1 começa a desenhar, ou tentar desenhar, como será o calendário do ano que vem, e a se confirmarem os boatos, o Brasil estará fora do calendário da competição maior do mundo do esporte a motor.

            A Liberty Media, se possível, pretende voltar com o calendário à normalidade, com cerca de 22 corridas, de acordo com o certame previsto originalmente para 2020. Só que, mantidas as demais provas, apareceu um novo candidato na disputa por uma vaga no calendário: a Arábia Saudita, com planos de realizar um GP nas ruas de Jeddah. Os árabes já participam do calendário da Formula-E, e depois de assinarem um acordo para realizarem o Rally Dakar pelos próximos anos, estão gastando os tubos para seduzirem a F-1 também. E, com isso, a corrida do Brasil pode dançar feio na parada. Mas não é a única sob ameaça. Algumas outras corridas do calendário, como a Espanha, Áustria e China, também estão sem contrato para 2021, mas a posição brasileira é a mais frágil nesta queda de braço.

            Com o retorno de Fernando Alonso à F-1 em 2021, mesmo em um time que ainda não tem condições de disputar vitórias, e menos ainda o título, os espanhóis podem ser tentados a renovar o seu GP. Dificilmente a Áustria, país sede da Red Bull, ficaria de fora do calendário. E a China, bem... É a China, país onde meio mundo fica puxando o saco pelos mais variados motivos, e que certamente não gostaria de se ver excluída da competição, ainda mais depois da cruzada anti-chinesa movida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelos estragos causados pela Covid-19, cuja pandemia começou justamente no país asiático. Correndo por fora, algumas das etapas “tampão” obtidas para compor o calendário deste ano estão mais do que interessadas em voltar de forma maus duradoura à competição, com destaque para a Turquia, e em menor escala, Nurburgring, Portimão, Ímola, e quem sabe até mesmo Mugello, pista que os pilotos adoraram competir. Há quem sugira que, diante das incertezas sobre o que teremos em 2021, a FIA deixe circuitos de prontidão para reserva, caso novas complicações da pandemia voltem a impactar as corridas do calendário.

            Mas o Brasil, que interesse pode oferecer à F-1 no momento? A Liberty Media não tem pela prova brasileira o mesmo interesse que Bernie Ecclestone nutria pela etapa tupiniquim. O circuito, embora seja do agrado de equipes e pilotos, empenhou-se em uma grande reforma de suas instalações para atender aos padrões exigidos pela categoria máxima do automobilismo, que ficou muito mal acostumada com os megacircuitos construídos na década passada, “Made in Hermann Tilke”. Mas a nova dona da F-1 está em situação financeira complicada, devido à pandemia, e não anda muito amigável no que tange a valores de contratos, como vimos na negociação frustrada da Globo para renovar os direitos de transmissão. E podem apostar que a renovação de contrato para o GP do Brasil vai pelo mesmo caminho. E ainda temos o fato de a própria F-1 não ter, até o presente momento, um contrato de transmissão para nosso país em 2021, quando a Globo não terá mais as provas em sua grade de programação. Isso certamente vai impactar no interesse dos torcedores pela corrida, certamente dificultando mais a realização da prova em nosso país.

Etapa do Brasil (acima) corre risco de não acontecer em 2021. E tem interessados em ocupar o nosso lugar no calendário... A Turquia (abaixo), nem retornou ainda, mas já quer se manter firme em 2021 e além...
           


            Pior, ainda temos o imbróglio entre Interlagos e Deodoro, sendo que o prometido autódromo carioca até agora não passa de promessa, e mesmo assim o grupo Rio Motorsports falar grosso como se tudo já estivesse garantido, e Interlagos fosse apenas história. E não acabou: o citado grupo estaria metido com grupos pra lá de enrolados com a corrupção no Rio de Janeiro, segundo investigações que ainda podem dar muito o que falar a respeito. E, como desgraça pouca é bobagem, a recente notícia de que o grupo teria adquirido os direitos de transmissão da F-1, com vistas a repassá-lo a interessados, a exemplo do que fizeram antes com a MotoGP, promete esquentar ainda mais esta disputa. Não vamos nos esquecer que a Rio Motorsports deu calote na Dorna no pagamento dos direitos de transmissão da MotoGP, que haviam sido repassados ao FoxSports. O rolo criou uma encrenca que obrigou o Grupo Disney, dona do FoxSports, a entrar na jogada para acertar as pendências com a Dorna, e com isso garantir que a transmissão prossiga no canal pelos próximos anos. Mas um grupo que deu um calote na Dorna conforme ocorrido teria credibilidade junto à Liberty Media para adquirir os direitos de transmissão da F-1 por aqui, depois disso? Ou os norte-americanos estão sendo muito crédulos, ou talvez muito ingênuos nesta situação, que tem tudo para render outro episódio lamentável em relação à imagem de nosso país no exterior, que já não anda nada boa devido às trapalhadas, ou melhor, incompetência, de uma turma em Brasília, como se nosso país já não tivesse tantos rolos para resolver...

            Voltando à composição do campeonato para 2021, é muito provável que a situação da pandemia ainda esteja presente, complicando algumas possibilidades da F-1. Mesmo com a obtenção de uma vacina para a Covid-19, o que pode atrapalhar nesse momento é a disputa geopolítica que estão fazendo a respeito do medicamente, que certamente ainda precisará mostrar que é realmente eficaz, a ponto de podermos retirar o estado de pandemia, e retornarmos ao modo “normal”, algo que pode demorar alguns meses, talvez até mais de um ano, precisando analisar e observar os dados até termos a certeza de que tudo ficou para trás.

            Por isso mesmo, fala-se que a Austrália não abriria a competição, posto que seria ocupado pelo Bahrein, que poderia inclusive sediar os testes da pré-temporada, e com isso, cortar custos de viagem dos times, que permaneceriam no país, no esquema atual de protocolos de segurança sanitários, para a disputa da primeira prova. Vietnã e China viriam a seguir, com o Azerbaijão dando início à fase européia, seguida por Holanda, Espanha, Mônaco, Canadá, Áustria, França, Inglaterra, Hungria, Bélgica, Itália, e Rússia. Seguindo o esquema habitual, viria Singapura, para depois ir ao Japão, e aproveitando a viagem, então ir à Austrália. De lá, partiria para as provas dos Estados Unidos e do México. E finalizando, com a nova corrida na Arábia Saudita, e por fim, Abu Dhabi. Vale lembrar que esse “calendário” ainda é apenas especulação, mas é o que a Liberty Media gostaria de ter para a F-1 2021.

            Só que, como falei, tudo dependerá de como estaremos em 2021. A pandemia, que havia arrefecido nos países europeus, que foram liberando e flexibilizando suas atividades, parece estar recrudescendo, com alguns países ligando o sinal de alerta com o aumento dos novos casos, mesmo que o número de mortos ainda não tenha subido tanto quanto nos meses anteriores. Os temores de uma segunda onda de infecções causa arrepios, e a obsessão com a vacina, como única forma de resolver a situação, podem levar o panorama de incerteza para muito tempo adiante. Não que isso seja um pensamento equivocado, mas não deve ser o único foco para se tentar resolver a situação. Volto a frisar que, mais do que uma vacina, é preciso encontrar medicamentos que tenham eficácia no tratamento da Covid-19, oferecendo condições de controle e recuperação dos doentes. E, claro, deixarmos de lado certas picuinhas políticas que lamentavelmente estão surgindo nesta situação, com vários nomes a tentarem se promover na luta contra o coronavírus e suas sequelas. E os próprios cientistas alertam que, mesmo com uma vacina, ainda teremos um estado de alerta de pandemia por um bom tempo.

Abu Dhabi paga uma grana preta para encerrar a temporada da F-1, no insosso circuito de Yas Marina, e isso não deve mudar em 2021...

           
Isso significa que a normalidade das atividades pode estar mais “normal”, ou não, dependendo dos resultados das vacinações que porventura possam ocorrer até março de 2021. Não haverá como vacinar toda a população do mundo, de modo que estratégias para ao menos proteger os grupos de risco deverão ser adotadas, muito provavelmente em fases. E, dependendo de como isso ocorrer, alguns países poderão se abrir mais, ou menos. E será necessário paciência e calma para isso. E quem não quiser correr nenhum risco, pode voltar a impor até lockdowns novamente, dependendo do grau de incerteza, e por vezes, até mesmo paranoia, em relação à situação da Covid-19. Por isso mesmo, não dá para garantir que o calendário planejado seja garantido como vem sendo especulado. Todos queremos que a situação volte ao normal o quanto antes, mas querer e ter são coisas diferentes, e a F-1 precisa estar preparada para, na pior das hipóteses, ter de correr com um planejamento alternativo para a competição, se o pior vier a se repetir, adotando medidas para isso, caso sejam necessárias.

            Precisamos aceitar que a pandemia ainda está presente, e sem uma solução ainda garantida para o seu fim, por mais que alguns apregoem que vacina “x” ou “y” se mostrou segura e eficaz, praticamente prometendo a solução tão logo ocorram as vacinações. Temos que manter a prudência, a calma, e o controle, e evitarmos tanto quanto possível situações que possam complicar o panorama já delicado que enfrentamos. Não é momento para relaxarmos procedimentos de segurança adotados para nos proteger do vírus. Temos que desenvolver nossas atividades no que for necessário seguindo as normais indicadas para evitar a pior situação, e quem sabe, podermos estar prontos para o retorno à “normalidade” quando isso vier realmente a acontecer. O impacto ocasionado pela Covid-19 foi devastador para muitos, e diversas atividades ainda não puderam ser retomadas, e muitos lugares ainda estão sofrendo os piores efeitos das quarentenas impostas. O mundo do automobilismo conseguiu retomar suas atividades, e tenta já se adiantar para o próximo ano, o que seria natural de se esperar. Torçamos para que isso não seja apenas algo motivado por otimismo exacerbado, e possamos de fato retomar as atividades como fazíamos antes o mais breve possível.

 

 

A Racing Point decidiu que apenas Lance Stroll terá o novo pacote de atualizações em seu carro no GP da Rússia, cujos treinos oficiais começam hoje na pista de Sochi. O canadense já teve estas atualizações no seu carro na etapa de Mugello, mas Stroll sofreu um acidente que comprometeu seriamente seu carro, de modo que o time não conseguiu disponibilizar as atualizações para o outro piloto do time, Sergio Perez. O mexicano, aliás, que já foi descartado pelo time para 2021, reclama de estar ficando isolado na escuderia, e até sem ter acesso a certos dados dos carros. Uma atitude que, infelizmente, mostra que o time, que se chamará Aston Martin em 2021, com a chegada de Sebastian Vettel, já está pegando maus hábitos, quando deveria se manter unido para tentar lutar a fundo pela terceira posição no mundial. A escuderia deu um salto de performance este ano, ao copiar o modelo da Mercedes do ano passado, mas ainda não conseguiu melhorar sua mentalidade de time médio, uma vez que teve oportunidades para obter melhores resultados e acabou deixando as chances escaparem. Perez infelizmente está sofrendo também a ingratidão do time que ajudou a manter em seus momentos difíceis, sendo agora descartado sem maiores considerações. Merecia sorte melhor, mas infelizmente, a F-1 raramente é justa com a maioria de seus participantes, e o mexicano não é o primeiro, e nem será o último a sofrer com este tipo de atitude...

 

 

Desde que estreou no calendário da F-1, a etapa russa viu apenas a Mercedes vencer na pista montada dentro do Parque Olímpico de Sochi, e esse domínio tem tudo para se manter este ano, diante da superioridade do time alemão perante os demais no campeonato. Fica então a expectativa se Lewis Hamilton igualará o recorde de 91 vitórias de Michael Schumacher na pista russa, já que o inglês, ao vencer a prova da Toscana, em Mugello, chegou a 90 vitórias na F-1...


 

Hélio Castro Neves está de volta à Indycar. Ao menos, na nova rodada dupla que será realizada no traçado misto do Indianapolis Motor Speedway, nos dias 2 e 3 de outubro. O piloto brasileiro, que desde a temporada de 2000 defendeu sempre a equipe Penske nas categorias Indy, vai correr as duas provas pela McLaren, no lugar do piloto Oliver Askew, que não se sentiu muito bem após a rodada dupla de Mid-Ohio. O piloto passou por exames médicos, queixando-se de problemas com equilíbrio e coordenação, e sintomas de concussão, tendo sua participação nas próximas provas vetada pelos médicos. Liberado para procurar outras oportunidades de competição por Roger Penske, que está encerrando sua participação no IMSA Wheatertech Sportscar, onde Helinho vinha competindo desde 2018, o brasileiro já havia declarado vontade de retornar à Indycar em tempo integral em 2021, e agora, ao menos, terá a oportunidade de correr as duas provas que serão realizadas no final da próxima semana, e quem sabe, até abrir possibilidade de conseguir um lugar para o ano que vem. Vale lembrar que um dos diretores do time da McLaren na Indycar, que era a equipe Schmidt/Petterson, é justamente Gil de Ferran, que foi colega de time de Hélio na Penske nas temporadas de 2000 a 2003. O time tem andado forte em várias etapas da temporada deste ano, especialmente com o mexicano Patricio O’Ward, enquanto Askew tem tido um desempenho menos vistoso. Dependendo de como o brasileiro se entrosar no time, poderia haver até a possibilidade de Helinho manter o lugar para a etapa de São Petesburgo, que encerra a temporada atual, mas isso ainda não é cogitado, ao menos não abertamente. Askew declarou que é difícil deixar de defender o time, mas que deve focar em sua saúde, e procurar se recuperar completamente, para voltar a defende-lo com toda a sua capacidade. Mas nada impede que o piloto brasileiro possa se mostrar um forte adicional ao time, e quem sabe, até ocupar em definitivo o posto de Oliver. Tudo vai depender de como Helinho irá se sair nas duas corridas, lembrando que sua única experiência com os carros atuais este ano foi nas 500 Milhas de Indianápolis, na configuração de pista oval, e que ele precisará se entrosar com o carro para poder alcançar um bom desempenho. Por mais experiente que seja, Hélio pode ter alguns problemas nisso, portanto, nada de criar muitas expectativas sobre as chances do piloto. O que devemos comemorar é seu retorno a uma prova da Indycar, e torcer pelo seu sucesso, e que isso crie boas perspectivas para o próximo ano.

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