sexta-feira, 3 de julho de 2020

LARGADA PARA A F-1 2020


O novo visual "negro" dos carros da Mercedes, para a estréia do mundial de F-1.
            E chegou a hora! A Fórmula 1 dá a largada para a temporada de 2020, mas nem tudo será do jeito como gostaríamos que fosse. Afinal, a pandemia da Covid-19 continua, e mesmo na Europa, onde a situação parece muito melhor, ninguém quer dar chance para uma reversão de expectativas, portanto, a corrida que abre o campeonato da categoria máxima do automobilismo com seus primeiros treinos oficiais hoje estará longe de ser aquele evento festivo e alegre que preenche o fim de semana como estávamos acostumados a ver até o ano passado.
            Com portões fechados, sem público, e com presença mínima de profissionais de imprensa, não há como negar que a sensação de todos na pista de Zeltweg será estranha. O novo “normal” em tempos de pandemia decididamente não dá aquela tranquilidade que gostaríamos de estar vivenciando com o retorno das atividades de competição, muito pelo contrário. Protocolos de segurança, distanciamento social, e uma série de normas a serem seguidas visando a segurança, tudo isso não está sendo nada fácil, e muito provavelmente, só os pilotos terão alguma sensação de normalidade quando estiverem na pista, local onde costumam estar sozinhos, e onde tudo seguirá como antes, ao contrário do ambiente fora dela.
            Não estaremos vendo os alegres torcedores nas arquibancadas, e mesmo no paddock, a ordem é todo mundo ficar longe de todo mundo. Nada de pódio, e as comemorações não terão aquele astral entusiasmado de sempre. Infelizmente, é o que temos para o momento, neste momento ainda crítico pelo qual o mundo passa. Então, vamos encarar a largada do campeonato do jeito que dá. E podermos ver enfim os carros na pista já é muita coisa.
            A crise econômica decorrente da pandemia afetou a economia mundial de forma contundente, e a F-1 precisou se mexer para evitar o naufrágio que poderia sofrer diante da “seca” dos recursos financeiros advindos desse momento excepcional. De positivo, isso ajudou a costurar acordos para tentar tornar a categoria mais viável e sustentável financeiramente, de modo que nos próximos anos, os times deverão ter menos problemas para se manterem na disputa. Afinal, a Williams escancarou sua situação, e com dívidas a crescer de vista, praticamente se colocou à venda. Até a McLaren, que veio de um campeonato bem satisfatório em 2019, sentiu o baque econômico originado pela pandemia, e demitiu funcionários, e também precisou socorrer-se de empréstimos para manter as finanças em dia.
            O Liberty Media, grupo proprietário da F-1, de um instante para o outro, se viu sem a possibilidade de receber as receitas oriundas dos GPs, já que as provas garantidas até aqui serão realizadas sem público, e sem eles, os promotores não têm receita para pagar os custos das provas. Com empréstimos e dinheiro em caixa, o grupo conseguiu antecipar algumas receitas, mas dinheiro não dá em árvore, e para que entrem novos recursos, é preciso haver corridas. O dinheiro da transmissão das provas agora é mais vital do que nunca, e mesmo estes terão valores menores do que os esperados inicialmente, já que teremos menos corridas do que o estipulado inicialmente. Não se trata apenas de abastecer o caixa do Liberty Media, mas das escuderias, afinal, todas têm contratos de patrocínio, mas sem poderem exibir as marcas nas corridas, não tem pagamento. Agora, pelo menos, elas poderão começar a receber alguma coisa. E todos os times possuem muitos funcionários que precisam receber seus salários. Retomar a competição é garantir também a sobrevivência econômica das escuderias e daqueles que dependem delas.
            E, com os carros na pista, voltam as expectativas sobre as disputas pelas vitórias. A Mercedes deixou os adversários com a pulga atrás da orelha nos testes da pré-temporada, com a perspectiva de mais um ano de domínio dos bólidos prateados (ou deveria dizer negros, agora que pintura dos carros mudou?). Mas a Red Bull deu pinta de que poderia aprontar alguma, e a pista deste final de semana pode ser propícia para isso, afinal, foi nela que Max Verstappen venceu nos dois últimos anos, sendo que em 2018 a Mercedes teve até um abandono duplo de seus pilotos na pista austríaca. Parece um atrativo ideal para apimentar a disputa, se a Mercedes não conseguir impor o seu esperado domínio, e com Verstappen querendo mais do que nunca mostrar que está pronto para disputar o título. Lewis Hamilton, obviamente, é o favorito, mas e Valtteri Bottas? O finlandês diz que está pronto para ser campeão, e que se preparou como nunca para a temporada de 2020, prometendo dificultar a vida de Hamilton na Mercedes. Bottas não tem contrato para 2021, e rumores de que o time poderia promover George Russel, atualmente na Williams, para o seu lugar, podem fazer com que o piloto tenha de se mexer para mostrar que merece continuar a permanecer em Brackley por mais tempo. E se a Mercedes confirmar que tem o melhor carro, e uma vantagem sobre os rivais, Valtteri terá de mostrar mesmo serviço, e isso quer dizer deixar todos os demais rivais para trás, além de tentar derrotar Lewis na pista. Na Red Bull, não há dúvidas de Verstappen deve se sobressair sobre seu companheiro Alexander Albon, que por sua vez não poderá se deixar ser superado pelos demais rivais, sob o risco de ser “despromovido” pela Red Bull, como ocorreu com Pierre Gasly no ano passado.
Max Verstappen quer desafiar a suposta supremacia da Mercedes, e terá um novo motor da Honda na Áustria como trunfo.
            Com a Ferrari aparentemente começando o ano em forma menos competitiva do que no ano passado, as esperanças de disputa pelas primeiras posições recaem mesmo sobre a Red Bull, que aliás contará com unidades de potência da Honda com novidades na pista de Zeltweg. A questão é saber se o time dos energéticos irá mesmo conseguir balançar a rival Mercedes, lembrando que o time alemão não costuma mostrar todo o seu poderio na pré-temporada, a fim de guardar suas surpresas na manga para o momento adequado. E aí fica a dúvida: se a Mercedes andou se contendo um pouco, e mesmo assim assustou os concorrentes, qual o seu real ritmo e força? Mas não é uma estratégia onde apenas um lado pode dar as cartas: a Red Bull procurou se concentrar em ritmo de corrida, e não fazer algumas extravagâncias, de modo que ambos os times podem ter se resguardado um pouco. Veremos a partir de hoje quem andou escondendo mais o jogo...
            Com a Ferrari fechando o “trio de ferro” da F-1 atual, o grande lance no time italiano é saber quem vai dar as cartas na escuderia. Com seu contrato findando ao término da temporada de 2020, muitos apostam que Sebastian Vettel vai simplesmente ligar o “foda-se” e andar a fundo mais do que nunca, com o objetivo de tentar recuperar sua imagem, desgastada pelos erros cometidos nos últimos anos. Se a Ferrari realmente se mostrar incapaz de discutir o título, Vettel não terá nada a perder, a não ser derrotar Charles LeClerc na disputa interna da equipe de Maranello. O piloto alemão, aliás, chegou a Zeltweg disparando, ao afirmar que a Ferrari nem mesmo se dignou a apresentar um contrato de renovação para 2021, ao contrário do que tem sido divulgado sobre o assunto, apimentando ainda mais o clima entre o piloto e a cúpula do time. Com LeClerc escolhido como o “futuro” da Ferrari, o time italiano vai querer mostrar que fez a escolha certa, enquanto Sebastian, caso resolva pendurar o capacete da F-1, ou tirar um ano sabático, vai para o tudo ou nada decidido a resgatar seu cartaz de tetracampeão, e de ser um dos maiores nomes da história da F-1. Pode voar lascas neste duelo, e no fundo, é o que todo mundo mais quer ver, com o circo pegando fogo nas hostes italianas. Vettel já avisou que não vai facilitar as coisas para Charles, que por sua vez, encarou a declaração com naturalidade. O pau pode comer entre os dois... E, falando sinceramente, estou muito a fim de ver essa briga entre ambos, e a Ferrari que se vire com isso...
Todos os profissionais estão trabalhando seguindo rígidos protocolos de segurança, tanto os times (acima), quanto os poucos profissionais de imprensa permitidos (abaixo), tendo de manter distanciamento uns dos outros.
            No pelotão intermediário, a expectativa é o que a Racing Point irá mostrar, com sua “Mercedes rosa”, que andou mostrando boas performances nos testes, e tem tudo para liderar o segundo pelotão do grid, que ainda deve ser engrossado por McLaren e Renault. O time de Woking quer manter a boa forma de 2019, e chegar mais à frente, enquanto os franceses querem reacertar o rumo e mostrar que ainda devem ser considerados uma força de respeito no meio, ainda mais depois de verem seu principal piloto, Daniel Ricciardo, se acertar com a McLaren para 2021, mostrando que a confiança no projeto da Renault para o próximo ano não está lá essas coisas não... Estes três times têm boas possibilidades de fazerem boas disputas, e quem sabe, beliscar algum pódio.
            No “terceiro pelotão”, a Alpha Tauri, ex-Toro Rosso, tem boas chances de se sobressair, e até entrar no meio da briga um pouco mais à frente. A Williams quer apenas deixar a lanterna, mas vai ser meio difícil. Só não deve ficar mesmo condenada à última fila porque a Hass também não empolgou muito na pré-temporada. E quanto à Alfa Romeo, esperemos que possa conseguir resultados dignos. Kimi Raikkonen pode fazer sua última temporada na F-1, ou talvez até continuar em 2021, tudo dependerá do estado de espírito do finlandês, e dos resultados que conseguir. Na Hass, provavelmente veremos as chances finais da atual dupla de pilotos, que vai precisar provar o que pode fazer com os carros, sem arrumar confusões, dentro e fora da pista. Na Alpha Tauri, Gasly e Danill Kvyat vão se digladiar para se manterem no time, o que já pode ser complicado, dependendo do humor de Helmut Marko, se ele resolver rifar alguém para experimentar um novo nome para 2021, dependendo das opções disponíveis.
            Não vai ser um campeonato normal, isso todos já sabemos. Semana que vem, a F-1 continua na Áustria, que terá uma rodada dupla, assim como em Silverstone, no início de agosto. Veremos se isso também se estenderá às disputas dentro da pista, com surpresas e mais disputas do que pensávamos ter inicialmente. Portanto, é hora da largada para a F-1 2020! Vamos acelerar fundo, então, e que pelo menos tenhamos um bom campeonato para acompanhar!


A Indycar também inicia hoje os treinos para sua segunda corrida na temporada de 2020, com o Grande Prêmio de Indianápolis, prova que será disputada amanhã, no traçado misto do Indianapolis Motor Speedway. Hoje teremos um treino livre e o treino de classificação. Já a corrida será às 13 Hrs. deste sábado, com transmissão ao vivo do Bandsports. O site de streaming DAZN também irá transmitir não apenas a corrida, mas também os treinos, via internet. Para os torcedores nacionais, infelizmente a corrida será a primeira de uma categoria Indy em mais de vinte anos sem a presença de um piloto brasileiro no grid, já que Tony Kanaan correrá apenas as provas em circuitos ovais nesta temporada que marca sua despedida das categorias Indy. Na pista, Scott Dixon defende a liderança do campeonato, após vencer o GP do Texas, no início do mês passado. A corrida será realizada sem público, mas a direção da Indycar já planeja a presença de torcedores, em número limitado, para as provas de Elkhart Lake e Iowa.


Quem também dá a largada neste final de semana é a F-2, categoria de acesso à F-1, que também irá disputar suas primeiras provas na pista de Zeltweg, na Áustria. Na pista, três pilotos brasileiros estarão presentes: Pedro Piquet, Felipe Drugovich e Guilherme Samaia. Todos eles estréiam na competição, com o objetivo de tentarem chegar à F-1. O objetivo de todos neste primeiro ano é se entrosarem na competição, o que não significa que não terão pressão por resultados. A disputa será dura, e os adversários não darão moleza. Boa sorte a todos eles, e que possam mostrar o talento que possuem.


A Globo manterá o seu já conhecido esquema de transmissão visto nos últimos anos para a corrida de F-1 na Áustria. Os treinos livres e de classificação serão exibidos pelo canal pago SporTV, e a corrida, no domingo, pela TV Globo. Terá a presença in loco de Mariana Becker no autódromo de Zeltweg, trazendo as últimas notícias do fim de semana, enquanto por aqui teremos a narração de Sergio Mauricio nos treinos de sexta e sábado, enquanto na corrida, Cléber Machado assumirá a posição. Luciano Burti participará como comentarista nas transmissões de sexta e sábado, de forma remota, através de vídeo, e estará presente no estúdio, juntamente com Felipe Giaffone, na transmissão da corrida, junto com Machado. A Globo cogitou de fazer uma narração remota com Galvão Bueno, mas desistiu. O veterano narrador, por se encontrar no grupo de risco do Covid-19, está afastado, em sua residência. Será a primeira temporada, em várias décadas, que a transmissão da Globo não contará com Reginaldo Leme, que foi demitido da emissora no final do ano passado, após a realização do GP do Brasil.


Reginaldo Leme, aliás, não deixará de estar envolvido com a cobertura da F-1 em 2020. O veterano jornalista, maior referência quando o assunto é automobilismo no Brasil, acompanhando a F-1 desde 1972, tem agora o seu próprio canal no You Tube, o Automotor por Reginaldo Leme, onde pretende estar bem mais presente, produzindo matérias e vídeos com base em seus mais de 40 anos de vivência acompanhando o mundo do automobilismo. O jornalista também passará a participar da nova cobertura da versão brasileira do site Motorsport.com, que inaugura nesta semana um novo esquema de cobertura de vídeo dos GPs da F-1. Segundo Reginaldo, seus materiais produzidos para seu canal pretendem resgatar aquele clima de intimidade das reportagens que ele produziu na Globo durante todos estes anos. Entre os materiais, Leme pretende fazer lives após os treinos, e antes e após as corridas, fazendo seus comentários sobre os acontecimentos que houverem. O jornalista admite que ainda está se familiarizando às ferramentas do ambiente virtual da internet, que são bem diferentes das ferramentas com as quais conviveu durante muitos anos de seus trabalhos acompanhando o automobilismo, mas revela estar com uma disposição mais do que invejável de seguir em frente, oferecendo ao fã da velocidade aquilo que ele gostaria de ver em uma cobertura de um fim de semana de Grande Prêmio. Portanto, quem quiser acompanhar esta nova fase de Reginaldo Leme, que corra até seu canal no You Tube e inscreva-se para ficar sempre avisado das novidades no canal, além de estar sempre atento à cobertura do Motorport.com Brasil. E boa sorte a Regi em sua nova empreitada.

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