O novo visual "negro" dos carros da Mercedes, para a estréia do mundial de F-1. |
E chegou a hora! A
Fórmula 1 dá a largada para a temporada de 2020, mas nem tudo será do jeito
como gostaríamos que fosse. Afinal, a pandemia da Covid-19 continua, e mesmo na
Europa, onde a situação parece muito melhor, ninguém quer dar chance para uma
reversão de expectativas, portanto, a corrida que abre o campeonato da
categoria máxima do automobilismo com seus primeiros treinos oficiais hoje
estará longe de ser aquele evento festivo e alegre que preenche o fim de semana
como estávamos acostumados a ver até o ano passado.
Com portões fechados,
sem público, e com presença mínima de profissionais de imprensa, não há como
negar que a sensação de todos na pista de Zeltweg será estranha. O novo
“normal” em tempos de pandemia decididamente não dá aquela tranquilidade que
gostaríamos de estar vivenciando com o retorno das atividades de competição,
muito pelo contrário. Protocolos de segurança, distanciamento social, e uma
série de normas a serem seguidas visando a segurança, tudo isso não está sendo
nada fácil, e muito provavelmente, só os pilotos terão alguma sensação de
normalidade quando estiverem na pista, local onde costumam estar sozinhos, e onde
tudo seguirá como antes, ao contrário do ambiente fora dela.
Não estaremos vendo os
alegres torcedores nas arquibancadas, e mesmo no paddock, a ordem é todo mundo
ficar longe de todo mundo. Nada de pódio, e as comemorações não terão aquele
astral entusiasmado de sempre. Infelizmente, é o que temos para o momento,
neste momento ainda crítico pelo qual o mundo passa. Então, vamos encarar a
largada do campeonato do jeito que dá. E podermos ver enfim os carros na pista
já é muita coisa.
A crise econômica
decorrente da pandemia afetou a economia mundial de forma contundente, e a F-1
precisou se mexer para evitar o naufrágio que poderia sofrer diante da “seca”
dos recursos financeiros advindos desse momento excepcional. De positivo, isso
ajudou a costurar acordos para tentar tornar a categoria mais viável e sustentável
financeiramente, de modo que nos próximos anos, os times deverão ter menos
problemas para se manterem na disputa. Afinal, a Williams escancarou sua
situação, e com dívidas a crescer de vista, praticamente se colocou à venda.
Até a McLaren, que veio de um campeonato bem satisfatório em 2019, sentiu o
baque econômico originado pela pandemia, e demitiu funcionários, e também
precisou socorrer-se de empréstimos para manter as finanças em dia.
O Liberty Media, grupo
proprietário da F-1, de um instante para o outro, se viu sem a possibilidade de
receber as receitas oriundas dos GPs, já que as provas garantidas até aqui
serão realizadas sem público, e sem eles, os promotores não têm receita para
pagar os custos das provas. Com empréstimos e dinheiro em caixa, o grupo
conseguiu antecipar algumas receitas, mas dinheiro não dá em árvore, e para que
entrem novos recursos, é preciso haver corridas. O dinheiro da transmissão das
provas agora é mais vital do que nunca, e mesmo estes terão valores menores do
que os esperados inicialmente, já que teremos menos corridas do que o
estipulado inicialmente. Não se trata apenas de abastecer o caixa do Liberty
Media, mas das escuderias, afinal, todas têm contratos de patrocínio, mas sem
poderem exibir as marcas nas corridas, não tem pagamento. Agora, pelo menos,
elas poderão começar a receber alguma coisa. E todos os times possuem muitos
funcionários que precisam receber seus salários. Retomar a competição é
garantir também a sobrevivência econômica das escuderias e daqueles que dependem
delas.
E, com os carros na
pista, voltam as expectativas sobre as disputas pelas vitórias. A Mercedes
deixou os adversários com a pulga atrás da orelha nos testes da pré-temporada,
com a perspectiva de mais um ano de domínio dos bólidos prateados (ou deveria
dizer negros, agora que pintura dos carros mudou?). Mas a Red Bull deu pinta de
que poderia aprontar alguma, e a pista deste final de semana pode ser propícia
para isso, afinal, foi nela que Max Verstappen venceu nos dois últimos anos,
sendo que em 2018 a Mercedes teve até um abandono duplo de seus pilotos na
pista austríaca. Parece um atrativo ideal para apimentar a disputa, se a
Mercedes não conseguir impor o seu esperado domínio, e com Verstappen querendo
mais do que nunca mostrar que está pronto para disputar o título. Lewis
Hamilton, obviamente, é o favorito, mas e Valtteri Bottas? O finlandês diz que
está pronto para ser campeão, e que se preparou como nunca para a temporada de
2020, prometendo dificultar a vida de Hamilton na Mercedes. Bottas não tem
contrato para 2021, e rumores de que o time poderia promover George Russel,
atualmente na Williams, para o seu lugar, podem fazer com que o piloto tenha de
se mexer para mostrar que merece continuar a permanecer em Brackley por mais
tempo. E se a Mercedes confirmar que tem o melhor carro, e uma vantagem sobre
os rivais, Valtteri terá de mostrar mesmo serviço, e isso quer dizer deixar
todos os demais rivais para trás, além de tentar derrotar Lewis na pista. Na
Red Bull, não há dúvidas de Verstappen deve se sobressair sobre seu companheiro
Alexander Albon, que por sua vez não poderá se deixar ser superado pelos demais
rivais, sob o risco de ser “despromovido” pela Red Bull, como ocorreu com
Pierre Gasly no ano passado.
Max Verstappen quer desafiar a suposta supremacia da Mercedes, e terá um novo motor da Honda na Áustria como trunfo. |
Com a Ferrari
aparentemente começando o ano em forma menos competitiva do que no ano passado,
as esperanças de disputa pelas primeiras posições recaem mesmo sobre a Red
Bull, que aliás contará com unidades de potência da Honda com novidades na
pista de Zeltweg. A questão é saber se o time dos energéticos irá mesmo
conseguir balançar a rival Mercedes, lembrando que o time alemão não costuma
mostrar todo o seu poderio na pré-temporada, a fim de guardar suas surpresas na
manga para o momento adequado. E aí fica a dúvida: se a Mercedes andou se
contendo um pouco, e mesmo assim assustou os concorrentes, qual o seu real
ritmo e força? Mas não é uma estratégia onde apenas um lado pode dar as cartas:
a Red Bull procurou se concentrar em ritmo de corrida, e não fazer algumas
extravagâncias, de modo que ambos os times podem ter se resguardado um pouco.
Veremos a partir de hoje quem andou escondendo mais o jogo...
Com a Ferrari fechando
o “trio de ferro” da F-1 atual, o grande lance no time italiano é saber quem
vai dar as cartas na escuderia. Com seu contrato findando ao término da
temporada de 2020, muitos apostam que Sebastian Vettel vai simplesmente ligar o
“foda-se” e andar a fundo mais do que nunca, com o objetivo de tentar recuperar
sua imagem, desgastada pelos erros cometidos nos últimos anos. Se a Ferrari
realmente se mostrar incapaz de discutir o título, Vettel não terá nada a
perder, a não ser derrotar Charles LeClerc na disputa interna da equipe de
Maranello. O piloto alemão, aliás, chegou a Zeltweg disparando, ao afirmar que
a Ferrari nem mesmo se dignou a apresentar um contrato de renovação para 2021,
ao contrário do que tem sido divulgado sobre o assunto, apimentando ainda mais
o clima entre o piloto e a cúpula do time. Com LeClerc escolhido como o
“futuro” da Ferrari, o time italiano vai querer mostrar que fez a escolha
certa, enquanto Sebastian, caso resolva pendurar o capacete da F-1, ou tirar um
ano sabático, vai para o tudo ou nada decidido a resgatar seu cartaz de
tetracampeão, e de ser um dos maiores nomes da história da F-1. Pode voar
lascas neste duelo, e no fundo, é o que todo mundo mais quer ver, com o circo
pegando fogo nas hostes italianas. Vettel já avisou que não vai facilitar as
coisas para Charles, que por sua vez, encarou a declaração com naturalidade. O
pau pode comer entre os dois... E, falando sinceramente, estou muito a fim de
ver essa briga entre ambos, e a Ferrari que se vire com isso...
No pelotão
intermediário, a expectativa é o que a Racing Point irá mostrar, com sua
“Mercedes rosa”, que andou mostrando boas performances nos testes, e tem tudo
para liderar o segundo pelotão do grid, que ainda deve ser engrossado por
McLaren e Renault. O time de Woking quer manter a boa forma de 2019, e chegar
mais à frente, enquanto os franceses querem reacertar o rumo e mostrar que
ainda devem ser considerados uma força de respeito no meio, ainda mais depois
de verem seu principal piloto, Daniel Ricciardo, se acertar com a McLaren para
2021, mostrando que a confiança no projeto da Renault para o próximo ano não
está lá essas coisas não... Estes três times têm boas possibilidades de fazerem
boas disputas, e quem sabe, beliscar algum pódio.
No “terceiro pelotão”,
a Alpha Tauri, ex-Toro Rosso, tem boas chances de se sobressair, e até entrar
no meio da briga um pouco mais à frente. A Williams quer apenas deixar a
lanterna, mas vai ser meio difícil. Só não deve ficar mesmo condenada à última
fila porque a Hass também não empolgou muito na pré-temporada. E quanto à Alfa
Romeo, esperemos que possa conseguir resultados dignos. Kimi Raikkonen pode
fazer sua última temporada na F-1, ou talvez até continuar em 2021, tudo
dependerá do estado de espírito do finlandês, e dos resultados que conseguir.
Na Hass, provavelmente veremos as chances finais da atual dupla de pilotos, que
vai precisar provar o que pode fazer com os carros, sem arrumar confusões,
dentro e fora da pista. Na Alpha Tauri, Gasly e Danill Kvyat vão se digladiar
para se manterem no time, o que já pode ser complicado, dependendo do humor de
Helmut Marko, se ele resolver rifar alguém para experimentar um novo nome para
2021, dependendo das opções disponíveis.
Não vai ser um
campeonato normal, isso todos já sabemos. Semana que vem, a F-1 continua na
Áustria, que terá uma rodada dupla, assim como em Silverstone, no início de
agosto. Veremos se isso também se estenderá às disputas dentro da pista, com
surpresas e mais disputas do que pensávamos ter inicialmente. Portanto, é hora
da largada para a F-1 2020! Vamos acelerar fundo, então, e que pelo menos
tenhamos um bom campeonato para acompanhar!
A Indycar também inicia hoje os
treinos para sua segunda corrida na temporada de 2020, com o Grande Prêmio de
Indianápolis, prova que será disputada amanhã, no traçado misto do Indianapolis
Motor Speedway. Hoje teremos um treino livre e o treino de classificação. Já a
corrida será às 13 Hrs. deste sábado, com transmissão ao vivo do Bandsports. O
site de streaming DAZN também irá transmitir não apenas a corrida, mas também
os treinos, via internet. Para os torcedores nacionais, infelizmente a corrida
será a primeira de uma categoria Indy em mais de vinte anos sem a presença de
um piloto brasileiro no grid, já que Tony Kanaan correrá apenas as provas em
circuitos ovais nesta temporada que marca sua despedida das categorias Indy. Na
pista, Scott Dixon defende a liderança do campeonato, após vencer o GP do
Texas, no início do mês passado. A corrida será realizada sem público, mas a
direção da Indycar já planeja a presença de torcedores, em número limitado,
para as provas de Elkhart Lake e Iowa.
Quem também dá a largada neste
final de semana é a F-2, categoria de acesso à F-1, que também irá disputar
suas primeiras provas na pista de Zeltweg, na Áustria. Na pista, três pilotos
brasileiros estarão presentes: Pedro Piquet, Felipe Drugovich e Guilherme
Samaia. Todos eles estréiam na competição, com o objetivo de tentarem chegar à
F-1. O objetivo de todos neste primeiro ano é se entrosarem na competição, o
que não significa que não terão pressão por resultados. A disputa será dura, e
os adversários não darão moleza. Boa sorte a todos eles, e que possam mostrar o
talento que possuem.
A Globo manterá o seu já
conhecido esquema de transmissão visto nos últimos anos para a corrida de F-1
na Áustria. Os treinos livres e de classificação serão exibidos pelo canal pago
SporTV, e a corrida, no domingo, pela TV Globo. Terá a presença in loco de
Mariana Becker no autódromo de Zeltweg, trazendo as últimas notícias do fim de
semana, enquanto por aqui teremos a narração de Sergio Mauricio nos treinos de
sexta e sábado, enquanto na corrida, Cléber Machado assumirá a posição. Luciano
Burti participará como comentarista nas transmissões de sexta e sábado, de
forma remota, através de vídeo, e estará presente no estúdio, juntamente com
Felipe Giaffone, na transmissão da corrida, junto com Machado. A Globo cogitou
de fazer uma narração remota com Galvão Bueno, mas desistiu. O veterano
narrador, por se encontrar no grupo de risco do Covid-19, está afastado, em sua
residência. Será a primeira temporada, em várias décadas, que a transmissão da
Globo não contará com Reginaldo Leme, que foi demitido da emissora no final do
ano passado, após a realização do GP do Brasil.
Reginaldo Leme, aliás, não
deixará de estar envolvido com a cobertura da F-1 em 2020. O veterano
jornalista, maior referência quando o assunto é automobilismo no Brasil,
acompanhando a F-1 desde 1972, tem agora o seu próprio canal no You Tube, o
Automotor por Reginaldo Leme, onde pretende estar bem mais presente, produzindo
matérias e vídeos com base em seus mais de 40 anos de vivência acompanhando o
mundo do automobilismo. O jornalista também passará a participar da nova
cobertura da versão brasileira do site Motorsport.com, que inaugura nesta
semana um novo esquema de cobertura de vídeo dos GPs da F-1. Segundo Reginaldo,
seus materiais produzidos para seu canal pretendem resgatar aquele clima de
intimidade das reportagens que ele produziu na Globo durante todos estes anos.
Entre os materiais, Leme pretende fazer lives após os treinos, e antes e após
as corridas, fazendo seus comentários sobre os acontecimentos que houverem. O
jornalista admite que ainda está se familiarizando às ferramentas do ambiente
virtual da internet, que são bem diferentes das ferramentas com as quais
conviveu durante muitos anos de seus trabalhos acompanhando o automobilismo,
mas revela estar com uma disposição mais do que invejável de seguir em frente,
oferecendo ao fã da velocidade aquilo que ele gostaria de ver em uma cobertura
de um fim de semana de Grande Prêmio. Portanto, quem quiser acompanhar esta
nova fase de Reginaldo Leme, que corra até seu canal no You Tube e inscreva-se
para ficar sempre avisado das novidades no canal, além de estar sempre atento à
cobertura do Motorport.com Brasil. E boa sorte a Regi em sua nova empreitada.
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