sexta-feira, 17 de julho de 2020

BALANÇO INICIAL DA F-1


Depois de ser aclamado como herói pelo pódio na primeira corrida da Áustria, Charles LeClerc praticamente implodiu a participação da Ferrari na segunda corrida, ao colidir com Sebastian Vettel ainda na primeira volta.
            Depois da rodada dupla realizada na pista de Zeltweg, na Áustria, a Fórmula 1 rumou para o leste europeu, onde hoje inicia os treinos oficiais do Grande Prêmio da Hungria, no terceiro final de semana seguido de competições da categoria máxima do automobilismo neste campeonato que só começou este mês, diante das dificuldades criadas pela pandemia do Covid-19, que obrigou toda a competição a ter de baixar medidas rigorosas de segurança para evitar casos de contaminação no paddock, além de presença reduzida de profissionais envolvidos.
            E na Hungria, são condições ainda mais severas, com a circulação de parte do pessoal restrita somente ao autódromo e ao hotel. O governo húngaro estaria sendo bem duro com as condições de segurança, diante das cerca de duas mil pessoas envolvidas com o evento que entraram no país, e por isso mesmo, o cerco mais fechado à movimentação do pessoal. Ao menos na Áustria, as medidas de segurança implantadas foram bem-sucedidas, com nenhum caso tendo surgido, com todos os profissionais tendo sido testados, sem problemas. Os testes, aliás, continuam, e vamos esperar que tudo continue sob controle, para que o campeonato possa seguir em frente, apesar dos pesares do panorama atual, onde o mundo ainda está abalado pela pandemia do coronavírus em muitos países.
            E, pelo menos, na pista, a F-1 até que começou razoavelmente bem a temporada. As duas corridas disputadas no Red Bull Ring tiveram seus altos e baixos, assim como pilotos e equipes. A única certeza, que já era esperada, é mais uma vez, a superioridade da Mercedes, que venceu as duas provas, além de ter marcado as duas pole-positions. Se na primeira corrida foi Valtteri Bottas quem se saiu-se melhor, conseguindo suplantar o grande favorito Lewis Hamilton, largando na pole e dominando a corrida até a bandeirada, na segunda corrida foi a vez do inglês fazer esse papel, depois de marcar uma pole espetacular debaixo de chuva no circuito localizado nas Estírias, e comandar a corrida como bem quis. Se na primeira corrida a vitória até esteve um pouco ameaçada, devido a problemas potenciais que poderiam acometer os bólidos de Bottas e Hamilton, além da estratégia diferenciada de Alexander Albon com pneus novos e aproveitando um Safety Car que só não rendeu frutos diante de um toque com Lewis na parte final da prova, na segunda corrida os carros alemães não tiveram praticamente nenhum problema, e Bottas ainda conseguiu garantir a dobradinha depois de andar quase a corrida inteira na terceira colocação, superando Max Verstappen nas voltas finais para reafirmar o domínio do time de Brackley na pista austríaca.
A Racing Point vem forte para esta temporada, e pode até chegar ao pódio.
            A Red Bull, que havia triunfado em seu circuito nos últimos dois anos, acabou sendo a grande derrotada na primeira corrida, com o abandono de seus dois pilotos. O time conseguiu reagir na segunda prova, mas não o suficiente para contestar o poderio da Mercedes, como muitos tinham esperança, diante do retrospecto na pista. Se Verstappen ainda salvou um pódio, Albon deu sorte de Sérgio Perez ter se enrolado quando tentou superar o tailandês no fim da corrida, quando o mexicano tinha tudo para ser o 4º colocado, mostrando o excelente ritmo de sua “Mercedes Rosa”, como tem sido chamado o carro da Racing Point este ano. Albon não conseguiu manter o mesmo ritmo do holandês na prova, e estava bem atrás, tanto que Max fez um pit stop extra, e ainda voltou na frente com relativa folga de seu parceiro de equipe.
            Mas o time esteve longe de ficar satisfeito com seu desempenho. Na primeira corrida, o comportamento era mais nervoso do que os pilotos esperavam, e sem conseguir andar no ritmo de Bottas e Hamilton. Melhorias no ajuste do carro mostraram um panorama melhor na segunda prova, mas a velocidade dos carros nas retas segue claramente inferior ao dos rivais alemães, e Verstappen cobrou melhorias da Honda neste sentido. Sendo Zeltweg uma pista de alta velocidade, e lembrando que teremos mais à frente corridas em Silverstone, Spa-francorchamps e Monza, fico imaginando como ficarão os japoneses se esta situação permanecer. Não que a Red Bull esteja ruim, afinal é o melhor time, depois da Mercedes, mas eles não querem ficar atrás, e sim na frente. Vejamos o que eles poderão fazer este ano, e se conseguirão reagir, como fizeram nas últimas temporadas, tendo uma segunda metade de temporada mais produtiva do que a primeira...
            Aliás, quem pode jogar a toalha são os ferraristas. O time rosso comprovou na Áustria os piores temores do que já se suspeitava nos testes da pré-temporada: o F1000 não é um carro capaz de disputar o título. Muito longe disso, é incapaz até de chegar ao pódio, se não houver nada anormal na corrida. Charles LeClerc conseguiu um pódio expressivo ao terminar a primeira prova em 2º lugar, mas foi mais mérito do piloto, e alguma sorte, diante das adversidades que nocautearam os adversários, do que pela capacidade do carro. Nem mesmo na classificação sob chuva, onde o talento do piloto poderia mitigar um pouco a baixa competitividade do bólido, seus pilotos conseguiram mostrar serviço, classificando-se a meio do grid, superados por mais adversários do que imaginavam. Mas tudo que é ruim sempre pode piorar, não é? E no caso da Ferrari, em ambas as provas o time de Maranello viu as encrencas surgirem na segunda curva. Na primeira prova, foi Sebastian Vettel a tentar ultrapassar um concorrente, errar a freada, levar um toque, e rodar, tendo a sorte de voltar à corrida, e ainda levar um ponto. Mas na segunda, foi LeClerc a tentar ultrapassagem no mesmo ponto, e acertar e abalroar justamente o carro de seu companheiro Vettel, ainda na primeira volta, ocasionando com isso o abandono dos dois pilotos do time logo no início da corrida. Charles ao menos admitiu a burrada que fez, mas isso só serviu para aumentar ainda mais a tensão nos boxes da Ferrari, que tenta dar algum alento com atualizações no carro que possam melhorar o seu desempenho. Mas parece que o buraco esperado está se revelando maior do que o previsto... Crise à vista em Maranello, podem esperar...
Lando Norris conseguiu um pódio na primeira corrida e mostrou muita velocidade com uma McLaren que promete brigar para ficar mais à frente.
            Na briga pela liderança do segundo pelotão, temos a McLaren, e já esperada Racing Point, e até mesmo uma Renault que, se conseguir manter seu ritmo de corrida, pode dar trabalho. O time sediado em Silverstone mostrou que seu carro, baseado (ou copiado na cara cura) no modelo da Mercedes de 2019, é realmente competitivo, tanto que até Lance Stroll parece ser um piloto de respeito ao seu volante, e que a escuderia pode até beliscar pódio, dependendo da situação, e colocar pelo menos um dos carros da Red Bull na alça de mira, com Sérgio Perez. Na McLaren, o time mostra que deve continuar crescendo, e vai duelar firme para manter a boa posição conquistada no ano passado, com Lando Norris a encantar neste início de temporada com sua performance, e Carlos Sainz também dando o ar da graça. Já a Renault parece um pouco atrás das duas escuderias, mas tem condições de engrossar a disputa se encaixarem uma boa estratégia e seus pilotos aproveitarem as oportunidades de pista. E olhe que estes três times podem deixar a Ferrari em maus lençóis com mais facilidade do que se esperava, a julgar pelo que pudemos ver na Áustria.
            A Alpha Tauri pode até tentar alguns vôos mais ousados, mas está claramente atrás de McLaren, Renault e Racing Point. E o pelotão do fundão está mais grosso do que seria de se esperar. Se no ano passado a Williams era cadeira cativa na última fila, ao menos o time de Grove agora tem a companhia de Hass, e da Alfa Romeo. A equipe de Gene Hass parece ter estacionado no desempenho de seu carro, que além de ter mostrado problemas de freios, ficou faltando velocidade e performance. A Alfa Romeo também não empolgou na Áustria, ficando mais para trás do que se esperava. Coincidência ou não, o fato destes dois times usarem as unidades de potência da Ferrari, que não exibem mais a cavalaria expressiva de 2019 mostra que a descoberta da FIA no que os italianos faziam no fluxo de combustível era bem contundente, a ponto de não revelarem o que teria sido verificado. E a Williams? Bem, os carros do tio Frank até melhoraram, mas não o suficiente para tirar o time do fundo do grid propriamente. Vai ser mais um ano complicado na escuderia gerida por Claire Williams.
Quem fica por último? Williams, Hass e Alfa Romeo não mostraram performance até aqui.
            A Williams, mesmo em situação complicada, ainda se mantém otimista. Tanto que até já renovou os contratos de seus pilotos para 2021, sendo que o time praticamente foi colocado à venda, e tendo feito empréstimos para sanar sua situação financeira delicada. Na Hass, difícil imaginar que sua dupla atual mantenha-se no próximo ano. E na Alfa Romeo, Kimi Raikkonem deve pendurar o capacete ao fim do ano, se o carro não melhorar um pouco, enquanto Antonio Giovinazzi não terá outro lugar para onde ir.
            Claro que tivemos até agora apenas duas corridas, em uma única pista. Hoje os carros entram em um circuito completamente diferente do Red Bull Ring, na Hungria, o mais travado do calendário, o que pode nos propiciar alguns desempenhos ligeiramente diferentes do que vimos na Áustria, ainda mais por ser uma pista onde o motor não é tão exigido, valendo mais o equilíbrio do carro, além do braço do piloto. Vejamos o que poderemos ter aqui. A previsão aponta que há chances de chuva, e quando isso acontece, as possibilidades de surpresas aumentam... E isso pode melhorar bastante o show... Imagino que alguns já tenham começado a fazer a dança da chuva, só para garantir...


A F-1 oficializou a realização de mais dois GPs na atual temporada. No dia 13 de setembro, uma semana após o GP da Itália, em Monza, teremos o GP da Toscana Ferrari 1.000, que marcará a estréia de Mugello no Mundial de F-1. Além de ser a segunda corrida disputada em território italiano, a prova marcará também a milésima corrida da Ferrari em corridas na categoria máxima do automobilismo, desde sua estréia na competição, nos anos 1950. Um motivo a ser muito comemorada, claro, pela longevidade da participação da escuderia de Maranello, única remanescente dos primórdios da F-1 a competir até hoje de forma ininterrupta. O único senão é a atual forma do time italiano, que de postulante ao título, parece estar rebaixada ao meio do pelotão do grid, com poucas chances de dar muitas alegrias a seus tiffosi. A outra corrida é o GP da Rússia, em Sochi, marcado para o dia 27 de setembro, e que pode vir a se tornar a primeira corrida na temporada a contar com público, embora ainda não se saiba quantas pessoas poderão ser admitidas no circuito. Com isso, já temos dez provas para a temporada de F-1 atual. As provas no continente americano não devem ser disputadas, uma vez que a situação nos Estados Unidos, México e Brasil, no que tange ao controle da pandemia da Covid-19, é bem crítica, e o Canadá, mais para o fim do ano, tem problemas com o clima frio do outono, o que certamente não ajuda na possibilidade de se realizar a corrida, fora o problema de transporte da Europa até Montreal. Mais novidades devem surgir em breve. A intenção da Liberty Media e da FIA é conseguir chegar a pelo menos quinze corridas para o campeonato de 2020. Já temos dez provas, faltam cinco... Ou quem sabe, até seis? Ficamos na torcida...
Mugello, circuito pertencente à Ferrari, será o milésimo GP do time italiano na F-1.


A MotoGP inicia hoje os treinos oficiais para a temporada de 2020, com a realização da primeira corrida na pista de Jerez de La Fronteira, na Espanha, com a corrida deste domingo sendo denominada de Grande Prêmio da Espanha, e a do domingo da semana que vem, de Grande Prêmio da Andaluzia, região onde o circuito está localizado. Assim como a F-1, o campeonato das duas rodas também dá sua largada sob um rigoroso protocolo de segurança sanitária, para garantir que não haja casos da Covid-19 em todos os profissionais presentes no paddock, cuja presença está restrita ao mínimo essencial, assim como a dos profissionais da imprensa. Na quarta-feira, a Dorna permitiu duas sessões de treinos para a MotoGp e as demais categorias que correm no final de semana, uma vez que todos os times ficaram sem treinar após a pré-temporada, no caso da classe rainha, e a Moto2 e Moto3 tiveram apenas a primeira corrida, no Qatar. A MotoE, competição de motos elétricas, também treinou, tendo a presença do brasileiro Eric Granado. Depois de anos em que a categoria foi transmitida pelos canais SporTV, a temporada deste ano será mostrada pelo Fox Sports 1, que transmitirá os treinos classificatórios e as corridas ao vivo, neste sábado e domingo, respectivamente, de todos os certames. Marc Márquez vai em busca de igualar o heptacampeonato de Valentino Rossi, com os rivais tentando, mais uma vez, impedir que o piloto da Honda transforme a disputa pelo título em uma competição de um piloto só, como ocorreu nos últimos dois anos. As disputas prometem ser agitadas na pista, e todo mundo está muito a fim de acelerar fundo. Vamos ver quem vai sair na frente na temporada 2020.


Depois da rodada dupla no circuito de Road America, a Indycar também segue em frente com mais duas corridas neste final de semana. É a prova de Iowa, que será disputada no menor circuito da temporada, o Iowa Speedway, com apenas 0,875 milhas, ou 1,4 Km de extensão. O diminuto tamanho da pista faz a corrida ser bem complicada, já que os líderes estarão enfrentando tráfego o tempo inteiro, uma vez que as voltas na pista costumam ser de menos de 20s. Tony Kanaan volta ao cockpit do carro da Foyt, uma vez que o brasileiro, em sua temporada de despedida, disputa apenas as etapas em ovais deste ano. Um diferencial é que a primeira corrida já será hoje, com transmissão ao vivo pelo canal pago Bandsports, e pelo serviço de streaming DAZN, a partir das 22:00 Hrs., pelo horário de Brasília. A segunda corrida será amanhã, sábado, no horário das 21:45 Hrs., com transmissão pelas mesmas opções. Visando diminuir o desgaste dos pilotos e de seus equipamentos, todos terão apenas um treino de classificação, que será realizado hoje, e que valerá para definir o grid de largada tanto da corrida de hoje quanto da de amanhã. Depois da prova de domingo, a categoria dá uma pausa, retornando apenas na segunda semana de agosto, com o GP de Mid-Ohio. E no dia 23 de agosto, até o presente momento, está mantida a disputa das 500 Milhas de Indianápolis. Roger Penske quer realizar a famosa corrida com pelo menos 50% do público nas arquibancadas, mas diante da escalada de casos da pandemia da Covid-19 nos Estados Unidos, vamos ver como isso será feito, se os planos permanecerem os mesmos.

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