E o primeiro semestre de 2020 já foi
embora. Estamos no mês de julho, e podemos dizer que esta primeira metade do
ano não deixará saudades para ninguém, em virtude da pandemia do coronavírus
que virou o mundo de cabeça para baixo, e sem perspectiva de quando a situação
voltará ao normal, algo que pode demorar muito tempo ainda. O mundo do
automobilismo também foi duramente afetado, e só agora neste mês que F-1 e
MotoGp, entre outros certames, tentarão voltar, enquanto alguns campeonatos,
como a Nascar e a Indycar, já voltaram às disputas. E, por isso mesmo, vamos a
mais uma sessão Flying Laps, listando alguns acontecimentos ocorridos neste mês
de junho, com alguns comentários rápidos sobre os eventos. Apesar de já termos
corridas no próximo final de semana, a situação ainda está muito complicada
para todo mundo, e esperemos que tudo possa se normalizar o quanto antes. Uma
boa leitura a todos, e até a próxima sessão Flying Laps do mês que bem...
O ex-piloto de F-1 e F-Indy Alessandro
Zanardi sofreu um forte acidente no dia 19 de junho, enquanto participava de
uma competição ciclística na Itália. O atleta teria perdido o controle de sua
bicicleta adaptada para pedalar com as mãos, e atingido um veículo pesado, na
cidade de Pienza. De acordo com o treinador da Seleção Italiana de
Paraciclismo, que acompanhava Zanardi, o atleta acabou perdendo o controle em
um trecho de descida de uma competição de revezamento chamada Objetivo
Tricolor. Alessandro teria capotado com sua bicicleta, vindo a atingir um
caminhão, sofrendo ferimentos graves que exigiram sua remoção para um hospital,
onde precisou passar por cirurgia de emergência, diante do quadro grave
resultante do acidente. O Hospital da Universidade de Siena, para onde ele foi
levado, precisou realizar mais de uma cirurgia, e de acordo com os médicos,
além do severo trauma neurológico, um dos olhos de Zanardi também teria sido
ferido, com risco de perda da visão. O ex-piloto segue internado na UTI da
instituição, em condição razoavelmente estável do ponto de vista
cardiorrespiratório, mas grave do ponto de vista neurológico, com os médicos
preferindo não fazer especulações a respeito da recuperação de Alessandro, com
seu quadro clínico sendo analisado todos os dias. A última cirurgia foi
realizada no dia 29 de junho, e o atleta segue em coma, tendo recebido a
atenção de muitos profissionais da imprensa e ex-colegas de profissão no
automobilismo, que expressaram votos de recuperação ao ex-piloto.
Alessandro Zanardi estreou na F-1 em
1991, disputando suas primeiras corridas com a equipe de Eddie Jordan, no final
do campeonato, após terminar como vice-campeão da F-3000 Internacional,
perdendo o título para Christian Fittipaldi naquele ano. O italiano ainda
disputaria algumas provas pela Minardi em 1992, e defenderia a Lotus em 1993 e
1994. Sem perspectivas na categoria, migrou para a antiga F-Indy, tendo
estreado em 1996, defendendo a Chip Ganassi, que seria campeã naquele ano com o
companheiro de Zanardi, Jimmy Vasser, com o italiano sendo a sensação da
temporada, terminando em 3º na classificação, vencendo suas primeiras corridas
na categoria. Zanardi seria bicampeão em 1997 e 1998 na então F-CART, o que lhe
valeu um retorno à F-1 em 1999, pela Williams, o que acabou sendo um grande
fracasso, tendo passado toda a temporada sem conseguir marcar um único ponto. O
piloto retornou à F-CART em 2001, agora na equipe de Morris Nunn, fazendo uma
temporada mediana, quando sofreu um violentíssimo acidente na pista de Lausitz,
na Alemanha, ao ser atingido pelo carro de Alex Tagliani. O choque partiu o
carro de Alessandro, que perdeu as duas pernas na colisão, fazendo-o perder
muito sangue. Levado às pressas para o hospital, o piloto foi salvo, mas sua
vida nunca mais seria a mesma. Zanardi ainda continuou competindo no
automobilismo, agora com carros de turismo, adaptados à sua condição, até que
enveredou pelo caminho dos esportes paraolímpicos, passando a competir no
paraciclismo, competição ciclística para deficientes físicos. E Alessandro
mostrou sua capacidade neste novo esporte, tendo vencido a Maratona
Paraolímpica de Roma, em 2010, além de ter conquistado duas medalhas de ouro e
uma de prata nos Jogos Paraolímpicos de Londres, em 2012. Repetiu a dose nos
Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, onde faturou mais duas medalhas
de ouro e uma de prata. Mostrando um vigor impressionante e grande
determinação, Alessandro Zanardi deu uma lição de vida a todos depois do
violento acidente que destruiu suas pernas, conquistando admiração e respeito
de todos. Lamentável saber que voltou a sofrer um forte acidente na segunda
paixão esportiva de sua vida, o paraciclismo, depois do que lhe aconteceu no
automobilismo. Neste momento, sua recuperação do acidente sofrido é
completamente incerta, e os médicos preferem não fazer previsões a respeito de
sua condição. Fica a torcida de que ele mais uma vez consiga nos surpreender e
ao menor recuperar a consciência, e ter o mínimo de sequelas possível.
Na Formula-E, com a saída de Pascal
Wehrlein para competir provavelmente no Mundial de Endurance, a equipe Mahindra
anunciou que seu substituto no time, ao menos para a rodada de seis provas que
a categoria de carros elétricos disputará em Berlim, será Alex Lynn. O piloto
britânico fez sua estreia na F-E com a equipe Virgin na temporada 2016-17, na
estreia do ePrix de Nova York, conquistando uma pole position já de cara, mas amargando
o abandono nas duas corridas por problemas mecânicos. Lynn continuou com a
equipe Virgin na temporada 2017-18, mas terminou apenas em 16º na
classificação, tendo ido então para a Jaguar na temporada 2018-19, mais uma vez
com resultados bem pífios, terminando em 18º na classificação, o que motivou
sua dispensa do time, sendo substituído por James Calado, tendo ficado sem vaga
na categoria, até agora. O outro piloto do time indiano continua sendo o belga
Jerôme D’Ambrosio, que atualmente é o 18º colocado no campeonato, com apenas 3
pontos. A troca parece desvantajosa para a Mahindra, uma vez que Pascal
Wehrlein ocupava a 14ª posição, com 14 pontos. O time não tem tido um bom
desempenho nesta atual temporada, como nos anos anteriores, onde chegou a ter
alguns resultados mais expressivos, até com algumas vitórias.
A Formula-E, aliás, divulgou o seu
calendário da temporada 2020/2021, com cerca de 14 corridas, e apesar do nome,
todas as datas são no ano de 2021. Se não houverem imprevistos com relação à
atual pandemia da Covid-19, a próxima temporada começará em janeiro de 2021,
aqui na América do Sul, com o ePrix de Santiago, marcado para o dia 16. A
Cidade do México será a próxima parada, com sua prova no dia 13 de fevereiro.
Da América para o Oriente Médio, a F-E fará sua rodada dupla em Diriyah,
subúrbio de Riad, capital da Arábia Saudita, nos dias 26 e 27 de fevereiro.
Sanya, na China, será a próxima corrida, no dia 13 de março. Roma será a
próxima parada, no dia 10 de abril, seguindo então para Paris, no dia 24 de
abril. Mônaco estará de volta ao calendário da competição nesta temporada, com
uma prova marcada para o dia 8 de maio. De lá, a F-E volta à Ásia, com a etapa
de Seul, na Coréia do Sul, no dia 23 de maio. Há uma data reservada no dia 5 de
junho, mas a etapa não foi anunciada, estando em aberto. Berlim, na Alemanha, é
a próxima parada, no dia 19 de junho. Nova Iorque, nos Estados Unidos, é o
palco de uma corrida no dia 10 de julho. Londres encerrará a temporada com uma
rodada dupla nos dias 24 e 25 de julho. Ficam as apostas de onde será realizada
a etapa ainda em aberto no calendário. O Brasil, apesar do sucesso de ter tido
dois pilotos campeões no certame, continua de fora da competição, e para
muitos, ainda vai demorar muito para termos uma etapa da F-E por aqui, embora
não faltem idéias interessantes. Na minha opinião, a categoria deveria
formalizar logo as temporadas serem realizadas dentro de um mesmo ano, já que
nos últimos tempos, estava fazendo apenas uma ou duas provas no final de cada
ano, havendo um certo desequilíbrio de corridas entre cada ano da competição,
que já foi mais equilibrado nas primeiras temporadas. Vamos esperar que a
situação do mundo esteja normalizada até lá, a fim que a competição possa ser
realizada sem maiores sobressaltos, algo que, neste momento, é impossível de se
saber.
Outra possível mudança, ainda para o
atual campeonato, nas provas que serão realizadas no aeroporto de Tempelhof, em
Berlim, é no quadro de pilotos da equipe Nio, que atualmente conta com o inglês
Oliver Turvey e o chinês Ma Qing Hua. Como a performance de Hua não está agradando,
o time já fala em substitui-lo por outro nome. E na parada entram três
possíveis nomes: Daniel Abt, que foi demitido da equipe Audi, Tom Dillmann, e
até mesmo Nelsinho Piquet. Foi com a Nio que Piquet foi campeão da categoria em
sua primeira temporada, quando o time se chamava China Racing, aliás.
Infelizmente, depois da primeira temporada, a performance do time despencou,
nunca mais demonstrando o mesmo nível daquele primeiro ano, onde até conseguiu
vencer corridas com o piloto brasileiro. E continua assim na atual temporada da
categoria de carros monopostos totalmente elétricos: sua dupla de pilotos não
marcou pontos até aqui, e a Nio é o último time na classificação de equipes,
perdendo até mesmo da Dragon, que já marcou seus pontos. Nelsinho saiu meio
desacreditado da categoria, onde estava competindo pela última vez com a
Jaguar, e perdendo feio o duelo com Mith Evans. Um retorno agora, mesmo que
somente para disputar a megarodada de Berlim, não ofereceria muitas
possibilidades, nem mesmo de resultados medianos, uma vez que o time continua
muito a dever na performance de seu equipamento.
Quando se esperava para ver o que daria
a convivência dos irmãos Márquez na equipe oficial da Honda na MotoGP, eis que
a equipe japonesa anunciou que sua dupla, para a temporada de 2021, será com
Marc Márquez e Pol Espargaró, que nesta temporada, defende o time de fábrica da
KTM. Márquez teve seu contrato renovado com a Honda para várias temporadas, o
que em tese deveria servir para que seu irmão, que fará sua estréia neste ano,
permanecesse no time por mais tempo. Com apenas uma temporada então no time
oficial da Honda, Alex Márquez acaba descartado pela escuderia antes mesmo de
mostrar suas capacidades no time, dando uma notícia pra lá de desconfortável ao
jovem piloto, cujo destino muito provavelmente deverá ser o time satélite da
Honda, a LCR. Para alguns, contudo, seria também a oportunidade de Alex correr
com menores pressões, já que a comparação com seu irmão mais velho, o já
multicampeão Marc, poderia ser prejudicial a ele, apesar da temporada de
estréia ser justamente ao lado do irmão no time da Honda. Com a saída de
Espargaró, a KTN resolveu promover o português Miguel Oliveira, atualmente no
time satélite da marca austríaca, a Tech3. Assim, Oliveira terá como parceiro
Brad Binder. Para o lugar de Miguel na Tech3, o time contará com o italiano
Danilo Petrucci, atualmente na Ducati, mas já descartado pelo time italiano
para a temporada de 2021. Enquanto isso, todo mundo ainda espera pela decisão
de Valentino Rossi sobre sua permanência ou não na MotoGP para 2021. Ao
italiano foi oferecida a vaga na SRT, equipe satélite da Yamaha, com apoio
total da fábrica, caso o “Doutor” siga nas pistas. Rossi ainda não decidiu que
decisão tomará, uma vez que a pandemia da Covid-19 atrapalhou completamente
seus planos de avaliar seu desempenho nesta temporada, em sua primeira metade,
para ver o que iria fazer no próximo ano. Será 2020 a última apresentação de
Valentino nas duas rodas, muitos se perguntam? A resposta deve vir em breve...
E o mundo do esporte a motor nacional
voltou a acelerar nos dias 27 e 28 de junho, com a Copa Truck, que disputou
duas provas no autódromo de Cascavel, no Paraná. Com todos seguindo protocolos
sanitários de segurança, e sem a presença de público, a categoria de competição
de caminhões acelerou fundo na pista paranaense, com Wellington Cirino vencendo
a primeira corrida da competição, que largou na pole, e venceu a prova de ponta
a ponta, sem maiores problemas. A segunda corrida teve vitória de Beto Monteiro,
que teve uma bela disputa com Roberval Andrade. Wellington Cirino acabou
terminando esta segunda corrida em 4º lugar, mesma posição de Beto Monteiro na
primeira corrida. A Stock Car tinha programada sua estréia no mesmo circuito do
Paraná, mas a solicitação por parte do Ministério Público estadual de medidas
de lockdown (isolamento) para todo o estado para atividades não-essenciais
prejudicou a realização da prova, marcada para o dia 5 de julho. O Estado do
Paraná, assim como os demais, enfrenta um aumento nos números de casos da
Covid-19, assim como mortes causadas pelo vírus, e o governador Ratinho Jr.
baixou um decreto confirmando o pedido.
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