Trazendo novamente um de meus
antigos textos, esta coluna foi publicada no dia 5 de março de 1999, há mais de
21 anos atrás, e seu tema principal era o início da temporada de Fórmula 1 de
1999, que começava naquele final de semana. Uma temporada que prometia um pouco
mais de disputa do que a do ano anterior, que havia sido dominada pela equipe
McLaren, apesar da resistência perpetrada pela Ferrari e Michael Schumacher,
que tornaram a conquista mais difícil do que se imaginava no começo da
competição. Foi de fato um ano mais complicado para o time de Woking na defesa
do título conquistado por Mika Hakkinen, mas que o finlandês conseguiu repetir
a façanha, diante do acidente que tiraria o bicampeão alemão da disputa de
várias corridas na segunda metade da temporada, postergando o tão esperado
sonho da Ferrari voltar a ser campeã em mais um ano. De quebra, alguns tópicos
rápidos, com comentários, a respeito de alguns acontecimentos ocorridos no
mundo da velocidade, entre eles a menção a uma corrida que a F-CART disputaria
no Havaí no final do ano, que acabou nunca sendo realizada. Já a Globo, em uma
ameaça de deixar de transmitir o treino de classificação da F-1, só foi cumprir
mesmo a ameaça mais de uma década e meia depois, para felicidade dos fãs
nacionais da velocidade... Uma boa leitura a todos, e em breve, mais textos
antigos serão postados por aqui. Até mais...
SINAL VERDE
Vai
começar mais uma temporada da Fórmula 1. É hora de confirmar as expectativas
geradas nos últimos dois meses e preparar a adrenalina para torcer e se
empolgar. Máquinas e pilotos estão prontos para mais uma batalha em alta
velocidade pelo título mais cobiçado do automobilismo.
E
aqui, nas ruas do Albert Park, em Melbourne, os carros já começaram a correr.
Nos bastidores, as tradicionais fofocas e apostas do que se pode esperar na
corrida. Os testes feitos pelas escuderias até agora deram apenas indícios do
que podemos esperar na temporada. Vamos dar uma geral do que podemos esperar na
prova de domingo.
Na
frente, McLaren e Ferrari deverão concentrar as atenções. A única dúvida é se
Eddie Irvinne vai entrar nessa briga também. Pelo lado da McLaren, tanto Mika
Hakkinen quanto David Coulthard estão prontos para lutar pela vitória na prova
australiana. Na Ferrari, onde a prioridade é apenas Michael Schumacher, só o
alemão deve dar condições de vitória ao time, a menos que a escuderia de Maranello
acabe caindo na real de que deve dar ao seu segundo piloto um tratamento
melhor, que lhe permita disputar as primeiras posições se necessário, e não
apenas lhe pagar um alto salário para que ele fique unicamente em plano
secundário no time.
No
patamar abaixo destas duas escuderias é que as disputas prometem pegar fogo.
Vários times mostram potencial para desencadear uma bela briga pelas posições
seguintes do grid. A Williams é a primeira da lista, acossada pela Benetton.
Até aí, tudo natural, mas outras equipes, como Jordan, Sauber, Stewart, Prost,
e até mesmo a estreante BAR prometem se intrometer nesta briga. Todos estes
times mostraram um potencial aparentemente similar durante os testes, e é muito
provável que acabem mostrando as melhores disputas de posição durante as
corridas, e com alguma chance até de se intrometerem na briga pelo título que
McLaren e Ferrari travarão. Todos os pilotos destas escuderias querem mostrar
do que são capazes. Na Williams, Alessandro Zanardi volta à F-1 como bicampeão
da F-CART, e quer mostrar que isso não é obra do acaso. Ralf Schumacher
continua tentando mostrar que não é apenas o “caçula” do irmão bicampeão. Na
Benetton, a dupla Alexander Wurz e Giancarlo Fisichella tem talento, mas ainda
mostraram muita imaturidade em 1998, e portanto, deve-se esperar um ano de 1999
mais maduro, e talvez mais veloz com o novo B199, que incorpora um novo sistema
de freios dianteiros muito especial. A Jordan promete superar a Williams, nas
palavras de seus dois pilotos, Damon Hill e Heinz-Harald Frentzen, que
coincidentemente, foram ambos demitidos por Frank Williams. Além da rivalidade
com o ex-time, eles querem mostrar o que valem. Mesmo com as críticas de Damon
Hill em relação ao motor Mugen, que ele diz estar um pouco defasado em relação
aos motores Mercedes e Ferrari, a Jordan não está sonhando assim tão alto: ano
passado, mesmo tendo ficado meia temporada sem pontuar, o time irlandês evoluiu
tanto nas últimas corridas que por pouco a Williams não foi superada pelo time
de Eddie Jordan. Na Sauber, Jean Alesi quer voltar a brilhar na F-1, como
quando estreou na categoria há 10 anos atrás, sendo a revelação do ano,
provocando um verdadeiro rebuliço em torno de seu nome. Para Pedro Paulo Diniz,
guiar para a Sauber é um passo adiante em sua carreira, e assim como foi nos
times anteriores, sua meta é evoluir e melhorar cada vez mais. Um pódio já será
praticamente uma vitória. Na Stewart, a promessa é fazer o time decolar de vez:
Rubens Barrichello quer mostrar que tem talento, o que é confirmado por boa
parte da imprensa especializada, mas precisa de resultados para reafirmar seu
status na categoria. Johnny Herbert também quer reafirmar sua imagem, pois como
Alesi, Herbert também foi sensação quando estreou na F-1 em 1989. Para a Prost,
99 precisa ser o ano do renascimento, depois do calvário de 98 com um carro
falho e mal concebido. É a reputação de Alain Prost que também está em jogo. A nova equipe BAR já
mostrou potencial nos testes realizados até aqui, mas a confiabilidade do carro
ainda é duvidosa, e tudo pode acontecer nas primeiras corridas. Apesar do alto
cacife técnico-financeiro do time, a primeira temporada de uma escuderia na F-1
não costuma ser tarefa das mais gratas. Jacques Villeneuve tem a missão de
confirmar seu talento ao apostar em um projeto que muitos acham arriscado para
um campeão mundial. Já para Ricardo Zonta, é a melhor chance que poderia ter
para entrar na F-1, sem pilotar para um time de ponta.
Nos
times restantes, a expectativa é que eles não fiquem na cauda do grid. A
Minardi deu uma reforçada em seu novo carro, e promete deixar de ser a carroça
do grid. Esse status deve acabar ficando com a Arrows, que em crise vai iniciar
o campeonato com o carro de 98 adaptado e sem patrocinadores certos.
Hoje
à noite, pelo horário do Brasil, é hora de confirmar as expectativas de modo
definitivo, com o primeiro treino classificatório do ano. Vai começar o
campeonato do 50º ano da F-1, e que venha o sinal verde!
A Globo engatou a marcha-a-ré em sua cobertura de F-1: a emissora
decidiu que não vai mostrar mais os treinos de classificação. A justificativa é
que o horário estava ficando ocioso, pois a pole sempre ficava decidida nos
minutos finais dos treinos. Uma justificativa simplesmente ridícula e besta. Se
aplicassem isso ao futebol, praticamente então só seriam mostradas as jogadas
que resultassem em gol. Se
a pole estava sendo decidida apenas nos últimos momentos, isso em parte se deve
à melhor competitividade da categoria, pois os tempos sempre estariam caindo a
cada nova tentativa, o que contribui, em tese, para aumentar as expectativas
dos treinos. Quem imaginava que a emissora iria melhorar a cobertura de F-1
este ano, depois do que foi noticiado na revista RACING, esta declaração é
apenas mais uma prova de que a Globo não trata a F-1 a sério...
Finalmente foi fechada a lista de pilotos que disputarão o campeonato
deste ano na F-1. A Arrows confirmou o japonês Toranosuke Takagi como o seu
primeiro piloto. Até então, Mika Salo era o primeiro piloto, mas como o time
está em crise financeira, os ienes dos patrocinadores de Takagi falaram mais
alto do que o talento do piloto finlandês. O outro piloto da Arrows será o
espanhol Pedro de La Rosa.
Nos primeiros testes coletivos realizados para o campeonato da F-1
Júnior (ex-F-3000), nossos pilotos na categoria este ano fizeram bonito,
assinalando sempre bons tempos, com poucas exceções. Sem dúvida, um indício de
que deveremos ter um ano bem melhor na categoria do que no ano passado.
A CART anunciou a realização de uma corrida especial no Havaí em
novembro, após o encerramento do campeonato, com os 12 melhores pilotos do
mundial de 99. E, para motivar os pilotos nesta etapa, que será
extra-campeonato, o vencedor levará um prêmio de US$ 5 milhões. É um prêmio
realmente tentador, sem dúvida. Vamos ver o que acontece até lá.
O cancelamento do GP da Argentina de F-1 deste ano teve impacto direto
na carreira do piloto argentino Esteban Tuero. Sem a corrida portenha, os
patrocinadores do piloto argentino resolveram pular fora, deixando Tuero a pé
na F-1. A Minardi, time onde Esteban correu em 98, terá como pilotos nesta
temporada o italiano Luca Badoer e o espanhol Marc Gene.
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