quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

ARQUIVO PISTA & BOX – FEVEREIRO DE 1999 – 05.02.1999


            Voltando a trazer um de meus antigos textos, a coluna de hoje foi publicada no dia 5 de fevereiro de 1999, e o assunto era as expectativas dos pilotos brasileiros no campeonato da F-CART daquele ano que, ao contrário do que vemos nos dias atuais da Indycar, haviam vários representantes brasileiros no grid, e alguns com chance de vencer corridas e até o título. O ano, infelizmente, não seria assim tão positivo para nossos pilotos, que ficaram sem brilhar como esperavam, sendo que um deles, André Ribeiro, surpreendeu a todos quando anunciou que penduraria o capacete, de forma até inesperada, quando muitos o viam como um candidato a lutar pelo título, pelas performances que já havia demonstrado anteriormente. E, nos tópicos rápidos, uma menção à dupla que representaria o time de Eddie Jordan na F-1 naquele ano, Damon Hill e Heinz-Harald Frentzen. O alemão saiu meio queimado da Williams, onde havia substituído justamente Hill, por ser considerado mais piloto que o inglês. Seria a chance de ver quem de fato era melhor, e acabou dando Frentzen, até por larga vantagem. Mas não foi exatamente uma competição acirrada, uma vez que Damon, já cansado da categoria máxima do automobilismo, fez uma temporada de despedida muito abaixo da crítica. E curiosamente, seria o melhor ano da Jordan em toda a sua história, onde o time do irlandês até chegou perto de disputar o título, situação que nunca mais se repetiu. Uma boa leitura a todos, e espero que apreciem o texto...



ESPERANÇAS NA F-CART

            Com a realização do Spring Training esta semana no circuito de Homestead, na Flórida, foi dada a largada oficial de preparação para o campeonato da F-CART de 1999, que se inicia no dia 27 de março, nesta mesma pista. Em conjunto, todos os pilotos e equipes testaram juntos no belo circuito oval de Miami, e os resultados, como não poderia deixar de ser, mostram um ano que deve ser bem equilibrado.
            Mas, como treino é treino, e corrida é corrida, os resultados demonstrados só servem para alimentar as expectativas. Para os brasileiros, a tendência é de se esperar um campeonato melhor do que o de 1998. E eles têm bons motivos para acreditar nisso.
            Para Gil de Ferran, é hora da equipe Walker mostrar mão firme e competência. Até mais porque o time cresceu: irá ter 2 pilotos este ano, com Gil de Ferran, e o japonês Naoki Hattori. A estrutura da equipe precisou ser ampliada. Tecnicamente, com dois carros, o desenvolvimento do equipamento ganha maiores possibilidades, pois serão 2 pilotos trabalhando no acerto e desenvolvimento do monoposto. Se a Walker não pisar na bola na preparação do equipamento, Gil vai disputar o título, com certeza.
            A situação de Christian Fittipaldi é similar: em um dos melhores times da categoria, a Newmann-Hass, o sobrinho de Émerson torce mais para que o azar tenha acabado do que pelo equipamento que têm, pois nos últimos anos suas performances acabaram tolhidas mais por problemas além de seu controle do que pela qualidade de seu carro, que sempre mostrou boa performance.
            Para Hélio Castro Neves, é a vez de subir de produção. Helinho trocou a incerta Bettenhausen pela firme equipe Hogan, onde terá melhores condições de brilhar mais do que em 98. Apesar do bom trabalho desempenhado na Bettenhausen no ano passado, a perda do principal patrocinador – a Alumax – deixou o time sem maiores garantias financeiras para disputar a categoria com condições técnicas razoáveis.
            Para Tony Kanaan, não há porque ser modesto: revelação de 98, agora é o título ou nada! A Tasman foi incorporada pela equipe Forsythe. Com isso, Tony ganhou um forte patrocínio da rede de lanchonetes Mcdonald’s e uma renovação da estrutura da antiga Tasman. Tony terá muito mais testes e treinos do que em 98, o que irá se traduzir em um maior desenvolvimento do seu equipamento, além de intercâmbio de informações técnicas com a Forsythe.
            Na PacWest, é hora de retomar o caminho do desenvolvimento. O ano equivocado de 98 já ficou para trás como um desvio de caminho que a equipe não quer mais saber. A ordem agora é contar com um equipamento seguro e de performance comprovada. Nada de arriscar soluções engenhosas na área técnica. O time quer voltar a ser a melhor escuderia da categoria depois da Ganassi, como foi no final de 1997. Os rivais já recuperaram terreno, e é hora da PacWest mostrar evolução.
            E teremos dois novos pilotos brasileiros no campeonato da F-CART: Cristiano da Matta sobe à categoria principal com o título da Indy Lights como atestado de seu talento. A equipe Arciero-Wells, apesar da falta de estrutura, possui um excelente quadro técnico. E o motor Toyota, que promete desempenhos muitos superiores na nova versão 99, que deve fazer esquecer as pífias performances apresentadas até aqui pelo propulsor nipônico até então na categoria. A se confirmar esta promessa pelo fabricante japonês, restará apenas a Cristiano mostrar o seu talento na pista e torcer para a equipe saber utilizar os recursos que tiver à disposição.
            Quem também tem que torcer para que a equipe não afunde suas expectativas é Tarso Marques, que vai correr pela Payton-Coyne. A falta de suporte do time, que sempre precisa completar o orçamento para terminar o campeonato, já ajudou a derrubar Guálter Salles no ano passado. Apesar de ter surpreendido nos testes iniciais do carro, Tarso vai precisar aprender a técnica de pilotagem dos ovais para desenvolver sua finesse neste tipo de corrida. Se a equipe colaborar, Tarso pode fazer bonito no campeonato.
            Até o presente momento, a situação de André Ribeiro ainda é meio complicada. A Penske só garantiu o patrocínio da Marlboro para Al Unser Jr., e o brasileiro tinha de levantar patrocinadores para poder correr. Nada muito difícil para André, que tem como maior talento extra pista sua habilidade de autopromoção. Se tudo se resolver, André poderá fazer uma boa temporada. Mas bem que Roger Penske, cujas empresas sob seu domínio e propriedade faturaram cerca de US$ 10 bilhões em 1998, poderia dar uma mãozinha financeira para André, cujo talento ele diz admirar muito...
            E, para o início do campeonato, mais um brasileiro na pista: Raul Boesel. Como Paul Tracy está temporariamente suspenso, depois de todas as encrencas que arrumou em 98, a Green chamou Boesel para substituir o canadense em Miami. Raul já mostrou que não perdeu o jeito com o carro da F-CART, apesar de estar competindo na IRL, e pelo menos para a primeira corrida do ano, é mais um candidato à vitória nas fileiras tupiniquins.
            Vamos aguardar e ver se as esperanças deste ano se confirmam nas expectativas. Uma hora o azar de nossos pilotos há de acabar...


Está chegando a hora da McLaren mostrar a sua principal arma para o mundial 99 de F-1. Esta semana, na pista de Barcelona, o time de Ron Dennis mostrará o seu novo modelo MP4/14, com o qual o time pretende repetir a conquista do título de 1998. Até agora, nos testes, o modelo do ano passado tem demonstrado até superioridade sobre os novos modelos 99 que já enfrentou, como a nova Williams FW21 e o Sauber C18. Será que o novo modelo 99 vai ser ainda melhor e pulverizar a concorrência novamente? Eles estão rezando para isso não acontecer, caso contrário...


A Jordan mostrou animadamente o seu modelo 99 na última segunda-feira. E as razões para tanto otimismo são óbvias: a Honda, que fornece o motor da equipe inglesa, está fazendo um enorme esforço para desenvolver o seu propulsor, com o qual pretende estrear ano que vem na F-1 como time completo. Em outras palavras, a Jordan terá um motor de primeira linha este ano, e aliado ao projeto de Mike Gascgoine, que ajudou o time a evoluir sem parar na segunda metade do ano passado, tem tudo para lutar por boas posições. Damon Hill acredita que pode desbancar seu ex-time, a Williams, e seu novo colega, Heinz-Harald Frentzen, diz a mesma coisa. Eddie Jordan, por sua vez, quer ter o melhor ano de sua escuderia, pois com a entrada da Honda, é bem provável que eles percam o motor japonês para o próximo ano, e conseguir fazer uma excelente temporada poderia convencer os japoneses a continuar fornecendo motores para a escuderia, ou no mínimo, mostrar aos demais fabricantes de motores do que eles são capazes de conseguir se fornecerem seus propulsores à escuderia.


A temporada dos pilotos da Jordan promete ser interessante em um aspecto: Damon Hill poderá medir forças com o piloto que foi escolhido por Frank Williams para substituí-lo no time, após conquistar o título de 1996. Frank achou que Frentzen poderia ter melhores condições de lutar por vitórias do que o inglês, cuja crítica especializada sempre o definiu como um piloto de capacidade limitada. Dois anos depois, Frentzen parece ter desiludido muita gente a respeito de sua capacidade, que muitos consideravam melhor do que a de Michael Schumacher, mas como o alemão nunca teve equipamento de ponta como seu conterrâneo bicampeão... Bem, agora é a chance de Hill mostrar o que vale, pois ambos pilotarão o mesmo carro...

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