Com os carros entrando na pista
hoje, a Fórmula 1 deu sua largada oficial para a temporada de 2020. E
geralmente carros novos sempre geram expectativa, não só pelo seu desempenho,
mas também pelo seu visual. Nos velhos tempos, era sempre motivo de grande
curiosidade esperar para ver como os carros das escuderias seriam, pelo fato de
haver maior liberdade e digamos, criatividade dos projetistas, que por vezes
usavam e abusavam no design dos bólidos, tentando sempre obter melhor
performance, em projetos que demonstravam maior personalidade, e que permitiam
aos fãs identificarem com relativa facilidade quais carros eram e de que times.
Hoje em dia, entretanto, os times são bem mais conservadores no que tange ao desenho
de suas criações. As altas cifras envolvidas fazem com que todos optem por
caminhos mais seguros, e talvez, menos aventureiros na concepção de seus
carros, tornando-os mais homogêneos e similares uns aos outros.
Não que a inovação tenha sido tolhida
por este conservadorismo. O arrojo e a evolução continuam lá, mas em detalhes
mais sutis, sendo necessário prestar maior atenção para ver onde os carros
diferenciam-se uns dos outros. Ainda dá para ver que alguns modelos conservam
sua personalidade, inerente ao trabalho desenvolvido por sua escuderia. Mas
detalhes que saltam aos olhos como antigamente, como por exemplo quando a Tyrrel
lançou o primeiro carro com bico elevado, e asa dianteira em “V”, são bem mais
raros. Os trabalhos hoje são muito refinados, em busca de todo e qualquer
desempenho a mais, e em vários momentos, se concentram em detalhes que não são
visíveis à primeira vista. Mesmo assim, se não vemos mais a exuberância de
desenhos variados que os carros apresentavam no passado, ainda podemos apreciar
a beleza que os novos carros sempre trazem, apesar do regulamento cada vez mais
estrangulado da F-1, que inibe aventuras mais ousados por parte dos projetistas
da categoria, até porque, com uma pré-temporada pífia de apenas 6 dias, não há
tempo para se testar soluções mais abusadas e arrojadas além de certo ponto.
Qualquer passo em falso pode significar até mesmo o comprometimento de
resultados de toda a temporada, visto que efetuar mudanças no projeto pode
levar de semanas e até meses, e a partir de certo momento, já fica muito mais
prático centrar esforços no modelo da próxima temporada do que continuar
desenvolvendo o modelo do ano atual.
Vamos dar uma olhada rápida então
nos novos modelos que a F-1 apresentou na última semana, e que entraram firme
na pista de Barcelona hoje, no primeiro dia da pré-temporada 2020 da categoria
máxima do automobilismo:
MERCEDES
W11
O
time campeão dos últimos anos poderia fazer a filosofia do “time que vence não
se mexe”, mas nada de comodismo na escuderia alemã, que mostrou o carro que
pode tornar Lewis Hamilton o maior vencedor da história da F-1, a se manter o
nível de performance dominante visto desde 2014. O visual da pintura muda muito
pouco, com alguns detalhes ali e aqui, que virou o padrão visual da escuderia
que certamente vai em busca de mais títulos este ano.
FERRARI
SF1000
Uma
coisa que sempre irrita na Ferrari é sua inconsistência para nomear seus
projetos. Já vimos as mais diversas siglas para designar seus bólidos ao longo
de sua história, e este ano, ela simplesmente optou por homenagear o que será
um grande feito, quando o time disputar o seu milésimo GP de F-1, marca que será
alcançada no GP da França deste ano. Apesar de estar presente na F-1 desde o
seu início, a escuderia de Maranello não participou de algumas corridas,
ausências que foram mais frequentes nos primórdios da categoria. Mas, mais do
que comemorar sua longevidade, a equipe mais tradicional da F-1 quer voltar a
ser campeã. Vamos ver se vai conseguir com o seu novo carro.
RED
BULL RB16
Um
time que tem Adrian Newey no comando de seus projetos técnicos nunca pode ser
subestimado, e o time dos energéticos entra no seu segundo ano de parceria com
a Honda com as expectativas mais altas dos últimos anos, desde que conquistou
seu último campeonato em 2013. Nos últimos anos, o time austríaco tem feito
boas segundas metades das temporadas, mas o início da competição geralmente tem
sido mais fraco, o que obriga a escuderia a correr atrás depois, tendo de
recuperar um tempo perdido que dificilmente consegue. Será que este ano a
escrita se quebra, e eles entram com tudo desde o início? Já em termos de pintura,
a Red Bull segue o mesmo esquema praticamente há anos, com pouquíssimas
mudanças no visual.
MCLAREN
MCL35
O
time de Woking teve uma grande evolução no ano passado, e a tendência este ano
é manter sua atual posição, com vistas a diminuir sua distância para o trio
formado por Mercedes/Ferrari/Red Bull. Mas a escuderia sabe que ainda tem muito
trabalho pela frente, para tornar o seu carro bem mais competitivo, em relação
a estes três times. Com um ambiente renovado entre sua dupla de pilotos, e uma
nova organização gerencial, ver a equipe de volta às primeiras posições é o
desejo de muitos fãs. Mas o time ainda corre atrás de mais patrocinadores, como
se vê pelas laterais “limpas” da carenagem, que mantém o visual laranja dos
últimos dois anos.
RENAULT
RS20
Depois
de fazer um grande investimento para tentar decolar de vez no ano passado, a
Renault teve um desempenho que, se não foi catastrófico, foi extremamente
decepcionante, e o time já começou dando mancada este ano ao fazer uma
cerimônia de lançamento do novo carro... Sem o carro praticamente! O time
francês ficou bem atrás de seu time cliente, a McLaren, em 2019, e este ano vai
ter de se esforçar para não passar pela mesma situação. Ao menos, o time entrou
na pista com seu carro novo, o que já não é mais do que obrigação.
ALPHA
TAURI AT01
Não
é por nada, mas Toro Rosso era um nome bem mais legal para o time que nasceu
como Minardi, na cidade de Faenza, lá em meados dos anos 1980. Mas, tudo bem,
Dietrich Mateschitz, dono da bagaça, tem o direito de nomear o time como bem
entender, e a partir deste ano, o time “B” dos energéticos ganhou o nome de uma
grife de roupas do conglomerado de empresas do empresário austríaco, então...
E, para quem acha estranho um time de F-1 ser renomeado com o nome de uma grife
de roupas, não vamos lembrar que, em 1986, a equipe Toleman, sob nova direção e
propriedade, também mudou de nome, para ser conhecida pela marca da grife de
seu novo dono, a Benetton. Ao menos, a nova pintura do carro ficou bem legal, e
ajuda a dar uma variada no estilo de design dos carros da atual temporada.
RACING
POINT RP20
Talvez
a escuderia que mais vezes mudou de nome desde que estreou na F-1 lá em 1991
com o nome de Jordan, o time hoje de propriedade do milionário canadense
Lawrence Stroll pelo menos ganhará um nome bem mais agradável no próximo ano,
usando a denominação Aston Martin, marca com tradição no automobilismo.
Enquanto o próximo ano não chega, pelo menos o time ganha destaque com sua pintura
rosa, e o patrocínio da BWT, agora com um visual diferente do ano passado, e
que certamente chama bastante a atenção.
HASS
VF20
O
time de Gene Hass levou um bom tombo no ano passado, errando a mão no desenvolvimento
de seu projeto, que agora pretende recolocar nos eixos. O “retorno” às raízes
passa também pelo visual, retomando a pintura dos primeiros anos. Resta saber
se sua dupla de pilotos não vai mostrar o mesmo azar e inconstância, para não
dizer barbeiragens, vistos nas últimas duas temporadas...
ALFA
ROMEO C39
O
time sediado na Suíça, nascido da antiga Sauber, manteve o visual de pintura do
ano passado, e o carro parece bem convencional. Assumidamente uma equipe “B” da
Ferrari, contudo, o desempenho não foi nada empolgante em 2019, quando o time
teve um grande investimento a nível técnico e financeiro por parte de
Maranello. O maior destaque da escuderia é ter Kimi Raikkonem, talvez o piloto
mais descolado da F-1 atual, e último representante da “velha” guarda, tendo
estreado lá em 2002, e que muitas vezes não está nem aí para as frescuras da
categoria nos dias atuais...
WILLIAMSFW43
Se
é verdade que pior do que 2019 o time não poderá ser, por outro lado, temos que
tomar cuidado com outro ditado popular, que diz que tudo que está ruim sempre pode
piorar. E isso seria temerário para um time com a tradição da Williams, o terceiro
mais vitorioso nas estatísticas da F-1 até hoje, mas que não vence uma corrida
desde 2012, e não conquista um título desde 1997, e que no ano passado só não
passou em branco porque Robert Kubica conseguiu um ponto na corrida maluca da
Alemanha. O time tem a dura missão de se reerguer. Fica a dúvida se vai
conseguir, como a McLaren vem fazendo...
Então,
por hoje, ficamos por aqui. Espero que possam ter apreciado o visual dos novos
carros nas fotos aqui selecionadas, e vamos ver como todos eles se saem na
pista. E é hora de acelerarmos fundo rumo à temporada 2020...
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