quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

FLYING LAPS – JANEIRO DE 2020


            Pois é... O ano de 2020 mal começou, e o mês de janeiro já se foi completamente. Já tivemos algumas competições com os pilotos acelerando fundo mundo afora, e neste mês de fevereiro, teremos a exígua pré-temporada do Mundial de F-1, cada vez menor e deixando mais saudades das pré-temporadas que tínhamos há muitos anos atrás. Mas, antes de podermos enfim, ver os novos carros da categoria máxima do automobilismo, é hora de revermos alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade deste primeiro mês de 2020, com alguns comentários rápidos a respeito deles, enquanto vamos preparando o terreno para a largada dos vários campeonatos que teremos neste ano. Uma boa leitura a todos, e vamos começar a esquentar os motores muito em breve...



E o Rali Dakar, disputado este ano pela primeira vez em areias sauditas, viu um duelo de gigantes na categoria dos carros. Três dos maiores nomes da história da competição, o espanhol Carlos Sainz, o catariano Nasser Al-Attiyah, e o francês Stéphane Peterhansel, disputaram a primazia da classe durante a maior parte do rali, que foi liderado por Sainz. A vantagem do piloto espanhol oscilou em alguns momentos, e na parte final, até ficou bem reduzida, e estamos falando do Dakar, o mais difícil rali do mundo, onde nada pode ser considerado definitivo, com tudo podendo acontecer a qualquer momento, razão pela qual até que se cruzasse a bandeirada de chegada, nada podia ser garantido. Mas no final, “El Matador” Carlos Sainz saiu triunfante, conquistando o tricampeonato no Dakar, com Al-Attiyah terminando a disputa em 2º lugar, e Peterhansel, do alto de seus 13 títulos no rali, finalizando em 3º lugar, e mostrando sua tradicional competência e talento na disputa nas areias. E para se ter uma idéia da incerteza quanto à garantia do título, Sainz, ao volante de seu Mini, terminou o Dakar com uma vantagem de apenas 6 minutos para Al-Attiyah, defendendo a Toyota, o que pode ser considerado ínfimo em uma disputa off-road. E o catariano também levou o vice-campeonato por pouco, com apenas 3 minutos de dianteira para Peterhansel, também pilotando outro Mini. Qualquer deslize na reta final poderia ter alterado a classificação, se houvesse algum imprevisto também. Mas, contando com suas vastas experiências, Sainz, Al-Attiyah, e Peterhansel mostraram porque são os maiores nomes do Dakar na atualidade, e mostrando que apesar da idade, eles ainda têm velocidade e experiência para driblar as adversidades que uma prova off-road desta magnitude impõe a seus participantes. E se levarmos em conta que este ano a organização entregou as planilhas de percurso das etapas apenas um pouco antes da largada, de forma a diminuir a vantagem das grandes equipes, mais uma vez o talento e a capacidade destes pilotos e seus parceiros navegadores fizeram a diferença para conseguirem dominar a competição. E podem estar certos de que eles estarão mais uma vez singrando as areias sauditas em 2021, na próxima realização do Dakar. Os “Loucos do Deserto” não perdem o hábito assim tão fácil...


Outro nome de destaque foi o de Fernando Alonso, que disputou pela primeira vez o Dakar, com a equipe Toyota. Mesmo tendo certeza de que vencer seria um desafio grande demais para um novato em sua primeira participação no maior rali do mundo, o espanhol bicampeão de F-1 conseguiu deixar a sua marca, mesmo tendo sofrido problemas logo no início da disputa que eliminaram por completo suas chances de terminar próximo aos vencedores. Mesmo assim, Alonso mostrou sua classe ao volante, terminando várias etapas em posições de destaque, e recuperando terreno na competição, onde acabou por terminar em 13º lugar na classificação dos carros, o que não deixa de ser um bom resultado, levando-se em conta que, além dos problemas mecânicos sofridos no início do rali, Alonso e seu navegador ainda protagonizaram uma bela capotagem nas etapas finais, mas conseguindo escapar relativamente ilesos, e continuando a acelerar fundo mesmo depois da cambalhota que deram com seu Hilux. Empolgado com sua performance em sua estréia na competição, mesmo ciente de todas as dificuldades que poderia enfrentar, Alonso faz questão de ter maiores expectativas em um eventual retorno ao Dakar. Embora nada tenha sido decidido a respeito, Fernando declarou que voltaria para tentar ser campeão no rali, em um esquema que lhe permitisse buscar tal resultado. Mas querer é uma coisa, e conseguir é outra, e outros competidores do Dakar, como Nasser Al-Attiyah, ao mesmo tempo em que elogiou o desempenho de Alonso no Dakar, também lembra que vencer é algo complicado, e não apenas difícil, lembrando que mesmo com sua grande experiência quando estreou no rali, demorou para ele finalmente conseguir vencer a competição. Mas tudo pode acontecer, e se Alonso retornar ao Dakar para uma nova participação, certamente ele será mais do que bem-vindo. Tentar ganhar é o que todo piloto sonha, mas transformar o sonho em realidade será um novo e maior desafio para o espanhol. Aguardemos o próximo ano para vermos o que irá acontecer...


Na classe dos UTVs, o triunfo desta edição do Dakar foi da dupla formada pelos estadunidenses Casey Currie e Sean Berriman. Os brasileiros Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmim acabaram terminando a competição na 9ª posição, o que não deixa de ser ruim, levando-se em conta as dificuldades enfrentadas pela dupla na edição deste ano, especialmente no início, que acabou minando as chances de repetirem o título na classe. Nos caminhões, a Kamaz faturou mais um título, com Andrey Karginov, Igor Leonov, e Andrey Mokeev. Nas motos, o triunfo foi do estadunidense Ricky Brabec. Nos quadriciclos, vitória do chileno Ignacio Casale. Antonio Lincoln Berrocal, nosso outro competidor brazuca no Dakar, acabou terminando na 67ª colocação na categoria motos, e por menos interessante que possa ter sido sua colocação final, ter chegado ao final de um Dakar pode ser considerado motivo de comemoração, pois o rali sempre costuma ser implacável com seus competidores. E apesar das dificuldades que todos eles enfrentaram nos 12 dias de competições, podem apostar que veremos muitos deles novamente em ação na edição 2021 do Dakar. O vírus da competição no deserto costuma ser bem contagioso, e dificilmente se consegue cura para o desejo de competir nesta grande aventura sobre rodas que é o Dakar.


Infelizmente, a edição 2020 do Dakar não conseguiu passar sem deixar vítimas. O português Paulo Gonçalves, competindo nas motos, sofreu um acidente na etapa do dia 12 de janeiro, e veio a falecer, apesar de ainda ter sido socorrido. A morte do competidor, que havia sido vice-campeão do Dakar em 2015, deixou muitos outros competidores transtornados, a ponto de a organização do rali cancelar as etapas das categorias motos e quadriciclos no dia 13, a pedido das equipes participantes da competição. Era a 13ª participação do português na competição. A outra morte do Dakar foi do holandês Edwin Straver, que sofreu um acidente de moto durante a competição, e que foi socorrido pelas equipes de resgate da competição ainda vivo, mas com sérias lesões. Ele chegou a ser transferido para um hospital na Holanda, mas as condições de saúde sempre se mantiveram críticas, com pouquíssimas chances de recuperação, pelo que sua família decidiu por desligar as máquinas de suporte, e permitir que ele tivesse uma morte digna, o que ocorreu no dia 24 de janeiro. Desde 2015 que o rali Dakar não registrava mortes em sua competição, e com os falecimentos de Gonçalves e Straver, o rali contabiliza agora 30 mortes em sua história.


O alemão Maximilian Guenther, da equipe Andretti, venceu a etapa de Santiago da atual temporada da Formula-E. O piloto, que largou na primeira fila, parecia ter a vitória assegurada, até que nas voltas finais, levou uma ultrapassagem decisiva de Antonio Felix da Costa, da Techeetah. Mas o alemão não desanimou, e partiu para tentar recuperar a liderança da corrida, o que conseguiu praticamente na penúltima volta da corrida. Antonio até tentou ensaiar uma reação, mas não conseguiu dar o troco. O português, contudo, foi um dos grandes destaques do ePrix de Santiago, tendo largado em 10º, e avançando sobre os ponteiros com uma pilotagem determinada. Mith Evans, da Jaguar, havia largado na pole-position, mas acabou sucumbindo à melhor performance de Guenther, e na parte final da corrida, também foi superado por da Costa, terminando a corrida em 3º lugar. Pascal Wehrlein, da Mahindra, largou em 3º e finalizou em 4º, seguido pela dupla da Mercedes, Nicky de Vries e Stoffel Vandoorne. Este, aliás, assumiu a liderança do campeonato com sua 6ª posição, indo para 38 pontos. Alexander Sims, acabou ficando pelo meio do caminho, sem marcar pontos, e caiu para a vice-liderança, com seus 35 pontos conquistados na rodada dupla da Arábia Saudita. Sam Bird, apesar de ter zerado na segunda corrida da Arábia Saudita, e ter feito apenas um magro 10º lugar em Santiago, ocupa a 3ª posição na classificação, com 28 pontos. O triunfo no ePrix chileno catapultou Guenther, que não havia marcado pontos nas duas corridas anteriores, à 4ª colocação no campeonato, com seus 25 pontos da vitória. Com três etapas realizadas até aqui, o campeonato da F-E continua imprevisível, sem que se possa apontar um favorito para o título, uma vez que alguns pilotos que costumam ser bem competitivos ainda não mostraram muito do que podem nesta nova temporada, sendo um deles o atual bicampeão da categoria, o francês Jean-Éric Vergne, que zerou em duas provas, e ocupa apenas a 16ª posição, com meros 4 pontos. Ou o suíço Sébastien Buemi, que está completamente zerado em pontos até aqui, mas pode reagir nas próximas etapas, lembrando que no ano passado o piloto da e.dams também não começou de forma muito inspiradora o certame, mas evoluiu para conquistar o vice-campeonato. No campeonato de equipes, a Andretti lidera com 60 pontos, seguida de perto pela novata Mercedes, com 56 pontos, enquanto a Virgin é a 3ª colocada, com 38 pontos. Mas, assim como na classificação de pilotos, podemos ter também algumas reviravoltas na disputa de equipes na competição.


Lucas Di Grassi e Felipe Massa viveram emoções distintas no ePrix de Santiago. Enquanto o brasileiro da equipe Audi deu azar nos treinos, e teve de largar em 22º, precisando fazer uma prova de recuperação, nosso representante na Venturi foi bem na classificação, largando em 4º. Mas enquanto Di Grassi partia para cima dos adversários em busca de melhores posições, Massa sofria para se manter no pelotão da frente, e acabou tendo um pequeno enrosco com seu próprio companheiro de equipe, Edoardo Mortara, quando ambos dividiram a curva do hairpin, e o brasileiro acabou prensado contra o muro, perdendo posições de pista, apesar de o carro não ter sofrido avarias. Mortara, contudo, também teve seus percalços durante a prova, acabando por abandonar a corrida, enquanto o brasileiro chegou a cair para o meio do grid, tendo de recuperar posições, o que conseguiu para receber a bandeirada em 9º lugar. Enquanto isso, Lucas fazia várias ultrapassagens, e terminou em 7º lugar, coroando uma excelente performance na pista, mostrando que se tivesse largado mais à frente, poderia até ter brigado pela vitória, e com certeza, pelo pódio. O resultado deixou Lucas em 5º lugar no campeonato, com 24 pontos. Já Felipe Massa é o 17º colocado, com apenas 2 pontos. A próxima etapa da competição será na Cidade do México, onde na temporada passada Di Grassi teve uma vitória espetacular com ultrapassagem na linha de chegada. Será que o brasileiro consegue repetir a sina de sempre andar forte no autódromo Hermanos Rodriguez? A conferir em breve...


A IMSA Wheater Tech Sportscar Championship deu a largada para sua temporada 2020 com as 24 Horas de Daytona, na Flórida, e o triunfo na classe Protótipos este ano ficou com o carro Nº 10, pilotado pelo quarteto Renger van der Zande, Ryan Briscoe, Scott Dixon, e Kamui Kobayashi, com destaque para a pilotagem agressiva de Koba-san, que mostrou um ritmo fortíssimo na corrida disputada no autódromo do Estado da Flórida. Para os brasileiros, o destaque foi a vitória de Augusto Farfus, na classe GTLM, em parceria com Jesse Krohn, John Edwards e Chaz Mostert. Daniel Serra e Hélio Castro Neves acabaram abandonando a corrida, o primeiro por problemas mecânicos, e o tricampeão da Indy500 por danos em seu carro decorrentes de um toque de outro competidor na pista. Já Matheus Leist, em sua estréia no IMSA, ficou em 5º na classe protótipos, enquanto Felipe Nasr e Pipo Derani terminaram na 7ª posição. Felipe Fraga, na classe GTD, terminou na 11ª posição.

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