sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O FIM DE UMA ERA NO BRASIL


Transmissão do Grande Prêmio do Brasil de 2019 marcou a despedida de Reginaldo Leme das transmissões de F-1 pela Globo, e o fim da parceria com Galvão Bueno.

            Hoje começam os treinos oficiais para o último GP da temporada 2019 da Fórmula 1. A corrida dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dhabi, não costuma ser das mais atrativas, visto até hoje o belo circuito de Yas Marina nunca ter proporcionado boas corridas, desde que estreou no calendário. O visual da pista, e o panorama do pôr do sol no horizonte, com a noite caindo, proporciona um belo espetáculo da natureza que infelizmente não se reproduz na pista. Mas a transmissão da F-1 neste final de semana marca o fim de uma longa era na TV brasileira. Será a primeira corrida transmitida pela Globo sem a presença “oficial” de Reginaldo Leme, comentarista de longa data na emissora, que anunciou seu desligamento esta semana. Uma ausência que será sentida por muitos.
            Não que Reginaldo não tenha deixado de participar da transmissão de corridas da F-1 durante o período em que trabalhou na emissora do Jardim Botânico. Mas foram ausências pontuais, como a do GP da China deste ano, onde ele não trabalhou por estar doente, internado no hospital. Até então, o seu período de maior ausência foi no início dos anos 1990, em virtude de uma desavença criada por Ayrton Senna em relação à sua pessoa, no que a emissora, não querendo criar celeuma com o ídolo que garantia sua audiência nas corridas, preferiu afastar Leme, que voltaria a trabalhar com a F-1 algum tempo depois. Mas agora é uma ausência definitiva, uma vez que o jornalista foi confirmado pela Globo como não mais pertencente ao seu quadro de profissionais. Com isso, seu lugar na transmissão da prova de Abu Dhabi deverá ficar com Felipe Giaffone, que aliás o substituiu na transmissão da etapa chinesa.
            Trata-se de mais um sinal de desapreço da Globo pelos seus profissionais. No ano passado, a emissora já havia dispensado Lito Cavalcanti, outro profissional de longa data, com mais de vinte anos de casa. E agora, é Reginaldo quem sai, motivado, segundo se comenta, pelas atuais condições de trabalho impostas pela emissora a seus funcionários, sejam eles de qual escalão forem. Independentemente de concordar ou não com tais condições, é uma era que chega ao fim, ao qual todos terão de se acostumar.
            Reginaldo Leme virou sinônimo de F-1 no Brasil, entre os profissionais que trabalham com a categoria máxima do automobilismo na área jornalística, seja de qual meio for, TV, impresso, internet, etc. São praticamente quase cinco décadas de experiência na área, desde as primeiras corridas acompanhadas in loco, em 1972, como enviado especial do jornal “O Estado de São Paulo”, onde trabalhava já havia alguns anos. Reginaldo começava ali uma trajetória que, com alguns intervalos, só terminou esta semana. Reginaldo acompanhou então os grandes feitos de Émerson Fittipaldi, que com seu sucesso, popularizou a F-1 no Brasil. Foi testemunha também do projeto audacioso da única equipe brasileira a competir na categoria, a Copersucar, e viu talentos como os de José Carlos Pace e Nélson Piquet despontarem no certame, entre muitos outros brasileiros que alcançaram a F-1. Com o currículo acumulado trabalhando na cobertura destas corridas, em 1978, “Regi” deixava o “Estadão” para ingressar na TV Globo, na área de esportes. De início, ele ficou um pouco afastado da F-1 em sua nova casa, e em 1980, quando a categoria foi transmitida pela TV Bandeirantes, foi seu único ano de ausência cobrindo a competição.
Em 1983, Reginaldo, na Inglaterra (acima), ao lado de Ayrton Senna, antes de chegar à F-1, e com Galvão Bueno, e Silvio Mota. E entrevistando Frank Williams (abaixo), quando o dirigente ofereceu a Senna seu primeiro teste com um F-1.
            Em 1981, porém, com a Globo retomando os direitos de transmissão, Reginaldo voltaria à F-1 em definitivo, e ganharia aquele que foi seu parceiro de mais longa data, Galvão Bueno, que tinha vindo também da Bandeirantes para engrossar o time de transmissão de corridas da Globo. Uma grande dupla nascia ali, e marcaria época de mais de uma geração de fãs e telespectadores do universo do esporte a motor. Ambos estiveram presentes in loco na grande maioria das corridas dali em diante. Na época, era uma equipe bem pequena, com Galvão sendo o narrador, e Reginaldo trabalhando como repórter, e ao mesmo tempo, explicando lances da corrida para que o expectador pudesse entender. Era uma correria danada, pois por vezes, Reginaldo tinha de deixar a cabine para conferir coisas no paddock e boxes, retornando logo em seguida com informações fresquinhas da prova em andamento. E, com a ascenção de outro piloto brasileiro campeão, Nélson Piquet, o automobilismo andava em alta no Brasil. E não foi surpresa a Globo tentar capitalizar com isso. E aí, surgiu o programa Sinal Verde, apresentado por Leme, que abrilhantaria os dias pré-GP, mostrando sempre um pouco do lugar onde ocorriam as provas, e depois uma sinopse dos acontecimentos na pista no final de semana. Um programa que, anos depois, encolheu bastante, deixando de ser tão atrativo como em seus primórdios, mas sempre contando com a presença firme, profissional e serena de “Regi”, que mostrava sua versatilidade, atuando tão bem como apresentador como quando repórter. Sua voz firme, mas tranquila, e com conhecimento da situação, transmitia aos fãs e demais telespectadores as informações necessárias para se ficar por dentro dos acontecimentos tanto quanto possível.
            E Reginaldo, exatamente por essa competência, não ficava restrito somente às transmissões pela TV feitas pela Globo. Ele também escrevia colunas e textos para várias publicações, como por exemplo a antiga versão da revista Grid/Quatro Rodas, ou assinando textos no anuário “Fórmula 1” do jornalista português Francisco Santos, sempre contando casos interessantes muitas vezes completamente desconhecidos do público. Sim, acompanhar in loco a F-1 por anos a fio tornou Reginaldo uma verdadeira enciclopédia ambulante da categoria, com muitos casos e “causos” pra lá de interessantes. Seu profissionalismo o levou a ganhar a confiança de vários pilotos, entre eles Nélson Piquet, sempre arredio a jornalistas, e até de Alain Prost, que depois de ver os trabalhos apresentados por Leme, sentiu-se mais à vontade para atende-lo nos encontros durante os GPs, entre vários outros profissionais. Uma relação de confiança muitas vezes difícil de ser construída, e por vezes mais difícil ainda de ser mantida. E Reginaldo sabia fazer isso com muita classe, sabendo separar o lado pessoal do profissional. Algo que muitas vezes não era fácil de fazer, como foi no lance do desentendimento com Ayrton Senna, quando o piloto, em seu auge na McLaren, achou que Leme estava denegrindo sua pessoa, o que jamais aconteceu de fato.
            Felizmente, isso não durou muito, mas por algum tempo, era uma situação curiosa, e desagradável. Tanto que, quando foi resolvida, em 1992, a Globo resolveu incrementar suas transmissões, colocando enfim um repórter fixo para acompanhar a equipe de transmissão, que além de narrar e comentar, tinha também que se desdobrar nesta função. Por isso, a partir dali, Reginaldo Leme passou a ser oficialmente comentarista. Até então, embora já comentasse, ele dividia a função com o trabalho de repórter, e isso o levou a trabalhar também com outros esportes, como a Copa do Mundo, e até as Olimpíadas, como integrante da equipe de jornalismo da Globo nestes eventos, por vezes até desfalcando seu trabalho com o automobilismo. E, mesmo nestes esportes, Leme não deixava a bola cair, mostrando versatilidade e conhecimento sobre o que estava cobrindo.
Reginaldo Leme foi um dos poucos jornalistas a conquistar a confiança de Nélson Piquet. Em 1992, ele deu uma entrevista exclusiva após seu acidente nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, e em 2009, também revelou ao jornalista a trama da batida proposital de seu filho Nelsinho na prova de Cingapura de 2008.
            O início dos anos 1990 também marcou o retorno de Reginaldo como editor de publicações escritas, com a criação do anuário Automotor, em 1992, inspirado pelos grandes anuários que ele conhecia na Europa, e que no Brasil só tínhamos como exemplo o “Fórmula 1”, editado por Francisco Santos, no qual ele colaborou em algumas edições. O sucesso do Automotor pode-se notar pela longevidade da publicação, que este ano teve sua 27ª edição lançada, com mais de 470 páginas, e uma grande miríade de campeonatos relacionados. Tenho a grande maioria, alguns deles devidamente autografados pelo Reginaldo, e guardo todos com muito carinho e cuidado, sendo sempre ótimas leituras de consulta e referência, publicações que andam em falta por estas paragens há muito, muito tempo, com os fãs nacionais tendo ficado praticamente órfãos de revistas especializadas depois que a revista Racing deixou de circular. E não posso me esquecer de sua coluna semanal no Estadão, onde voltou a escrever no início dos anos 1990, e só encerrada há alguns anos, quando o jornal infelizmente resolveu cortar parte dos textos de sua seção de esportes, entre eles o automobilismo, tendo dispensado também os trabalhos de outro profissional extremamente competente, Livio Oricchio, outro que também deixou de acompanhar o automobilismo a serviço da Globo no primeiro semestre deste ano.
            E Reginaldo ainda por cima é um daqueles caras que é difícil não gostar. Educado, paciente, humilde, sóbrio, e acima de tudo, honesto, e ético. Ouvi muita gente até defenestrando ele nos comentários de sua saída, alguns com impropérios que nada fazem juz a Leme tanto quanto pessoa como quanto profissional. E se ele cometeu alguns erros, quem não os comete. Reginaldo ainda mantinha uma sobriedade que nos últimos anos vem faltando muito a seu parceiro de longa data, Galvão Bueno, que muitas vezes não deixa seus colegas de transmissão falarem direito, ou ainda dá sua versão dos acontecimentos, como se sua opinião fosse a mais certa do que as deles. Galvão já foi muito melhor do que é atualmente, e coincidentemente, era o profissional que a grande maioria queria ver aposentado o mais breve possível. E muitos ficaram revoltados ao ver que aconteceu justamente o contrário: o melhor nome da equipe de transmissão é quem saiu. A dupla, que já deixou de estar presente em muitos GPs, devido a outros compromissos profissionais de Galvão narrando outros eventos esportivos na emissora, agora faz parte do passado, e deixará saudade em muita gente, mais pelos bons e velhos tempos, do que pelos anos mais recentes.
Com a publicação do anuário Automotor, mais um sonho profissional realizado.
            Assim como deixaram saudades também os programas do “Linha de Chegada”, apresentados por Reginaldo durante vários anos nos canais do SporTV, e que por motivos até hoje não justificados, foram excluídos da grade de programação. Os tempos atuais, decididamente, são outros, e infelizmente a Globo, ao invés de aprimorar seu produto, o automobilismo, tomou decisões ainda mais questionáveis que certamente não ajudaram a melhorar sua fama entre os fãs da velocidade, como por exemplo, a decisão de deixar de exibir a cerimônia do pódio na transmissão da TV aberta, obrigando os fãs a terem de caçar o site da emissora para ter acesso ao momento.
            A idade, contudo, também começa a pesar. E aos 74 anos, o pique certamente não é o mesmo do início dos anos 1980, e dos anos 1990. Viajar para transmitir in loco as corridas exige uma disposição e logística pessoal que vai cansando ao longo do tempo. Nos últimos anos, por contenção de despesas, mesmo com os contratos de patrocínio da F-1 rendendo sempre altos lucros para a emissora, a Globo deixou de enviar sua equipe de transmissão completa para os locais das provas. Isso já vinha acontecendo há alguns anos, com a Globo economizando de enviar sua equipe para algumas corridas, mas de uns três anos para cá, praticamente não enviou mais narrador e comentaristas para as corridas, enviando apenas um repórter, que ficou a ser variável, dependendo de onde a corrida é realizada, com Mariana Becker a ocupar a função a maior parte do tempo. Só a prova do Brasil, por ser aqui, a Globo fez transmissão in loco. Deixar de ver Leme presente no paddock das corridas já estava dando saudade, pela nova sistemática adotada pela Globo, como se faltasse alguém da família, até então sempre presente na imensa maioria dos momentos. E certamente, Reginaldo tem muitas e boas histórias compartilhadas com todos os profissionais com os quais conviveu todos estes anos, fossem eles do Brasil, ou os inúmeros jornalistas que conheceu mundo afora, que passou a respeitar, assim como eles passaram a também ter o maior respeito e admiração por seu trabalho ao longo dos anos. Foram mais de 500 GPs presente in loco.
            E, por isso mesmo, fica o registro de Reginaldo despedir-se das transmissões da F-1 aqui em Interlagos, onde atuou, ao lado de Galvão Bueno, Luciano Burti, Sérgio Mauricio, e Felipe Giaffone, na equipe de transmissão da prova. Nada como estar presente no paddock, para aquela que acabou sendo sua última participação na transmissão de uma prova da categoria máxima do automobilismo. E, no último final de semana, Reginaldo fez praticamente sua despedida da Globo, ao trabalhar na transmissão da etapa de Goiânia da Stock Car Brasil. E nem ao menos participará das últimas etapas, tanto da F-1 como da Stock Car 2019. Fica uma sensação de trabalho incompleto, mas conhecendo o profissionalismo que sempre caracterizou Leme em suas décadas de trabalho, se ele resolveu sair agora, é porque não dava mesmo para continuar.
            O que ele fará da vida agora cabe unicamente a ele. Trabalhando com o automobilismo por cerca de 47 anos, com raros momentos de pausa, ele tem direito a dar uma boa descansada, depois de todo este tempo. Se quiser encerrar de vez sua carreira, já será algo mais do que merecido. Se resolver continuar, com algum projeto novo, pessoal, ou a serviço de outro grupo, como por exemplo o Fox Sports, onde hoje temos alguns bons profissionais, com certeza será muito mais do que bem-vindo. Por enquanto, o que é certo é que teremos uma nova edição do Automotor no início de 2020, mantendo a tradição de todos estes anos.
            Infelizmente, a Globo perde um grande profissional, que deverá empobrecer ainda mais suas transmissões de automobilismo, sem querer desmerecer os nomes competentes dos que ainda lá trabalham. E perdem os fãs que Reginaldo conseguiu para o automobilismo com sua dedicação e trabalho sério durante todos estes anos. Quem ganha é Reginaldo, agora livre, mais do que nunca, para definir suas próprias prioridades e objetivos. Certamente ainda o veremos em ação, e é o que muitos fãs, dele e do automobilismo, esperam com muita expectativa.


E o grid da F-1 2020 acaba de ser fechado. O canadense Nicholas Latifi acaba de ser anunciado para ser o companheiro do inglês George Russel na equipe Williams no próximo ano, ocupando o lugar do polonês Robert Kubica, que não estará mais no grid. Era a única vaga disponível, e Latifi, apesar de suas reservas diante da péssima temporada vivida pela escuderia este ano, acabou pegando a vaga. Para o time de Grove, um grande alívio, pois o canadense trará um aporte financeiro de sua família considerado até mais vultoso do que o proporcionado por Lance Stroll quando este correu pelo time até o ano passado. E as finanças da escuderia andam bem combalidas, e um reforço financeiro é imprescindível para que o time tente ao menos reencontrar o seu rumo na próxima temporada, ocupando no momento a lanterna do grid da F-1, situação vexatória para um time que já foi uma das maiores escuderias da categoria nos anos 1080 e 1990. Pela sua história e tradição, espero que a Williams consiga se reerguer, a exemplo do que a McLaren vem fazendo. Fica a dúvida se conseguirão...

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – NOVEMBRO DE 2019


            E estamos entrando nos momentos finais de 2019. Com o mês de novembro chegando ao fim, temos apenas o mês de dezembro para encerrar o ano, e quase todos os campeonatos do mundo da velocidade já conhecem seus campeões, e encerraram suas disputas, com algumas exceções. Portanto, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, a última de 2019, com uma avaliação de alguns personagens e acontecimentos no mundo do esporte a motor neste último mês. Então, lá vamos nós, com meus comentários de costume a respeito. Estejam ou não de acordo com minhas opiniões, façam bom proveito da leitura e curtam o texto, no tradicional esquema de sempre: em alta (cor verde), na mesma (cor azul), e em baixa (cor vermelha). Uma boa leitura a todos, e até a primeira edição da Cotação Automobilística de 2020, no fim de fevereiro, porque é hora de dar uma pequena pausa e descansar um pouco. Até lá, então...



EM ALTA:

Marc Márquez: O novo hexacampeão da MotoGP mostrou que não é por ter conquistado o título antecipadamente que ele iria baixar a guarda. A “Formiga Atômica” acelerou fundo para continuar vencendo, e terminar a temporada de 2019 com nada menos do que 12 vitórias nas 19 etapas da competição disputadas este ano, mostrando que praticamente ninguém lhe fez frente na última temporada. Mesmo com uma moto considerada arisca e indócil, como apontam os outros pilotos que usam equipamento Honda, o imenso talento e capacidade de Marc Márquez mostraram que o piloto fez toda a diferença, e com exceção do GP dos EUA, onde sofreu um tombo, Márquez simplesmente arrepiou os rivais com uma facilidade que deixou todos assustados. E os rivais também nunca conseguiram demonstrar a mesma constância de performance em seus equipamentos, o que facilitou ainda mais as coisas para Marc, que mesmo assim, fez questão de frisar que suas vitórias não foram assim tão fáceis como todos imaginam. Mas, diante do domínio visto este ano, fica mesmo difícil de acreditar nas palavras do piloto. Márquez não deixou de ser arrojado e veloz, mas ficou mais cerebral, e mesmo tendo perdido algumas corridas ao ser superado nos momentos finais, não perdeu a cabeça, e manteve o foco firme para as próximas corridas, o que só deixou tudo ainda mais complicado para os rivais, que nunca tiveram uma brecha para explorarem na luta contra o espanhol, que tem tudo para igualar o heptacampeonato de Valentino Rossi já em 2020, se os rivais não se entenderem com suas motos...

Lewis Hamilton hexacampeão: Era mesmo só questão de tempo, mas enfim Lewis Hamilton conquistou oficialmente o seu sexto título, sendo agora o segundo piloto mais vitorioso de toda a história da F-1, perdendo apenas para o alemão Michael Schumacher, com seus sete títulos. Se a Mercedes mantiver sua força dominante em 2020, tudo indica que Lewis igualará o número de títulos, e talvez até supere o de vitórias do alemão já no próximo ano. E Hamilton disse que se aposentar não está em seus planos ainda, de modo que o piloto inglês poderá vir a se tornar o maior campeão da categoria máxima do automobilismo em sua história. Hamilton definitivamente é outro homem hoje, e finalmente amadureceu, deixando de ser um piloto impetuoso e até precipitado, como era visto antigamente. E continua dando tudo de si quando pilota. Em Interlagos, deu combate a Max Verstappen, nitidamente mais veloz, e no final, acabou cometendo um erro no toque que acabou tirando Alexander Albon da prova nos momentos finais, e soube reconhecer seu erro, encarando com naturalidade a punição que o tirou do pódio depois, sem criar trauma com isso, como costumava fazer anos atrás, quando parecia perder as estribeiras e falava várias bobagens. No auge de sua carreira, em que pese muitos criticarem que isso tudo é pelo carro que conduz, Hamilton responde na pista, e a comparação com os resultados de Valtteri Bottas dão uma dimensão de como ele fez a diferença em vários momentos, assim como seu time, que soube trabalhar de maneira incrivelmente afinada e competente. Ele quer mais, portanto, os rivais que já comecem a se preparar para a próxima temporada...

McLaren líder da F-1 “B”: Depois de três temporadas abaixo das expectativas em sua associação com a Honda, e de uma temporada em que sua associação com a Renault mostrou que o time tinha muitas falhas a serem resolvidas, a McLaren partiu para uma reformulação em 2019, com uma dupla de pilotos totalmente nova, uma melhor compreensão da unidade de potência francesa, e muito pé no chão, sem estrelismos, o que foi facilitado pela ausência de Fernando Alonso, que havia resolvido deixar a F-1. Com um ambiente de trabalho mais calmo, e sem cobranças exageradas, o time de Woking estabeleceu sua meta de retornar, ainda que gradativamente, ao pelotão da frente, como fez na maior parte de sua longa e vitoriosa história na categoria máxima do automobilismo. E, quase ao fim da temporada, pode-se ver que a McLaren praticamente renasceu na F-1. Não voltou a marcar poles, nem disputar vitórias, mas consolidou-se como o melhor time da categoria, depois do trio Mercedes/Ferrari/Red Bull, com performances sólidas de seus pilotos, especialmente de Carlos Sainz Jr., que mostrou toda a sua capacidade, e conseguiu ainda seu primeiro pódio, ainda que devido à punição de Lewis Hamilton em Interlagos, pelo toque dado em Alexander Albon no finalzinho da corrida, mas mesmo assim, o melhor resultado da McLaren desde o início da temporada de 2014, quando sua dupla de pilotos na época subiu ao pódio no GP da Austrália. Mesmo consolidada como 4ª força, contudo, a escuderia inglesa sabe que ainda tem muito trabalho pela frente, precisando melhorar em vários aspectos. A confiabilidade do equipamento foi fraca em algumas corridas, deixando seus pilotos pela pista, e alguns pit stops também não foram bons, comprometendo os esforços deles. E a McLaren já pensa longe, acertando voltar a usar propulsores da Mercedes, com o intuito de retornar em definitivo às primeiras colocações. Ainda terá que dar duro para conseguir fazer isso, mas depois da evolução demonstrada este ano, se conseguir continuar crescendo em 2020, certamente veremos a McLaren retornar às posições de destaque que sempre demonstrou. E muitos torcedores esperam ansiosos por esse dia, com a escuderia podendo trazer mais disputas e duelos para a F-1.

Max Verstappen: O piloto holandês, quando mantém a cabeça fria, sem cometer besteiras na pista, mostra que tem tudo para ser um dos grandes campeões da F-1. Veloz e decidido, Max foi uma sombra constante à dupla da Mercedes na etapa dos Estados Unidos, em Austin, e no México, se não tivesse falado besteira e agido com impetuosidade, poderia muito bem ter vencido a corrida. E, em Interlagos, sem cometer os mesmos erros, assim como o da prova de 2018, o piloto da Red Bull tratou de mostrar as garras, marcando não apenas a pole-position, mas sempre partindo para o ataque e dominando a corrida logo desde a primeira volta, liderando de forma incontestável. E nem mesmo nos poucos momentos em que perdeu a liderança, se deixou abater, e foi para cima de Lewis Hamilton, superando o hexacampeão sem grandes dificuldades, para vencer de forma categórica, e mostrar que sempre está pilotando no limite. Quando tiver um carro que lhe permita vencer com mais frequência, vai incomodar bastante, mas no presente momento, a Red Bull parece não ter como fazer isso em tempo integral, como vem demonstrando nas últimas temporadas. Quem sabe em 2020...? Max não costuma blefar, muito pelo contrário... Ele faz questão de ir mesmo para cima... Só precisa tomar cuidado quando os outros pilotos resolvem fazer como ele e endurecer o jogo... Ser pedra sempre foi mais fácil do que ser vidraça...

Honda na F-1: O pódio em Interlagos foi o grande momento da Honda na atual temporada da F-1. Desgastada e até desacreditada depois de três anos abaixo de qualquer expectativa na McLaren, a fábrica japonesa teve um ano de calma para retrabalhar o seu projeto e corrigir seus rumos em 2018, no que foi bem-sucedida o suficiente para ganhar o voto de confiança da Red Bull, passando a equipar o time principal dos energéticos, e não apenas seu time “B”. Com um começo um pouco mediano, contudo, a evolução durante a temporada, em conjunto com o desenvolvimento do carro projetado por Adrian Newey, começou a mostrar seus resultados, e depois das vitórias de meio do ano, só agora na reta final a Red Bull voltou a mostrar força, com a Honda antecipando nestas etapas finais alguns trunfos que estarão presentes em suas unidades de potência para 2020. E se a vitória escapou no México e nos Estados Unidos, ela veio em São Paulo, pelas mãos de Max Verstappen, e com um final de corrida maluco, ainda tivemos Pierre Gasly em 2º lugar no pódio, repetindo um resultado de dois times equipados pela marca japonesa visto pela última vez no GP da Itália de 1987, quando Nélson Piquet venceu e Ayrton Senna foi o segundo colocado, defendendo as equipes Williams e Lotus, mas ambas motorizadas pelos propulsores da Honda. E, com a marca nipônica confirmando que estará presente em 2021 na F-1, mais uma vez fornecendo seus motores para os dois times da Red Bull, podemos esperar por mais melhoras no desempenho das unidades da Honda, que começa a mostrar disposição de repetir os momentos de glória vividos entre 1986 e 1991. Falta combinar com os concorrentes, mas paciência e sabedoria nunca faltou aos japoneses, então...



NA MESMA:

Estréia da nova temporada da Formula-E: O certame de carros de competição monopostos totalmente elétricos deu a largada para sua sexta temporada com muito o que comemorar, com a entrada oficial de duas novas montadoras, e o maior grid de sua ainda curta história. Ciente de que precisava ajustar alguns de seus parâmetros, a direção da categoria promoveu algumas mudanças pontuais no seu regulamento, mas nas duas corridas da rodada dupla disputada na Arábia Saudita, a F-E mostrou um ponto positivo, que foi a competitividade de seus times e pilotos, mas também demonstrou que ainda precisa acertar outros aspectos, há muito já mencionados, como os procedimentos em casos de acidente, e principalmente, rapidez nos julgamentos de infrações cometidas pelos pilotos, que acabam terminando as provas em determinada posição, e depois se veem em outra, como foi o caso da punição de Maximilian Gunther, da Andretti BMW, que acabou punido apenas várias horas depois de encerrada a prova, fazendo o time de Michael Andretti perder a dobradinha conquistada na pista. Aliás, as pistas da categoria vão precisar ser retrabalhadas, para que possam permitir maiores duelos entre os pilotos, uma vez que estão mais estreitas, frente a carros um pouco mais largos desde a temporada passada, e muito mais velozes, o que torna necessário eliminar algumas curvas muito fechadas e estreitas. Também é preciso maior coordenação entre seus integrantes, pois numa das corridas, a bandeira amarela estava para ser retirada quando ainda havia gente removendo o carro batido, o que poderia resultar em um outro acidente. A competição segue boa dentro da pista, mas é preciso eliminar estes aspectos falhos onde a F-E ainda parece muito pouco profissional, o que pode comprometer parte de sua credibilidade. Que possam resolver isso o quanto antes.

Ferrari nas corridas finais da temporada 2019: Depois de dar uma “renascida” a partir do GP da Bélgica, a Ferrari tinha tudo para pelo menos tentar se redimir de perder mais um ano na fila da disputa pelo título. E, apesar dos percalços entre sua dupla de pilotos, o time rosso até que vinha razoavelmente bem até a corrida de Cingapura. Mas a partir dali, as coisas começaram a dar errado, com seus pilotos botando as manguinhas de fora e complicando a situação, fosse entre eles, fosse com outros pilotos, ou outros tipos de azares. E ainda tiveram uma investigação da FIA motivada por reclamações dos concorrentes sobre sua nova competitividade, alegando que sua unidade de potência poderia estar consumindo mais combustível do que o permitido. E assim, o time de Maranello foi perdendo as chances de vencer novas corridas, e voltando a perder performance, chegando até a ser novamente superada pela Red Bull. E como desgraça pouca é bobagem, ainda viu seus dois pilotos se eliminarem do GP do Brasil, após uma disputa por posição na pista onde acabaram não cedendo espaço e, com um toque sutil, ficaram fora de combate. Decididamente, o ambiente em Maranello não deve andar dos mais tranquilos, e se Mattia Binotto não puser um pouco de ordem na casa, podemos esperar por mais um ano de rolos e confusões em 2020 com uma dupla de pilotos cujo principal problema é não se respeitar dentro da pista, o que pode implodir quaisquer perspectivas de disputar o título e até mesmo vitórias na próxima temporada...

Tony Kanaan: A situação do piloto brasileiro, praticamente decano da Indycar nesta temporada, que foi muito complicada, dada a falta de competitividade da Foyt, deve seguir difícil em 2020. Kanaan muito provavelmente deve permanecer no time de A.J. Foyt, mas a escuderia, que perdeu o principal patrocinador ao fim da temporada 2019, precisa de orçamento para correr a próxima temporada, e Tony teria conseguido garantir apenas o suficiente para participar das etapas em circuitos ovais do calendário, precisando garantir patrocínio para competir nas demais corridas do campeonato. E, isso se referindo apenas em participar, o que significa que, se permanecer mesmo na Foyt, Kanaan pode ter um ano tão ou até mais complicado do que o de 2019, com poucas perspectivas de melhoras. Apesar de declarar que ainda não pretende se aposentar, não há como negar que a falta de uma chance de competir com um equipamento melhor sem dúvida tira boa parte do entusiasmo da competição. Para quem já foi campeão da antiga IRL em 2004, e ainda sendo cotado como um dos pilotos mais técnicos do grid, é ridículo ter de passar por uma situação assim, infelizmente. E, se ficamos sem pilotos na F-1, o mesmo pode acontecer na categoria norte-americana, e muito, muito breve...

Valentino Rossi: O “Doutor” passou mais um ano em branco, sem conseguir vencer na classe rainha do motociclismo, e seus resultados ficaram devendo, em especial na segunda metade da temporada, quando a Yamaha teve um incremento de performance, mas que pouco pode ser visto nas mãos do heptacampeão, que acabou eclipsado não apenas por seu companheiro de equipe Maverick Viñales, como também pelo novato sensação Fábio Quartararo, que mesmo com a moto de um time satélite da marca, surpreendeu em várias corridas, não obtendo sua primeira vitória por muito pouco. Só não se pode declarar que a cotação de Rossi tenha sido totalmente em baixa porque no início do ano foi ele a dar à Yamaha suas melhores performances, de modo que o “Doutor”, apesar da idade, continua a mostrar uma disposição invejável de competir. Ele mesmo admitiu dificuldades para entender alguns comportamentos discrepantes de sua moto em relação ao companheiro de equipe, mas tem confiança de pelo menos conseguir se adaptar, e fazer uma temporada mais decente em 2020, que muito provavelmente deve ser sua última na MotoGP, quando já estará com 41 anos. Rossi tem ciência de suas limitações pela idade, mas até aqui, sempre mostrou ao menos capacidade de se reinventar e de se adaptar, o que apenas comprova que ele aprendeu a contar com sua experiência e imenso talento para compensar em parte o que a idade já começa a pesar. Se ele conseguir se reinventar novamente em 2020, será que poderemos ver uma despedida digna do grande campeão que o italiano é? Tem boas chances, uma vez que sua temporada não foi decepcionante como a de Jorge Lorenzo, e apesar de ter sido superado mais uma vez por Viñales, nunca ficou exatamente à sombra do espanhol, mantendo um pouco a dignidade que sua grande carreira lhe confere. Fica a dúvida se saberá parar, se de fato tiver perdido sua competitividade, como alguns acusam em referência à temporada deste ano...

Andrea Dovizioso: Há três anos, o piloto italiano surpreendeu na MotoGP ao levar a discussão do título da classe rainha do motociclismo para a última corrida, no duelo com Marc Márquez, quando todos esperavam que seu novo companheiro de equipe na Ducati tivesse tal papel. Aproveitando como poucos o excelente equipamento que tinha em mãos, Andrea assumiu de vez a condição de piloto vencedor na categoria, onde antes era considerado apenas um bom piloto, sem maior destaque. Acabou vice-campeão com todos os méritos, uma vez que derrotar a megaestrela da Honda parecia tarefa concebível apenas para gênios do esporte, o que ele ainda não era. E, provavelmente, nunca será. A Ducati ainda continua a ser uma moto competitiva, mas de 2017 para cá, vem caindo de rendimento, e Dovizioso tem caído junto com o time, revelando apenas em alguns momentos as excelentes performances que demonstrou naquele ano. Mesmo assim, o italiano tem sido, a bem ou mal, o nome que mais conseguiu antagonizar com Marc Márquez nos últimos anos, tendo sido vice-campeão em 2018, e também repetindo o feito neste ano. São três vice-campeonatos consecutivos, o que não é exatamente demérito quando se é derrotado por um monstro do naipe de Márquez, agora com seis títulos no currículo. O problema é que, em 2018, Dovizioso já não conseguiu levar a disputa até o final da temporada, com Márquez fechando matematicamente a conquista com 3 provas de antecedência. E este ano foi ainda pior, com o espanhol liquidando a fatura com 4 provas para o final. Mais do que não conseguir rivalizar com Márquez como se poderia esperar, Dovizioso tem tido sorte de o restante do grid estar ainda pior em termos de performance e constância, de modo que, a grosso modo, o italiano pode ser visto como o “melhor do resto” do grid, perdido em azares, desempenhos irregulares, e problemas variados. Mas e quando a concorrência se acertar? Que Andrea curta seus vice-campeonatos enquanto pode, ou mostre novamente toda a fibra de 2017, e que a Ducati também volte a melhorar, do contrário Casey Stoner continuará a ser o único piloto campeão com a moto italiana, objetivo que Andrea vem perseguindo há três anos, e batendo sempre na trave...



EM BAIXA:

Jorge Lorenzo: O que muitos esperavam, acabou se confirmando. Incapaz de se acertar com o comportamento da moto do time oficial da Honda, com o qual Marc Márquez foi campeão, seu compatriota Jorge Lorenzo, sentindo ainda a falta de uma recuperação mais completa dos acidentes sofridos durante este ano, e sem conseguir ter confiança em seu equipamento, optou por pendurar o capacete aos 32 anos, e deixar a MotoGP, ao menos, como piloto titular da competição, seguindo o passo de Dani Pedrosa, que em 2018 também resolveu dar adeus às competições como piloto oficial. O abandono é o final de um processo de queda visto nos últimos três anos, desde que Jorge deixou o time oficial da Yamaha para se aventurar como líder da Ducati. Mas, apesar de ter encontrado um equipamento competitivo no time italiano, a diferença de comportamento da moto, frente ao que ele estava acostumado no time dos três diapasões, resultou numa fase de adaptação que nunca chegou a um bom termo integral, o que deixou o espanhol à sombra de seu companheiro Andrea Dovizioso, que chegava a vencer corridas e disputar o título. Com as críticas se avolumando, Lorenzo resolveu deixar a Ducati justo quando as coisas pareciam engrenar para o seu lado, preferindo o desafio de ser companheiro de Marc Márquez no time oficial da Honda, onde esperava voltar a ser protagonista, medindo forças com o novo mito da motovelocidade. Mas deu tudo errado, e além de não conseguir se acertar, mais uma vez, com o comportamento da nova moto, Lorenzo ainda sofreu vários tombos e lesões que ajudaram a minar sua autoestima e autoconfiança. Com novas críticas por uma performance ainda mais deficiente do que a vista na Ducati, já se questionava se ele seguiria na Honda em 2020, apesar de ainda ter contrato com o time japonês. Mas ele preferiu sair, vendo-se sem perspectivas de uma recuperação mais rápida, e com o temor de sofrer um novo acidente que fosse até mais prejudicial à sua já combalida situação. Tricampeão da MotoGP, e também três vezes vice-campeão, Lorenzo infelizmente deixa a classe rainha do motociclismo por baixo, pouco lembrando o destemido e talentoso piloto de seus tempos na Yamaha. Uma pena para ele e para o esporte, que perde um de seus mais recentes protagonistas.

Rio de Janeiro desistindo da F-1: Com muitas complicações e nenhuma resposta no horizonte, os políticos do Rio de Janeiro parecem ter jogado a toalha sobre o assunto de tentar trazer a F-1 de volta à cidade maravilhosa, com a promessa de construção de um autódromo que até agora só gerou fofocas polêmicas, e nada de concreto, além das promessas vazias e inconsequentes de políticos irresponsáveis no trato com a administração pública. O projeto do novo autódromo carioca também acabou criticado até por alguns pilotos, para os quais Interlagos, apesar de suas limitações de infraestrutura, é um circuito “de verdade”, onde existem disputas e os pilotos precisam dar duro nos duelos travados na pista. Com as novas obras que reformularam a área do paddock quase inteiramente finalizadas, Interlagos modernizou suas instalações, e com esse trunfo nas mãos, tem quase tudo para renovar o contrato de realização do GP de F-1. Quanto aos cariocas que insistiram no projeto do novo autódromo de Deodoro, não pense que eles aprenderam a lição: só ficaram um pouco menos “ambiciosos”. A meta agora é tentar trazer a Formula-E para o Rio de Janeiro, o que deve ser bem mais plausível, já que a categoria de carros elétricos só corre praticamente em pistas de rua, e há várias áreas na capital fluminense que poderiam servir para sediar uma corrida dessas, sem arrumar tanta confusão. O problema é que tem muita gente na “fila” para sediar uma prova do certame, então o Rio precisará pegar um lugar entre os pretendentes, e ser bem competente para “vender” a idéia de um ePrix em terras brasilis, e aí o bicho volta a pegar de novo, pois eficiência é algo que anda bem em falta por aqui...

Nico Hulkenberg: O piloto alemão, dispensado pela Renault para a próxima temporada, parece já encarar a possibilidade de ter um ano sabático em 2020, uma vez que não conseguiu achar um lugar para competir. Uma pena para o piloto, que se não foi brilhante na pista como dava a entender na sua estréia, infelizmente é mais um daqueles inúmeros casos de pilotos que não deram sorte na F-1. Em praticamente 10 anos na categoria máxima do automobilismo, Nico nunca conseguiu subir ao pódio, enquanto pilotos com carros menos competitivos tiveram esta sorte. Nico tem a seu favor também o fato de raramente se envolver em confusões na pista, o que só aumenta a indignação de alguns quando se vê a Hass, com uma dupla titular problemática, renovar seus contratos para mais uma temporada, sendo que Hulkenberg era até cogitado para ir para o time norte-americano, antes de surgir essa. O piloto fala na possibilidade de retornar em 2021, mas a hipótese parece bem remota, pois ficar um ano longe da categoria reduz e muito as chances de um regresso. Não é impossível, mas dificulta tudo. Indycar, DTM, Endurance, parece que o alemão não deu sorte em arrumar um lugar nas outras categorias de competição, e saíra da F-1 pela porta dos fundos...

Sébastien Bourdais: O piloto francês, que em seus bons tempos foi tetracampeão da antiga F-Indy, e que nos últimos anos vinha defendendo a modesta equipe Dale Coyne, chegando até mesmo a vencer algumas corridas no campeonato da Indycar, está a pé para a próxima temporada da competição norte-americana. O motivo é que seu time, com o orçamento apertado, resolveu procurar por pilotos que tragam mais patrocínio para o time poder competir em 2020, e com isso, Bourdais, apesar de sua qualidade como piloto, e dos bons resultados que já deu à escuderia, acabou rifado, e terá de procurar um novo lugar se quiser alinhar no grid do certame no próximo ano. Uma pena acontecer tal coisa, mas isso apenas mostra que o dinheiro vem cada vez mais se sobrepondo ao talento, mesmo em uma categoria de custos bem mais acessíveis como a Indycar. Totalmente a pé Sébastien não deverá ficar, já que seu nome é cotado para participar do campeonato do IMSA Wheater Tech, o campeonato de Endurance dos Estados Unidos, onde já competem alguns pilotos que deixaram a Indycar, como o brasileiro Hélio Castro Neves e o colombiano Juan Pablo Montoya.

Globo fica sem Reginaldo Leme: Em um acontecimento de última hora, o jornalista e comentarista Reginaldo Leme, que tinha mais de 40 anos de serviços prestados na TV Globo, pediu para deixar a emissora, e já não estará presente nem mesmo na transmissão da última corrida de F-1 da temporada, no próximo final de semana, o GP dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dhabi. A se confirmar, Reginaldo estaria incomodado com as atuais condições de trabalho e tratamento na TV Globo, e resolveu sair, tendo como último trabalho a transmissão da etapa de Goiânia no último dia 24 deste mês. Reginaldo começou a acompanhar a F-1 em 1972, primeiro como repórter do jornal “O Estado de São Paulo”, e em 1978, estreou na TV Globo, onde esteve até agora, tendo coberto principalmente a F-1, mas também estando presente em diversos outros eventos esportivos. Com mais de 500 GPs de F-1 acompanhados “in loco”, a Globo perde um profissional de inestimável qualidade e conhecimento, mas diante da falta de respeito que a emissora tem há tempos para com o telespectador, e especialmente para o fã de automobilismo recentemente, a emissora cai ainda mais no conceito dos fãs, que já não era dos melhores, e que tem tudo para decair ainda mais. Quanto a Reginaldo, se resolver se aposentar, terá cumprido com seu dever durante quase 50 anos acompanhando o automobilismo. Se ainda permanecer na ativa, certamente achará outro lugar para prestar seus serviços, que serão muito bem reconhecidos por quem entende de fato do mundo do esporte a motor.