sexta-feira, 27 de setembro de 2019

NEWGARDEN BICAMPEÃO

Josef Newgarden (acima) apenas administrou sua vantagem na pontuação para chegar ao bicampeonato na prova de encerramento em Laguna Seca, enquanto Colton Herta (abaixo) largou na pole e venceu sua segunda corrida na temporada. 

            E deu Penske na conquista do título 2019 da Indycar. Josef Newgarden, apesar de uma performance burocrática na corrida final da temporada, na pista de Laguna Seca, onde terminou em um modesto 8º lugar, faturou o seu segundo título na carreira, dando mais um caneco de campeão ao time do velho Roger, de longe a equipe mais bem-sucedida da história das categorias Indy. E Simon Pagenaud, apesar do esforço, pois também lutava pelo bicampeonato, teve que se contentar em ser vice. E Will Power e Scott Dixon até que tentaram terminar o ano em alta, mas ficaram no quase, apesar de que ambos ficaram de fora da briga pelo título pelo que demonstraram ao longo da temporada, e não apenas pelo que se viu no circuito de Monterrey.
            A vitória da corrida acabou nas mãos de Colton Herta, que largou na pole-position e de lá ficou na liderança praticamente da corrida toda, não cedendo à pressão dos pilotos rivais que tentaram destrona-lo da primeira colocação. Outro novato que também terminou o ano em alta, ainda que um pouco ofuscado por Herta, foi Felix Rosenqvist, que inclusive levou o troféu de “Rokkie of the Year”, terminando a temporada em 6º lugar, uma posição à frente de Herta, que foi o 7º colocado. Mas o sueco competiu por um time de maiores recursos, a Ganassi, e já era um nome experiente pelas provas disputadas na Formula-E quando veio aportar na Indycar este ano. Herta, por outro lado, veio das categorias de base para acesso à Indycar, e seu time, a Harding, não tinha lá muitos recursos. Por isso mesmo, a comemoração mais efusiva pelas duas vitórias obtidas pelo rapaz, com apenas 19 anos, mas mostrando já uma capacidade e senso de oportunidade dignas de um veterano da competição, e que terá melhores condições de disputa em 2020, quando competirá pelo time de Michael Andretti. Rosenqvist não venceu nenhuma corrida, tendo marcado apenas 1 pole, enquanto Herta, além das duas vitórias, marcou três poles na temporada. Como não se empolgar com os resultados do filho de Brian Herta?
            Aliás, o time de Michael teve de amargar a derrota de sua grande estrela, Alexander Rossi, que chegou a Laguna Seca precisando descontar uma desvantagem de 41 pontos para Josef Newgarden, mas não conseguiu o resultado necessário para chegar finalmente ao título. Mas o próprio Rossi reconheceu que seus esforços, dele e do time, não foram suficientes para levar a taça este ano, reconhecendo a melhor campanha dos rivais. Rossi, aliás, esteve cotado para ser o mais novo contratado da Penske para 2020, mas Michael Andretti, em um esforço conjunto com a Honda, sua fornecedora de motores, conseguiu um bom acordo que garantiu a permanência do compatriota em sua escuderia por mais três anos. E isso lhe dá uma tranquilidade e certeza de que a Andretti não medirá esforços para lhe proporcionar o melhor equipamento e esforço para leva-lo ao título, sendo também um ponto de honra para o time da Andretti, que foi campeão pela última vez em 2012, com Ryan Hunter-Reay, e desde então tem ficado à sombra do duelo Ganassi X Penske, sendo sempre derrotada por uma ou por outra. Alexander venceu apenas 2 corridas, menos do que se esperava, tendo também largado 2 vezes na pole. Alguns azares, como em Pocono, acabaram por comprometer seus esforços na luta pelo título, enquanto em alguns outros momentos ele não conseguiu se impor como gostaria, a exemplo do que fizera em 2018.
Alexander Rossi bem que tentou, mas não conseguiu chegar ao título em 2019.
            Newgarden, aliás, não deixou dúvidas de que seria um dos favoritos ao título desde o início, largando na frente já ao vencer a primeira corrida da temporada, nas ruas de São Petesburgo, na Flórida. O piloto da Penske, que mostrou seu talento na equipe de Ed Carpenter, mostrando um arrojo e agressividade que por vezes complicava seus resultados, aprendeu a controlar mais o seu ímpeto, e soube garantir pontos em momentos onde não dava para vencer, mas podia ser constante, o que lhe permitiu abrir vantagem na pontuação, enquanto seus rivais se complicavam sozinhos ou tinha todo tipo de azar. E nem por isso ele deixou de vencer: com 4 vitórias, Josef foi o piloto com mais triunfos na temporada, tendo errado muito pouco, como o ocorrido em Mid-Ohio, ou na segunda corrida de Detroit, onde bateu o carro. Ele também marcou 3 poles no ano, mostrando sua velocidade pura. O título da competição ficou em boas mãos.
            Simon Pagenaud não empolgou em 2019, mas foi mais longe do que muitos esperavam, e esteve perto de repetir o título. Mas faltou aquele “algo mais” em momentos onde precisava ter chegado mais à frente, e por isso, terminou com o vice-campeonato, 25 pontos atrás de Newgarden. Seu ponto alto, sem dúvida, foi a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis deste ano, o que por si só, já lhe garantiu contrato para seguir na Penske em 2020, apesar de o francês ter ficado relativamente a perigo em certos momentos, só não perdendo o sono porque Will Power estava devendo ainda mais entre os pilotos da Penske. Pagenaud venceu 3 corridas, sendo o segundo maior vencedor no ano, tendo marcado também 3 poles. O resultado garantiu uma dobradinha da Penske na classificação final do campeonato, em 1-2, algo que sem sombra de dúvidas agradou muito ao “capitão” Roger Penske.
Scott Dixon mais uma vez mostrou seu alto nível de pilotagem, mas a Ganassi não esteve à sua altura em algumas corridas.
            Quem também ficou devendo foi Scott Dixon, mais por parte da equipe Ganassi do que pelo neozelandês, que mais uma vez mostrou toda a sua capacidade quando o carro lhe permitiu, vencendo 2 provas. Mas não conseguiu largar na frente em nenhuma corrida, e na reta final da competição, duas quebras mecânicas em Gateway e Portland implodiram suas chances de chegar a Laguna Seca com chances reais de conquistar mais um título. Mas Scott demonstrou estar em grande forma, e que subestimá-lo por ser um dos veteranos do grid continua a ser um grande erro. Situação um pouco diferente de Will Power, que teve uma temporada de altos e baixos, ficando bem atrás de seus companheiros na equipe Penske. O australiano só foi desencantar de fato no final da temporada, conquistando duas provas, e marcado 3 poles, números que poderiam ser muito bons, não fossem os erros e azares cometidos durante o ano. Seu lugar na Penske esteve na iminência de ser ocupado por Alexander Rossi no próximo ano, mas Power viu a ameaça se desvanecer quando foi anunciada a renovação do contrato de Rossi com a Andretti. Mesmo assim, há quem afirme que seu lugar ainda está a perigo, com Roger Penske podendo reduzir o efetivo de sua escuderia para apenas 2 carros no próximo ano, contra os atuais 3 desta temporada. E Power, obviamente, seria o sacrificado, tendo de procurar serviço em outra freguesia.
            Uma pena, porque a Andretti, com a expansão para 5 carros, tem tudo para continuar mostrando força no próximo ano, especialmente com Rossi e Herta, e tendo Ryan Hunter-Reay na retaguarda (Zack Veach e Marco Andretti não contam muito, infelizmente). Será que a Penske perderia força na competição, com apenas 2 pilotos? A Ganassi reduziu seus 4 carros para apenas 2, e acabou por focar a maioria de seus esforços apenas em Scott Dixon, deixando de ser a grande força que já foi no grid um dia, apesar do título do neozelandês em 2018, mas não conseguindo se manter à altura como precisava este ano para repetir o feito.
            Dos demais times, apenas a Rahal/Letterman/Lannigan conseguiu subir ao degrau mais alto do pódio. E foi Takuma Sato a conseguir o feito, com dois triunfos no ano, deixando seu colega Graham Rahal para trás na tabela de classificação. Mas o japonês teve um momento difícil na temporada, ao causar uma batida múltipla no início das 500 Milhas de Pocono, sendo muito criticado pelos demais pilotos, pelo perigo que sua manobra poderia ter desencadeado, lembrando do acidente que feriu gravemente Robert Wickens no ano anterior. Mas na corrida seguinte, em Gateway, Sato dava a volta por cima com uma nova vitória, deixando o momento ruim para trás.        Quem não conseguiu dar a volta por cima no ano foram Graham Rahal, suplantado por Sato no time; e também Sébastien Bourdais, que sempre vinha conseguindo ter alguns brilhos isolados ao volante da Dale Coyne nos últimos anos, mas ficou praticamente em branco em 2019, e ainda por cima tendo a forte competição de Santino Ferrucci na escuderia, piloto que não era tido com muitas credenciais de bons resultados. James Hinchcliffe também não conseguiu brilhar como gostaria este ano, e aposta suas fichas na nova associação de seu time, a Schmidt-Peterson, com a McLaren, que unirão forças para promover o retorno da escuderia inglesa a uma categoria Indy depois da participação feita em várias temporadas durante os anos 1970, na antiga F-Indy. O ponto negativo é que essa união de forças não amplia o número de carros: na prática continuarão sendo apenas dois, sendo que um deles é garantido para o canadense, que ainda tem contrato com a escuderia até o fim do ano que vem. Um terceiro carro deve ser disponibilizado, possivelmente para a disputa da Indy500, talvez em mais uma tentativa de Fernando Alonso de tentar emplacar a conquista de Tríplice Coroa, cuja participação no Brickyard este ano foi um completo fiasco.
 
Tony Kanaan salvou um pódio em Gateway, mas no geral a temporada foi cheia de decepções com fraco carro da Foyt.
          
E fiasco é o que pode ser dito também da participação de Tony Kanaan e Matheus Leist em 2019. Se em 2018 a Foyt estava se reorganizando em sua nova associação com a Chevrolet, o que a impediu de obter melhores resultados, este ano o time do lendário heptacampeão A. J. desandou por completo, sendo quase sempre os carros mais lentos na pista, não importava em qual tipo de pista estivessem. Com raras exceções, como em Indianápolis, ou em Gateway, onde Kanaan conseguiu um pódio para lá de improvável, a dupla brasileira nadou contra a corrente sem conseguir mostrar do que era capaz com um carro que não demonstrava nenhuma evolução. As consequências foram a perda do patrocínio da ABC Supply, e a situação praticamente indefinida tanto do time quanto de nossos pilotos para 2020. Os resultados ruins arrastaram a reputação de Leist para o fundo, com os holofotes dos novatos talentosos passando a focar em Rosenqvist, Herta, e Ferrucci, ignorando o piloto gaúcho, que aportou na Indycar em 2018 cercado de boas expectativas pelo talento que demonstrara na Indy Lights em2017. Seu destino é incerto para o próximo ano. E Tony Kanaan, pelo que demonstrou na Indy500 e em Gateway, mostra que ainda tem muito a render, só precisando mesmo é de um carro decente para fazer valer o seu talento.
            Também é incerta a situação da transmissão da Indycar para o Brasil no próximo ano, pelo menos em televisão. A nova plataforma de streaming DAZN trouxe ao nosso país uma nova opção para se assistir a categoria norte-americana, enquanto o Grupo Bandeirantes continuou maltratando os telespectadores com sua costumeira programação roleta russa, transmitindo uma corrida no canal aberto aqui, outras no canal fechado Bandsports ali, e por aí vai. Mas o contrato de transmissão se encerrou, e por enquanto, não se falou em renovação para 2020. Há quem defenda a manutenção das transmissões, para se manter a diversidade de eventos esportivos que o Bandsports pode transmitir, a exemplo do que já fazem os concorrentes Fox Sports e SporTV, canais que já tem suas competições de esporte a motor, e que não teriam interesse e/ou espaço para abrigar a Indycar em suas programações. Por outro lado, temos também as queixas dos fãs e telespectadores com relação ao modo como o Grupo Bandeirantes está se empenhando (ou deixando de se empenhar) na qualidade das transmissões. Se Celso Miranda pelo menos tem estrada e experiência para narrar e comentar com competência, Roberto Vaz até agora não caiu na preferência no público, que tem muita saudade de Téo José, hoje no Fox Sports, e até também de Felipe Giaffone, que foi para o SporTV. Eles são unânimes em afirmar que tudo tem que ser melhorado: o esquema de transmissão, e a própria equipe de narração/comentários/reportagens.
            Situação complicada, porque até mesmo na Globo chovem críticas ao novo modelo adotado pela emissora, que cortou inclusive a cerimônia do pódio das transmissões, mostrando o momento apenas em seu site de internet, o que deixou muitos fãs tremendamente irritados com a atitude da emissora. Se nem a Globo agrada, a Bandeirantes vai conseguir? O exemplo da Fox até poderia ser seguido, mas aí entra também uma questão de orgulho que mais atrapalha do que ajuda, então estamos mesmo é enrolados, quando se precisa de opções para se acompanhar alguns campeonatos. Já vai longe o tempo em que uma categoria Indy tinha um tratamento decente por aqui, e olhe que naquela época tínhamos até mais representantes no grid, e com perspectivas de disputar até o título, e hoje em dia...
            Bom, este foi um pequeno retrato do que foi a temporada 2019 da Indycar. Agora, é esperar pelo seu retorno, em março de 2020. E vamos ver o que se resolve até lá...


A F-1 não descansa, e depois do GP de Singapura, todo mundo já tomou o rumo do aeroporto, para a próxima corrida, cujos treinos começam hoje na pista de Sochi, na Rússia. Sempre fico empolgado pela corrida na Cidade-Estado do sudeste asiático, mas não consigo ter simpatia pela corrida russa. Muito provavelmente pelo puxa-saquismo de Bernie Ecclestone ao presidente russo, Vladimir Putin, um cretino de marca maior, algo que não engulo sem a pau, apesar de saber que a F-1 sempre preferiu os dólares de quem se dispusesse a pagar o seu preço a firmar posição sobre um governo de tendências democráticas pra lá de duvidosas. Talvez por isso eu também não aprecie nem um pouco a corrida na China. Só que a prova russa também tem o incômodo de nunca ter produzido boas corridas, então para mim, a F-1 podia ganhar muito mais em emoção competindo em pistas e países mais legais do que se aventurar pelas hostes russas...


Depois de surpreender e vencer sua terceira corrida consecutiva na temporada, ainda mais em uma pista que teoricamente não a favorecia, será que a Ferrari tentará seu quarto triunfo em Sochi? Até hoje praticamente só deu Mercedes na etapa russa, mas a nova forma demonstrada pelo time de Maranello parece ter tudo para garantir pelo menos um fim de temporada empolgantes da F-1 em 2019, uma vez que o título está praticamente encaminhado nas mãos de Lewis Hamilton e da Mercedes, ficando a emoção pelos duelos que Ferrari e Red Bull poderão oferecer. Mas Hamilton não vai querer dar muito espaço para os rivais, e certamente vai querer tentar uma nova vitória, até para sacramentar ainda mais o seu já enorme favoritismo e vantagem na classificação do campeonato. Quem precisa, e deve mostrar serviço, é Valtteri Bottas, que precisa justificar à chefia do time prateado que sua renovação de contrato não foi um erro de decisão, tendo Esteban Ocón na reserva da escuderia, com o francês sendo agora dispensado para virar titular da Renault no próximo ano. Com a escalada da Ferrari, Bottas tem a obrigação de pelo menos garantir o vice-campeonato, pelo carro que tem nas mãos. Fora isso, todo mundo está bem curioso para ver como Charles LeClerc vai encarar Sebastian Vettel na pista, depois de ver o seu provável triunfo em Singapura ir parar nas mãos do rival. Pode vir briga por aí, e que venha!

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