E já estamos no início do mês de outubro
de 2019. Aproxima-se o fim do ano, com o seu último trimestre. E vamos mais uma
vez para uma nova seção da Flying Laps, relatando alguns dos acontecimentos do
mundo da velocidade ocorridos neste último mês de setembro, sempre com alguns
comentários rápidos a respeito, enfocando a Indycar, MotoGP, e a Formula-E. Então,
aproveitem e curtam o texto. Uma boa leitura para todos, e até a próxima sessão
Flying Laps do mês que vem...
A McLaren firmou parceria com a equipe
Schmidt/Petterson para disputar a temporada 2020 da Indycar, e está à caça de
um piloto para ocupar o segundo carro do time. Com James Hinchcliffe
confirmado, já que seu contrato com a escuderia vai até o fim do ano que vem, e
infelizmente a união de esforços não vai resultar em mais carros no grid, o
time está considerando as opções de mercado para ver quem será o companheiro do
canadense no próximo ano. Nico Hulkenberg foi um dos nomes sondados para a
empreitada, ainda mais depois que o piloto alemão viu suas chances de
permanecer na F-1 diminuírem sensivelmente depois que a Hass confirmou a
renovação com sua dupla de pilotos para 2020, quando todos apostavam que pelo
menos um deles seria demitido, abrindo uma excelente chance para Nico. Mas Nico
acabou rejeitando a oferta da McLaren para correr nos Estados Unidos. O motivo:
Hulkenberg não quer correr em ovais, pistas que não considera seguras. O alemão
não é o primeiro piloto da F-1 a dizer tal tipo de coisa. Na verdade, o temor
de alguns pilotos pelos ovais é coisa bem antiga, e houve até dois casos de
pilotos brasileiros que chegaram a declarar, em algum momento de suas
carreiras, que nunca pilotariam em pistas ovais. Um deles foi Émerson
Fittipaldi, que em meados dos anos 1970 chegou a experimentar o carro da
McLaren para a antiga F-Indy, e saiu dizendo que aquilo era uma completa
loucura, e que nunca guiaria numa pista oval. Bem, Émerson acabou revendo seus
conceitos, pois em 1989 ele não apenas participou, como venceu as 500 Milhas de
Indianápolis, numa disputa eletrizante com Al Unser Jr. E o bicampeão de F-1
repetiria a dose em Indy em 1993. Rubens Barrichello também disse que não
considerava correr nos ovais, mas em 2012, acabou topando a empreitada, e fez
boas performances neste tipo de pista, só não permanecendo mais tempo na
Indycar porque teria de levar patrocínio, enquanto na Stock Car ele ganha para
correr. Mas as opções de Nico agora parecem ter se restringido à Williams, que faz
sua pior temporada, e tem uma vaga em aberto para o ano que vem, com a saída de
Robert Kubica. Enquanto isso, a McLaren analisa outras opções, como de Marcus
Ericsson, que disputou a temporada deste ano da Indycar na Schmidt/Petterson,
mas não tem contrato para o ano que vem; e Conor Daly, que este ano disputou
algumas das provas da categoria. Até mesmo o brasileiro Felipe Nasr é um dos
prováveis candidatos, pois o contrato de Felipe na IMSA lhe dá o direito de
disputar a Indycar, se surgirem propostas. E, claro, fica a expectativa de
Fernando Alonso topar correr toda a temporada da categoria norte-americana,
embora o interesse do asturiano seja mesmo correr apenas as 500 Milhas de
Indianápolis e conquistar a Tríplice Coroa do Automobilismo, faltando justamente
a Indy500 para coroar seu objetivo.
E Marc Márquez segue em ponto de bala
rumo ao seu sexto título na MotoGP. Depois de duas corridas onde foi
surpreendido na última volta, sendo superado pelos rivais, a “Formiga Atômica”
resolveu mostrar que não está para brincadeira, e averbou vitórias contundentes
nas etapas de San Marino e Aragón. O piloto da Honda travou um duelo acirrado
com Fabio Quartararo na pista de Misano, e já escaldado pelas disputas com
Andrea Dovizioso e Alex Rins nas chegadas das provas da Áustria e Grã-Bretanha,
tratou de não dar brechas ao piloto da equipe SRT, que bem que tentou, mas não
conseguiu chegar à sua primeira vitória na categoria, tendo de se contentar com
a 2ª posição. Maverick Viñales até deu esperanças à Yamaha de tentar redimir a
temporada do time dos três diapasões, mas apesar de ter largado na pole,
Maverick não conseguiu manter-se na dianteira, sendo superado por Márquez e
Quartararo, acabando por fechar o pódio em 3º lugar. Valentino Rossi largou em
7º, e foi terminar em 4º, sem hipóteses de tentar chegar ao pódio sequer. Mas
pior sorte tiveram os pilotos da Ducati. Andrea Dovizioso, depois do acidente
sofrido em Silverstone, que lhe roubou uma chance preciosa de evitar que
Márquez desgarrasse ainda mais na classificação, foi um apagado 6º colocado em
San Marino, com seu companheiro Danilo Petrucci chegando apenas em 10º.
Situação ruim mesmo em Misano foi outra atuação a desejar de Jorge Lorenzo, que
largou em 18º, para receber a bandeirada em 14º, mostrando que o seu calvário
na Honda parece longe de acabar. E Johann Zarco, em sua última corrida pela KTM
terminou em 11º lugar, depois de largar na mesma posição, coroando uma
temporada de baixos e nenhum alto, que só não é pior do que a vivida por
Lorenzo na Honda.
Johann Zarco já tinha conseguido
rescindir seu contrato com a KTM, que previa disputar a temporada de 2020 pela
escuderia austríaca, devido aos maus resultados obtidos, e ao fato de não se
sentir bem pilotando a moto. Então a direção do time resolveu dispensar os
serviços de Zarco até o fim da temporada, justificando oficialmente que isso
era pelo bem do piloto, que se não se sentia confortável pilotando a moto do
time, era melhor que ele não se arriscasse tentando ir além de seus limites,
para tentar mostrar o que é capaz, na tentativa de arrumar lugar em outra
escuderia para 2020. Para o seu lugar, a KTM convocou seu piloto de testes Mika
Kallio, que estreou já na etapa de Aragón, na Espanha, onde largou em 18º, para
terminar em 17º. Oficialmente, contudo, Zarco continua empregado pela escuderia
até o fim da temporada, só não estará mais dentro da pista, como um de seus
pilotos titulares. Considerado uma das promessas da MotoGP nos últimos anos, o
piloto francês decepcionou na KTM,
Mas se a situação de Zarco e o modo como
ele termina o ano estão ruins, o que dizer de Jorge Lorenzo? Problemas e azares
à parte, fica complicado entender como a performance do tricampeão está
distante da de seu companheiro de equipe na escuderia oficial da Honda na
classe rainha do motociclismo. Em Aragón, enquanto Marc Márquez largava na
pole-position e comandava a corrida de ponta a ponta, averbando sua 8ª vitória
na temporada, Lorenzo largava em um distante 19º lugar no grid, para receber a
bandeirada apenas em 20º, o penúltimo entre aqueles que completaram a prova,
chegando à frente apenas do malaio Hafizh Syahrin, da KTM, e sem conseguir
avançar sequer ao meio do grid. Quem esboçou uma reação em Aragón foi Andrea
Dovizioso, que largou em 10º para chegar firme em 2º lugar, mas sem hipóteses
de tentar discutir a liderança com Márquez. O pódio foi completado pelo
australiano Jack Miller, da Pramac, que teve uma excelente performance na
etapa, largando em 4º. Mais uma vez, a Yamaha largou com esperanças, para andar
para trás, com Maverick Viñales largando em 3º, para finalizar mais uma vez em
4º lugar, assim como Fabio Quartararo, que largou em 2º, para terminar em 5º.
Nem Valentino Rossi escapou: o “Doutor” largou em 6º, e só terminou em 8º. E
Alex Rins, depois da brilhante vitória na Inglaterra, acabou abandonando na
etapa de San Marino, e terminando a corrida de Aragón em um modesto 9º lugar.
Se esquecermos o quanto Marc Márquez está disparado na frente, podemos dizer
que o campeonato da MotoGP deste ano até que está bem disputado, e cheios de
altos e baixos de vários pilotos.
Faltando 5 corridas para fechar o
campeonato da classe rainha do motociclismo, Marc Márquez já chegou a 300
pontos, liderando com grande folga o campeonato. Andrea Dovizioso, da Ducati,
deve terminar novamente com o vice-campeonato, ocupando no momento a 2ª
colocação, com 202 pontos, uma desvantagem de 98 pontos para o pentacampeão da
Honda. Temos ainda 125 pontos em disputa, mas se Marc fizer dois pontos a mais
que Dovizioso já na próxima etapa, na Tailândia, ele fecha matematicamente a
conquista do hexacampeonato, pois aí, sua vantagem ficaria em 100 pontos, e
Andrea, mesmo que vencesse todas as corridas restantes, e Márquez não mais
pontuasse, ele empataria em número de pontos, mas perderia por ter menos
vitórias que o rival. Para a Honda, seria muito mais conveniente se Marc fosse
campeão na etapa seguinte, que será justamente no Japão, e na pista de Motegi,
de propriedade da Honda, mas no ritmo em que Marc está indo, e com os demais
pilotos tendo altos e baixos, sem conseguirem manter uma constância, tudo
indica que o título deva ser decidido mesmo na etapa tailandesa, mas com uma
grande comemoração por parte da Honda em Motegi. Dovizioso, apesar de um
campeonato irregular, ocupa com certa folga a 2ª posição na tabela de pontos,
já que o 3º colocado, Alex Rins, da Suzuki, tem 156 pontos, e tem tido uma
campanha menos constante do que a do italiano, que ainda possui uma moto
tecnicamente mais competitiva que a Suzuki. Só que Alex não pode baixar a guarda,
pois Danilo Petrucci, com a outra Ducati oficial, está em seus calcanhares, com
apenas 1 ponto de diferença. E logo a seguir vem a dupla da Yamaha, Maverick
Viñales com 147 pontos; e Valentino Rossi, com 137, que podem complicar a vida
de Rins na classificação.
A Mercedes fez neste mês de setembro a
apresentação de seu carro para sua temporada de estréia oficial na Formula-E,
depois de competir no último ano como HWA, e já está com sua dupla de pilotos
anunciada: o belga Stoffel Vandoorne, e o holandês Nick de Vries, recém sagrado
campeão da F-2 Internacional deste ano. Vandoorne já era piloto do time como
HWA, e segue como referência da nova escuderia, enquanto de Vries torna-se o
primeiro campeão da F-2 a rumar direto para o certame da F-E, ainda que, quando
do anúncio de sua posição como piloto titular da esquadra alemã na categoria
dos carros monopostos elétricos ele ainda não tivesse garantido o título,
embora liderasse o campeonato da competição. A F-E, aliás, verá um verdadeiro
duelo entre marcas alemãs em sua nova temporada. Além da entrada oficial da
Mercedes, quem também fará sua estréia é a rival Porsche. E a BMW já está
presente, tendo estreado na última temporada, associada ao time de Michael
Andretti. E, claro, não podemos nos esquecer da Audi, que através de sua
associação com a ABT, esteve presente desde a primeira corrida da competição.
Tem tudo para ser um pega daqueles, e com muitas disputas...
E mais um time da Formula-E fechou sua
dupla de pilotos para o próximo campeonato: Brendon Hartley, que teve uma
passagem sem brilho na F-1 pela Toro Rosso, no ano passado, é mais um piloto a
garantir seu assento na próxima temporada da F-E. O neozelandês, que também
defende o time oficial da Toyota na classe LMP1 do Mundial de Endurance, assinou
para ser piloto da equipe Dragon no próximo campeonato. O time de Jay Penske já
definiu quem será o companheiro de Hartley, e será o suíço Nico Muller, que
atualmente defende a Audi no campeonato do DTM. Mas a julgar pelo desempenho no
último ano, a Dragon vai precisar melhorar bastante, tendo terminado o
campeonato em 10º lugar, à frente apenas da Nio, a última colocada. Com uma
competição mais acirrada no próximo ano, com a entrada oficial de mais duas
fábricas, a Dragon, que tem por trás a força da Penske Automotive, uma das
empresas do conglomerado de Roger Penske, vai ter de mostrar serviço.
Outra confirmação na F-E foi a
contratação do português Antonio Félix da Costa como novo companheiro de
Jean-Éric Vergne na equipe Techeetah. Da Costa defendeu a BMW Andretti no
último ano, tendo começado o ano com vitória na etapa da Arábia Saudita, mas
foi perdendo terreno junto com seu time conforme a temporada avançava,
terminando em 6º lugar. Antonio assume a vaga de André Lotterer, que foi para o
novo time da Porsche, que faz sua estréia na nova temporada. A Techeetah deve
ser o alvo das atenções no início do próximo ano, por contar com o primeiro
bicampeão da categoria, Vergne, que será o homem a ser batido. E Da Costa, por
obrigação, é mais um que tentará superar o francês na pista.
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