A Indycar chega a Laguna Seca para a decisão da temporada 2019. |
O campeonato 2019 da
Indycar chegou à sua derradeira etapa para a decisão do título da competição.
Na parada, Josef Newgarden, Alexander Rossi, e Simon Pagenaud entrarão na pista
para ver quem levará o troféu de campeão da temporada. Depois de ficar de fora
da decisão no ano passado, a Penske chega com força com 2 pilotos na luta pelo
bicampeonato, enquanto o rival Rossi, da Andretti, ainda procura o seu primeiro
título. Com 41 pontos de vantagem, Newgarden é o grande favorito para
conquistar o seu segundo título, mas como a prova que encerra a temporada tem
pontuação dobrada, com o vencedor levando 100 pontos, não é bom brincar com os
números de forma leviana.
Isso explica porque
Simon Pagenaud, apesar de uma campanha até meio sem sal na temporada deste ano,
ainda está na disputa, embora chegue à última corrida meio que como um azarão,
o que pode ser o seu grande trunfo para surpreender os rivais na pista, apesar
da desvantagem de 42 pontos. Em tese, o francês tem as mesmas chances de Rossi,
mas pela atuação menos destacada no ano, dá a impressão de ter as menores
chances. Isso porque, tirando suas três vitórias, apenas em uma ocasião ele
subiu ao pódio, tendo um desempenho bem mais discreto nas demais corridas.
Josef Newgarden foi o
piloto que mais venceu no ano, com 4 vitórias, mas além disso, subiu ao pódio
mais 3 vezes, com duas segundas colocações e um terceiro lugar. Rossi, por sua
vez, venceu duas provas, teve três segundos lugares, e dois terceiros. Mais do
que isso, Newgarden terminou outras 3 provas em 4º lugar, e mais duas em 5º.
Pagenaud, por outro lado, conseguiu apenas 1 4º e 1 5º lugares. Já Alexander
não abocanhou nenhum 4º lugar, mas foi 4 vezes 5º colocado. Em outras palavras,
Newgarden tem uma campanha mais constante do que a dos rivais até aqui, tendo
tido também menos problemas, ou podemos dizer, menos azares durante a
temporada, que poderiam ter resultado em perda potencial de muitos pontos. E
cometido também menos erros, dos quais uma exceção foi sua tentativa de ganhar
posição em cima de Ryan Hunter-Reay na volta final em Mid-Ohio, onde forçou
passagem e acabou rodando, indo parar fora da pista e perdendo várias
colocações.
É difícil fazer um
prognóstico preciso de quem estará em vantagem na pista domingo. Uma das
atrações da temporada, o circuito de Laguna Seca Raceway, na Califórnia, faz
sua estréia na atual Indycar. A pista sediou pela primeira vez uma corrida Indy
em 1983, tendo o italiano Teo Fabi como vencedor, quando estreou no calendário
da F-Indy original. O circuito permaneceu no calendário da categoria até 2004,
quando presenciou sua última prova por lá, tendo como vencedor o canadense
Patrick Carpentier. Durante os anos em que fez parte da F-Indy original, Laguna
Seca viu três pilotos brasileiros no lugar mais alto do pódio. Em 1995, no seu
ano de estréia na categoria norte-americana, Gil de Ferran obteve lá sua
primeira vitória, que lhe deu o título de “Rokkie of the Year” do ano. Cinco
anos depois, em 2000, Hélio Castro Neves repetiu o triunfo verde-amarelo no
circuito californiano, que teria pela última vez a vitória de um brasileiro em
2002, com Cristiano da Matta.
Dos pilotos do grid
atual, apenas Tony Kanaan e Scott Dixon competiram em Laguna Seca quando ainda
disputavam a antiga Indy. Infelizmente, para Kanaan, isso não representa
nenhuma vantagem, diante da pouca competitividade de sua equipe Foyt este ano,
o que deve significar mais um fim de semana complicado tanto para ele quanto
para seu compatriota Matheus Leist. Já Dixon chega a Laguna Seca fora da
disputa pelo título, depois dos azares sofridos nas últimas corridas, que
derrubaram suas chances de tentar chegar a um sexto título. Mas o neozelandês
pretende fechar a temporada ao menos com chave de ouro, se possível com uma
vitória, o que pode complicar a situação dos três postulantes ao título.
A curva do Saca-Rolha é um dos desafios do circuito de Laguna Seca. |
Localizada entre as
cidades de Monterrey e Salinas, Laguna Seca ocupa o lugar que nos últimos anos
foi da pista de Infineon, em Sonoma, ali mesmo na Califórnia, como prova final
de encerramento do campeonato. O circuito não conseguiu renovar o seu acordo
com a Indycar, e a pista, apesar de algumas boas corridas, não vinha
conseguindo atrair público suficiente para cobrir as despesas da corrida. Para
os pilotos, o traçado cheio de curvas e travado era complicado por dificultar
as ultrapassagens, de modo que quem largasse muito atrás precisava contar muito
com a sorte para conseguir avançar na corrida.
Uma situação que pode
não ser muito melhor em Laguna Seca. O traçado tem um design mais simples do que
o de Infineon, e a pista também é um pouco estreita, tendo uma extensão de 3,6
Km, com 11 curvas, e trechos de reta curtos. O grande destaque da pista é a
famosa curva “Saca-Rolha” no alto da colina, onde os pilotos entram
praticamente às cegas, sem enxergar sua saída. Em sua configuração original,
usada desde sua inauguração em 1957 até 1987, o traçado da pista era um pouco
menor, com um trecho que reta que ligava as atuais curvas 2 e 5, o que
favorecia as tentativas de ultrapassagens. A partir de 1988, o circuito passou
a ter um novo trecho com mais 2 curvas, em baixa velocidade, após a curva 2, circundando
o pequeno lago que existe dentro do terreno do autódromo, o que tornou a pista
mais difícil nas ultrapassagens. Em 1996, o trecho em descida depois da curva do
Saca-Rolha ficou menor, com a reta dos boxes ganhando mais um pouco de
extensão, a fim de permitir maiores oportunidades de ultrapassagem naquele
trecho. O recorde da pista até hoje é do brasileiro Hélio Castro Neves, obtido
em 2000, com o tempo de 1min07s722, marca que deverá ser batida pelos atuais
Indycars.
O traçado tem um
trecho na colina, com um bom trecho em subida, até chegar na Saca-Rolha, de
onde se volta para baixo em um trecho bem curto. Em 1996, o italiano Alessandro
Zanardi surpreendeu o estadunidense Brian Herta no finalzinho da corrida, ao
fazer uma ultrapassagem pela área de escape da curva Saca-Rolha, garantindo
assim a vitória, numa manobra arrojada que pegou o rival de surpresa.
Infelizmente, esta curva também tem um lado negativo na história do circuito:
foi em 1999, quando o uruguaio Gonzalo Rodriguez, então competindo pela Penske,
perdeu os freios na aproximação da curva, seguindo reto, e colidindo com a
barreira de pneus, fazendo com que seu carro capotasse, e despencasse na
ribanceira logo atrás. O carro caiu de cabeça para baixo, e o piloto não
resistiu aos ferimentos, falecendo.
Bobby Rahal foi o
maior vencedor em Laguna Seca, com 4 vitórias, todas consecutivas, entre 1984 e
1987. Michael Andretti venceu a corrida em 3 oportunidades, em 1991 e 1992,
incluída a prova extra-campeonato do Marlboro Challenge, que era disputada
naquela época. Com dois triunfos “oficiais”, temos Patrick Carpentier, Danny
Sullivan, Brian Herta, e Paul Tracy. Fora os brasileiros já citados anteriormente,
a pista ainda viu vitórias de Rick Mears, Alessandro Zanardi, Jimmy Vasser, e
Maxxmiliano Papis. Em 1989, Al Unser Jr. faturaria a edição do Marlboro
Challenge disputado no circuito.
Circuito na Califórnia esteve presente no calendário da F-Indy original de 1983 a 2004. |
Podemos esperar uma
corrida onde tudo pode acontecer neste domingo. O trecho de largada tem um bom
pedaço em descida, com a primeira curva sendo bem suave, mas conduzindo até o
grampo da curva 2, onde todo mundo terá de fazer uma freada forte. E já vimos
casos este ano de alguns pilotos que acabaram perdendo o ponto de freada em
curvas fechadas, sendo o caso mais recente o da prova de Portland, não por
acaso outro circuito que teve seus bons tempos na antiga F-Indy. Newgarden,
Rossi e Pagenaud estarão mirando em seus concorrentes, mas também precisam
ficar atentos aos rivais na pista, que estarão fazendo suas corridas, e não vão
dar mole só porque eles estarão decidindo o título. A se confirmarem as
dificuldades de ultrapassagens, uma boa posição de largada será fundamental
para não ficar preso atrás de carros potencialmente mais lentos na prova,
precisando apelar para uma boa estratégia para superar a situação.
Rossi e Pagenaud não
tem muitas opções. É simplesmente partirem para o ataque, e torcer para um
tremendo azar de Newgarden, que pode jogar um pouco com sua vantagem na
pontuação, a fim de evitar correr alguns riscos. Josef se caracterizou por ser
um piloto bastante agressivo, mas neste ano ele aprendeu a domar um pouco mais
seu arrojo, procurando muitas vezes garantir bons pontos a arriscar-se na busca
de um resultado que poderia até ser melhor, mas poderia comprometer sua boa
performance na prova em questão. Adotando um estilo mais cerebral, o piloto
conseguiu se manter sempre entre os ponteiros na tabela, e não perdeu o foco
nos momentos mais complicados, quando tinha tudo para entrar em parafuso e
acabar abrindo a guarda para os rivais.
Podemos esperar por
uma boa corrida em Laguna Seca. E um encerramento de temporada à altura da
tradição das categorias Indy. Quem vencer terá todos os méritos em sua
conquista.
A F-1 inicia hoje os treinos
oficiais para a prova de Singapura, e muitos se perguntam se a Ferrari, depois
das duas vitórias consecutivas vistas em Spa-Francorchamps e Monza, poderá
reencontrar parte do rumo perdido no campeonato, e ao menos, dificultar um
pouco trabalho da favorita Mercedes. A Ferrari não ficou parada, é claro, mas
ainda é preciso esperar até o treino livre de sábado para vermos se os técnicos
de Maranello conseguiram corrigir parte das deficiências do carro em curvas de
baixa, algo que tem bastante neste circuito, e que nas duas últimas pistas, era
um ponto fraco mascarado pelos trechos de alta velocidade, extremamente
favoráveis ao potente V-6 híbrido dos carros vermelhos e sua configuração para
este tipo de traçado. Mas a grande dúvida é se Sebastian Vettel vai se
reencontrar na pista, depois de ter sido superado sistematicamente por Charles
LeClerc nas duas últimas corridas, ainda mais depois do fiasco que foi a
corrida do alemão justamente em Monza, onde ele comprometeu sozinho sua
corrida, a exemplo de 2018, e viu o companheiro de equipe vencer e ser
aplaudido efusivamente pela torcida ferrarista. Vettel admitiu que está vivendo
um momento ruim, e que o erro que cometeu na Itália foi culpa inteiramente sua.
Pelo seu lado, a Ferrari declarou que continua apoiando integralmente o alemão,
e confia em sua capacidade de liderança, esperando melhores resultados.
Sebastian já demonstrou ser atingido muito mais fortemente do que suas
declarações indicam, e não seria difícil ele ainda tentar se encontrar na pista
depois do baile que levou nas últimas corridas. Cabe a ele esfriar a cabeça, e
procurar se colocar de novo como principal piloto do time vermelho na pista.
Mas o desafio vai ser complicado neste final de semana. Este é um circuito onde
a Red Bull sempre costuma andar forte, e o time dos energéticos, e principalmente
Max Verstappen, estão secos para apagarem os resultados abaixo da expectativa
vividos nas últimas duas corridas. Charles LeClerc, por sua vez, vai querer
mostrar quem é que manda no pedaço ferrarista, e podem esperar por uma postura
bem agressiva do monegasco para marcar território, e não seria difícil ele
acabar se encontrando novamente com Verstappen pela pista. O holandês e o
monegasco tiveram uma disputa acirrada na Áustria, vencida por Max, ao que
Charles até hoje não digeriu direito. Se ambos estiverem disputando posição na
pista, podem apostar que vai voar faísca nesta disputa, com ambos medindo
forças para ver quem vai ceder ou não. Dependendo da situação, não seria
difícil ambos acabarem enroscados numa manobra mais extrema. Quanto à Mercedes,
o carro prateado nunca foi exatamente dominante aqui, mas tem conseguido até
vencer, aproveitando as oportunidades que surgem, e muito provavelmente devem
fazer isso novamente.
E aqui no paddock de Singapura,
duas confirmações para 2020. A primeira delas, a mais óbvia: Robert Kubica
afirmou que está fora da Williams para a próxima temporada. Oficialmente, é o
polonês que está deixando o time, em busca de melhores oportunidades
profissionais para o próximo ano, onde comenta-se, tem sido sondado pela Audi
para pilotar um de seus carros no DTM. O outro anúncio, por outro lado, acabou
até surpreendendo todo mundo: a Hass confirmou a manutenção de sua atual dupla
de pilotos para mais uma temporada. Romain Grosjean e Kevin Magnussen seguem
firmes no time de Gene Hass em 2020, quando todo mundo já apostava que pelo
menos um deles estaria fora do time, e na pior das hipóteses, até mesmo os
dois, depois de aprontarem em várias corridas. Apesar das confusões, a
escuderia também assumiu parte da culpa pelos maus resultados da dupla para si,
ao ter produzido um carro que não está rendendo o que eles esperavam, e pior,
não tem mostrado um comportamento previsível, ora andando bem, ora andando mal,
e também sem mostrar constância, onde o desempenho tem caído bruscamente em
certos momentos. Sabendo que, quando o carro corresponde, seus pilotos são
capazes de entregar os resultados que eles esperam, o time resolveu dar uma
nova chance a ambos, com a promessa de um equipamento mais competitivo no
próximo ano. Resta esperar para ver...
Quem acabou se dando mal com a
confirmação da manutenção da dupla da Hass para 2020 foi Nico Hulkenberg. O
alemão, já dispensado pela Renault para o próximo ano, era tido como um dos
favoritos para ocupar um posto de titular na escuderia norte-americana no
próximo ano, por ter os requisitos que agradavam à diretoria do time, entre os
quais não se meter em confusões nas corridas. Nico admitiu que ficou em uma
posição difícil, e já fala até mesmo em poder deixar a F-1, onde não pretende
ficar a qualquer custo. Quem também ficou um pouco de lado foi Pietro
Fittipaldi, piloto de teste do time, que ainda tinha alguma esperança de
conseguir ser efetivado para 2020, mas que pesou não ter ainda os pontos
necessários para obter a Superlicença, documento necessário para pilotar na
F-1, o que confirma que praticamente passaremos mais uma temporada sem termos
um piloto brasileiro no grid da categoria máxima do automobilismo.
E Rubens Barrichello está de
volta a uma competição de monopostos. O brasileiro participa neste final de semana
da corrida de estréia da nova categoria S5000, na pista de Sandown, na
Austrália. A corrida de estréia da nova categoria australiana terá 12 pilotos
no grid, e Barrichello é o grande nome de destaque. A última competição de
Rubens com monopostos foi sua passagem pela Indycar em 2012, após deixar a F-1.
Depois, ele passou a concentrar suas disputas na Stock Car brasileira, onde foi
campeão em 2014, e está até hoje.
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