sexta-feira, 5 de abril de 2019

STOCK CAR 40 ANOS

A Stock Car Brasil está completando 40 anos, firme e forte, e prepara-se para disputar sua 500ª corrida, na pista do autódromo de Velopark (abaixo) neste domingo.

            A principal categoria do automobilismo nacional está em festa. Neste final de semana, no circuito de Velopark, na Grande Porto Alegre, a Stock Car Brasil inicia as comemorações de seus 40 anos de existência, e com uma outra marca de respeito: a prova de estréia da temporada 2019 será a 500ª corrida da categoria.
            Não são marcas a serem menosprezadas. Afinal, na semana que vem, a Fórmula 1, que disputa este ano o seu 70º campeonato, completará 1.000 corridas com a realização do Grande Prêmio da China. Por mais que alguns digam que não há como comparar a F-1 com a Stock Car, não há como negar que uma categoria durar tanto tempo assim não seja digna de elogios e respeito, mesmo que tenha alguns defeitos e precise de algumas correções. Mas, nem a F-1 é perfeita, então, tudo bem.
            Na pista, 28 pilotos de 14 equipes iniciarão a luta pelo título da temporada. E, por ser a corrida de número 500 da Stock, ela será disputada em uma única rodada, e não em prova dupla, como tem sido praxe nos últimos anos, à exceção da Corrida do Milhão. Daniel Serra, o atual bicampeão, continua defendendo a equipe RC, com a qual conquistou os campeonatos de 2017 e 2018, e se prepara para enfrentar os rivais de peso, que incluem vários pilotos. Dentre os competidores no grid, temos vencedores de 13 campeonatos, com destaque para Cacá Bueno, 5 vezes campeão, ao lado dos bicampeões Daniel Serra e Ricardo Maurício, além de Rubens Barrichello, Marcos Gomes, Felipe Fraga, e Max Wilson.
            A transmissão da corrida será feita ao vivo no canal pago SporTV2, a partir das 11:00. Um campeonato com 12 etapas, com início no Velopark, e terminando em Interlagos, no dia 15 de dezembro. Equipes com patrocinadores fortes, e muitos pilotos com currículos de respeito, inclusive alguns que disputaram a F-1, como Barrichello, e Nelson Ângelo Piquet. A Stock Car é um oásis no mundo do automobilismo nacional, onde praticamente escasseiam campeonatos fortes e duradouros. A F-Truck, que vinha rivalizando com a Stock em anos recentes, encerrou suas atividades, sendo substituída pela nova Copa Truck, que vem conseguindo obter um bom sucesso, mas sem conseguir igualar o prestígio da categoria de Daniel Serra, Felipe Fraga & Cia. O Brasileiro de Endurance, e a F-3 Brasil também não possuem o mesmo respaldo. E enquanto isso, nestes últimos 40 anos, nosso país perdeu vários certames, uma situação que não é exclusividade de nosso país e de sua economia cheia de altos e baixos. Afinal, até mesmo na Inglaterra, berço do automobilismo mundial, várias categorias acabaram encerrando suas atividades no decorrer destas últimas quatro décadas.
            E tudo começou quando a primeira corrida foi disputada no dia 22 de abril de 1979, no autódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul. Foi o resultado do esforço de 2 anos, desde que o certame foi anunciado, ainda em 1977, em substituição à Divisão 1, um campeonato que acabou sendo extinto devido ao desinteresse do público e de patrocinadores. Contando com o apoio da Chevrolet, e espelhando-se na categoria similar dos Estados Unidos, a Nascar, a Stock Car nasceu com o intuito de unir desempenho e sofisticação. Na prova inaugural da nova categoria, 19 pilotos aceleraram seus carros Opala na pista gaúcha, com José Carlos Palhares sendo o primeiro pole-position da Stock. Mas a vitória acabou ficando com Affonso Giaffone Filho. No final do ano, Paulo Gomes viria a se tornar o primeiro campeão da Stock.
Nas primeiras temporadas, os pilotos competiam com o modelo Opala, da Chevrolet (acima). E Ingo Hoffman começou sua carreira de vitórias na Stock Car ao volante destes carrões (abaixo), conquistando um total de 12 títulos em sua longa carreira.
            E ele não ficaria apenas com um título: Gomes conquistaria também os títulos de 1983, 1984, e 1995. Quatro títulos parece muito? Não para Ingo Hoffmann, que em sua longa carreira na Stock, é o recordista de títulos, com nada menos que 12 campeonatos. Ele faturou a competição em 1980, 1985, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1996, 1997, 1998, e 2002. O “Alemão”, como era conhecido, venceu nada menos do que 77 corridas, largando 60 vezes na pole-position. Não por acaso, Paulo Gomes, o primeiro campeão, anotou 40 vitórias e 25 pole-positions. Do grid atual, quem tem mais triunfos é Cacá Bueno, com 5 títulos, obtidos em 2006, 2007, 2009, 2011, e 2012, com um total de 36 vitórias, e 37 pole-positions.
            Contando com um regulamento criado para conter custos, e manter um equilíbrio entre os times, a categoria nasceu monomarca, mas a adoção do nome Stock Car ajudou a desviar a atenção para este detalhe. Com carros iguais, modelo Opala da Chevrolet, e com motores de 6 cilindros e 4 litros, a categoria caiu no gosto do público, apresentando grandes disputas, corridas movimentadas, e pilotos de grande talento. O prestígio da categoria chegou ao ponto de serem realizadas as primeiras etapas fora do Brasil, no Autódromo do Estoril, em Portugal.
            Na pista, os velhos Opalas rodaram intactos até 1987, quando foram introduzidas as primeiras carenagens, que eram instaladas por cima do chassi do velho Opala, dinamizando a imagem da categoria, e aprimorando a performance aerodinâmica dos bólidos, o que se refletiu na melhoria do desempenho nas pistas. Apesar de tudo, no início dos anos 1990, a Stock passou por um período de baixa, em virtude da concorrência de outras categorias nacionais que existiam na época. Com o envolvimento maior da Chevrolet, a partir de 1994 o veículo de competição passou a ser o modelo Omega, devidamente adaptado para competição na pista. A partir do ano 2000, os carros passariam a usar a carenagem do Vectra, em cima de chassis tubulares projetados especialmente para competição. O novo século também viu os velhos motores 4.1 saírem de cena, para entrarem os V-8 Chevrolet. Condições de segurança, nos carros e nos circuitos, vão evoluindo a cada ano.
            A partir de 2005, a categoria se tornou multimarcas, com novas montadoras instalando suas carenagens sobre os chassis tubulares de competição. Mitsubishi e Peugeot passaram a conquistar títulos, desafiando o longo histórico da Chevrolet, que continua firme até hoje. A Volkswagen até participou por um tempo, mas não permaneceu na Stock. Desde 2017, contudo, a categoria voltou a ser monomarca, utilizando a carenagem do Chevrolet Cruze na competição.
            Desde o ano 2000, a Stock tem acordo de transmissão do campeonato com as Organizações Globo, o que garante o televisionamento das corridas. Um acordo que já foi muito criticado em várias oportunidades, pelo fato de a categoria muitas vezes render-se aos caprichos da emissora carioca, na formulação das corridas, e sistemática de treinos. Nos últimos anos, a Globo preferiu escalar a transmissão das corridas nos canais pagos do SporTV, o que reduziu o alcance obtido normalmente pela transmissão no canal aberto, o que passou a ser feito apenas vez ou outra, em geral na Corrida do Milhão, ou no encerramento da temporada.
            Felizmente, hoje a audiência no canal pago está ajustada à realidade nacional, e os patrocinadores seguem satisfeitos com os resultados. E convenhamos, não é qualquer certame que tem mais de 30 carros no grid por tantas temporadas, ainda mais se compararmos com vários outros certames internacionais, cujos grids andam mais esvaziados. Essa é outra marca que a Stock pode se orgulhar de exibir, e olha que estamos falando da realidade econômica nacional, que desde 2015, está bem ruim e com várias dificuldades de conseguir achar uma melhora a curto prazo. Mas mesmo assim, a grande maioria dos times presentes na competição ostenta bons patrocínios que lhes garantem orçamentos suficientes para competirem em bom nível.
            Um dos estigmas que volta e meia assombra a Stock é ser chamada de categoria de “velhos”, ou “fim da estrada”, por abrigar pilotos cujas carreiras internacionais findaram-se, seja por encerrarem seu ciclo, seja por terem ficado sem opções. Especialmente para quem teve chance de disputar a F-1, e precisou voltar ao Brasil, sem conseguir seguir adiante no exterior. Embora haja certa justificativa para isso, o que pesa é a conotação negativa para isso ocorrer, que seria pelo piloto “estar acabado, e tornado-se decadente”, sem interessar aos times de competições de categorias no exterior.
Rubens Barrichello foi mais um piloto com passagem pela F-1 a engrossar o grid da Stock Car, e já foi campeão pela categoria nacional.
            Mas é uma caracterização equivocada. Vários ex-pilotos que atuaram no exterior ajudaram a elevar o padrão de competição da Stock, como foi o caso de Rubens Barrichello, que depois de 19 anos disputando a F-1, e um ano na IRL, voltou para o Brasil para se dedicar à Stock, onde continua a exibir o talento e capacidade que o levaram a competir na categoria máxima do automobilismo, chegando a conquistar o título da Stock. E, antes, pelo menos até o início dos anos 2000, se a Stock contava com vários pilotos já de mais idade, que realmente tinham a categoria nacional como último refúgio para suas carreiras, ela passou a ser a primeira opção para muitos pilotos novos que passaram a dedicar-se ao automobilismo nacional, e não a tentar carreira no exterior. Embora vários desses pilotos tenham chegado a disputar competições internacionais, seu foco principal é na Stock Car, cujo calendário lhes permite participar, quando possuem oportunidade, de várias provas de renome no automobilismo mundial, como as 24 Horas de Le Mans, ou outras etapas no Mundial de Endurance. É o caso, por exemplo, de Cacá Bueno, que fez da Stock sua opção de carreira, nela faturando 5 títulos.
            Mas não se pode negar que, em alguns casos, o adjetivo pejorativo de “piloto decadente” acaba “pegando”, pela falta de resultados recentes de alguns deles quando optaram por competir por aqui, como é o caso de Nelsinho Piquet, recentemente dispensado pela equipe Jaguar na Formula-E, devido à falta de resultados apresentada pelo filho do tricampeão Nélson Piquet no último ano.
            Para a Vicar Promoções Desportivas, que promove a competição, e que tem em Carlos Col seu atual presidente, a boa administração da competição, aliada a patrocinadores confiáveis, e um bom plantel de pilotos no grid, garante a atração das corridas ao público nacional amante da velocidade, que está sempre lotando os autódromos por onde a categoria passa. Trabalhando junto à CBA nas definições dos padrões de segurança tanto dos autódromos como dos equipamentos de competição, a Vicar pode-se realmente orgulhar do trabalho desenvolvido desde que passou a organizar o campeonato da Stock desde a temporada de 2001.
            Mas é importante também a Stock tentar se manter livre de controvérsias, e algumas punições e problemas com pilotos ocorridos em anos recentes poderiam ter sido muito melhor trabalhados e resolvidos, sem dar margem de interpretações que acabam por desmerecer a seriedade e imparcialidade da competição. E pela marca histórica que a Stock está comemorando, espero que este campeonato esteja livre deste tipo de picuinhas e manobras que em nada contribui para sua história, muito pelo contrário.
            Que a Stock Car Brasil possa prosseguir firme e forte, e oferecendo aos fãs nacionais das competições do esporte a motor as melhores provas com muitas emoções e disputas na pista. E que possam, daqui a muitos anos, chegar firme para disputar também sua milésima corrida, e continuar brindando a todos com suas provas pelo Brasil, e até mundo afora. O campeonato de 2019 está para começar, e a disputa está aberta a todos. Que venha o sinal verde, e que vença o melhor...


A Ferrari tinha tudo para sair como a grande vencedora do Grande Prêmio do Bahrein, quando as coisas começaram a dar errado para o time italiano na segunda metade da corrida. Charles LeClerc marcou a pole-position com uma pilotagem firme e inspirada, mostrando o talento e capacidade que o levaram a Maranello após sua temporada de estréia na Sauber em 2018. O monegasco perdeu a liderança no arranque da largada, chegando inclusive a ser superado por Valtteri Bottas, mas manteve a cabeça fria, e foi buscar novamente a liderança, sabendo do bom carro que tinha em mãos, não demorando a reassumir a primeira colocação, com uma ultrapassagem perfeita e limpa sobre Sebastian Vettel poucas voltas depois. Dali em diante, Charles comandou a corrida como quis, sem cometer nenhum erro. Mas, atrás dele, Vettel não estava tendo a vida fácil como esperava: Lewis Hamilton, mesmo tentando uma estratégia a meio da corrida com pneus macios que não deu certo, foi para o ataque contra o alemão, e conseguiu uma ultrapassagem decidida após sua troca de pneus. Sebastian, na tentativa de resistir à perda de posição, perdeu o controle do carro e acabou rodando, e com isso, dando adeus às suas pretensões de ainda vencer a corrida. Como desgraça pouca é bobagem, a asa dianteira do carro do alemão despedaçou-se de forma estranha pouco depois, obrigando Vettel a ir aos boxes reparar seu carro, o que o derrubou ainda mais na corrida, e tendo de recuperar várias posições. Restava para a Ferrari a performance impecável de LeClerc, até que a 11 voltas do final, o monegasco avisou que havia um problema com seu motor, passando a rodar vários segundos mais lento. E não deu outra: com um ritmo inferior, tentando simplesmente chegar ao final da prova, Charles acabou superado por Hamilton e Bottas na pista, e só não perdeu a 3ª posição para Max Verstappen porque o Safety Car precisou entrar nas voltas finais para retirada de carros que abandonaram e ficaram em posição perigosa. Com isso, a Mercedes conseguiu sua segunda dobradinha, e o 3º lugar de LeClerc, se não foi o fim do mundo, foi uma tremenda desilusão para o piloto, que vinha sendo perfeito na sua segunda corrida pela Ferrari, que ainda viu Vettel terminar em 5º lugar, após se recuperar na pista de seus percalços. Um resultado magro para o time que tinham os melhores carros na pista, mas não deu sorte.


Se a Ferrari teve azar, a Renault foi uma desgraça no GP barenita: Nico Hulkenberg fazia uma bela prova, tendo largado na parte de trás do grid, e se recuperado durante a corrida, e Daniel Ricciardo iria pontuar, de modo que o time francês seria o melhor do “resto”. Mas, faltando três voltas para o final, os carros de ambos os pilotos “apagaram”, parando na pista, e fazendo Nico e Daniel amargarem um abandono duplo. E ainda sobrou de novo para Carlos Sainz Jr., da McLaren, que foi mais um carro de motor Renault a ficar fora de combate na corrida, por problemas, repetindo a sina do espanhol em Melbourne. A Renault só pôde ter como compensação o 6º lugar de Lando Norris, um bom resultado dando à McLaren/Renault os primeiros pontos da escuderia, que também usa os motores franceses, na atual temporada, e que demonstrou uma performance encorajadora durante a corrida, mostrando que o time de Woking parece estar no caminho certo para escalar novamente o grid da categoria máxima do automobilismo, em busca de melhores dias.

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