quarta-feira, 10 de abril de 2019

ESPECIAL – OS MIL GPS DA F-1


            A Fórmula 1 aproxima-se da data solene em que atingirá mil provas oficiais disputadas desde que deu sua primeira largada, em 1950. Portanto, nada mais justo do que ter um texto especial a respeito desta data festiva neste final de semana. Uma boa leitura a todos, e que venha o duomilésimo Grande Prêmio...



FÓRMULA 1: 1.000 GPs

Principal categoria automobilística do mundo celebra mil provas disputadas desde a criação de seu primeiro campeonato, em 1950, no Grande Prêmio da China de 2019.

Adriano de Avance Moreno

Da primeira corrida do Mundial de F-1 (acima), à prova no esplendoroso circuito de Shanghai na China (abaixo), uma trajetória de mil corridas em quase 69 anos de existência.
         O mundo do esporte a motor mundial tem uma data importante a comemorar neste próximo domingo, 13 de abril de 2.019. Ao ser dada a largada para o Grande Prêmio da China, a Fórmula Um, o mais famoso e importante campeonato automobilístico do planeta, atingirá a marca de mil provas realizadas, desde sua criação, há quase 70 anos atrás. Um feito que poucos campeonatos esportivos podem ostentar.
         Foi em fins dos anos 1940 que a Federação Internacional de Automobilismo – FIA, resolveu criar um campeonato unificando as provas mais importantes do automobilismo europeu, os chamados “Grand Prix” (Grandes Prêmios), que eram realizadas pelo continente, mas eram todas independentes umas das outras. Em 1950, no dia 13 de maio, foi então disputada a primeira prova do nascente novo campeonato desenhado pela entidade, que ganhou o nome de “Fórmula Um”, para ser a principal categoria de competições do mundo do esporte a motor.
         Perante um público de aproximadamente 100 mil pessoas no circuito de Silverstone, montado sobre um campo aéreo da Segunda Guerra Mundial, o italiano Giuseppe “Nino” Farina aceleraria sua Alfa Romeo para se tornar o primeiro pole-position, o primeiro vencedor de um GP de F-1, e também o seu primeiro campeão mundial. A empreitada de criação do novo campeonato havia sido bem sucedida, e novas temporadas seriam disputadas dali em diante todos os anos, sem interrupção, até os dias atuais.
         Mas demorou para a F-1 chegar a seu primeiro GP centenário. Durante a década de 1950, principalmente, o número de corridas por ano era pequeno, se comparado com os dias de hoje. Eram menos de 10 provas por temporada, à exceção de 1958, que contou com 11 corridas, de modo que a F-1 só foi atingir a marca de 100 GPs na sua 12ª temporada, em 1961. Os anos com o menor número de GPs da história foram em 1950 e 1955, com 7 provas. Todas as corridas eram disputadas na Europa, sendo a Argentina o primeiro país fora do Velho Continente a receber um GP de F-1, ainda em 1953. Mas os anos 1950 tiveram algumas particularidades interessantes nos primeiros anos da então jovem F-1. A primeira delas, é que as 500 Milhas de Indianápolis faziam parte do calendário da nova competição. Contudo, essa participação era “para inglês ver”, literalmente falando, de forma a dar ao novo campeonato o status real de um certame “mundial”. Os pilotos que competiam em Indianápolis eram contabilizados como participantes do campeonato da F-1, ganhando a pontuação respectiva na época, mas nenhum deles chegou a correr realmente em alguma prova de F-1, e da mesma maneira, os pilotos da F-1 também não corriam a Indy500, a mais famosa corrida de monopostos dos Estados Unidos, até hoje uma das corridas mais icônicas e famosas do esporte a motor mundial.
Stirling Moss venceu o "Inferno Verde" e a chuva para triunfar no 100º GP da F-1 e alcançar aquela que seria sua última vitória na categoria.
         Os Estados Unidos só foram ter realmente sua primeira prova de F-1 em 1959, quando ganharam um GP disputado na pista de Sebring. Antes disso, o Marrocos se tornara, em 1958, o primeiro país da África a sediar uma corrida de F-1. Outro ponto curioso, e esse ignorado por muitos fãs, é que o Grande Prêmio de Mônaco, o mais charmoso e tradicional da categoria, não esteve no calendário da competição por 4 anos, ficando ausente de 1951 a 1954. Outro detalhe interessante: a Ferrari, única remanescente original da F-1 daquela época, a ter disputado todas as temporadas da categoria, não participou da primeira prova, tendo feito sua estréia apenas na segunda corrida da competição, no Grande Prêmio de Mônaco. A primeira temporada foi dominada pela Alfa Romeo, que este ano retornou à F-1, mas esteve ausente por muitos anos, e no ano passado, fez seu retorno em associação com o time da Sauber, que passou a ser oficialmente apenas Alfa Romeo neste ano. Do mesmo modo, a Mercedes foi uma das grandes forças da F-1 nos anos 1950, mas também esteve ausente por décadas, não tendo participado de muitas temporadas. E os anos 1950 veriam o surgimento do primeiro grande mito da história da F-1: o argentino Juan Manuel Fangio, com a marca impressionante de 5 títulos conquistados, que por décadas se tornaram uma marca inatingível na categoria. Os carros, com o formato que ficou conhecido como “charutinhos”, passariam por uma revolução com a criação do chassi monocoque por parte da Lotus, alterando completamente o modo como os bólidos eram construídos até então. O conceito do chassi monocoque é utilizado até hoje, com todo o desenvolvimento da tecnologia de construção dos carros de competição.
         Finda a primeira década, a F-1 entrou nos anos 1960 consolidada, e iniciando uma década com um número bem estável de GPs. E em 1961, a categoria chegaria enfim à sua centésima corrida, que acabou por ser o Grande Prêmio da Alemanha, disputado no Nurburgring clássico, o Nordscheleife, com seus mais de 22 Km de extensão, numa prova que acabou marcada pela chuva, e pela última vitória do inglês Stirling Moss na F-1.
         O campeonato ganhou realmente o status de categoria mundial. As 500 Milhas de Indianápolis já não mais constavam como “participantes” do calendário da categoria, que ganhou provas na África do Sul, Canadá, e México. Sem a presença de Juan Manuel Fangio, a Argentina deixou a competição, ficando de fora por um bom tempo. E das equipes italianas e alemãs que dominaram a primeira década, os anos 1960 assistiram à explosão das equipes “garagistas”, entre elas a Lotus, o grande nome entre os times ingleses. Surgiram times que entraram para a história da F-1, como a McLaren e a Brabham, entre outros. Na pista, a F-1 veria o tricampeonato de Jack Brabham, o surgimento do mito Jim Clark, com seus dois títulos e sua perda trágica, e o bicampeonato de Graham Hill. A década também veria o nascimento do motor que faria história na F-1 pela década e meia seguinte: o Cosworth DFV de 8 cilindros em V, que abasteceria quase todos os times do grid por anos a fio, num caso único visto até hoje.
         A partir dos anos 1970, a F-1 começaria a se expandir de vez, aumentando bastante o seu número de corridas. Coincidência ou não, na época, um tal de Bernard “Bernie” Charles Ecclestone começou a cuidar da negociação de corridas na categoria, ao mesmo tempo em que comandava o time da Brabham após a saída de seu fundador Jack Brabham da categoria. A F-1 não apenas voltou à Argentina, como ganhou novas etapas em solo europeu, e na segunda metade da década, realizaria suas primeiras corridas na Ásia, em pleno Japão, a Terra do Sol Nascente, além de chegar também ao Brasil, a reboque do sucesso do brasileiro Émerson Fittipaldi, que seria bicampeão nas temporadas de 1972 e 1974, colocando nosso país no mapa do estrelado da categoria, e sendo o grande rival de Jackie Stewart, novo ídolo máximo da F-1 na época, tendo sido tricampeão mundial. A década também veria o nascimento de outro grande ícone de sua história, Niki Lauda, e experimentaria também a única coroação de título post-mortem de um piloto, com Jochen Rindt sagrado campeão de 1970, mesmo após falecer durante os treinos para o Grande Prêmio da Itália, três provas antes do encerramento da temporada.
Jackie Stewart ao volante de sua Tyrrel em Monte Carlo em 1971: vencendo a 200ª corrida da F-1 sem dar chance aos adversários.
         E, em meio a isso tudo, a F-1 chegaria à sua 200ª corrida, e no seu mais charmoso palco de todo o calendário: o GP de Mônaco, em Monte Carlo, na temporada de 1971. E coube ao maior nome da F-1 na época a honra de vencer a prova bicentenária: Jackie Stewart, com uma atuação soberba ao volante do seu Tyrrel 003, no ano em que o escocês corou seu bicampeonato mundial. Na parte técnica, a Lotus mais uma vez inovaria o conceito de projeto dos carros com o seu modelo 72, com o estilo “cunha”, com os radiadores passando a serem instalados nas laterais dos bólidos. Outra revolução foi a introdução dos motores turbos pela francesa Renault, destoando dos tradicionais motores atmosféricos utilizados pelas equipes da categoria.
         Com um maior número de provas por temporada, não foi preciso esperar pela década seguinte para a F-1 chegar a outra prova centenária em sua competição. A marca foi alcançada apenas 7 anos depois, em 1978, à altura do Grande Prêmio da África do Sul, na pista de Kyalami, com vitória sendo conquistada na última volta por parte de um dos mais prestigiados talentos dos anos 1970 que infelizmente nunca veio a ser campeão da categoria, o sueco Ronnie Peterson, dirigindo o famoso Lotus-asa, que levou seu companheiro de equipe Mario Andretti ao título naquela temporada. Petterson, aliás, foi o vice-campeão daquele ano, post morten, também tendo perdido a vida por causa de um acidente na largada do Grande Prêmio da Itália.
Ronnie Peterson assumiu a liderança na última volta para vencer a 300ª prova da F-1 em 1978, em Kyalami, África do Sul.
         A partir dos anos 1980, a Fórmula 1 começa a passar por transformações profundas. Terminam os tempos “românticos” da categoria, que até então se permitia muitas ações “amadorísticas”, mas aceitas por todos. Bernie Ecclestone, agora à frente do planejamento comercial da F-1, instituiu padrões e esquemas que aumentaram e muito o “profissionalismo” da categoria máxima do automobilismo, assim como as exigências de segurança em vários aspectos, por parte da FIA. Foi com Ecclestone que a F-1 enfim tornou-se um campeonato gigante do ponto de vista comercial, instituindo novas práticas de gestão de marketing da categoria, que passaria a ganhar rios de dinheiro como nunca havia feito antes. A “categoria máxima do automobilismo” até então era forte apenas no sentido esportivo da acepção, mas a partir da gestão de Bernie, esse adjetivo também seria aplicado à força econômica. Pior para os organizadores de Grandes Prêmios, que passaram a pagar taxas cada vez mais altas para poderem realizar uma prova de F-1. Com mais dinheiro em caixa, distribuídos aos times através da então FOCA, a Associação dos Construtores da Fórmula 1, os times também passaram a ganhar mais, e a gastar muito mais para se manterem competitivos, iniciando a explosão de custos que nunca mais parou de subir, com consequências até os dias atuais. A consequência foi o fim gradativo do sucesso de times menores e médios nas corridas, com o leque de escuderias capazes de disputar o título restringindo-se cada vez mais. Os custos começaram a ficar cada vez mais altos, começando a inviabilizar a existência de várias escuderias, num processo que foi se acentuando ao longo da década. Com o número de corridas por temporada estabilizando-se em 16, com algumas exceções, a F-1 atingiu sua prova de número 400 na temporada de 1984, apenas 6 anos depois da última corrida centenária. Desta vez, foi a vez da Europa sediar a corrida, que atingiu o 400º GP no Grande Prêmio da Áustria, no velocíssimo circuito de Zeltweg, em toda a sua extensão original.
         Era o ano do domínio da McLaren, com seu modelo MP4/2 impulsionado pelo motor Porsche patrocinado pela TAG. O carro apresentava os novos conceitos que a F-1 passaria a seguir na época: os potentes motores turbo, que haviam finalmente deixado os propulsores atmosféricos para trás, além de duas inovações concebidas por John Barnard, projetista da McLaren, que foi o chassi montado em fibra de carbono, em substituição ao alumínio usado até então pelas escuderias da categoria. A fibra de carbono era muito mais leve, e forte, e sua capacidade de absorção de choques era bem mais flexível que a dos metais empregados anteriormente, de modo que era possível construir chassis muito mais resistentes e seguros para os pilotos. Outra inovação veio no conceito do carro, que ganhou o apelido de “efeito Coca-Cola”, pelo desenho do carro se assemelhar ao design da garrafa do famoso refrigerante, otimizando o fluxo de ar para o extrator sob o eixo traseiro, recuperando o downforce perdido com a proibição do recurso do carro-asa.
No ano em que foi tricampeão, Niki Lauda venceu a 400ª prova da F-1 justamente na Áustria, sua terra natal, na veloz pista de Zeltweg.
         A eficiência do projeto foi comprovada no domínio da equipe McLaren, que venceu 12 das 16 corridas daquele ano, numa supremacia nunca antes vista na F-1 até então. E na prova austríaca, o triunfo da prova centenária veio para as mãos de Niki Lauda, na única vitória que o piloto, que conquistaria o tricampeonato ao fim daquela temporada, obteve no GP de seu país. E embora Lauda tenha ganho com mais de 20s de vantagem para o segundo colocado, o brasileiro Nélson Piquet, sua vitória não foi nada fácil, porque ele guiou boa parte da prova com problemas no câmbio, que por pouco não o fizeram abandonar. Com seu grande talento e experiência, Niki não só conseguiu manter o ritmo como evitar que o carro o deixasse na mão. E os austríacos, lógico, comemoraram muito a vitória do maior piloto que seu país já teve na F-1.
         Quis o destino que a próxima corrida centenária viesse já em 1990, e no encerramento do campeonato, no Grande Prêmio da Austrália, prova que, apesar de ser do outro lado do mundo, sempre teve um clima muito festivo pelo ambiente de fim de temporada, geralmente com a luta pelo título já decidida. A F-1 comemorava no palco do GP australiano, então no circuito de rua de Adelaide, a marca histórica de 500 corridas, e para o momento, vários ex-campeões da F-1 estavam presentes, como o ídolo local Jack Brabham, Dennis Hulme, James Hunt, Jackie Stewart, e a maior lenda da categoria até então, Juan Manuel Fangio, único pentacampeão mundial na época. Apesar da diferença de poucos anos após a 400ª corrida, a F-1 já havia mudado novamente, com a abolição dos propulsores turbo a partir de 1989, trazendo de volta os motores aspirados, muito mais simples e baratos, numa evidente tentativa de conter a escalada de custos que já preocupava a muitos na categoria, pelos efeitos negativos que poderia causar na competição. Em um primeiro momento, tal medida até funcionou, mas nos anos seguintes os custos subiriam ainda mais, inviabilizando a participação de muitas equipes pequenas. O ambiente profissional não permitia mais “aventuras” na competição, e o clima no paddock ia ficando cada vez menos afável e informal. Outra revolução na categoria foi a adoção no câmbio no volante, sistema lançado pela Ferrari em 1989, aposentando a alavanca tradicional de mudança de marchas, e que seria adotado em pouco tempo por todos os times. Outra inovação, que acabou restrita às escuderias de maiores recursos, foi a suspensão “ativa”, comandada por computadores, lançada inicialmente pela Lotus, e posteriormente pela Williams, que a desenvolveria a níveis espantosos no início dos anos 1990, antes de ser banida em nome da contenção de custos de competição, e tentativa de se equilibrar as forças do grid.
Na festa da F-1 pela 500ª corrida, com a presença de vários campeões (abaixo), o show foi de Nélson Piquet após um duelo férreo com Nigel Mansell no fim da prova.
         No âmbito esportivo, as disputas pelo título ficaram restritas a no máximo dois times por temporada, quando não havia rivais na luta. Depois do domínio de McLaren em 1984 e 1985, tivemos o domínio da Williams em 1986 e 1987, e novamente o domínio da McLaren, em 1988, 1989, e 1990.
         Ayrton Senna, recém-coroado bicampeão mundial na prova anterior, tinha tudo para vencer sem problemas o GP 500 da F-1. O brasileiro largou na pole-position, e comandou a corrida, deixando todos os rivais para trás, até ter problemas de freios em sua McLaren, que o levaram a bater e abandonar a corrida. A liderança da prova foi assumida por Nélson Piquet, que vinha fazendo uma corrida espetacular com a Benetton, tendo largado em 7º e superado todos à sua frente, com exceção do compatriota. Mas não foi um triunfo fácil: Nigel Mansell, com pneus novos em sua Ferrari, vinha babando na pista, e alcançou Piquet a 4 voltas do final, com o inglês fazendo de tudo para superar o antigo rival e colega de equipe na Williams. A fechada dada por Piquet no inglês na volta final foi de gelar o coração dos torcedores, e Nélson seguiu firme para inscrever o seu nome na relação dos vencedores de GPs centenários com os méritos que eram devidos a qualquer tricampeão mundial da F-1.
         A corrida centenária seguinte viria apenas em 1997, e nesse intervalo, a F-1 passou por um verdadeiro abalo nunca antes imaginado. Depois de mais de uma década sem acidentes fatais num fim de semana de GP, a prova de Ímola em 1994 viu a perda do então novado Roland Ratzemberger, e do maior ídolo da categoria no momento, Ayrton Senna. Isso desencadeou um vendaval no regulamento técnico da F-1, priorizando a segurança de carros e circuitos, que foram levados a um nível muito mais elevado do que jamais haviam sido. De certa forma, a temporada de 1994 serviu como um rompimento de gerações: saíam os ídolos dos anos 1980, e entravam em cena os novos talentos dos anos 1990. A F-1 havia perdido Alain Prost, já tetracampeão mundial em 1993, tendo se aposentado da categoria, e Ayrton Senna de forma trágica. E viu surgir a partir dali o novo gênio da categoria máxima do automobilismo: o alemão Michael Schumacher, que tendo conquistado as temporadas de 1994 e 1995, viria a se tornar, na década seguinte, o maior piloto da F-1 de todos os tempos.
         Antes disso, porém, a F-1 disputou sua 600ª corrida no Grande Prêmio da Argentina de 1997, em uma corrida que foi dominada por Jacques Villeneuve, filho do lendário piloto Gilles Villeneuve, morto tragicamente em 1982. Embora não fosse considerado tão arrojado e carismático quanto seu pai, Jacques conseguiu ser campeão, um objetivo que seu pai não teve a chance de alcançar, tendo morrido prematuramente em um acidente na pista de Zolder. O ano de 1997 foi a consagração de Jacques, que levou a Williams a mais um título, que seria o último da equipe inglesa, que à época era a grande força do grid da F-1.
Jacques Villeneuve dominou o GP da Argentina de 1997 para vencer outra prova centenária na F-1. Era a 600ª prova da categoria.
         A década de 1990 também marcou o fim de quatro nomes tradicionais na história da F-1: Brabham, Lotus, Ligier, e Tyrrel. As duas primeiras escuderias, vitoriosas em tempos já distantes, faliram depois de várias temporadas sem resultados de monta. A Ligier, outro time que teve sua época vencedora, foi comprada por Alain Prost, que a renomeou com seu sobrenome, mas que durou pouco tempo. Destino que também foi o da Tyrrel, já distante de seus tempos de glória, adquirida pela British Tobbaco, para dar origem à nova escuderia BAR. Impactou também a FIA restringir a entrada de participantes na F-1, limitando a 12 escuderias participantes, de forma a tornar a categoria mais elitista do que já era, acabando de vez com a participação de times pequenos ou financeiramente fracos. Para muitos, uma tentativa de “dourar” a categoria que até funcionou inicialmente, mas depois virou um verdadeiro tiro pela culatra, sem que se pudesse reverter o estrago.
         A F-1 entrou no novo século comemorando seu poderio e atratividade comercial, com participantes de peso incontestável das indústrias automobilísticas globais. Houve o retorno oficial da Honda, BMW, e Renault, além do ingresso da Toyota e da Ford, juntando-se a Mercedes e Ferrari. Mas nem tudo eram flores: o aumento exponencial dos custos de competição, causados pela entrada dos fabricantes, tornou-se tão alto que a categoria nunca mais voltou a exibir um grid de 26 carros, não atingindo nem mesmo o novo limite regulamentar de 12 times. Grupos com potencial para participar da F-1 avaliaram que não valia a pena competir, diante dos gastos absurdos que a competição havia atingido, com a necessidade de fábricas para as escuderias com estruturas nunca vistas até então, exigindo uma transformação completa por parte dos que já estavam comprometidos na categoria.
         Mas o clima ainda era de euforia quando a F-1 chegou à sua 700ª corrida, que por honra, acabou sendo justamente o Grande Prêmio do Brasil de 2003. E foi uma corrida bem complicada, devido à chuva que desabou sobre Interlagos naquele dia, derrubando alguns favoritos, e embaralhando as opções da prova. Perto do final, o forte acidente de Mark Webber, com sobras para Fernando Alonso, acabou motivando o encerramento da prova devido aos destroços de carros na pista. Por erro na interpretação das regras, a vitória foi atribuída a Kimi Raikkonem, sendo depois corrigida após verificarem que Giancarlo Fisichella havia assumido a liderança pouco antes do acidente. O piloto italiano só receberia o troféu de vencedor da prova na etapa seguinte, naquela que foi a última vitória da Jordan na F-1. A escuderia seria uma vítima da escalada de custos da competição, sendo vendida pouco tempo depois, e encerrando uma bela história de participação de quase uma década e meia.
Giancarlo Fisichella sobreviveu às confusões e armadilhas do GP do Brasil para vencer a 700ª prova da F-1, e dar a Eddie Jordan seu último triunfo na categoria.
         Outro nome de um importante grupo empresarial que resolveu marcar território de vez na F-1 foi a Red Bull. A empresa de bebidas energéticas já patrocinava times como a Sauber havia vários anos, mas resolveu tentar a sorte como dona de equipe na categoria, comprando o time da Jaguar, quando a Ford cansou da brincadeira extremamente cara e sem resultados que a F-1 havia se tornado. A empresa de bebidas também acabou adquirindo a Minardi, tornando-se assim dona de duas escuderias no grid.
         Na pista, Michael Schumacher tirou a Ferrari de um jejum de títulos que durava mais de vinte anos, estabelecendo um domínio arrasador na categoria entre 2000 e 2004, conquistando mais 5 títulos, e tornando-se o maior vencedor de toda a história da F-1, com 7 títulos. Em 2005, surgiu outro grande nome da categoria no rol dos pilotos campeões, o espanhol Fernando Alonso, que faturaria as temporadas de 2005 e 2006, sendo considerado o “sucessor” de Schumacher. Mas quem haveria mesmo de ser eleito o novo às da F-1 seria um atrevido novato que ganhou notoriedade inicial por ser o primeiro piloto negro da história da categoria máxima do automobilismo: Lewis Hamilton. O inglês estreou pela McLaren em 2007, e causou furor por bater de frente com seu parceiro de time Fernando Alonso, e quase vencer o seu campeonato de estréia, perdendo o título por apenas um ponto. O título da temporada acabou com Kimi Raikkonem, justamente por causa da disputa interna entre a dupla da McLaren, em um ano onde o grande destaque acabou sendo o escândalo de espionagem feito por integrantes de Ferrari e McLaren, com esta a ter tido acesso a segredos de projeto da rival italiana, o que levou a escuderia de Woking a quase ser expulsa da F-1.
         E, como desgraça pouca é bobagem, o 800º GP da categoria também não escaparia de outra história vergonhosa. A prova centenária aconteceria em Cingapura, etapa em pista de rua que havia sido incluída na competição, com o grande diferencial de ser disputada inteiramente à noite. Tudo parecia decorrer normalmente na competição, até que Nelsinho Piquet acidentou-se com sua Renault, e foi preciso a intervenção do Safety Car. O companheiro de equipe de Piquet, Fernando Alonso, havia feito sua parada de box um pouco antes, e assumiu a liderança quando os demais foram para suas paradas, e com isso, acabou vencendo a corrida. Mas no ano seguinte, veio à tona a verdade: a batida do brasileiro foi proposital, a mando de Flavio Briatore e com cumplicidade de Pat Symonds, para favorecer justamente Alonso, e alça-lo para a liderança da prova, onde poderia vencer a corrida. Nélson Piquet denunciou a tramoia perpetrada por Briatore e Symonds, em troca de salvo-conduto para Nelsinho, que mesmo assim, nunca mais teve chance de voltar à F-1. Briatore e Symonds foram expulsos da categoria, e ficaram na “geladeira” por alguns anos, enquanto a Renault levou uma bela multa também. Alonso, o grande beneficiado, sempre alegou ignorar o esquema, e passou ileso pelo episódio.
Fernando Alonso pode ter comemorado sua vitória na prova 800 da F-1 (acima), mas a corrida foi palco da escandalosa batida premeditada de seu companheiro Nelsinho Piquet (abaixo), orquestrada pela direção da equipe Renault para favorecer o espanhol.
         Para a F-1, não seriam as únicas notícias ruins do ano: com a crise econômica mundial, Toyota e Honda resolveram largar a categoria, que só não perdeu dois times em uma tacada só porque Ross Brawn assumiu o time da Honda com apoio dos japoneses para a temporada de 2009. A Toyota, contudo, pulou fora, depois de gastar os tubos e não conseguir os resultados esperados. Os altos custos de competição fariam nova vítima no ano seguinte, com a BMW a também sair da categoria, devolvendo o time a seu antigo proprietário, Peter Sauber. Para tentar baixar os custos, estabeleceu-se uma proibição de testes durante a temporada, medida que até funcionou de início, mas que nos anos seguintes deixaria de ser eficaz.
         O 900º Grande Prêmio da F-1 viria em 2014, de novo apenas 6 anos após a última corrida centenária. O Mundial havia ganho mais algumas etapas durante a primeira década do novo século XXI, mas a partir de 2010, o campeonato nunca teria menos que 19 provas, chegando ao limite de 21 a partir de 2016. O nova corrida centenária seria no GP do Bahrein, nova fronteira aberta por Bernie Ecclestone, que levou a F-1 ao Oriente Médio. No mesmo ano, a categoria trouxe de volta os motores turbo, agora unidos a sistemas de recuperação de energia, tornando-se sistemas híbridos, e adotando o nome de unidades de potência, apresentando um novo desafio aos fabricantes estabelecidos.
         E se o GP 800 foi manchado pelo escândalo da batida premeditada de Nelsinho Piquet, a prova 900 apresentou um grande show de disputa na pista barenita, cuja prova passou a ser disputada à noite. A Mercedes, nova força dominante na categoria, exibiu um grande show com sua dupla de pilotos, Lewis Hamilton e Nico Rosberg, a duelarem incansavelmente pela vitória na corrida. Rosberg havia feito a pole, mas quem recebeu a bandeirada quadriculada primeiro foi Hamilton, que ao fim daquele ano conquistaria o bicampeonato, iniciando uma era de supremacia do time alemão que perdura até hoje.
A última corrida centenária foi no GP do Bahrein de 2014, que assistiu a um grande duelo entre os pilotos da Mercedes, Lewis Hamilton e Nico Rosberg (abaixo). Hamilton venceu a parada e levou o troféu de vencedor da corrida.
         Esta última década foi marcada pela tentativa de se aumentar novamente o número de participantes da F-1. Max Mosley, presidente da FIA, contudo, errou a mão na hora de impor as novas regras, e os novos times escolhidos para alinhar no grid obedeceram mais a critérios políticos do que técnicos. O resultado foi que os três novos times participantes, por mais que se esforçassem, pareciam pertencer a outra categoria que não a F-1, tal o déficit de performance para os demais carros do grid. Hispania, Virgin, e Catheram desapareceram em pouco tempo, tragadas pelos altos custos de competição, e sem exibirem resultados práticos. Foi uma década marcada por dois momentos de domínio. De 2010 a 2013, ainda utilizando motores aspirados, a Red Bull tornou-se a nova força da F-1, com Sebastian Vettel a obter um tetracampeonato nestes anos, deixando todos os demais pilotos comendo poeira, fruto de seu talento, e do gênio de Adrian Newey, o projetista com o currículo mais vitorioso na história da F-1, tendo concebido carros campeões na Williams e McLaren, antes de se unir ao time das bebidas energéticas.
         Com a adoção dos novos propulsores e sistemas híbridos, porém, o equilíbrio de forças se alterou, e a Mercedes, possuidora da melhor e mais potente unidade da categoria, se impôs sobre todos, aliada um carro muito bem projetado, que de 2014 a 2016 não teve rivais em pista, colecionando os títulos de pilotos e construtores com relativa facilidade. Só em 2017 e 2018 a competição ficou mais acirrada, com a Ferrari a incomodar bastante, mas não o suficiente para fazer o time alemão perder a parada.
         Nestas 69 temporadas já disputadas, pode-se dizer que a Formula 1 já viu de tudo. Ela atingiu um status de alcance mundial impensável a partir dos anos 1980, tornando-se praticamente o principal e mais visado campeonato de competição automobilística do mundo. O certame passou a ser o terceiro maior evento esportivo do mundo, atrás apenas das Olimpíadas, e da Copa do Mundo, mas sem perder a pose, como se aferia nas palavras de Bernie Ecclestone, o principal responsável pelo sucesso econômico da F-1, e o seu gigantismo atual, de que a F-1 ocorria todos os anos, e não apenas de quatro em quatro anos, numa indireta aos dois maiores torneios esportivos do planeta.
         Tal gigantismo também teve seu custo, ao abolir praticamente as oportunidades de times menores conseguirem competir nos dias atuais como conseguiam fazer nos velhos tempos. A competição na F-1 nunca foi fácil, é verdade, mas o fosso estabelecido nos últimos anos entre os times já presentes, e aqueles que tentaram competir se mostrou completamente intransponível. E não apenas na estrutura necessária para se poder competir, mas nos custos de competição propriamente ditos. Isso afastou muitos patrocinadores e empresas com interesses potenciais de participar da categoria, pela relação custo-benefício ter se tornado extremamente desvantajosa. Nomes de porte como BMW, Toyota, Yamaha, Peugeot, Lamborghini, Ford, e Porsche lá estiveram presentes e saíram, para nunca mais voltarem até hoje, e sem intenção de fazê-lo também. E ainda temos o exemplo da Volkswagen e da Audi, que nunca tiveram interesse em entrar na disputa. Muitas preferem investir em outras competições, com ambientes menos politizados, e regulamentos técnicos mais flexíveis, além de custos de participação menores, sendo um deles a Formula-E, categoria de competição de carros monopostos totalmente elétricos, que já atrai o interesse de mais fabricantes que a F-1 atualmente.
         Não é de hoje que muitos afirmam que a F-1 caminha para um futuro incerto, devido aos altos custos de competição, além da incerteza que ronda sobre o seu futuro próximo a partir de 2021, quando o Liberty Media, novo proprietário da categoria desde 2017, poderá moldar a competição em novas bases, visando garantir a sua viabilidade tanto econômica quanto esportiva.
         A F-1 chega à sua milésima corrida enfrentando o desafio de renovar seu público, que foi se afastando nos últimos anos devido a vários fatores, entre eles a falta de maior equilíbrio e disputas na pista, restritas muitas vezes a apenas dois pilotos, quando não da mesma escuderia, o ambiente excessivamente asséptico da categoria, cheio de declarações politicamente corretas, e com os pilotos muitas vezes não podendo se expressar com liberdade, sendo sempre orientados por assessores de imprensa, além de ordens de equipe que muitas vezes são vistas com revolta por vários torcedores, por impedir duelos na pista. Com outras formas de entretenimento disponíveis, e para muitos mais interessantes, a Fórmula 1 precisa mais do que nunca mostrar que pode oferecer o espetáculo que se exige dela, um desafio difícil de ser vencido quando os times defendem a ferro e fogo suas posições, procurando sempre manter seu status quo.
         Ao longo de sua longa gestão à frente da F-1, Bernie Ecclestone fez muito para ampliar os horizontes da categoria, levando-as para vários lugares do mundo, mas também sempre procurando resguardar seu poder de decisão, e evitando que os times desenvolvessem interesses em comum que pudessem desafiar sua autoridade. Muitos anos desta prática criaram uma desunião entre as escuderias, que é difícil de ser vencida atualmente, uma vez que as equipes não apenas defendem suas posições, mas também as das fábricas por trás delas, consequência do aporte dado às grandes montadoras que estão presentes na categoria, que ganharam muita importância a partir dos anos 2000, quando Ecclestone e a FIA praticamente inviabilizaram a existência dos times “menores” para garantir que todas as escuderias presentes na competição representassem fábricas importantes, eliminando a figura dos times “independentes”.
         Como novo proprietário do campeonato de F-1 desde o início de 2017, o Liberty Media tenta, aos poucos, reverter parte deste ambiente excessivamente politizado que tomou conta da categoria, contribuindo também para deixar o ambiente mais relaxado e aberto para o público, passando a atuar também com maior vigor na internet e nas redes sociais, terreno defenestrado na gestão de Ecclestone. Há muito a se fazer ainda, mas deve-se manter o foco em resgatar a atratividade da categoria, para que esta possa continuar se mantendo firme e forte, e idolatrada por muitos amantes do esporte a motor. Se irão ser bem-sucedidos, só o tempo dirá, para que a F-1 possa continuar disputando suas provas centenárias por muitos e muitos anos no futuro. Com sorte, ela poderá ter muito a comemorar por volta de 2023, quando possa alcançar o seu 1.100º Grande Prêmio, se for bem sucedida neste objetivo.
         E a F-1 chegará algum dia a seu 2.000º GP? Fizeram essa pergunta por ocasião do 500º Grande Prêmio, lá atrás, em 1990. E, como podem ver, cá estamos nós para vermos o milésimo GP ser realizado, enfim. A Fórmula 1 encerrará a temporada atual, com a prova de Abu Dhabi deste ano sendo o seu GP de número 1.018, iniciando a jornada rumo ao duomilésimo Grande Prêmio, que será realizado, com alguma sorte, dentro dos próximos 50 anos. A F-1 ainda estará por aqui até lá? Quem viver, verá...

TODOS OS MIL GRANDES PRÊMIOS DA HISTÓRIA DA FÓRMULA 1

Abaixo segue a relação de todos os Grandes Prêmios realizados até hoje, por temporada na F-1. Os GPs centenários estão marcados em negrito, na relação dos anos de suas realizações.

ANO
Nº DE GPs
PROVAS
1950
07
Grã-Bretanha, Mônaco, 500 Milhas de Indianápolis, Suíça, Bélgica, França, Itália
1951
08
Suíça, 500 Milhas de Indianápolis, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Espanha
1952
08
Suíça, 500 Milhas de Indianápolis, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda, Itália
1953
09
Argentina, 500 Milhas de Indianápolis, Holanda, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Suíça, Itália
1954
09
Argentina, 500 Milhas de Indianápolis, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Suíça, Itália, Espanha
1955
07
Argentina, Mônaco, 500 Milhas de Indianápolis, Bélgica, Holanda, Grã-Bretanha, Itália
1956
08
Argentina, Mônaco, 500 Milhas de Indianápolis, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália
1957
08
Argentina, Mônaco, 500 Milhas de Indianápolis, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Pescara, Itália
1958
11
Argentina, Mônaco, Holanda, 500 Milhas de Indianápolis, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Portugal, Itália, Marrocos
1959
09
Mônaco, 500 Milhas de Indianápolis, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Portugal, Itália, Estados Unidos
1960
10
Argentina, Mônaco, 500 Milhas de Indianápolis, Holanda, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Portugal, Itália, Estados Unidos
1961
08
Mônaco, Holanda, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Estados Unidos
1962
09
Holanda, Mônaco, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Estados Unidos, África do Sul
1963
10
Mônaco, Bélgica, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Estados Unidos, México, África do Sul
1964
10
Mônaco, Holanda, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Itália, Estados Unidos, México
1965
10
África do Sul, Mônaco, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Holanda, Alemanha, Itália, Estados Unidos, México
1966
09
Mônaco, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Holanda, Alemanha, Itália, Estados Unidos, México
1967
11
África do Sul, Mônaco, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Canadá, Itália, Estados Unidos, México
1968
12
África do Sul, Espanha, Mônaco, Bélgica, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Canadá, Estados Unidos, México
1969
11
África do Sul, Espanha, Mônaco, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Canadá, Estados Unidos, México
1970
13
África do Sul, Espanha, Mônaco, Bélgica, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Itália, Canadá, Estados Unidos, México
1971
11
África do Sul, Espanha, Mônaco, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Itália, Canadá, Estados Unidos
1972
12
Argentina, África do Sul, Espanha, Mônaco, Bélgica, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Itália, Canadá, Estados Unidos
1973
15
Argentina, Brasil, África do Sul, Espanha, Bélgica, Mônaco, Suécia, França, Grã-Bretanha, Holanda, Alemanha, Áustria, Itália, Canadá, Estados Unidos
1974
15
Argentina, Brasil, África do Sul, Espanha, Bélgica, Mônaco, Suécia, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Itália, Canadá, Estados Unidos
1975
14
Argentina, Brasil, África do Sul, Espanha, Mônaco, Bélgica, Suécia, Holanda, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Itália, Estados Unidos
1976
16
Brasil, África do Sul, Estados Unidos-Oeste, Espanha, Bélgica, Mônaco, Suécia, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Canadá, Estados Unidos-Leste, Japão
1977
17
Argentina, Brasil, África do Sul, Estados Unidos-Oeste, Espanha, Mônaco, Bélgica, Suécia, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Estados Unidos-Leste, Canadá, Japão
1978
16
Argentina, Brasil, África do Sul, Estados Unidos-Oeste, Mônaco, Bélgica, Espanha, Suécia, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Estados Unidos-Leste, Canadá
1979
15
Argentina, Brasil, África do Sul, Estados Unidos-Oeste, Espanha, Bélgica, Mônaco, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Canadá, Estados Unidos-Leste
1980
14
Argentina, Brasil, África do Sul, Estados Unidos-Oeste, Bélgica, Mônaco, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Canadá, Estados Unidos-Leste
1981
15
Estados Unidos-Oeste, Brasil, Argentina, San Marino, Bélgica, Mônaco, Espanha, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Canadá, Las Vegas (EUA)
1982
16
África do Sul, Brasil, Estados Unidos-Oeste, San Marino, Bélgica, Mônaco, Estados Unidos-Leste, Canadá, Holanda, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Áustria, Suíça, Itália, Las Vegas (EUA)
1983
15
Brasil, Estados Unidos-Oeste, França, San Marino, Mônaco, Bélgica, Estados Unidos-Leste, Canadá, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Europa, África do Sul
1984
16
Brasil, África do Sul, Bélgica, San Marino, França, Mônaco, Canadá, Estados Unidos-Leste, Dallas (EUA), Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Europa, Portugal
1985
16
Brasil, Portugal, San Marino, Mônaco, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Áustria, Holanda, Itália, Bélgica, Europa, África do Sul, Austrália
1986
16
Brasil, Espanha, San Marino, Mônaco, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Áustria, Itália, Portugal, México, Austrália
1987
16
Brasil, San Marino, Bélgica, Mônaco, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Áustria, Itália, Portugal, Espanha, México, Japão, Austrália
1988
16
Brasil, San Marino, Mônaco, México, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Espanha, Japão, Austrália
1989
16
Brasil, San Marino, Mônaco, México, Estados Unidos, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Espanha, Japão, Austrália
1990
16
Estados Unidos, Brasil, San Marino, Mônaco, Canadá, México, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Espanha, Japão, Austrália
1991
16
Estados Unidos, Brasil, San Marino, Mônaco, Canadá, México, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Espanha, Japão, Austrália
1992
16
África do Sul, México, Brasil, Espanha, San Marino, Mônaco, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Japão, Austrália
1993
16
África do Sul, Brasil, Europa, San Marino, Espanha, Mônaco, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Japão, Austrália
1994
16
Brasil, Pacífico, San Marino, Mônaco, Espanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Europa, Japão, Austrália
1995
17
Brasil, Argentina, San Marino, Espanha, Mônaco, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Europa, Pacífico, Japão, Austrália
1996
16
Austrália, Brasil, Argentina, Europa, San Marino, Mônaco, Espanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Portugal, Japão
1997
17
Austrália, Brasil, Argentina, San Marino, Mônaco, Espanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Áustria, Luxemburgo, Japão, Europa
1998
16
Austrália, Brasil, Argentina, San Marino, Espanha, Mônaco, Canadá, França, Grã-Bretanha, Áustria, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Luxemburgo, Japão
1999
16
Austrália, Brasil, San Marino, Mônaco, Espanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, Áustria, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Europa, Malásia, Japão
2000
17
Austrália, Brasil, San Marino, Grã-Bretanha, Espanha, Europa, Mônaco, Canadá, França, Áustria, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Estados Unidos, Japão, Malásia
2001
17
Austrália, Malásia, Brasil, San Marino, Espanha, Áustria, Mônaco, Canadá, Europa, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Estados Unidos, Japão
2002
17
Austrália, Malásia, Brasil, San Marino, Espanha, Áustria, Mônaco, Canadá, Europa, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Estados Unidos, Japão
2003
16
Austrália, Malásia, Brasil, San Marino, Espanha, Áustria, Mônaco, Canadá, Europa, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Itália, Estados Unidos, Japão
2004
18
Austrália, Malásia, Bahrein, San Marino, Espanha, Mônaco, Europa, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, China, Japão, Brasil
2005
19
Austrália, Malásia, Bahrein, San Marino, Espanha, Mônaco, Europa, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Turquia, Itália, Bélgica, Brasil, Japão, China
2006
18
Bahrein, Malásia, Austrália, San Marino, Europa, Espanha, Mônaco, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Turquia, Itália, China, Japão, Brasil
2007
17
Austrália, Malásia, Bahrein, Espanha, Mônaco, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Europa, Hungria, Turquia, Itália, Bélgica, Japão, China, Brasil
2008
18
Austrália, Malásia, Bahrein, Espanha, Turquia, Mônaco, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Europa, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, China, Brasil
2009
17
Austrália, Malásia, China, Bahrein, Espanha, Mônaco, Turquia, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Europa, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Brasil, Abu Dhabi
2010
19
Bahrein, Austrália, Malásia, China, Espanha, Mônaco, Turquia, Canadá, Europa, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Coréia do Sul, Brasil, Abu Dhabi
2011
19
Austrália, Malásia, China, Espanha, Turquia, Mônaco, Canadá, Europa, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Coréia do Sul, Índia, Abu Dhabi, Brasil
2012
20
Austrália, Malásia, China, Bahrein, Espanha, Mônaco, Canadá, Europa, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Coréia do Sul, Índia, Abu Dhabi, Estados Unidos, Brasil
2013
19
Austrália, Malásia, China, Bahrein, Espanha, Mônaco, Canadá, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Coréia do Sul, Índia, Abu Dhabi, Estados Unidos, Brasil
2014
19
Austrália, Malásia, Bahrein, China, Espanha, Mônaco, Canadá, Áustria, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Rússia, Estados Unidos, Brasil, Abu Dhabi
2015
19
Austrália, Malásia, China, Bahrein, Espanha, Mônaco, Canadá, Áustria, Grã-Bretanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Japão, Rússia, Estados Unidos, México, Brasil, Abu Dhabi
2016
21
Austrália, Bahrein, China, Rússia, Espanha, Mônaco, Canadá, Europa, Áustria, Grã-Bretanha, Hungria, Alemanha, Bélgica, Itália, Cingapura, Malásia, Japão, Estados Unidos, México, Brasil, Abu Dhabi
2017
20
Austrália, China, Bahrein, Rússia, Espanha, Mônaco, Canadá, Azerbaijão, Áustria, Grã-Bretanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Malásia, Japão, Estados Unidos, México, Brasil, Abu Dhabi
2018
21
Austrália, Bahrein, China, Azerbaijão, Espanha, Mônaco, Canadá, França, Áustria, Grã-Bretanha, Alemanha, Hungria, Bélgica, Itália, Cingapura, Rússia, Japão, Estados Unidos, México, Brasil, Abu Dhabi
2019
21*
Austrália, Bahrein, China

(*) = Número de provas da temporada inteira de 2019.

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