Último vencedor das 24 Horas de Daytona, em 2018, Christian Fittipaldi faz sua despedida como piloto na edição 2019 da corrida. |
Neste sábado, temos o
início do campeonato da IMSA Wheater Tech Sportscar Championship, com a disputa
das 24 Horas de Daytona, a prova de Endurance mais famosa do mundo depois das
24 Horas de Le Mans. Na prova, nada menos do que 12 pilotos brasileiros estarão
no grid para tentar garantir mais um triunfo de um piloto brasileiro na
corrida, e um deles terá um motivo muito especial para buscar a vitória:
Christian Fittipaldi despede-se como piloto de corridas profissional após a
bandeirada de domingo. Aos 48 anos, o sobrinho do bicampeão de F-1 Émerson
Fittipaldi decidiu que é hora de pendurar o capacete. E, dono de três triunfos
em Daytona, o último deles no ano passado, Christian quer se despedir com uma 4ª
vitória na mais tradicional corrida de longa duração dos Estados Unidos. Caso
consiga o feito, estará ao lado dos pilotos com a segunda maior marca de
vitórias na corrida. Não terá chance de igualar-se aos maiores vencedores de
Daytona, Hurley Haiwood e Scott Pruett, com 5 triunfos, mas não dá para ter
tudo.
E Christian não tem do
que reclamar nos últimos anos. É bicampeão do IMSA Weather Tech Sportscar, onde
estreou em 2014, tendo sido campeão naquele ano com a Action Express, repetindo
a dose no ano seguinte. Em 2016, foi vice-campeão, e em 2017, terminou em 3º
lugar. Mas Christian não largará as pistas: seguirá como membro da equipe
Action Express, mas na direção esportiva do time, onde já atua desde o ano
passado, tendo começado sua despedida das pistas em2018, quando já não
participou de todo o certame do IMSA Wheater Tech.
É o fim de uma
carreira de 38 anos de competição, iniciada em 1981, no kart, aos 10 anos.
Filho de Wilson Fittipaldi Jr., Christian desde cedo respirava competição,
vendo as atividades do pai no comando da Copersucar, e vendo o tio Émerson ao
volante. Depois de 6 temporadas no kart, era a hora de partir para os
monopostos, e Christian foi vice-campeão da F-Ford brasileira em 1988, aos 17
anos. Em 1989, disputou a F-3 brasileira, conquistando o título. Em 1990, foi
campeão da F-3 Sul-Americana, tendo sido, na época, o mais jovem piloto a
conquistar a Superlicença, documento para pilotar na F-1. No mesmo ano, ainda
foi o 4º colocado na F-3 Inglesa, o mais prestigiado torneio de F-3 do mundo.
No ano seguinte, seria campeão da F-3000, categoria logo abaixo daF-1, batendo
ninguém menos do que o italiano Alessandro Zanardi na luta pelo título. O
caminho para a F-1 estava pavimentado.
O início nos monopostos foi na F-Ford Brasileira (acima). Depois de ser campeão na F-3 Brasileira e Sul-Americana, foi campeão na F-3000 (abaixo) garantindo sua entrada na F-1. |
Com o crescimento da
F-Indy, e com o sucesso que o tio Émerson fazia por lá, tendo sido campeão, e
vencido por duas vezes as 500 Milhas de Indianápolis, Christian rumou para os
Estados Unidos, onde encontrou melhores oportunidades de competição, e
inclusive, conquistando um excelente 2º lugar na Indy500. Com 54 pontos, ele
terminou o ano de estréia em 15º lugar, e só não foi eleito o “rokkie do ano”
porque acabou superado por Gil de Ferran na última corrida, em Laguna Seca,
vencendo a corrida e passando à sua frente na classificação. Mas isso pouco
importava: o talento do jovem Fittipaldi já havia sido reconhecido, e na
temporada seguinte, ele defenderia a Newmann-Hass, um dos times de ponta da categoria,
onde teria todas as condições para brilhar, e repetir a trilha de sucesso do
tio Émerson.
Em 1995, a estréia na F-Indy, e conseguindo um 2º lugar nas 500 Milhas de Indianápolis. |
Só que as coisas não
correram tão bem como o esperado. Sua temporada de estréia na Newmann-Hass foi
muito boa, e ele terminou o ano de 1996 em 5º lugar, com 110 pontos. Seu
companheiro de equipe, Michael Andretti, campeão da categoria em 1991, foi o
vice-campeão, com 132 pontos. O único ponto negativo foi não ter conseguido
vencer nenhuma corrida, enquanto Michael venceu 5 provas. Mas mostrou
consistência e regularidade, características importantes na categoria
estadunidense. Mas em 1997, um violento acidente em Surfer’s Paradise arruinou
a temporada de Christian, que acabou quebrando as pernas, e ficando fora de 6
corridas. E, ainda por cima, quando retornou, não estava na melhor condição,
além de ter enfrentado vários outros problemas menores. Foi uma temporada para
esquecer. E em 1998, a situação não melhorou muito, e Christian ainda sofreu
outro forte acidente, em Milwaukee, que ajudou a complicar novamente a
temporada.
Em 1999, as coisas
melhoraram, e Christian enfim obteve sua primeira vitória na competição, ao
vencer a etapa de Road America, e marcou sua primeira pole, na etapa do Rio de
Janeiro. Mas, novamente, outro acidente acabou deixando-o de fora de algumas
corridas. Terminou o ano em 7º, com 121 pontos, 30 a menos que o parceiro
Michael Andretti, o 4º colocado. No ano 2000, veio sua segunda vitória, nas 500
Milhas de Fontana, última prova da temporada. Foi o 12º colocado, com 96
pontos. A temporada de 2001 não foi boa: enquanto Cristiano da Matta, seu novo
companheiro de equipe, vencia corridas e até ansiava disputar o título,
Christian foi apenas o 15º colocado, sem vencer nenhuma corrida, e tendo apenas
um pódio no ano. O ano seguinte seria melhor, com o brasileiro terminando a
temporada em 5º lugar, mas sem vencer, enquanto Cristiano foi campeão da
temporada, com 7 vitórias. Christian, enfim, viu que era hora de procurar novos
ares. Sua participação na categoria terminaria com 135 corridas em 8 temporadas,
com 2 vitórias e uma pole, além de 20 pódios.
Nos anos seguintes,
Christian perambulou pelo mundo do automobilismo. Em 2002, já havia disputado
algumas provas da Nascar, a Stock Car dos Estados Unidos, mas foi marcar
presença mesmo nas 24 Horas de Daytona, onde foi vencedor pela primeira vez em
2004, em sua segunda participação na prova. Correu no campeonato da A1GP, e em
algumas temporadas da Stock Car aqui no Brasil, além de estar presente em
Daytona desde 2003. Participou também de algumas edições das 24 Horas de Le
Mans, e do campeonato da American Le Mans Series. Voltaria a vencer as 24 Horas
de Daytona em 2014, e no ano passado, além de terminar a prova em 2º lugar em
2015 e 2017.
Em sete temporadas competindo pela Newmann-Hass, alguns acidentes graves, vários azares, e poucas vitórias, apesar de alguns bons campeonatos. |
Para muitos torcedores
brasileiros, contudo, o fato de não ter tido melhores resultados na F-1 o
colocam no lugar comum dos “fracassados” na categoria máxima do automobilismo.
Infelizmente, apesar de mostrar talento com algumas performances com os carros
pouco competitivos que teve à disposição, as opções em times melhores nunca se
abriram para ele, apesar do sobrenome famoso. Quando optou por se transferir
para a F-Indy em 1995, suas melhores opções na F-1 seria continuar na equipe
Arrows, ou ir para a Tyrrel, e ainda por cima, tendo de levar patrocínio. E
tanto uma equipe quanto a outra não permitiriam resultados melhores do que ele
já havia conseguido até ali. Então, seus números se resumiram a 40 GPs, e 12
pontos marcados. E correr na F-Indy, na época, era muito mais promissor, com
melhores oportunidades e condições de competição.
Mas, novamente, muitos
torcedores também manifestaram desapontamento pelo fato de Christian não ter
conseguido deslanchar na F-Indy. Mas as temporadas de 1997 e 1998 foram ruins,
e o piloto teve muitos problemas nestes dois anos. E mesmo quando tudo correu
melhor, ainda assim ele ficou devendo, na opinião de muitos, ainda que tenha
andado bem, como em 1996 e 1999. Mas, talvez a pior comparação tenha sido em
2002, quando ele foi totalmente eclipsado pelo compatriota Cristiano da Matta, que
foi campeão até com algumas sobras, enquanto ele não conseguiu se destacar. E
com Gil de Ferran tendo sido bicampeão da F-Indy, e tendo também Hélio Castro
Neves vencendo corridas, a imagem de Christian perante a torcida brasileira já
não era mais a mesma. Até Roberto Moreno, que em 2000 e 2001 conseguiu correr
com um time competitivo, e vencer algumas corridas, parecia ter melhor
performance.
Não foram momentos
fáceis. Felizmente, ele se reencontrou no Endurance dos Estados Unidos, com a
vitória nas 24 Horas de Daytona de 2004 mostrando o caminho que ele daria à sua
carreira a partir de então, mesmo que tenha andado por vários outros
campeonatos, até se dedicar exclusivamente ao novo IMSA Wheater Tech nos
últimos anos. Missão mais do que cumprida, ele decidiu que era hora de parar, e
encerrar uma carreira que, se não foi tudo o que ele aspirava, também não lhe
deu arrependimentos, tendo tido a sorte de pilotar carros dos mais diversos
tipos e de vários campeonatos diferentes, honrando o sobrenome Fittipaldi, que
segue firme no mundo do esporte a motor, agora com Pietro e Enzo representando
a mais nova geração dos Fittipaldi nas pistas. Uma pena que alguns campeonatos,
como o IMSA, sejam tão pouco divulgados aqui no Brasil, de modo que muitos fãs
da velocidade até ignoram as conquistas de Christian no endurance
norte-americano, concentrando unicamente nas provas da Indycar. Não fosse isso,
com certeza os feitos de Christian seria muito mais reconhecidos pelos
torcedores nacionais, com uma maior exposição de sua carreira nos últimos 16
anos.
Uma carreira que deve
ser respeitada, e honrada, por aqueles que sabem torcer de verdade pelas
corridas. Valeu por tudo, Christian. E que tenha a melhor das despedidas
possíveis neste domingo em Daytona. Você mais do que mereceu as vitórias e
títulos que obteve.
Para os fãs da velocidade, o
canal pago Fox Sports 2 transmitirá parte das 24h de Daytona neste fim de
semana. No sábado, a transmissão começará após a exibição do ePrix de Santiago
da F-E, a partir de 18h30, até por volta das 21h30, com narração de Rodrigo
Mattar e Edgard Mello Filho nas análises e comentários. No domingo, a transmissão
começará a partir das 15h30, indo até a bandeira quadriculada, com narração de
Tiago Alves, e Rodrigo Mattar agora nos comentários e análises. O Brasil terá
12 pilotos na corrida este ano. Confiram nossos representantes: Christian
Fittipaldi (Action Express), classe Protótipos DPi; Felipe Nasr (Action
Express), classe Protótipos DPi; Pipo Derani (Action Express), classe
Protótipos DPi; Hélio Castro Neves (Penske), classe Protótipos DPi; Rubens
Barrichello (Jdc-Miller Motorsports), classe Protótipos DPi; Augusto Farfus
(BMW), classe GTLM; Chico Longo (Via Italia), classe GTD; Victor Franzoni (Via
Italia), classe GTD; Marcos Gomes (Via Italia), classe GTD; Felipe Fraga (Riley
Motorsports), classe GTD; Daniel Serra (Spirit of Race), classe GTD; e Bia
Figueiredo (Meyer-Shank Racing), classe GTD. O carro de Helinho larga na
primeira fila, em 2º lugar; Pipo Derani e Felipe Nasr partem em 5º; Barrichello
na 8ª posição; Augusto Farfus em 22º; Franzoni, Gomes e Chico Longo em 24º; Fraga
em 25º; Serra em 29º; Bia em 34º; e Christian Fittipaldi em 46º lugar.
Entre os pilotos que estarão no
grid, destaque também para Fernando Alonso, que disputará as 24 Horas de
Daytona pela equipe Wayne Taylor, ao volante do carro Nº 10. O espanhol terá
como companheiros de prova no carro 10 o japonês Kamui Kobayashi, o
estadunidense Jordan Taylor, e o holandês Renger Van Der Zande. Com um
protótipo Cadillac DPi VR, a Wayne Taylor é um nome forte para a corrida.
Depois de vencer as 24 Horas de Le Mans pela Toyota no ano passado, será que
Alonso conseguirá triunfar também nas 24 Horas de Daytona? A conferir neste
final de semana, onde o carro do asturiano largará na 6ª posição. Mas,
diferentemente de Le Mans, onde a Toyota reinou sozinha, a disputa em Daytona
promete ser bem mais complicada, e com um maior número de pilotos candidatos à
vitória, como a equipe da Mazda, que largará na pole-position da corrida com o
carro Nº 77, que com o inglês Oliver Jarvis ao volante, quebrou o recorde da
pista, que já durava 26 anos, superando a antiga marca obtida por P.J. Jones,
que foi o pole da prova em 1993. Mas estamos falando de uma corrida de 24
horas, e largar na frente, apesar de ser bom, não é garantia de vitória. Vamos
ver quem estará na frente depois das 24 horas da competição...
E a Formula-E também vai acelerar
fundo neste final de semana. É hora do ePrix de Santiago, terceira prova da 5ª
temporada da competição. O palco da corrida, entretanto, é diferente do ano passado,
com uma nova pista de 2,348 Km de extensão, e 14 curvas junto ao Parque
O'Higgins. No campeonato, o belga Jerôme D’Ambrosio, da Mahindra, lidera a
competição com 40 pontos, após ganhar de presente praticamente a vitória na
etapa de Marrakesh, após a dupla da BMW Andretti se desentender entre si na
parte final da corrida e perder uma vitória em dobradinha praticamente certa.
Mesmo com o abandono no Marrocos, o português Antônio Felix da Costa ainda é o
vice-líder, com 28 pontos, mas Jean-Éric Vergne, da Techeetah, já está
emparelhado com os mesmos 28 pontos, e mostra ter o carro mais rápido do grid
neste início de campeonato, só não tendo vencido as duas corridas por problemas
alheios na primeira corrida e afobação na segunda. E Andre Lotterer, também da Techeetah,
vem logo a seguir, em 4º, com 19 pontos, à frente de Robin Frijins e Sam Bird,
a dupla da Virgin, ambos com 18 pontos cada. No campeonato de equipes, a
Techeetah lidera com 47 pontos, enquanto Mahindra e BMW Andretti estão
empatadas com 40 pontos. Logo a seguir vem a Virgin, com 36 pontos. Lucas Di
Grassi é o brasileiro melhor colocado, em 10º, com 9 pontos marcados, enquanto
Nelsinho Piquet é o 13º com 1 ponto, e Felipe Massa ainda não conseguiu
pontuar. A corrida terá transmissão ao vivo do canal pago Fox Sports 2 a partir
das 15:30 Hrs, pelo horário de Brasília. A largada está marcada para as 16:30
Hrs.
O novo traçado do ePrix de Santiago para a Formula-E. |
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