E chegamos a um novo ano, 2019. Nem
parece, mas 2018 já ficou para trás, e para muitos, a esperança é que este novo
ano seja melhor do que o que terminou, e não me refiro apenas ao mundo do
automobilismo. Mas início de mês é palco para mais uma sessão Flying Laps, com
alguns tópicos sobre alguns dos acontecimentos ocorridos no último mês de 2018,
dezembro, sempre com alguns comentários e observações. Portanto, uma boa
leitura a todos nesta primeira postagem de 2019, e até a próxima sessão Flying
Laps, em fevereiro...
Quando Sébastien Loeb anunciou há alguns
anos atrás que estava desistindo de competir em tempo integral no Mundial de
Rali, muitos fãs ficaram desapontados. O piloto francês acumulara nada menos do
que 9 campeonatos consecutivos na modalidade, e sua desistência foi justo no
ano em que, se competisse a tempo integral, poderia tentar conquistar o 10º
título, o que seria uma marca histórica no esporte a motor, com um único piloto
vencendo uma categoria por praticamente uma década. Sem Loeb no caminho, coube
a outro francês, Sébastien Ogier, iniciar um período de domínio tão marcante quanto
o de seu antigo rival. E ele vem fazendo isso com maestria, tendo vencido os
últimos 6 campeonatos, e dando mostras de que poderia até ir além da marca
alcançada por seu compatriota. Mas, infelizmente, Ogier também tem outras
idéias, e entre elas, não está bater a marca de Loeb. Ogier acertou para
competir as temporadas de 2019 e 2020 no WRC pela Citroen, o que garante sua
presença a tempo integral no campeonato pelos próximos dois anos. Tendo 6
títulos no currículo, na hipótese de vencer os próximos dois campeonatos, ele
chegará a oito títulos, estando a apenas um de igualar o feito de Loeb. Só
isso, por si só, já seria um grande feito, mas não irá ocorrer. Ogier já
declarou que seu novo contrato com a Citroen será seu último no esporte, e
garante que, ao final de 2020, vai deixar a competição, com o objetivo de se
dedicar mais à família, justificando que a participação na competição off-road
o mantém longe de casa a maior parte do ano. Uma pena que ele não tentará
igualar, ou até superar o feito de Loeb, que seria uma marca histórica para o
mundo do automobilismo, caso conseguisse conquistar o 10º título no mundial
off-road. Mas ele tem todo o direito de decidir os rumos de sua vida, e a esta
altura, já fez o seu nome na elite dos competidores mundiais, e se ele acha que
já fez o bastante, isso é com ele, por mais que muitos fãs possam ficar
desapontados de não vê-lo mais ao volante de um carro nas competições de rali.
Mas Ogier ainda não decidiu se aposentará o capacete. Ele afirmou que ainda não
pensou no que irá fazer a partir de 2021, mas tem muitas opções em mente, como
por exemplo, disputar as 24 Horas de Le Mans. De uma forma ou de outra, seus
torcedores ainda terão a chance de vê-lo acelerar, mesmo que em outras
paragens.
E quem está
voltando a competir, ainda que não em tempo integral, no Mundial de Rali, é
Sébastien Loeb. O piloto francês, vencedor de 9 campeonatos consecutivos,
acertou com a Hyundai para participar de pelo menos 6 etapas da competição em
2019. Loeb participou da Rali da Catalunha no campeonato do Mundial de Rali de
2018, e venceu a etapa, mostrando que ainda está muito disposto, e com seu
talento em plena forma para continuar competindo, mesmo aos 44 anos. Mesmo assim,
ele não irá participar de todo o campeonato, o que é uma pena, porque muitos
torcedores gostariam de ver um novo duelo pelo título entre Loeb e o atual
campeão da modalidade, Sébastien Ogier, que passou a vencer tudo depois que
Loeb deixou de competir no WRC em tempo integral, mas sempre superou o
compatriota quando estava competindo. A participação no WRC em 2019 terá também
a novidade de defender o time da Hyundai, encerrando praticamente duas décadas
defendendo a Citroen, que acertou o retorno de Ogier a seu time para a nova
temporada da competição, e por isso mesmo, não tinha lugar para acomodar Loeb
neste seu retorno mais incisivo à disputa. Mesmo que não seja por todo o
campeonato, será interessante ver o que Loeb conseguirá fazer com a Hyndai em
2019, e ao menos nas etapas em que estiver presente, podemos esperar um bom
duelo entre os “Sébastiens” donos de praticamente 15 títulos no WRC. E isso,
por si só, já é motivo mais do que interessante para acompanharmos com atenção
estas etapas do principal campeonato de competição off-road do mundo...
Daniel Serra conquistou o bicampeonato da
Stock Car brasileira ao terminar a última prova da competição, disputada no
autódromo de Interlagos, em 4º lugar. Felipe Fraga, o único que tinha condições
de lutar pelo título com Serra, bem que tentou estragar a festa, mas tendo
largado em 18º, o piloto precisou fazer uma corrida de recuperação, enquanto
Daniel largava em 3º, o que o permitiu fazer uma prova mais conservadora,
procurando apenas chegar na frente do rival, o que fez sem maiores problemas.
Fraga deu tudo o que pôde, mas ficou em 5º lugar, vendo Serra faturar o título,
e tendo de se conformar com o vice-campeonato. A prova acabou vencida por
Ricardo Zonta, que havia marcado a pole-position, e liderou a corrida praticamente
de ponta a ponta. Júlio Campos bem que tentou discutir a vitória com Zonta, mas
este em momento algum perdeu o controle da corrida, mantendo uma distância
pequena, mas segura para Júlio durante a prova. Campos acabou em 2º lugar, com
Gabriel Casagrande fechando o pódio com a 3ª colocação. Quem também teve uma
prova complicada, devido à posição de largada, foi Rubens Barrichello, que
partiu da 23ª posição, para receber a bandeirada em 6º lugar. Marcos Gomes veio
logo a seguir, em 7º lugar, à frente de Antonio Pizzonia, em 8º.
Daniel Serra acabou o ano com 338
pontos, conquistando o bicampeonato com 28 pontos de vantagem sobre Felipe
Fraga, que marcou 310. Com o segundo lugar em Interlagos, e graças à pontuação
dobrada, Júlio Campos fechou o ano na 3ª posição, com 252 pontos. Rubens
Barrichello fechou em 4º, com 242 pontos; Max Wilson foi o 5º, com 210; e Átila
Abreu o 6º, com 208. A temporada 2018 da Stock Car teve nada menos que 10
pilotos diferentes vencendo provas, com destaque para Átila Abreu, que com 4
triunfos, foi quem mais venceu no ano. Felipe Fraga, o vice-campeão, cruzou a
linha de chegada em 1º em 3 oportunidades, ao lado de Lucas Di Grassi; enquanto
o campeão Daniel Serra, Rubens Barrichello, Max Wilson e Cacá Bueno tiveram 2
vitórias cada um. Marcos Gomes, Ricardo Zonta, e Diego Nunes venceram 1 corrida
cada um. Daniel Serra foi quem mais largou na frente, com 4 pole-positions, uma
a mais que o vice-campeão Felipe Fraga. Rubens Barrichello e Marcos Gomes
conquistaram duas poles cada um, enquanto Cacá Bueno, Ricardo Zonta, e Thiago
Camilo saíram na frente em uma oportunidade.
A direção da Stock Car anunciou o
calendário do campeonato de 2019 no último mês de dezembro. A competição
celebrará os 40 anos de existência da Stock Car Brasil, criada em 1979.
Confiram as datas das corridas: 07.04 – Tarumã; 05.05 - Velo Città; 19.05 – Goiânia;
09.06 – Londrina; 21.07 - Santa Cruz do Sul; 11.08 - Campo Grande; 25.08 - Corrida
do Milhão; 15.09 – Curitiba; 20.10 – Cascavel; 10.11 – Velopark; 24.11 – Goiânia;
15.12 – Interlagos. As etapas marcadas para Tarumã, no Rio Grande do Sul, e
Curitiba, no Paraná, porém, ainda carecem de confirmação. E a Corrida do
Milhão, a mais prestigiada etapa da competição, ainda não tem o seu local
definido. Tarumã, aliás, é emblemática para a Stock Car, pois foi onde a
categoria disputou sua primeira corrida, em 1979. Esta primeira corrida contou
com a presença de 19 carros, todos do modelo Opala da Chevrolet, com motores de
seis cilindros de 4.100 cm3. A pole position da estreia foi do carioca José
Carlos Palhares, cujo apelido no meio das competições era Capeta, tendo marcado
o tempo de 1min 23s 00. A prova foi vencida por Affonso Giaffone. Ao fim da
temporada, o paulista Paulo Gomes se tornou o primeiro campeão da nova
categoria do automobilismo nacional, e ele repetiria o feito nas temporadas de
1983, 1984, e 1995, alcançando o tetracampeonato. Mas o piloto com o maior
número de títulos viria a ser Ingo Hoffman, o “Alemão”, que venceria seu
primeiro campeonato em 1980, e repetiria a dose em 1985, 1989, 1990, 1991,
1992, 1993, 1994, 1996, 1997, e 1998, totalizando 11 títulos, número nunca
igualado na história da categoria. Com cinco títulos, Cacá Bueno é o segundo
maior campeão da categoria, tendo vencido os campeonatos de 2006, 2007, 2009,
2011, e 2012.
Campeão da F-1 em 1996, e atualmente
comentarista de TV, Jacques Villeneuve deu uma alfinetada na F-E, ao afirmar
que “o fã usual de automobilismo não possui interesse em corridas de carros
elétricos. A verdade é que, no paddock da F1, ninguém nem sabe quando acontecem
as corridas da Fórmula E”, e que, para ele, se trata de um entretenimento “de
nicho”. Não direi a categoria de competição de carros monopostos elétrica é uma
maravilha, pois ela ainda comete alguns erros na gestão do seu regulamento e
sua aplicação que precisam ser urgentemente corrigidos, mas ela acabou de
iniciar sua 5ª temporada com uma nova geração de monopostos, e contando com a
presença de mais fabricantes de carros e mais equipes no grid que a própria
F-1, que Villeneuve ainda considera a maior categoria do automobilismo mundial,
o que não deixa de ser verdade. Mas as corridas da F-E tem se mostrado mais
disputadas e emocionantes que as da F-1, e no próximo campeonato, com as
entradas de Porsche e Mercedes, o grid deve subir para 12 equipes, com 24
pilotos na pista, e o certame está sendo muito mais viável de competir do que a
F-1, onde os custos estratosféricos continuam levando o certame para um beco
sem saída elitista que compromete a sustentabilidade financeira de alguns
times. Não é novidade que Jacques costuma ser polêmico em algumas de suas
declarações, mas me parece que o canadense digeriu mau sua participação na F-E,
onde acabou rifado depois de apenas duas corridas, no início da temporada
2015/2016, e não marcou pontos, tendo disputado as duas etapas pela equipe Venturi,
sem conseguir se destacar como imaginava, presumo. O ex-piloto ainda desdenhou
da presença das fábricas que estão participando do campeonato, como Audi,
Nissan, Penske, Jaguar, Citroen, BMW, entre outras: “Eu não entendo por que
elas estão forçando tanto nisso. Acho que é algo de nicho... Os mais fanáticos
são os únicos que acompanham.” Já sobre sua participação, apenas disse que “eu
fiz algumas corridas de Fórmula E, e fiquei feliz de ter feito, porque a
tecnologia era interessante. Você tem potência, pisa no acelerador e vai a
algum lugar. Tudo bem. Mas, no fim, não sei.” A F-E já declarou várias vezes
que sua proposta é diferente da F-1, e por isso mesmo, é inválido se comparar a
ela. E os carros da categoria eram mais lentos no início, mas foram ganhando
mais performance e velocidade, numa evolução controlada justamente para não
causar uma explosão de custos que pudesse comprometer sua viabilidade
econômica, e atrair os fabricantes justamente com sua proposta de
desenvolvimento dos carros elétricos. Uma evolução que deu um salto agora com
os novos carros, e os novos sistemas de baterias, que aliados aos novos trens
de força desenvolvidos pelas fábricas participantes, mostram um novo potencial
que ainda será desenvolvido na competição. E, para muitos que achavam que a F-E
seria apenas mais uma “aventura” no mundo do automobilismo, como foram a GP
Masters, ou a F-Superleague, estarem já com o seu 5º campeonato em andamento
indica outra coisa...
Um novo desfalque nas transmissões da
Indycar em 2019 pela Bandeirantes: Felipe Giaffone não será mais comentarista
nas transmissões, tendo resolvido se dedicar a outros projetos, em virtude das
incertezas da emissora com relação à categoria de monopostos norte-americana.
Vai mal a Bandeirantes no trato com a Indycar, e já não é de hoje,
infelizmente...
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