Olá, a todos, e trago hoje mais uma
de minhas antigas colunas, publicada no dia 4 de setembro de 1998, há mais de
20 anos atrás. O assunto do texto principal foi a polêmica, até hoje, batida
que tirou Michael Schumacher do GP da Bélgica daquele ano, disputado sob chuva,
quando o alemão acertou a traseira do carro do escocês, quando ia lhe dar uma
volta de vantagem na corrida. Ainda lembro da expressão possessa do alemão,
saindo do carro e indo para os boxes da McLaren resolver tirar satisfações no
ato com David. Não fosse a batida, Schumacher teria vencido a corrida, e
assumido a liderança do campeonato, que disputava com Mika Hakkinen, já fora da
corrida. Francamente, erro por erro, mantenho minha posição hoje da mesma
maneira que fiz em 1998: Schumacher foi muito mais culpado pela pancada do que
Coulthard. É nítida a imagem do ponto, onde o outro lado da pista está
praticamente limpo, perfeito para uma ultrapassagem, e Schumacher vem em cheio
atrás da McLaren do escocês.
A grosso modo, Coulthard admitiu que
aliviou um pouco naquele momento, mas mesmo assim, ficaria ainda mais fácil
para o piloto da Ferrari efetuar a ultrapassagem. Visibilidade ruim à parte, a
experiência do alemão na chuva, e o ponto mostrando o outro lado do traçado limpo
jogam muito mais contra o então bicampeão do que contra o escocês. Já, quanto a
ficar furioso, e ir querer tirar satisfações, Michael poderia muito bem ter
tomado algumas bordoadas dos outros pilotos, se estes também ficassem putos
quando o alemão os jogava fora da pista, por vezes em total desrespeito na hora
de ultrapassá-los...
De quebra, vários tópicos rápidos,
comentando outros assuntos daquela semana no mundo da velocidade. Curtam o
texto, e em breve trago mais colunas antigas aqui...
A CONTROVÉRSIA DO ANO
Sem
dúvida alguma, o Grande Prêmio da Bélgica, disputado domingo passado, vai ser a
prova mais controvertida do ano. Não só pelo maior strike de carros que a
Fórmula 1 já viu nos últimos anos, mas também pelas gafes de Michael Schumacher.
Quando todo mundo já imaginava que a liderança do campeonato iria mudar de
mãos, eis que o piloto alemão da Ferrari fez o que muitos julgavam
inimaginável: errou grosseiramente e deu adeus à corrida. Michael havia
abalroado o carro de David Coulthard, ao colocar uma volta em cima do piloto
escocês na pista molhada de Spa.
Pior
foi o que se viu depois, quando Schumacher, tão logo chegou ao Box, já saiu de
sua Ferrari louco da vida. Ao se dirigir aos boxes da McLaren, onde David Coulthard
se encontrava, já dava para imaginar que o bicampeão alemão iria partir para a
ignorância com o piloto escocês. A turma do deixa-disso, formada por diversos
mecânicos, impediu que Herr Schumacher se atracasse a golpes com Coulthard. Uma
cena lamentável, ainda mais para quem é considerado o melhor piloto da F-1 na
atualidade.
O
erro foi todo de Michael, opinião compartilhada pela grande maioria do pessoal
presente em Spa. E
também concordo plenamente. No ponto onde houve a batida, via-se claramente que
a McLaren de Coulthard se recolhia para um dos cantos da pista, deixando todo o
resto do traçado livre para passagem. De repente, entretanto, a Ferrari do
alemão, ao invés de passar por este lado da pista, plenamente visível, embutiu
na traseira da McLaren, e aconteceu o choque.
Na
mesma hora lembrei-me do acidente sofrido por Ayrton Senna no GP da Austrália
de 1989, em Adelaide.
Numa chuva torrencial, Senna liderava confortavelmente quando
bateu sozinho na traseira da Brabham de Martin Brundle. Ayrton confessou que
simplesmente não sabia que o inglês estava logo ali à sua frente. Se até mesmo
Senna, considerado o rei da chuva, pôde errar deste jeito, porque não
Schumacher? Senna admitiu o seu erro, ao dizer que não tinha idéia de que o
piloto inglês estava logo ali. Já Michael Schumacher, com toda a sua arrogância
e prepotência, mais uma vez demonstrados nos seus gestos nos boxes,
provavelmente nunca vai admitir que errou feio e que a culpa é toda sua. Ficou
mais conveniente para ele acusar Coulthard de tentar jogá-lo fora da pista para
que ele não assumisse a liderança do campeonato. Nesse ponto, até que foi
conveniente que o carro em que ele bateu tenha sido justamente no de Coulthard;
se fosse outro piloto, seria interessante ver qual seria a acusação do alemão.
A
Ferrari, numa atitude até compreensível, mas duvidosa, emitiu comunicado
oficial acusando Coulthard pela batida, no que foi voz solitária no paddock em Spa. A direção de prova,
por sua vez, classificou o acidente como um incidente normal de corrida. No
caso da Ferrari, está certo que a equipe deve apoiar seu piloto, mas quando
este erra de forma tão flagrante, deveria se postar contra a atitude de seu
piloto. O gesto de Schumacher, nos boxes, querendo briga, foi deplorável. E me
irrita ainda mais saber que, dias antes, o presidente da Fiat, Gianni Agnelli,
enalteceu o bicampeão, comparando-o a Pelé. Ora essa, Pelé foi o Rei do
Futebol. E, se houve um piloto que merecesse ser comparado a ele, este piloto é
Juan Manuel Fangio, que até hoje foi o maior piloto da história da F-1, com
nada menos do que 5 títulos no currículo. Depois do tipo de atitude que
Schumacher demonstrou em Spa, compará-lo a Pelé chega a ser absurdo, até porque
o jogado nunca quis sair no tapa com ninguém durante sua carreira...
A F-CART disputa neste final de semana o GP de Vancouver. O circuito,
montado no Pacific Concord Place, entretanto, foi totalmente remodelado,
ganhando um traçado absolutamente diferente do usado anteriormente, e que visa
oferecer maior emoção e disputa à corrida, com mais pontos potenciais de
ultrapassagem. O novo traçado tem 2,74 Km. O anterior, porém, era um pouco
maior, tendo 2,84 Km de extensão.
Sem dúvida alguma, a corrida de Spa-Francorchamps na F-1 mostrou o
maior strike de carros da categoria nos últimos anos. A carambola mais recente
até então era da largada do GP da Alemanha de 1994, quando 10 carros ficaram
logo na primeira curva, depois de uma guinada de Mika Hakkinen no meio do grid.
Agora na Bélgica, foram 13 carros que ficaram na confusão armada pela rodada de
David Coulthard, que desencadeou a reação entre os pilotos. E, antes disso, em
1987, na Áustria, tivemos nada menos do que 3 largadas. Na primeira, houve 6
carros que bateram, o que motivou uma nova largada, onde vimos mais carros
batendo e motivando uma nova interrupção. Foram tantos carros batidos que a 3ª
e definitiva largada já não teve todos os competidores alinhados, pois algumas
equipes já tinham ficado sem seus carros-reserva...
A Honda decidiu adiar a sua volta à F-1 para o ano 2000 como escuderia
completa. Com isso, a equipe Jordan continuará como time oficial da fábrica na
categoria em 1999, o que deve resultar em um excelente desenvolvimento do
propulsor japonês. Se o time de Eddie Jordan não se equivocar novamente no
projeto do carro como no início desta temporada, a escuderia terá tudo para ser
finalmente um time de ponta no próximo ano. A vitória de Damon Hill em Spa,
ainda mais em dobradinha com Ralf Schumacher em 2º, premiou a persistência de
Eddie, que esperou cerca de 127 corridas para conseguir enfim vencer na F-1,
desde que estreou na categoria em 1991...
O excelente resultado da Jordan na Bélgica, entretanto, complicou a
situação de Ralf Schumacher, pois com 26 pontos no campeonato de construtores,
a cláusula de performance estipulada no seu contrato foi cumprida pela
escuderia, e cabe a ela a primazia de decidir o destino de Ralf agora. E o
irmão mais novo de Michael Schumacher, praticamente já acertado para correr
pela Williams em 99, pode acabar ficando preso à Jordan por mais um ano. E
Eddie Jordan só vai liberá-lo agora com uma pesada multa contratual, que
especula-se ser de mais de US$ 3 milhões. Com isso, Rubens Barrichello volta a
ter esperanças de guiar para Frank Williams no próximo ano...
No último final de semana, na F-3 Inglesa, tivemos um massacre
brasileiro no circuito de Donington Park. Nossos pilotos faturaram os 4
primeiros lugares na prova. Venceu Enrique Bernoldi, seguido de Ricardo
Maurício, Mário Haberfeld, e Luciano Burti. Os estrangeiros ficaram na sobra...
Em Budapeste, em etapa da F-Renault, quase repetimos a dose. A vitória
foi do francês Bruno Besson, mas o 2º colocado foi Hoover Orsi, seguido de
Giuliano Losacco, e mais um brazuca, Gastão Fráguas, terminou em 4º lugar...
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