quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1998 – 04.09.1998


            Olá, a todos, e trago hoje mais uma de minhas antigas colunas, publicada no dia 4 de setembro de 1998, há mais de 20 anos atrás. O assunto do texto principal foi a polêmica, até hoje, batida que tirou Michael Schumacher do GP da Bélgica daquele ano, disputado sob chuva, quando o alemão acertou a traseira do carro do escocês, quando ia lhe dar uma volta de vantagem na corrida. Ainda lembro da expressão possessa do alemão, saindo do carro e indo para os boxes da McLaren resolver tirar satisfações no ato com David. Não fosse a batida, Schumacher teria vencido a corrida, e assumido a liderança do campeonato, que disputava com Mika Hakkinen, já fora da corrida. Francamente, erro por erro, mantenho minha posição hoje da mesma maneira que fiz em 1998: Schumacher foi muito mais culpado pela pancada do que Coulthard. É nítida a imagem do ponto, onde o outro lado da pista está praticamente limpo, perfeito para uma ultrapassagem, e Schumacher vem em cheio atrás da McLaren do escocês.
            A grosso modo, Coulthard admitiu que aliviou um pouco naquele momento, mas mesmo assim, ficaria ainda mais fácil para o piloto da Ferrari efetuar a ultrapassagem. Visibilidade ruim à parte, a experiência do alemão na chuva, e o ponto mostrando o outro lado do traçado limpo jogam muito mais contra o então bicampeão do que contra o escocês. Já, quanto a ficar furioso, e ir querer tirar satisfações, Michael poderia muito bem ter tomado algumas bordoadas dos outros pilotos, se estes também ficassem putos quando o alemão os jogava fora da pista, por vezes em total desrespeito na hora de ultrapassá-los...
            De quebra, vários tópicos rápidos, comentando outros assuntos daquela semana no mundo da velocidade. Curtam o texto, e em breve trago mais colunas antigas aqui...


A CONTROVÉRSIA DO ANO

            Sem dúvida alguma, o Grande Prêmio da Bélgica, disputado domingo passado, vai ser a prova mais controvertida do ano. Não só pelo maior strike de carros que a Fórmula 1 já viu nos últimos anos, mas também pelas gafes de Michael Schumacher. Quando todo mundo já imaginava que a liderança do campeonato iria mudar de mãos, eis que o piloto alemão da Ferrari fez o que muitos julgavam inimaginável: errou grosseiramente e deu adeus à corrida. Michael havia abalroado o carro de David Coulthard, ao colocar uma volta em cima do piloto escocês na pista molhada de Spa.
            Pior foi o que se viu depois, quando Schumacher, tão logo chegou ao Box, já saiu de sua Ferrari louco da vida. Ao se dirigir aos boxes da McLaren, onde David Coulthard se encontrava, já dava para imaginar que o bicampeão alemão iria partir para a ignorância com o piloto escocês. A turma do deixa-disso, formada por diversos mecânicos, impediu que Herr Schumacher se atracasse a golpes com Coulthard. Uma cena lamentável, ainda mais para quem é considerado o melhor piloto da F-1 na atualidade.
            O erro foi todo de Michael, opinião compartilhada pela grande maioria do pessoal presente em Spa. E também concordo plenamente. No ponto onde houve a batida, via-se claramente que a McLaren de Coulthard se recolhia para um dos cantos da pista, deixando todo o resto do traçado livre para passagem. De repente, entretanto, a Ferrari do alemão, ao invés de passar por este lado da pista, plenamente visível, embutiu na traseira da McLaren, e aconteceu o choque.
            Na mesma hora lembrei-me do acidente sofrido por Ayrton Senna no GP da Austrália de 1989, em Adelaide. Numa chuva torrencial, Senna liderava confortavelmente quando bateu sozinho na traseira da Brabham de Martin Brundle. Ayrton confessou que simplesmente não sabia que o inglês estava logo ali à sua frente. Se até mesmo Senna, considerado o rei da chuva, pôde errar deste jeito, porque não Schumacher? Senna admitiu o seu erro, ao dizer que não tinha idéia de que o piloto inglês estava logo ali. Já Michael Schumacher, com toda a sua arrogância e prepotência, mais uma vez demonstrados nos seus gestos nos boxes, provavelmente nunca vai admitir que errou feio e que a culpa é toda sua. Ficou mais conveniente para ele acusar Coulthard de tentar jogá-lo fora da pista para que ele não assumisse a liderança do campeonato. Nesse ponto, até que foi conveniente que o carro em que ele bateu tenha sido justamente no de Coulthard; se fosse outro piloto, seria interessante ver qual seria a acusação do alemão.
            A Ferrari, numa atitude até compreensível, mas duvidosa, emitiu comunicado oficial acusando Coulthard pela batida, no que foi voz solitária no paddock em Spa. A direção de prova, por sua vez, classificou o acidente como um incidente normal de corrida. No caso da Ferrari, está certo que a equipe deve apoiar seu piloto, mas quando este erra de forma tão flagrante, deveria se postar contra a atitude de seu piloto. O gesto de Schumacher, nos boxes, querendo briga, foi deplorável. E me irrita ainda mais saber que, dias antes, o presidente da Fiat, Gianni Agnelli, enalteceu o bicampeão, comparando-o a Pelé. Ora essa, Pelé foi o Rei do Futebol. E, se houve um piloto que merecesse ser comparado a ele, este piloto é Juan Manuel Fangio, que até hoje foi o maior piloto da história da F-1, com nada menos do que 5 títulos no currículo. Depois do tipo de atitude que Schumacher demonstrou em Spa, compará-lo a Pelé chega a ser absurdo, até porque o jogado nunca quis sair no tapa com ninguém durante sua carreira...


A F-CART disputa neste final de semana o GP de Vancouver. O circuito, montado no Pacific Concord Place, entretanto, foi totalmente remodelado, ganhando um traçado absolutamente diferente do usado anteriormente, e que visa oferecer maior emoção e disputa à corrida, com mais pontos potenciais de ultrapassagem. O novo traçado tem 2,74 Km. O anterior, porém, era um pouco maior, tendo 2,84 Km de extensão.


Sem dúvida alguma, a corrida de Spa-Francorchamps na F-1 mostrou o maior strike de carros da categoria nos últimos anos. A carambola mais recente até então era da largada do GP da Alemanha de 1994, quando 10 carros ficaram logo na primeira curva, depois de uma guinada de Mika Hakkinen no meio do grid. Agora na Bélgica, foram 13 carros que ficaram na confusão armada pela rodada de David Coulthard, que desencadeou a reação entre os pilotos. E, antes disso, em 1987, na Áustria, tivemos nada menos do que 3 largadas. Na primeira, houve 6 carros que bateram, o que motivou uma nova largada, onde vimos mais carros batendo e motivando uma nova interrupção. Foram tantos carros batidos que a 3ª e definitiva largada já não teve todos os competidores alinhados, pois algumas equipes já tinham ficado sem seus carros-reserva...


A Honda decidiu adiar a sua volta à F-1 para o ano 2000 como escuderia completa. Com isso, a equipe Jordan continuará como time oficial da fábrica na categoria em 1999, o que deve resultar em um excelente desenvolvimento do propulsor japonês. Se o time de Eddie Jordan não se equivocar novamente no projeto do carro como no início desta temporada, a escuderia terá tudo para ser finalmente um time de ponta no próximo ano. A vitória de Damon Hill em Spa, ainda mais em dobradinha com Ralf Schumacher em 2º, premiou a persistência de Eddie, que esperou cerca de 127 corridas para conseguir enfim vencer na F-1, desde que estreou na categoria em 1991...


O excelente resultado da Jordan na Bélgica, entretanto, complicou a situação de Ralf Schumacher, pois com 26 pontos no campeonato de construtores, a cláusula de performance estipulada no seu contrato foi cumprida pela escuderia, e cabe a ela a primazia de decidir o destino de Ralf agora. E o irmão mais novo de Michael Schumacher, praticamente já acertado para correr pela Williams em 99, pode acabar ficando preso à Jordan por mais um ano. E Eddie Jordan só vai liberá-lo agora com uma pesada multa contratual, que especula-se ser de mais de US$ 3 milhões. Com isso, Rubens Barrichello volta a ter esperanças de guiar para Frank Williams no próximo ano...


No último final de semana, na F-3 Inglesa, tivemos um massacre brasileiro no circuito de Donington Park. Nossos pilotos faturaram os 4 primeiros lugares na prova. Venceu Enrique Bernoldi, seguido de Ricardo Maurício, Mário Haberfeld, e Luciano Burti. Os estrangeiros ficaram na sobra...


Em Budapeste, em etapa da F-Renault, quase repetimos a dose. A vitória foi do francês Bruno Besson, mas o 2º colocado foi Hoover Orsi, seguido de Giuliano Losacco, e mais um brazuca, Gastão Fráguas, terminou em 4º lugar...

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