Hora de
encerrar o ano, e na última postagem de 2019, trago também a última coluna
publicada em 1998, no dia 18 de dezembro daquele ano. Sem um assunto principal,
preferi relacionar vários acontecimentos ocorridos nos últimos dias, e fazer
comentários breves, bem ao estilo das sessões “Flying Laps” que publico
atualmente aqui no blog. Entre os assuntos citados, estavam o cancelamento da
corrida na China, uma vez que o circuito de Zuhai, que deveria sediar o GP de
F-1, não estava pronto, e por motivos diversos, nunca sediou até hoje uma prova
da categoria máxima do automobilismo, uma vez que os chineses construíram outra
pista, em Shanghai, que aí sim recebeu a F-1, e está no calendário até hoje. E
a F-1 também começava a aplicar regras para limitar os testes das equipes de
F-1, numa tentativa de conter os custos de competição que continuavam a
crescer, limitando-os a 42 dias por ano. Se lembrarmos que alguns times
testavam até mais de 80 dias por ano naqueles tempos, 42 dias ainda seriam um
assombro nos dias atuais, onde os testes ficam praticamente limitados à
pré-temporada, em ridículos 8 dias. Bem, os testes foram diminuindo, mas os
custos não, pois as equipes passaram a investir em simuladores, de modo que o
dinheiro economizado nas sessões de pista foram gastos nos mais modernos
programas e sistemas de simulação, com os times tendo praticamente “pilotos de
simuladores” que “correm” o ano inteiro nas salas das sedes das fábricas. Pois
é, custos de competição exagerados na F-1 não são novidade há muito, muito
tempo... Aproveitem o texto, e boas festas na passagem de ano novo. Que venha
2020...
CONSIDERAÇÕES DIVERSAS
Nas últimas
semanas, aconteceram diversos fatores relacionados ao automobilismo em geral
que, por falta de tempo, acabei deixando de emitir uma opinião e análise.
Aproveito a coluna de hoje para descontar um pouco o tempo perdido neste
quesito. E até o ano de 1999...
Cacá Bueno perdeu o
título da categoria Superturismo Sudam na última etapa do certame, disputada
domingo passado. Oscar Larrauri, da Argentina, faturou o título. Larrauri,
entretanto, não teve a esportividade esperada de um campeão e disparou várias
farpas na direção de Cacá, acusando-o de manobras desleais e
antidesportividade. Quem viu a corrida, contudo, sabe que as acusações do
argentino não têm nenhum fundamento. Cacá pilotou com a agressividade de
sempre, mas sem cometer nenhuma deslealdade na pista. Só houve o azar de ter um
pneu furado que tirou suas esperanças de conquistar o título, além do azar de
ter excedido o limite de velocidade nos boxes. Melhor sorte no ano que vem,
Cacá. Talento você já mostrou que tem, e também esportividade, por não revidar
as acusações esdrúxulas de Larrauri.
A nova regra da
Federação Internacional de Automobilismo que limita o número de dias de testes
a 42 por ano para as escuderias de Fórmula 1 é uma tentativa extremamente
válida de equilibrar as forças na categoria, além de tentar conter os custos
dos times. A Ferrari, por exemplo, testou mais de 100 dias este ano. A McLaren,
por sua vez, chegou a cerca de 82 dias. Se a medida pode prejudicar os times de
ponta, as equipes médias e pequenas praticamente nem se darão conta da medida,
especialmente porque não tem verba para testarem tanto assim. É claro que isso
não vai equilibrar as escuderias, mas pode ajudar os times menores a diminuírem
um pouco sua diferença de performance. Tal medida também deve ajudar a mudar a
mentalidade das escuderias grandes e, por conseqüência, das demais também
quanto a implantarem ousadias técnicas nos carros, as quais deverão ficar mais
restritas. O motivo é lógico: se uma novidade “radical” demais se mostrar uma
tremenda furada, serão obrigadas a “queimar” dias de testes valiosos para
tentarem resolver o problema, e faltar dias para usar em aperfeiçoamentos no
desempenho da competição em relação aos outros times.
Por conta desta nova
limitação de testes, as escuderias já estão investindo em simuladores para
tentar contornar a situação. Simuladores altamente avançados serão capazes de
reproduzir, com grande grau de perfeição, as condições das pistas, apontando
possíveis caminhos a serem tomados. Isso, entretanto, não irá diminuir a
importância dos testes “reais”, pois as condições dinâmicas de cada pista,
tempo e estilo de um piloto ao volante ainda serão fundamentais para o acerto e
desenvolvimento de um carro.
A Tasman, equipe do
brasileiro Tony Kanaan na F-CART, foi comprada por Gerald Forsythe, dono da
equipe Forsythe, onde correm os canadenses Greg Moore e Patrick Carpentier. Com
isso, a Tasman passa a ser uma “filial” da equipe Forsythe. O ponto positivo é
que a nova Tasman/Forsythe terá um orçamento de aproximadamente US$ 10 milhões
para a temporada de 1999, praticamente o dobro do que teve à disposição na
temporada deste ano. Já está sendo montada uma estrutura de testes para Tony
Kanaan, que deverá permitir o pleno desenvolvimento do chassi Reynard e do
motor Honda, além dos pneus Firestone. Para Tony, não há nenhum problema em
admitir que sua meta é lutar pelo título da F-CART no próximo ano, pois agora
terá o suporte necessário para isso. O patrocinador também já está definido e
garantido: a rede de lanchonetes Mcdonald’s.
Bernie Ecclestone e
Tony George estão firmando um acordo para levar a F-1 de volta aos Estados
Unidos em 2000. A idéia de Tony George é ousada: criar um circuito misto dentro
do Indianápolis Motor Speedway para recepcionar a categoria máxima do
automobilismo na virada do século. Tenho de admitir que a idéia é interessante.
Só espero que a construção do circuito misto não descaracterize a pista de
Indianápolis, que possui uma grande estrutura em sua área interna, que pode ter
de ser sacrificada para a criação do circuito misto.
Agora que Tony
Stewart resolveu tentar a sorte na Nascar, John Menard parece já ter um
substituto para o campeão da F-Indy (IRL) de 1997: Greg Ray. A categoria dá a
largada para o seu campeonato de 99 no fim do mês que vem, em Orlando, na
Flórida...
Nos primeiros testes
que as equipes da F-1 fizeram este mês com os novos pneus sulcados que serão
utilizados na categoria em 1999, o clima foi de reprovação geral em relação aos
novos compostos. Em todas as pistas onde os pilotos testaram, houve inúmeras
rodadas e saídas de pista. Os pilotos não gostaram da sensação que os pneus
transmitem. Além de serem muito duros, a aderência é das piores. Mas se acharam
isso ruim, o pior ainda está por vir: Max Mosley, presidente da FIA, já está
decretando que, a partir de 2001, acabam os pneus de chuva, e só poderá haver
um tipo de composto de pneu, que terá de ser utilizado tanto em pista seca
quanto em pista molhada. Pela teoria, deverá ser um pneu do tipo intermediário.
Não gostei da idéia, pois vai eliminar uma incógnita que sempre existe nas
corridas com tempo instável: a estratégia de pneus. Outro que detestou a medida
e não escondeu o que pensa foi Jacques Villeneuve, ao afirmar que “estão
acabando com o esporte”, e eu concordo plenamente que este tipo de atitude está
sendo encarado como uma palhaçada, onde quase todo mundo não está achando graça
nenhuma...
Ainda sobre os
testes, Ralf Schumacher e Max Wilson, respectivamente o segundo piloto da
Williams e piloto de testes da equipe, andaram mais rápido que o atual
bicampeão da F-CART, Alessandro Zanardi. A Williams precisa recuperar o atraso
de Zanardi, que precisa se readaptar o quanto antes ao estilo de condução de um
monoposto de F-1, especialmente com a restrição dos dias de testes que passará
a vigorar em janeiro de 99. Em 1995/1996, Jacques Villeneuve precisou de muitas
horas de vôo a bordo do Williams FW17 para se adaptar ao carro de F-1 e só
conseguiu se sentir inteiramente à vontade dentro do cockpit mesmo lá pelo meio
da temporada. O italiano não vai poder esperar tanto para se readequar à sua
velha categoria. Só de estar sendo superado pelo irmão caçula de Michael
Schumacher já está rendendo alguns comentários de desconfiança no meio...
A equipe Hogan e a
Penske estudam fazer uma nova parceria, depois de separarem-se após a temporada
de 96. O acordo seria benéfico para ambas as partes. A Penske, que faz o seu próprio
chassi, poderia cedê-los à equipe de Carl Hogan, tendo assim mais referências
para desenvolvimento e trabalho de seu projeto. Em troca, a equipe Hogan teria
suporte financeiro de Roger Penske e a Hogan poderia alinhar dois carros.
Atualmente, o único piloto do time é o finlandês Jirky Jarvi Letho. Em 1996, a
Hogan, em sua estréia na F-CART, era uma “filial” da equipe Penske, e tinha
como piloto o brasileiro Émerson Fittipaldi.
Os problemas no
sudoeste asiático contribuíram para que o Grande Prêmio da China, que seria
disputado no circuito de Zuhai, fosse rifado do calendário da F-1 para 99. Em
seu lugar, deve voltar o GP da Argentina. Os problemas de finalização do
autódromo chinês também contribuíram para o cancelamento da corrida. Em
compensação, para terem sua corrida de volta, os argentinos terão de fazer
várias reformas no circuito Oscar Galvez, em Buenos Aires, com o
objetivo de melhorar o traçado e a segurança, de forma a garantir sua
permanência no calendário. A temporada de 1999 da F-1 deverá ter 17 etapas. A
conferir...