Hora de trazer mais um texto antigo
aqui no blog, e o de hoje foi publicado em 17 de julho de 1998. Quem acha que as
punições da F-1 hoje são uma palhaçada, verão que isso já começou há 20 anos atrás,
como descrito no texto principal daquela coluna. O resultado, aliás, acabou
sendo aquele mesmo, com o triunfo de Michael Schumacher mantido. E, depois
daquilo, podemos dizer que a F-1 tomou gosto em aplicar punições aqui e ali. Já
tivemos tempos piores, mas ainda assim, o que vemos hoje ainda é muito. No
mais, notas rápidas sobre os acontecimentos da semana, tanto na F-1 quanto na
F-CART. Um detalhe interessante é que na época especulava-se sobre a possível
entrada da Volkswagen na F-1, e a Benetton até poderia ser o seu time oficial
na categoria, algo que nunca se concretizou, até hoje. E que parece não se tornará
realidade tão cedo, do modo como vão as coisas. Uma boa leitura a todos, e em
breve trago mais textos antigos por aqui...
BALANÇO DE
SILVERSTONE
O
fim de semana em Silverstone teve mais barulho do que muitos esperavam. Michael
Schumacher venceu o Grande Prêmio da Inglaterra e as McLarens foram derrotadas
praticamente no seu quintal, deixando a disputa pelo título mais do que
equiparada. O problema é que a situação sobre a corrida inglesa ainda está em
dúvida: pela bagunça que ocorreu nos boxes no final da prova, sobre a punição
de Schumacher, a McLaren apelou, e tudo vai a julgamento no tribunal da FIA.
Schumacher
fez uma ultrapassagem sob bandeira amarela em um ponto da pista onde havia um
carro parado em situação perigosa. Pouco depois, entrou o Safety Car para
permitir a remoção adequada dos diversos carros que rodaram e esperar a chuva
diminuir um pouco. No retorno à corrida, o alemão da Ferrari aproveitou a saída
de pista de Mika Hakkinem e rumou para a vitória. Na volta final, Schumacher
entrou nos boxes inesperadamente para cumprir a punição de 10s estipulada para
a infração cometida. Na pista, Hakkinem chegou a comemorar a vitória, mas
Schumacher acabou como o vencedor da corrida.
Fica
a dúvida do que aconteceu. Até o momento, tudo indica que a culpa fica para os
comissários da corrida, que demoraram demais para comunicar a Ferrari sobre a
punição de seu piloto. Se eles erraram, não há porque tirar a vitória de
Michael, que aparentemente, não fez nada de errado. Mesmo adicionando os 10s de
punição a seu tempo, sua vantagem na pista ainda o deixaria com a vitória, pois
baixaria de 22s para 12s, ainda à frente de Hakkinem. O problema é se a Ferrari
foi comunicada antes da punição. Como todo mundo foi pego de surpresa com a
entrada de Schumacher nos boxes, só depois de encerrada a prova viemos a saber
o porquê de tal ato. Nos computadores a que toda a imprensa e redes de TV têm
acesso, não havia nada indicando que o piloto da Ferrari sofreria uma punição.
Há quem afirme que a Ferrari tomou conhecimento da punição a Schumacher a cerca
de 12 voltas do final da corrida, mas oficialmente, dizem que só na última
volta veio o comunicado. Se esta última versão for a verdade, nada há que se
fazer. O time italiano não pode ser penalizado quando o erro for dos
comissários de prova, nem pode ser imputada qualquer penalidade ao piloto. Mas,
se a primeira versão for a verdadeira, a Ferrari deverá ser penalizada, pois
simplesmente agiu de má fé, chamando seu piloto ao Box somente na última volta,
quando a vitória já estava assegurada, independente dos 10s de punição.
Isso
se deve ao fato de que na verdade a punição de 10s é sempre maior do que isso
para o piloto, pois ele deve atravessar todo o pit line, parar em seu Box, e aí cumprir os
10s de punição, antes de voltar à pista. E como nos boxes há limitação da
velocidade dos carros, e os pilotos não podem desrespeitar esse limite, em Silverstone
na verdade perde-se mais de 20s na operação. E como a vantagem de Schumacher só
chegou aos 22s nas últimas voltas, é certo de que se o alemão tivesse parado
antes, provavelmente perderia a corrida para Hakkinem. Agora, vamos esperar a
decisão da FIA sobre o caso, e esperar que a verdade seja apurada...
Confirmada ou não a vitória de Michael Schumacher em Silverstone, a
situação da McLaren no campeonato está complicada. A Ferrari evoluiu a passos
largos e o time prateado não apresentou nenhuma melhora substancial desde o
início avassalador do início do ano. Desse modo, a McLaren pode perder o título
que desde 1991 não conquista. Se Mika Hakkinen está fazendo tudo o que pode,
David Coulthard já não está ajudando muito, pois rodou e abandonou a prova
inglesa, depois de fazer várias voltas a um ritmo muito forte. O escocês perdeu
uma boa chance de marcar pontos. Agora, deu um adeus definitivo à luta pelo
título, pois a McLaren deve concentrar seus esforços no piloto finlandês.
A Benetton assinou por mais 2 anos para continuar utilizando os motores
Renault da Mecachrome, que passarão a ser chamados Supertec Sport em 1999. Com
isso, a tão propalada entrada da Volkswagen na F-1 pela equipe Benetton só
deverá se dar em 2001. Para muitos, um bom tempo para que a fábrica alemã possa
criar, em conjunto com a Cosworth, um propulsor de nível para uma equipe de
ponta da F-1.
A BMW, que prepara sua volta à F-1 no ano 2000, contratou o ex-piloto
Gerhard Berger para ser o chefe da divisão de competição de F-1. Berger, que
aposentou-se como piloto ao fim da temporada do ano passado, foi o último
piloto a vencer um GP com motor da BMW, em 1986, no México, naquela que foi
também a primeira vitória da equipe Benetton. Seja bem-vindo de volta, Berger.
Sua simpatia faz falta no meio carrancudo da F-1.
Na F-CART, Alessandro Zanardi conseguiu em Cleveland sua 5ª vitória no
campeonato 98, disparando ainda mais na classificação. Para melhorar ainda
mais, Greg Moore, que até o GP de Detroit parecia ser o seu maior adversário,
parece ter voltado a seus tempos de piloto afobado na pista. Tal como em
Portland, na pista do Burke Lakefront Airport de Cleveland, o piloto canadense
bateu logo no início da prova, levando alguns pilotos junto com ele. E,
infelizmente, um deles era brasileiro. Se em Portland Moore
tirou Christian Fittipaldi da corrida, em Cleveland a vítima foi Hélio Castro
Neves, que ficou fora de combate. Alessandro Zanardi agora tem 155 pontos,
contra 96 de Moore, ainda na 2ª colocação do certame.
Em Cleveland, aliás, canadense era sinônimo de perigo na pista, e
também fora dela. Paul Tracy acertou Al Unser Jr. dentro dos boxes, ao sair de
seu pit stop feito um foguete. Al Unser Jr. tentou desviar, mas foi atingido
por seu ex-colega de equipe, perdendo todas as chances de fazer uma excelente
corrida, pois o chassi Penske vinha rendendo muito bem. Patrick Carpentier,
outro canadense, rodou na pista e causou alguns incômodos aos concorrentes.
Paul Tracy foi punido com bandeira preta, mas no fim da corrida acabou batendo
mais uma vez e ficou fora da prova. Tracy, aliás, pelas estripulias que já vem
aprontando desde o início do campeonato, deveria levar uma suspensão de algumas
provas. A CART precisa ser mais dura com os pilotos nestes casos.
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