E o primeiro semestre de2018 já
ficou para trás. Já se foi a metade do ano, e seguimos adiante, rumo ao final
deste ano, agora pelo mês de julho, período de tradicionais férias para muitos,
tanto no Brasil quanto na Europa, principalmente por estarem no meio do verão.
Mas o mundo do automobilismo não para, e no mês de junho, tivemos muitas
corridas rolando mundo afora, com destaque para as 24 Horas de Le Mans, a mais
famosa corrida de endurance do mundo. Como não dá tempo de falar de tudo o que
ocorreu, é hora de mais uma sessão Flying Laps, relatando e comentando alguns
acontecimentos do universo do esporte a motor deste último mês do primeiro semestre
deste ano, em meio às disputas dos jogos de mais uma Copa do Mundo. Portanto,
uma boa leitura para todos, e no mês que vem, estarei de volta com mais uma
sessão Flying Laps para todos. Até mais.
Enfim, o tabu caiu. A Toyota finalmente
conquistou a sua tão sonhada vitória nas 24 Horas de Le Mans, no Mundial de
Endurance. Um triunfo que não deve ser desprezado, mas que teria tido muito
mais brilho se a equipe nipônica não fosse a única de sua classe a ser um time
de fábrica, já que pelas regras que a direção do WEC impôs, seria impossível os
outros competidores privados da classe LMP1 sequer desafiarem a performance dos
Toyotas na pista de Sarthe. Sem a presença de outros times de fábrica, como
Audi e Porsche, restou à equipe japonesa tentar não perder para ela mesma, já
que tudo pode acontecer literalmente nas 24 Horas. E a lembrança da derrota
ocorrida há poucos anos, quando o carro quebrou na última volta da prova, ainda
era um pesadelo que assustava não apenas os japoneses, mas seus pilotos na
corrida. Era também a única esperança dos demais times LMP1, que nunca
conseguiram sequer se aproximar do andamento dos modelos TS050 híbridos dos
nipônicos. Com desempenho de sobra, bastava a Toyota correr “em modo de
segurança” para evitar riscos de quebras por forçar o equipamento, e então
chegar à tão esperada vitória. E assim foi feito. Mas não sem sofrer alguns
sustos pelo meio do caminho, como as punições que um de seus carros tomou por irregularidades
no fluxo de combustível, e por extrapolar o número de voltas em um de seus
stints no longo traçado de Sarthe. E acabou dando a lógica: venceu o carro Nº 8
dos japoneses, com o trio Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso, que
já havia ganho a prova inaugural da temporada, em Spa-Francorchamps. E Fernando
Alonso consegue enfim sua segunda vitória nas provas que compõem a Tríplice
Coroa do Automobilismo. Ele já venceu o Grande Prêmio de Mônaco, e agora tem o
triunfo nas 24 Horas de Le Mans. Falta a vitória nas 500 Milhas de
Indianápolis, onde competiu no ano passado, e fez boa apresentação, até seu
carro quebrar por problemas de motor. A Toyota ainda fez a dobradinha na prova,
com o carro Nº 7, pilotado pelo trio Mike Conway/Kamui Kobayashi/José Maria
Lopez, terminou a prova com 2 voltas a menos que o carro Nº 8, principalmente
em razão das punições recebidas. Não fosse isso, e disputa pela vitória poderia
ter sido mais aguerrida entre os bólidos da escuderia, já que o adversário mais
próximo, o carro Nº 3 da equipe Rebellion, com o trio Thomas Laurent/Mathias
Beche/Gustavo Menezes, terminou com 12 voltas de desvantagem para o Toyota
vencedor. Ao todo, foram dadas 388 voltas no circuito.
Dos
brasileiros presentes nas 24 Horas de Le Mans este ano, o melhor classificado
foi Bruno Senna, pela equipe Rebellion na classe LMP1. Bruno e seus
companheiros Neel Jani e Andre Lotterer, no carro Nº 1 da escuderia, terminaram
na 4ª posição, com 13 voltas de desvantagem para o carro vencedor pilotado por
Fernando Alonso & Cia. E chegaram 1 volta atrás do carro de seus
companheiros de equipe no carro Nº 3, perfazendo uma dobradinha da Rebellion
nas posições 3 e 4 da competição. A Rebellion foi praticamente o único time
privado da classe LMP1 a chegar firme até o final, com os demais times ficando
pelo caminho, ou chegando muito lá atrás. E na classe LMP2, vitória de André
Negrão pela equipe Signatech-Alpine, ao lado de Nicolas Lapierre e Pierre
Thiriet, no carro Nº 36, com 21 voltas de desvantagem para os vencedores. Mas a
vitória da Signatech só foi avalizada horas depois do final da corrida, quando
se verificou que a G-Drive estava com o sistema de reabastecimento de seu carro
Nº 26 irregular por mudanças implantadas sem autorização técnica, e que fazia
com que a escuderia conseguisse reabastecer o seu carro com alguns segundos de
folga em relação aos outros competidores, o que ocasionou a desclassificação da
escuderia. Ainda na LMP2, Felipe Nasr, defendendo o carro Nº 47 da Cetilar
Villorba, junto de Roberto Lacorte e Giorgio Sernagiotto, terminou em 19ª, com
47 voltas de atraso. Tony Kanaan, ao volante do carro Nº 67 da Ford Chip
Ganassi, na classe LMGTE-Pro, terminaria em 20º, mas como a equipe deixou o
brasileiro rodar abaixo do tempo mínimo de condução do carro, o bólido acabou
punido, e rebaixado para a 36ª colocação. A 20ª posição acabou ocupada, então,
por outro carro com outro brasileiro ao volante: Pipo Derani, competindo pela
AF Corse Ferrari, também na classe LMGTE-Pro, no carro Nº 52, junto com Toni
Vilander e Antonio Giovinazzi. O carro Nº 51 da AF Corse, também com outro
brasileiro, Daniel Serra, competindo com James Calado e Alessandro Pier Guidi,
terminaram em 22º lugar. Apesar dos percalços e dificuldades que afligiram
alguns, todos eles chegaram ao final da prova, o que por si só já é algo a ser
respeitado. Agora, é aguardar pela edição das 24 Horas de Le Mans do ano que
vem, que fechará a atual temporada do Mundial de Endurance.
E a Suíça
voltou a ter uma corrida de carros após mais de 60 anos de proibição das
competições automotivas em seu território, ao sediar uma etapa da Formula-E, o
campeonato de carros monopostos elétricos. O ePrix de Zurique foi uma prova
interessante, e com várias disputas, que culminaram com a vitória de Lucas di
Grassi, que já vinha flertando com a vitória nas etapas anteriores, e
finalmente retornou ao degrau mais alto do pódio. Lucas largou em 6ºlugar, e
foi superando os demais competidores, até alcançar a liderança, e não sair mais
de lá. Mas quem foi o maior vencedor da etapa suíça foi o inglês Sam Bird, da
Virgin, que largou em 3º e subiu ao pódio na 2ª posição, e que com o 10º lugar
de Jean-Éric Vergne, líder da competição, aproximou-se bastante na pontuação,
voltando a ter chances de conquistar o título da temporada. Vergne saiu de
Zurique com 163 pontos, contra os 140 de Bird. Ainda são 23 pontos a favor do
piloto francês da equipe Techeetah, mas teremos 58 pontos em disputa na rodada
dupla de Nova Iorque, que fecha a competição, neste mês de julho. A parada não
será fácil para Bird, que precisará torcer novamente por outro resultado ruim
de Vergne na pista, o que pode ser difícil, mas não é impossível, como se viu
em Zurique. Contudo, o piloto francês irá de sobreaviso para as corridas nos Estados
Unidos, e certamente tomará cuidado redobrado para evitar resultados que possam
colocar em risco seu favoritismo para levar o título da temporada. Outro que
ambicionava disputar o título, mas decaiu muito nas últimas corridas devida a
azares e outros percalços foi Felix Rosenqvist, que terminou a etapa suíça
apenas em 15º, sem conseguir marcar pontos. Com isso, ele acabou superado na
classificação por Lucas Di Grassi, que é agora o 3º colocado na pontuação, e
deve manter essa posição, terminando o ano com a moral em alta, e mostrando
que, se não fosse pelo início ruim devido aos problemas de confiabilidade de
seu carro, poderia estar disputando o título com Sam Bird e Jean-Éric Vergne.
Resultado similar ao de Sébastien Buemi, que ascendeu à 4ª posição no
campeonato, mas que até agora não conseguiu vencer novamente uma corrida. Buemi
também superou Rosenqvist, que ocupa agora a 5ª colocação no certame. Entre os
times, a Techeetah é a favorita para levar o título na disputa de escuderias,
mas a Audi ABT vem subindo rápida e fortemente, e pode ainda ter chances de
vencer a disputa. É difícil, pois a diferença é de 33 pontos de desvantagem
para a equipe da Audi, mas não impossível. Por outro lado, a Virgin, com seus
157 pontos, só pode torcer para a Audi não ter mais fins de semana positivos,
se quiser terminar o ano como vice-campeã, embora o mais provável seja mesmo
finalizar a disputa em 3º lugar, feito nada desprezível, mas que poderia ter
sido melhor, se não tivesse tido azares em algumas etapas. A rodada dupla em
Nova Iorque, neste mês de julho, encerra a 4ª temporada da categoria, nos dias
14 e 15, e marcará também o fim do uso dos atuais monopostos utilizados por
todos os times, que serão substituídos por novos bólidos para a 5ª temporada,
que estreará em dezembro, nas ruas de Riad, Arábia Saudita.
Depois de
praticamente um ano e meio, eis que Jorge Lorenzo finalmente desencantou na
Ducati. O piloto espanhol, contratado pela equipe italiana para comandar sua
esquadra nas pistas da classe rainha do motociclismo vinha sendo muito menos
efetivo do que Andrea Dovizioso, que surpreendeu ao disputar o título com Marc
Márquez até o fim da temporada do ano passado. Mas uma hora, Lorenzo haveria de
se entender com a desmosédici, e esse dia chegou no GP da Itália de MotoGP, na
pista de Mugello. Jorge largou em 2º no grid, logo atrás do pole-position
Valentino Rossi, e não demorou para superar o velho rival e ex-companheiro de
equipe nos tempos da Yamaha, e assumir o comando da corrida. Mas Lorenzo teve
que se cuidar: Andrea Dovizioso, que largara em 7º, não demorou a partir à caça
do companheiro de equipe, e muitos já imaginavam se Andrea não superaria
novamente o companheiro de escuderia, como vinha fazendo na imensa maioria das
provas que disputaram juntos de 2017 até agora. Mas desta vez Lorenzo mostrou
estar de fato no comando, e como nos velhos tempos, cruzou a linha de chegada
em primeiro lugar, obtendo sua primeira vitória pela equipe de Borgo Panigale,
e encerrando um jejum bem incômodo. Superado pela dupla da Ducati, Valentino
Rossi bem que tentou estragar a dobradinha da equipe italiana, e até o final da
prova não deu sossego a Dovizioso, terminando a prova em 3º lugar. Quem também
fez excelente corrida foi Andrea Iannone, com a Suzuki, terminando em 4º, bem
próximo de Rossi, e imediatamente à frente de seu companheiro de equipe, Alex
Rins. Líder da competição, Marc Márquez não teve um bom dia, e finalizou em
16º, sem marcar pontos. Mas Márquez não teve muito do que reclamar, já que a
imensa maioria de seus adversários na pista vem tendo muitas performances
inconstantes na temporada, e o piloto da Honda seguia firme na classificação do
campeonato.
Se alguns
achavam que a vitória de Lorenzo em Mugello poderia ser algo apenas ocasional,
o piloto espanhol tratou de mostrar em Barcelona, etapa seguinte do Mundial de
MotoGP, que não era bem assim, e tratou de ir colocando as coisas em seus
devidos lugares: Jorge Lorenzo não apenas venceu a prova disputada na
Catalunha, como também anotou sua primeira pole-position com a Ducati,
mostrando enfim sua velocidade de piloto campeão, e calando seus críticos, e a
própria Ducati, que já andava descrente das capacidades do piloto espanhol
adaptar-se à moto da escuderia italiana, sendo que sua substituição já era um
assunto mais do que ventilado nas conversas de bastidores. Contratado por um
acordo que lhe dava um grande salário, Lorenzo teria de aceitar um valor bem
menor se quisesse permanecer em Borgo Panigale, haja vista seus resultados não
terem correspondido durante toda a temporada de 2017, salvo raros lampejos, e
ele também não vinha muito bem este ano, até o triunfo na etapa anterior, em
Mugello. E, desta vez, o maior derrotado foi justamente seu companheiro Andrea
Dovizioso, que além de cair durante a corrida, ainda viu-se igualado em número
de pontos na classificação por Lorenzo, na primeira vez desde que ambos
passaram a correr como companheiros de equipe, no ano passado. Marc Márquez
recuperou-se do mau momento da Itália, e foi 2º colocado, tendo novamente
Valentino Rossi em 3º lugar, lutando contra uma Yamaha ainda instável. E
Lorenzo tratou de silenciar os boatos sobre seu futuro para 2019, ao anunciar
seu novo contrato com o time oficial da Honda, passando a ser companheiro do
compatriota Marc Márquez pelos próximos dois anos, substituindo Dani Pedrosa,
que não mais correrá pela equipe. Isso vai ser bem interessante: vermos como
Márquez lidará com um piloto tão agressivo e aguerrido como Lorenzo como
companheiro de equipe...
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