quarta-feira, 4 de julho de 2018

FLYING LAPS – JUNHO DE 2018


            E o primeiro semestre de2018 já ficou para trás. Já se foi a metade do ano, e seguimos adiante, rumo ao final deste ano, agora pelo mês de julho, período de tradicionais férias para muitos, tanto no Brasil quanto na Europa, principalmente por estarem no meio do verão. Mas o mundo do automobilismo não para, e no mês de junho, tivemos muitas corridas rolando mundo afora, com destaque para as 24 Horas de Le Mans, a mais famosa corrida de endurance do mundo. Como não dá tempo de falar de tudo o que ocorreu, é hora de mais uma sessão Flying Laps, relatando e comentando alguns acontecimentos do universo do esporte a motor deste último mês do primeiro semestre deste ano, em meio às disputas dos jogos de mais uma Copa do Mundo. Portanto, uma boa leitura para todos, e no mês que vem, estarei de volta com mais uma sessão Flying Laps para todos. Até mais.


Enfim, o tabu caiu. A Toyota finalmente conquistou a sua tão sonhada vitória nas 24 Horas de Le Mans, no Mundial de Endurance. Um triunfo que não deve ser desprezado, mas que teria tido muito mais brilho se a equipe nipônica não fosse a única de sua classe a ser um time de fábrica, já que pelas regras que a direção do WEC impôs, seria impossível os outros competidores privados da classe LMP1 sequer desafiarem a performance dos Toyotas na pista de Sarthe. Sem a presença de outros times de fábrica, como Audi e Porsche, restou à equipe japonesa tentar não perder para ela mesma, já que tudo pode acontecer literalmente nas 24 Horas. E a lembrança da derrota ocorrida há poucos anos, quando o carro quebrou na última volta da prova, ainda era um pesadelo que assustava não apenas os japoneses, mas seus pilotos na corrida. Era também a única esperança dos demais times LMP1, que nunca conseguiram sequer se aproximar do andamento dos modelos TS050 híbridos dos nipônicos. Com desempenho de sobra, bastava a Toyota correr “em modo de segurança” para evitar riscos de quebras por forçar o equipamento, e então chegar à tão esperada vitória. E assim foi feito. Mas não sem sofrer alguns sustos pelo meio do caminho, como as punições que um de seus carros tomou por irregularidades no fluxo de combustível, e por extrapolar o número de voltas em um de seus stints no longo traçado de Sarthe. E acabou dando a lógica: venceu o carro Nº 8 dos japoneses, com o trio Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso, que já havia ganho a prova inaugural da temporada, em Spa-Francorchamps. E Fernando Alonso consegue enfim sua segunda vitória nas provas que compõem a Tríplice Coroa do Automobilismo. Ele já venceu o Grande Prêmio de Mônaco, e agora tem o triunfo nas 24 Horas de Le Mans. Falta a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, onde competiu no ano passado, e fez boa apresentação, até seu carro quebrar por problemas de motor. A Toyota ainda fez a dobradinha na prova, com o carro Nº 7, pilotado pelo trio Mike Conway/Kamui Kobayashi/José Maria Lopez, terminou a prova com 2 voltas a menos que o carro Nº 8, principalmente em razão das punições recebidas. Não fosse isso, e disputa pela vitória poderia ter sido mais aguerrida entre os bólidos da escuderia, já que o adversário mais próximo, o carro Nº 3 da equipe Rebellion, com o trio Thomas Laurent/Mathias Beche/Gustavo Menezes, terminou com 12 voltas de desvantagem para o Toyota vencedor. Ao todo, foram dadas 388 voltas no circuito.


Dos brasileiros presentes nas 24 Horas de Le Mans este ano, o melhor classificado foi Bruno Senna, pela equipe Rebellion na classe LMP1. Bruno e seus companheiros Neel Jani e Andre Lotterer, no carro Nº 1 da escuderia, terminaram na 4ª posição, com 13 voltas de desvantagem para o carro vencedor pilotado por Fernando Alonso & Cia. E chegaram 1 volta atrás do carro de seus companheiros de equipe no carro Nº 3, perfazendo uma dobradinha da Rebellion nas posições 3 e 4 da competição. A Rebellion foi praticamente o único time privado da classe LMP1 a chegar firme até o final, com os demais times ficando pelo caminho, ou chegando muito lá atrás. E na classe LMP2, vitória de André Negrão pela equipe Signatech-Alpine, ao lado de Nicolas Lapierre e Pierre Thiriet, no carro Nº 36, com 21 voltas de desvantagem para os vencedores. Mas a vitória da Signatech só foi avalizada horas depois do final da corrida, quando se verificou que a G-Drive estava com o sistema de reabastecimento de seu carro Nº 26 irregular por mudanças implantadas sem autorização técnica, e que fazia com que a escuderia conseguisse reabastecer o seu carro com alguns segundos de folga em relação aos outros competidores, o que ocasionou a desclassificação da escuderia. Ainda na LMP2, Felipe Nasr, defendendo o carro Nº 47 da Cetilar Villorba, junto de Roberto Lacorte e Giorgio Sernagiotto, terminou em 19ª, com 47 voltas de atraso. Tony Kanaan, ao volante do carro Nº 67 da Ford Chip Ganassi, na classe LMGTE-Pro, terminaria em 20º, mas como a equipe deixou o brasileiro rodar abaixo do tempo mínimo de condução do carro, o bólido acabou punido, e rebaixado para a 36ª colocação. A 20ª posição acabou ocupada, então, por outro carro com outro brasileiro ao volante: Pipo Derani, competindo pela AF Corse Ferrari, também na classe LMGTE-Pro, no carro Nº 52, junto com Toni Vilander e Antonio Giovinazzi. O carro Nº 51 da AF Corse, também com outro brasileiro, Daniel Serra, competindo com James Calado e Alessandro Pier Guidi, terminaram em 22º lugar. Apesar dos percalços e dificuldades que afligiram alguns, todos eles chegaram ao final da prova, o que por si só já é algo a ser respeitado. Agora, é aguardar pela edição das 24 Horas de Le Mans do ano que vem, que fechará a atual temporada do Mundial de Endurance.


E a Suíça voltou a ter uma corrida de carros após mais de 60 anos de proibição das competições automotivas em seu território, ao sediar uma etapa da Formula-E, o campeonato de carros monopostos elétricos. O ePrix de Zurique foi uma prova interessante, e com várias disputas, que culminaram com a vitória de Lucas di Grassi, que já vinha flertando com a vitória nas etapas anteriores, e finalmente retornou ao degrau mais alto do pódio. Lucas largou em 6ºlugar, e foi superando os demais competidores, até alcançar a liderança, e não sair mais de lá. Mas quem foi o maior vencedor da etapa suíça foi o inglês Sam Bird, da Virgin, que largou em 3º e subiu ao pódio na 2ª posição, e que com o 10º lugar de Jean-Éric Vergne, líder da competição, aproximou-se bastante na pontuação, voltando a ter chances de conquistar o título da temporada. Vergne saiu de Zurique com 163 pontos, contra os 140 de Bird. Ainda são 23 pontos a favor do piloto francês da equipe Techeetah, mas teremos 58 pontos em disputa na rodada dupla de Nova Iorque, que fecha a competição, neste mês de julho. A parada não será fácil para Bird, que precisará torcer novamente por outro resultado ruim de Vergne na pista, o que pode ser difícil, mas não é impossível, como se viu em Zurique. Contudo, o piloto francês irá de sobreaviso para as corridas nos Estados Unidos, e certamente tomará cuidado redobrado para evitar resultados que possam colocar em risco seu favoritismo para levar o título da temporada. Outro que ambicionava disputar o título, mas decaiu muito nas últimas corridas devida a azares e outros percalços foi Felix Rosenqvist, que terminou a etapa suíça apenas em 15º, sem conseguir marcar pontos. Com isso, ele acabou superado na classificação por Lucas Di Grassi, que é agora o 3º colocado na pontuação, e deve manter essa posição, terminando o ano com a moral em alta, e mostrando que, se não fosse pelo início ruim devido aos problemas de confiabilidade de seu carro, poderia estar disputando o título com Sam Bird e Jean-Éric Vergne. Resultado similar ao de Sébastien Buemi, que ascendeu à 4ª posição no campeonato, mas que até agora não conseguiu vencer novamente uma corrida. Buemi também superou Rosenqvist, que ocupa agora a 5ª colocação no certame. Entre os times, a Techeetah é a favorita para levar o título na disputa de escuderias, mas a Audi ABT vem subindo rápida e fortemente, e pode ainda ter chances de vencer a disputa. É difícil, pois a diferença é de 33 pontos de desvantagem para a equipe da Audi, mas não impossível. Por outro lado, a Virgin, com seus 157 pontos, só pode torcer para a Audi não ter mais fins de semana positivos, se quiser terminar o ano como vice-campeã, embora o mais provável seja mesmo finalizar a disputa em 3º lugar, feito nada desprezível, mas que poderia ter sido melhor, se não tivesse tido azares em algumas etapas. A rodada dupla em Nova Iorque, neste mês de julho, encerra a 4ª temporada da categoria, nos dias 14 e 15, e marcará também o fim do uso dos atuais monopostos utilizados por todos os times, que serão substituídos por novos bólidos para a 5ª temporada, que estreará em dezembro, nas ruas de Riad, Arábia Saudita.


Depois de praticamente um ano e meio, eis que Jorge Lorenzo finalmente desencantou na Ducati. O piloto espanhol, contratado pela equipe italiana para comandar sua esquadra nas pistas da classe rainha do motociclismo vinha sendo muito menos efetivo do que Andrea Dovizioso, que surpreendeu ao disputar o título com Marc Márquez até o fim da temporada do ano passado. Mas uma hora, Lorenzo haveria de se entender com a desmosédici, e esse dia chegou no GP da Itália de MotoGP, na pista de Mugello. Jorge largou em 2º no grid, logo atrás do pole-position Valentino Rossi, e não demorou para superar o velho rival e ex-companheiro de equipe nos tempos da Yamaha, e assumir o comando da corrida. Mas Lorenzo teve que se cuidar: Andrea Dovizioso, que largara em 7º, não demorou a partir à caça do companheiro de equipe, e muitos já imaginavam se Andrea não superaria novamente o companheiro de escuderia, como vinha fazendo na imensa maioria das provas que disputaram juntos de 2017 até agora. Mas desta vez Lorenzo mostrou estar de fato no comando, e como nos velhos tempos, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, obtendo sua primeira vitória pela equipe de Borgo Panigale, e encerrando um jejum bem incômodo. Superado pela dupla da Ducati, Valentino Rossi bem que tentou estragar a dobradinha da equipe italiana, e até o final da prova não deu sossego a Dovizioso, terminando a prova em 3º lugar. Quem também fez excelente corrida foi Andrea Iannone, com a Suzuki, terminando em 4º, bem próximo de Rossi, e imediatamente à frente de seu companheiro de equipe, Alex Rins. Líder da competição, Marc Márquez não teve um bom dia, e finalizou em 16º, sem marcar pontos. Mas Márquez não teve muito do que reclamar, já que a imensa maioria de seus adversários na pista vem tendo muitas performances inconstantes na temporada, e o piloto da Honda seguia firme na classificação do campeonato.


Se alguns achavam que a vitória de Lorenzo em Mugello poderia ser algo apenas ocasional, o piloto espanhol tratou de mostrar em Barcelona, etapa seguinte do Mundial de MotoGP, que não era bem assim, e tratou de ir colocando as coisas em seus devidos lugares: Jorge Lorenzo não apenas venceu a prova disputada na Catalunha, como também anotou sua primeira pole-position com a Ducati, mostrando enfim sua velocidade de piloto campeão, e calando seus críticos, e a própria Ducati, que já andava descrente das capacidades do piloto espanhol adaptar-se à moto da escuderia italiana, sendo que sua substituição já era um assunto mais do que ventilado nas conversas de bastidores. Contratado por um acordo que lhe dava um grande salário, Lorenzo teria de aceitar um valor bem menor se quisesse permanecer em Borgo Panigale, haja vista seus resultados não terem correspondido durante toda a temporada de 2017, salvo raros lampejos, e ele também não vinha muito bem este ano, até o triunfo na etapa anterior, em Mugello. E, desta vez, o maior derrotado foi justamente seu companheiro Andrea Dovizioso, que além de cair durante a corrida, ainda viu-se igualado em número de pontos na classificação por Lorenzo, na primeira vez desde que ambos passaram a correr como companheiros de equipe, no ano passado. Marc Márquez recuperou-se do mau momento da Itália, e foi 2º colocado, tendo novamente Valentino Rossi em 3º lugar, lutando contra uma Yamaha ainda instável. E Lorenzo tratou de silenciar os boatos sobre seu futuro para 2019, ao anunciar seu novo contrato com o time oficial da Honda, passando a ser companheiro do compatriota Marc Márquez pelos próximos dois anos, substituindo Dani Pedrosa, que não mais correrá pela equipe. Isso vai ser bem interessante: vermos como Márquez lidará com um piloto tão agressivo e aguerrido como Lorenzo como companheiro de equipe...
 



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