Hora de trazer mais um de meus
antigos textos aqui no blog, e neste caso, é a coluna que foi publicada no
primeiro final de semana de junho de 1998 – praticamente há 20 anos e um mês. O
tempo realmente anda que é uma barbaridade, para nos lembrar que já se passaram
duas décadas quando escrevi as linhas abaixo. Estávamos começando as atividades
para o Grande Prêmio do Canadá daquele ano, e em meio ao domínio da McLaren no
campeonato da F-1 daquela temporada, e todo mundo esperava que a etapa
canadense, sempre pródiga em corridas agitadas, pudesse dar algum alento à
disputa do campeonato, até porque alguns times chegavam com boas inovações em
seus equipamentos. No final, a Ferrari acabou fazendo a festa, com uma vitória
de Michael Schumacher, que ainda teve Eddie Irvinne em 3º lugar. As favoritas prateadas
de Woking acabaram ficando pelo caminho, assim como as Williams. Comemoração
também para a Benetton e a Stewart, que pontuaram com todos os seus pilotos. De
resto, vários tópicos rápidos comentando os acontecimentos no certame da
F-CART, que veria Alessandro Zanardi ser novamente campeão da categoria ao fim
do ano. Uma boa leitura para todos, e até a próxima antiga coluna por aqui...
RECOMEÇO DE
CAMPEONATO?
A
Fórmula 1 chegou ao Canadá com boas perspectivas de recuperar parte das
disputas de pista que este ano ficaram bem escassas em se tratando da liderança
das corridas. A McLaren ainda continua com a vantagem técnica e moral, dada a
sua vantagem no campeonato. Embora ainda seja prematuro dizer que tudo ainda
pode mudar, é praticamente certo que o time de Ron Dennis deverá ser o campeão
de 1998, seja no mundial de construtores e de pilotos. E se esperar isso é
admitir que a disputa deve se resumir ao 3º lugar no mundial de pilotos e o 2º
no mundial de construtores, o jeito é torcer para que as disputas peguem fogo
no restante do pelotão.
A
Williams é quem promete mais combatividade a partir de agora, ao estrear o
modelo FW20B aqui no Canadá. Em Monza, semana passada, Jacques Villeneuve ficou
atrás apenas da McLaren, e andou mais rápido que a Ferrari com Michael
Schumacher. A Benetton vem em franca evolução, como se viu nas últimas etapas.
Fica a dúvida se a Ferrari, especialmente em virtude do talento de Michael
Schumacher, poderá reagir.
Ao
que tudo indica, a disputa entre estes 3 times deverá esquentar bastante.
Jacques Villeneuve e Heinz-Harald Frentzen vão querer dar a volta por cima,
especialmente se o novo modelo revisado da Williams mostrar mais
competitividade. A Benetton quer mostrar trabalho, e não fossem as brigas roda
a roda com a Ferrari, poderia ter mais resultados do que o que conseguiu na
Espanha e em Mônaco. A
isto some-se o fato de que há uma disputa interna dentro da Benetton para ver
quem é o primeiro piloto do time: depois de algumas corridas, Alexander Wurz
eclipsou Giancarlo Fisichella, apontado como revelação de 97. Disso está
advindo uma certa briga de performance na pista, o que pode ter efeitos bem
variados, como levar a Benetton mais adiante, ou fazer seus dois pilotos
envolverem-se em acidentes por afobação própria.
Na
Ferrari, Schumacher parece ter se superestimado em Mônaco, onde achou que
poderia fazer frente à McLaren mas no final ficou restrito a uma briga com as
Benetton. O fato de Schumacher ter declarado antes da prova monegasca que aqui
no Canadá a Ferrari também viria forte começa a soar duvidosa. Só depois dos
treinos livres de hoje se poderá ter uma idéia mais precisa do que poderá ser o
potencial do time italiano no circuito de Montreal.
Tudo
isso propicia um clima de recomeço de campeonato, com os principais times
preparando-se para ir à luta com tudo o que podem. Talvez a maior
competitividade consiga até quebrar um pouco a monotonia da McLaren, o que
permitiria, pelo menos, mais um pouco de emoção e disputa nas etapas até o fim
do ano. E, com um pouco de forcinha, quem sabe até a McLaren não consiga perder
os títulos. É muito difícil de acontecer, e as possibilidades são até poucas,
pois não existem milagres deste tipo na F-1. Mas sonhar é preciso, e no
momento, tudo o que o pessoal anseia é por um restante de campeonato mais
disputado e equilibrado. Que nossas preces sejam ouvidas!
E
vale lembrar: o circuito de Montreal sempre tem o hábito de apresentar
surpresas. Quem sabe a escrita se repete este ano...
A F-CART não pára, e neste domingo disputa o GP de Detroit, no circuito
de Belle Isle Park, situado em uma ilha no meio do Rio Detroit, que serve de
divisa entre os Estados Unidos e o Canadá. Para os pilotos brasileiros, é
chegada a hora de tentar reagir no campeonato, especialmente por se tratar das
etapas em que nossos pilotos se sentem mais à vontade, os circuitos mistos e de
rua. As esperanças de lutar pelo título pode-se dizer que já eram, pois os
líderes na competição estão muito à frente. Para piorar, Alessandro Zanardi,
que lidera o campeonato, também costuma andar bem nestes circuitos. Ao que
parece, mesmo com toda a torcida, teremos que adiar por mais um ano o sonho de
sermos novamente campeões na categoria...
Domingo passado, nas 200 Milhas de Milwaukee, vi duas situações que
ilustram como alguns pilotos mostram respeito e honestidade em disputas na
pista. Michael Andretti, que perseguia há mais de 10 voltas o líder Patrick Carpentier,
fez a sua tentativa de ultrapassagem na curva 3 do circuito. Carpentier
simplesmente não quis aceitar a tentativa de ultrapassagem e fechou Andretti. O
resultado: Carpentier foi para o muro e Michael acabou indo parar na entrada
dos boxes com a suspensão dianteira torta. Fim de corrida para ambos.
Carpentier, que foi a revelação da categoria em 1997, precisa mostrar um pouco
mais de esportividade na pista. Seu colega, Greg Moore, é um exemplo de piloto
que mostra ter amadurecido um pouco. Em 1996, ano de sua estréia na categoria,
o canadense era muito mais afobado e impetuoso do que técnico, chegando a
causar diversos acidentes. Do ano passado para cá, refinou sua pilotagem e
melhorou sua conduta na pista, sem deixar de ser rápido, e no momento é o
vice-líder do campeonato. Já Michael Andretti também precisa dosar um pouco o
seu ímpeto, embora sua culpa no acidente seja mínima, pois ele nunca havia
disputado posição com Carpentier, e sua manobra não estava sendo errada. O
exemplo oposto viu-se mais tarde durante o desenrolar da corrida, quando Al
Unser Jr. e Alessandro Zanardi disputaram posição carro a carro, um ao lado do
outro, por praticamente duas voltas e meia, sem encostarem um no outro. No
final, Al Unser Jr. venceu a parada e ultrapassou o italiano. Um exemplo de
duelo agressivo e limpo, que mostra que ultrapassagens disputadas não precisam
resultar em acidentes.
Pela segunda corrida consecutiva na F-CART, Dennis Vitolo destruiu seu
carro e deixou os mecânicos da equipe Payton-Coyne com muito o que fazer para
reparar o carro. A equipe não assinou contrato integral com Guálter Salles,
mesmo depois de seu assombroso desempenho em Long Beach, porque
precisava do dinheiro dos patrocinadores de Vitolo. Mas com tantas batidas do
piloto, eu diria que os patrocinadores estão tendo mais prejuízo do que
retorno, pois só estão aparecendo quando as câmeras focalizam o carro, que
ficou totalmente destruído nas últimas batidas. De ressaltar que em Milwaukee,
Vitolo bateu nos treinos e praticamente não disputou a corrida...
Juan Pablo Montoya venceu o GP de Pau, disputado na última
segunda-feira. Max Wilson conseguiu o seu primeiro resultado positivo na
temporada, ao terminar em 2º lugar, ainda que tenha ficado 1 volta atrás de
Montoya, que lidera o campeonato...
A F-Indy (IRL) volta às pistas neste fim de semana. Amanhã tem a prova
de Forth Worth, no Texas. Alguns pilotos, como Eddie Cheever e Budy Lazier,
ainda estão curtindo a ressaca de Indianápolis...
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