Estamos praticamente fechando o mês
de julho, e boa parte dos campeonatos dá uma pausa agora para aproveitarem um
pouco as férias de verão na Europa, como a MotoGP, e a própria F-1 fará após a
etapa da Hungria. Fora isso, tivemos também o encerramento de mais um temporada
da Formula-E, com um novo campeão no certame. De fato, muita coisa rolou neste
mês, portanto, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo
uma avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade nestas
últimas semanas, sempre com minhas devidas considerações e comentários a
respeito, que fica a critério de todos os leitores concordarem ou não com
minhas posições sobre os assuntos dissertados, e que possam pelo menos apreciar
o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM
ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na
cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Cotação
Automobilística no mês que vem, com algumas avaliações dos acontecimentos do
mês de agosto:
EM ALTA:
Jean-Éric
Vergne: O piloto francês da equipe Techeetah conquistou o título da quarta
temporada da Formula-E com todos os méritos. Mesmo dispondo de uma grande
vantagem na pontuação, Vergne simplesmente partiu para o ataque na penúltima
prova da temporada, a primeira prova da rodada dupla de Nova Iorque, e ainda
tendo de largar na última fila devido a uma punição no treino de classificação.
E aos poucos, o piloto foi superando os adversários na pista, um a um, e
principalmente, Sam Bird, o único que ainda poderia ter chances de conquistar o
título. Superado o piloto da Virgin, ficava a dúvida se Vergne seria campeão já
ali na primeira corrida, ou se o desfecho final seria na prova de domingo. E
Jean-Éric deu a resposta, avançando ainda mais em algumas posições, enquanto
Bird mostrava-se incapaz de responder na pista, e adiar a conquista que já
parecia inevitável para o rival. E Vergne conseguiu, faturando matematicamente
o título ainda na prova de sábado. Mas, para não deixar dúvidas sobre seus
méritos da conquista, o piloto francês ainda venceu a corrida final, no
domingo, depois de uma grande disputa com Lucas Di Grassi, fechando a temporada
com chave de ouro, e vencendo um terço das corridas da temporada, além de ter
sido o piloto com mais pole-positions no ano. Um campeonato ganho com todos os
méritos, dada a vantagem de pontuação para os rivais mais próximos, a maior já
vista desde que a F-E iniciou suas disputas, em 2014.
Lucas
Di Grassi: O piloto brasileiro da equipe Audi teve um início de temporada
abaixo de qualquer expectativa na quarta temporada da F-E. Sem marcar pontos no
primeiro terço de campeonato, as chances de defender o título conquistado no
ano anterior viraram pura ilusão, dada a desvantagem em relação aos adversários
que já estavam muito à frente na tabela. O objetivo, então, passou a ser outro:
terminar o ano de forma decente, e centrar forças na próxima temporada. Mesmo
assim, Lucas não esmoreceu, assim como a equipe Audi, que conseguiu resolver os
problemas técnicos que afetavam a confiabilidade dos carros, e dali em diante,
a partir da etapa do Uruguai, o piloto brasileiro não saiu mais do pódio até o
fim da temporada, colecionando inclusive 2 vitórias, e arrebatando o
vice-campeonato que parecia destinado a Sam Bird na última prova do ano,
superando o piloto da Virgin por apenas 1 ponto, e terminando o ano com a
cotação e a reputação plenamente restabelecidas. Foi o ano mais difícil para
Lucas na categoria, até porque pela primeira vez ele teve concorrência firme de
Daniel Abt na escuderia, com o alemão a ganhar duas corridas, e estar em boa
parte do ano à frente do brasileiro na classificação do campeonato, até que Di
Grassi restabelecesse a ordem das forças nas últimas corridas. Lucas parte para
a próxima temporada mais forte do que nunca, e pronto para tentar se manter
como um dos principais nomes da competição e um dos favoritos na luta pelo
título.
Campeonato
da equipe Audi na Formula-E: Depois de três temporadas onde a e.dams foi sempre
a vencedora do campeonato de equipes, a Audi enfim conquistou o referido título
na quarta temporada, onde sua até então parceria com a equipe Abt, foi elevada
ao status de time oficial de fábrica, a exemplo do que a Renault fazia com a
e.dams. Com os recursos antes canalizados no WEC agora direcionados para o
certame dos carros de competição monopostos 100% elétricos, a Audi produziu um
carro extremamente rápido, mas o início da temporada foi traumático,
especialmente para o campeão vigente, o brasileiro Lucas Di Grassi, que por
mais que andasse bem, ficava pelo caminho, enfrentando panes no carro que o
deixavam a pé na pista. Foi só a partir da 5ª etapa, com um terço da competição
já concluída, que a escuderia conseguiu resolver os problemas, e mostrou a que
veio, conquistando 4 vitórias com sua dupla de pilotos, e com Di Grassi
conseguindo uma impressionante sequência de pódios consecutivos até o fim da
temporada. E foi aos 45 do segundo tempo que o time de Ingolstadt conseguiu o
que parecia completamente impossível no início do ano: ser campeã de equipes,
superando a Techeetah, o grande destaque da temporada, com Jean-Éric Vergne,
que acabou superada pela má atuação de seu outro piloto, Andre Loterer, que em
algumas provas não conseguiu resultados tão vistosos quanto o parceiro e
campeão francês da competição. A Audi conseguiu não apenas restabelecer a
fiabilidade de seus carros, como sua dupla de pilotos também mostrou excelentes
resultados em várias corridas, como na rodada dupla final, com um triunfo de Di
Grassi, e Daniel Abt subindo ao pódio, e com isso, superando a escuderia
chinesa por apenas 2 pontos. Para a próxima temporada, com carros novos, onde
tudo praticamente será novo na competição, a Audi já se apresenta como um dos
nomes mais fortes da competição, e o time que deverá ser batido. Difícil, mas
não impossível, como vimos durante o ano na competição.
Marc
Márquez: A “Formiga Atômica” continua arrepiando na MotoGP, e com nova vitória
na Alemanha, onde vence ininterruptamente desde que estreou na classe rainha do
motociclismo, Marquez abriu ainda mais vantagem na classificação, com 46 pontos
para o vice-líder, Valentino Rossi, que tenta como pode acompanhar o ritmo do
piloto da Honda com uma Yamaha que parece não ter potencial para duelar roda a
roda com a rival nipônica. Marc poderia abandonar as próximas duas corridas que
mesmo assim ainda continuaria na liderança, se Rossi não vencesse as duas
provas. O problema é que Márquez está correndo praticamente sozinho, uma vez
que tanto Yamaha quanto Ducati não conseguem lhe fazer oposição com a
constância que realmente significaria uma ameaça a seu favoritismo ao título.
Portanto, o negócio é acelerar, e desgarrar cada vez mais na dianteira, para
evitar pressões inesperadas, ou contornar algum final de semana onde as coisas
deem errado. Na década passada, Valentino Rossi assombrou o mundo com suas
façanhas nas duas rodas. Márquez vem fazendo o mesmo agora, e tem tudo para
igualar, ou até mesmo ultrapassar as marcas do “Doutor”, enquanto seus rivais
batem cabeça na pista e seus times parecem não conseguir lhes dar suporte
adequado para vencerem. Mas é bom Márquez aproveitar este ano, porque em 2019,
com Jorge Lorenzo dividindo o box da Honda com ele, o caldo pode entornar na
escuderia japonesa. Resta saber quem irá azedar primeiro...
Robert
Wickens: O piloto canadense já é a sensação da temporada 2019 da Indycar.
Estreando na categoria nesta temporada, Robert já chegou “chegando” logo na sua
primeira corrida, em São Petesburgo, onde largou na pole-position, e tinha boas
chances de vencer, até um incidente nas voltas finais o tirar da disputa. Mas
isso não o intimidou, e ele subiu ao pódio logo na 2º corrida, em Phoenix,
terminando em 2º lugar. De lá para cá os resultados oscilaram um pouco, mas o
novato vem conseguindo fazer uma temporada constante e está em 6º na
classificação, atrás apenas de dois pilotos da Andretti, dois da Penske, além
claro do líder Scott Dixon. E Wickens vem dando uma baile até mesmo no parceiro
de equipe, o já experiente e compatriota James Hinchcliffe, que só conseguiu se
sobressair ao talentoso novo companheiro de time na Schmidt-Peterson na etapa
de Iowa, onde ele venceu. Mesmo assim, Hinchcliffe continua atrás na tabela, e
já teve até um ponto negativo no ano, quando falhou a classificação para as 500
Milhas de Indianápolis. Robert está virando o nome do momento na categoria, e
tem tudo para evoluir e atingir vôos mais altos, tanto quanto seu time puder
lhe proporcionar. E o novato canadense mostra que vem aprendendo bem rápido,
talvez mais até do que seus rivais na pista esperavam...
NA MESMA:
Dupla
da Mercedes em 2019: O time da Mercedes anunciou neste mês a renovação de sua
dupla atual, que prosseguirá defendendo a escuderia na F-1 no próximo
campeonato. Lewis Hamilton renovou por mais dois anos, a um valor especulado de
US$ 45 milhões por temporada. E, às vésperas do GP da Alemanha, o time também
anunciou a renovação de Valtteri Bottas, mas apenas para a temporada de 2019, e
obviamente, sem ganhar a mesma fortuna do parceiro tetracampeão, que pode vir a
ser pentacampeão ao fim da temporada. E infelizmente, vimos a primeira
consequência disso já na corrida, quando o finlandês foi orientado pela equipe
a não tentar atacar seu parceiro Hamilton, na disputa pela liderança, e pela
vitória na corrida, que acabou com o inglês. Bottas foi logo dizendo que
entende essa situação, e se alguns ainda pensavam em vê-lo como candidato ao
título, podem esquecer. Pior é a Mercedes se rebaixar ao jogo de equipe como a
Ferrari tantas vezes já fez uso em sua história, algo que só atenta contra a
imagem da F-1, que luta para achar um novo rumo que a torne atrativa aos
públicos dos dias atuais. Para Valtteri, resta a expectativa de que a situação
dentro do time mude, mas infelizmente, sua subserviência é a sua permanência no
time prateado, que diferente dos tempos de dominação recentes com a dupla Lewis
Hamilton/Nico Rosberg, parece que perdeu a coragem de ousar.
Esteban
Ocón: O piloto francês da equipe Force India terá de postergar por mais um ano
suas esperanças de conseguir um cockpit mais competitivo na F-1. Apadrinhado
pela Mercedes, Ocón garante ao time indiano um desconto no uso das unidades de
potência alemãs pela escuderia, que sempre teve o intuito de prepará-lo para
ascender ao time principal de fábrica no momento certo. O problema é que, no
ano passado, quando a vaga de Nico Rosberg foi aberta na escuderia campeão, foi
Valtteri Bottas o escolhido para preenchê-la, sob a alegação de que o finlandês
era mais experiente e confiável, depois de quatro anos como titular na
Williams. E agora, com a manutenção de Bottas, Ocón fica novamente e compasso
de espera, sem saber exatamente por onde competirá no próximo ano, a se
confirmarem os boatos de que Lawrence Stroll estaria comprando a Force India, o
que promoveria grandes mudanças no time, talvez já para o GP da Bélgica, com a
possível mudança de Lance Stroll para lá, mas no lugar de quem? De Sérgio
Pérez? Ou de Ocón? O francês e o mexicano fazem um campeonato bem parelho na
tabela de classificação, e cada um tem suas armas, dentro e fora da pista. Ocón
pode acabar seguindo o destino de Pascal Werhlein, que era também apadrinhado
pelo time alemão, e acabou ficando a pé na F-1, sendo “remanejado” para outra
categoria. Que sina...
Dupla
da Red Bull para 2019: O contrato ainda não foi assinado, mas Daniel Ricciardo
deve permanecer na equipe austríaca na próxima temporada, e talvez até 2020. O
piloto australiano, um dos mais carismáticos e simpáticos da F-1, é veloz,
eficiente em corrida, e comete poucos erros. Mas, curiosamente, isso acabou
virando um ponto negativo para ele tentar a sorte em times mais competitivos. A
Ferrari só não afirmou abertamente que ele foi vetado por Sebastian Vettel no
time, mas a verdade é que o piloto alemão, ao dividir a Red Bull com Ricciardo
em 2014, acabou tomando uma lavada do australiano, o que ajudou a motivar sua
saída do time dos energéticos, junto com a queda de performance do time. Vettel
pode até afirmar o contrário, mas sabe que pode não conseguir dominar Ricciardo
em um jogo limpo na pista e no box, e portanto, é o maior defensor da
permanência de Kimi Raikkonen na Ferrari para o próximo ano, como o foi nos
anos anteriores, pois o finlandês está aceitando sujeitar-se à política de
favorecimento ao alemão no time de Maranello. Por motivo parecido, Lewis
Hamilton não chegou a vetar a contratação de Daniel, mas a direção da Mercedes
sabe que, com Ricciardo no mesmo box que Lewis, voltaria o ambiente de trabalho
fraticida visto entre 2014 e 2016 entre Hamilton e Nico Rosberg, que só não
teve maiores consequências porque o time não teve rivais de fato na pista. Sem
outras opções competitivas no momento, resta a Ricciardo permanecer onde está,
e aguardar por uma oportunidade onde seu talento vença essa política das
escuderias. E torcer para a utilização do motor Honda pela Red Bull a partir do
ano que vem ser mais frutífera do que a atual parceria com a Renault.
Romain
Grosjean: O piloto da equipe Hass finalmente saiu do zero na temporada com uma
performance expressiva na Áustria, marcando seus primeiros pontos na temporada,
e parecendo ter posto fim à onda de azar e erros que vinham marcando sua
temporada até então na F-1, especialmente em um ano onde seu time mostra
potencial para ficar atrás apenas de Ferrari, Mercedes e Red Bull, com um carro
competitivo em muitas pistas. Mas, na Inglaterra, Grosjean infelizmente voltou
a sofrer azares, batendo nos treinos, e depois se envolvendo em outro acidente
na corrida quando se enroscou com Carlos Sainz Jr. e viu outra chance de
pontuar ir pelo ralo pelo erro. A paciência do time, que até então vinha dando
uma colher de chá para a temporada atribulada do piloto, aparentemente chegou
ao fim, e pelo menos na Alemanha, Romain conseguiu pontuar novamente bem,
superando os desaires das trocas de pneus que a leve chuva que caiu no
autódromo provocou em diversos times, e que fez o time cair para posições fora
da zona de pontuação. Mas a situação de Grosjean ainda anda complicada na
escuderia, que decididamente não quer mais perder pontos devido aos percalços
provocados por seus pilotos, o que pode acabar sobrando também para Kevin
Magnussen, mesmo com sua pontuação expressiva no campeonato até aqui. Alguém
pode rodar no fim da temporada, ainda mais pelo fato de a Hass estar se
tornando uma opção muito cobiçada por vários pilotos. E Grosjean, até aqui, é o
maior candidato a ser o primeiro a dançar e ficar sem seu lugar no time...
Scott
Dixon: O piloto neozelandês é o que restou de força na Ganassi para impor respeito
no campeonato da Indycar, e até o presente momento, Scott vem conseguindo
cumprir sua missão com todo o respeito. O piloto mostrou sua categoria ao
vencer novamente em Toronto, e ampliar novamente sua vantagem na classificação
do campeonato, que havia sido reduzida na prova de Iowa, mas sem perder a
liderança do certame. Com três vitórias no ano, em um time que virou uma
escuderia de um carro só na prática, Dixon se transforma no favorito ao título
da temporada, tendo no momento 62 pontos de vantagem para o atual campeão Josef
Newgarden, que não pode ser menosprezado. Dixon tem conseguido aproveitar a
inconstância de seus rivais para manter-se à frente na pontuação, e tem
conseguido fazer isso com grande maestria, mas é preciso estar atento, pois um
simples fim de semana ruim pode complicar tudo, e a Ganassi parece não ter mais
a força das rivais Penske e Andretti. Dixon tem feito toda a diferença, mas os
rivais também tem ajudado. Enquanto a situação puder ser mantida assim, ótimo
para Dixon, porque as etapas vão passando, e os concorrentes perdendo
oportunidades para reagir. E Scott sabe muito bem o que precisa fazer para
evitar surpresas. Pior para seus rivais...
EM BAIXA:
Circuito
de Sonoma sai da Indycar: O campeonato de monopostos dos Estados Unidos
anunciou neste mês de julho que a pista de Infineon, em Sonoma, na Califórnia,
não estará presente no calendário da categoria no próximo ano. Dificuldades
financeiras, fora o fato da pista ser muito travada e dificultar as disputas
entre os carros na pista, foram cruciais para deixar o circuito, presente no
calendário da Indycar há vários anos, de fora da competição. E não é difícil
imaginar o porquê dos problemas financeiros, já que raramente vimos as
arquibancadas do circuito, muitas delas inclusive construídas aproveitando as elevações
dos terrenos junto à pista, cheias de expectadores. Com o risco de se
aumentarem os prejuízos com a baixa adesão do público, e atendendo aos pedidos
de equipes e pilotos, que ansiavam por poder encerrar a temporada em um lugar
que propiciasse mais disputas, chegou-se ao acordo para retirar o circuito do
calendário, que terá sua última prova encerrando a temporada atual. Em seu
lugar, para festa dos antigos torcedores, a direção da categoria está trazendo
o circuito de Laguna Seca, em Monterrey, também na Califórnia, que sediou
várias edições na F-Indy original, e que deverá encerrar o campeonato de 2019.
Sebastian
Vettel: O tetracampeão alemão, considerado por muitos o grande favorito ao
título da temporada deste ano na F-1, uma vez que a Ferrari parece enfim ter
conseguido superar tecnicamente a Mercedes, é um dos grandes talentos da
história da categoria máxima do automobilismo, e de certa forma, faz juz a esse
mérito, pois ninguém é quatro vezes campeão do mundo por pura sorte. E Vettel
vem fazendo um grande campeonato, em que pese ter cometido alguns erros crassos
quando buscou a vitória com um pouco de exagero, em Baku, ou sucumbiu a uma
pressão por antecipação, como no domingo passado, na Alemanha. Nas duas
ocasiões, perdeu vitórias certas se tivesse um pouco mais de cuidado e
paciência, entregando triunfos na mão do principal adversário na luta pelo
título. Mas, se teve uma postura que desmereceu Vettel como grande piloto e
campeão, foram as reclamações durante a prova alemã, de quando estava atrás do
colega de equipe Kimi Raikkonem, chegando a pedir expressamente para o time
“tirá-lo da sua frente”. Naquele momento, com uma estratégia diferente, Kimi de
fato andava à frente do companheiro de time alemão, e Vettel não deveria se
incomodar com isso, pois com a diferença de estratégias, ele voltaria à frente.
Vettel acabou dando uma prova cabal de que seus nervos parecem não ser tão
eficientes como costuma mencionar, e também desmerece o próprio talento: se ele
estava mais rápido, que fosse para cima e passasse Kimi, e não ficasse berrando
pelo rádio daquela maneira. Kimi abriu passagem, mas ao fazer isso, perdeu
ritmo, e talvez até um pouco o ímpeto na corrida, e depois, quando Sebastian
saiu da prova, o finlandês não estava em posição de assumir a liderança, e na
relargada, não conseguiu atacar as Mercedes e tentar pelo menos garantir um
triunfo para a Ferrari. A derrota do time italiano em Hockenhein foi mais do
que merecida, e o abandono de Vettel, idem.
Negociações
para os novos motores da F-1 de 2021: Quando tudo parecia caminhar para um
maior entendimento sobre as novas regras que ditarão as normas técnicas dos
propulsores que a F-1 utilizará a partir de 2021, eis que as fabricantes voltam
a frisar que não irão abrir mão dos sistemas atuais. Contando até com o apoio
da Honda, justo a fabricante que até agora não conseguiu mostrar a que veio na
nova era turbo-híbrida da categoria, as negociações empacam novamente, e as
esperanças de se introduzir pelo menos motores menos complexos, e por tabela,
mais acessíveis, na esperança de onerar menos os times clientes, e tentar
atrair novos fabricantes para a F-1, acabam em compasso de espera, e sem uma
expectativa de como as negociações continuarão daqui para a frente. A
iniciativa é importante para tentar reforçar o número de fabricantes de
unidades de potência interessados na categoria máxima do automobilismo, mas até
agora nenhum novo fabricante apresentou planos de adentrar no certame, e
enquanto as regras não forem claramente definidas, não devem fazê-lo. E, quanto
mais o prazo for adiado, menores as chances de se obter um consenso que permita
implantar os novos propulsores até 2021.
Dani
Pedrosa: O piloto espanhol havia sido informado que não teria seu contrato
renovado com a equipe oficial da Honda na MotoGP para a próxima temporada,
quando seu lugar será ocupado por Jorge Lorenzo. Mas, depois de perambular pelo
paddock da classe rainha do motociclismo, e ver que não havia nenhum time que
se interessasse em contratá-lo, ou que não haviam opções em outros certames,
como a Superbike, Dani optou por pendurar o capacete ao fim da atual temporada,
encerrando uma carreira de 13 temporadas na MotoGP. Apesar de possuir números
bem robustos em seu currículo, como 31 vitórias, 31 pole-positions, e 44 voltas
mais rápidas, seus bons tempos vinham rareando nos últimos anos. Sempre
correndo pela equipe oficial da Honda, Pedrosa infelizmente nunca conquistou um
título pela marca na classe rainha, e suas melhores temporadas foram 2007,
2010, e 2012, quando foi vice-campeão. Com a chegada de Marc Márquez à
escuderia, Daniel acabou eclipsado totalmente pelo novo companheiro de equipe,
e suas performances antológicas começaram a rarear. Em 2013, ele ainda foi 3º
colocado no campeonato, mas dali em diante, o melhor posicionamento foi o 4º
lugar, em especial em temporadas dominadas amplamente por Honda e Yamaha, o que
significa que dos postulantes ao título, Pedrosa acabou em último, sendo que em
2016 ficou em 6º lugar. Pesaram também na sua decisão de largar as pistas os acidentes
sofridos nos últimos anos, que o obrigaram a passar por algumas cirurgias, que
o fizeram perder alguns GPs, e não se pode negar que os tombos também o fizeram
perder parte do empenho em acelerar fundo. Sua performance este ano está sendo
ridícula, comparada com a do companheiro Marquez, que lidera o campeonato,
enquanto Dani é apenas o 12º. Pelo que já passou na categoria, e viveu na
equipe Honda, Dani merecia uma despedida mais digna da carreira, mas no andar
da carruagem, ele poderá ser visto muito mais como decadente do que um piloto
de respeito.
Fiabilidade
na Red Bull: O time dos energéticos tem conseguido até dar algum calor nos
pilotos das poderosas Mercedes e Ferrari este ano em boa parte das provas, mas
nas últimas corridas, a fiabilidade acabou alijando o time de metade de suas
chances de bons resultados. Que o diga Daniel Ricciardo, que acabou abandonando
em Zeltweg e Hockenhein, e olhe que nesta última o australiano ainda largou em
último devido à troca de componentes de sua unidade de potência. Mas, durante
sua recuperação, eis que Daniel fica literalmente... sem potência! E com uma
unidade teoricamente com componentes zero bala. Max Verstappen parou de arrumar
confusão na pista, e passou a pontuar e bem, aproveitando sempre as oportunidades,
mas em Silverstone ele teve problemas de freios, e com isso, acabou saindo da
pista e batendo. E estes resultados negativos infelizmente afastam de vez as
possibilidades, já escassas, de seus pilotos tentarem se incluir na luta pelo
título da temporada, ou pelo menos incomodar os favoritos Hamilton e Vettel na
maioria das provas. Para tentar chegar em primeiro, primeiro é preciso chegar.
Mas, quando o carro o deixa na mão, infelizmente não há muito o que fazer. E
ainda tem a ameaça velada de os propulsores Honda no time em 2019 darem outro
show negativo, embora eles tenham melhorado de confiabilidade neste ano. A
Hungria é um bom lugar para a Red Bull tentar afastar a uruca e mostrar
serviço... Desde que os carros não apresentem nenhuma surpresa desagradável
pelo caminho...
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