De volta com mais um de meus antigos
textos, este foi publicado em 12 de junho de 1998, e o assunto eram várias notícias
que circulavam pelos bastidores da F-1 na época, e que esquentavam a “silly
season” da categoria máxima do automobilismo. Especulava-se a respeito da
possibilidade da Volkswagen, com a compra da Vickers, entrar na F-1, já que
seria dona da Cosworth, e do retorno da Honda, como um time completo,
produzindo motor e chassi, entre outras conversas que agitavam os paddocks. Mas
a Volkswagen nunca veio para a F-1, e até hoje, a marca alemã não demonstra
simpatia pela idéia de entrar na categoria, mesmo com uma das marcas sob seu
comando, como a Audi e a Porsche. A Cosworth, como parte do projeto da Ford de
marcar presença de vez na F-1, compraria o time de Jackie Stewart no fim do ano
seguinte, e para garantir os motores, compraria também a Cosworth, garantindo a
união Ford-Cosworth por mais alguns anos, até desistir de tudo em meados da
década seguinte. Da mesma maneira, a volta da Honda sofreu um baque com a morte
repentina de Harvey Postlethwhite, que coordenava o projeto de criação do carro
de F-1 da marca japonesa, de modo que a Honda retornou oficialmente apenas como
fornecedora de motores, atendendo às equipes BAR e Jordan. Alguns anos depois,
os nipônicos compraram a BAR, para transformá-la no time Honda de F-1, que
infelizmente acabou sendo um fracasso completo, motivando a marca a deixar
novamente a categoria, para voltar vários anos depois, novamente apenas como
fornecedora de motores, estando até hoje lutando para restabelecer seu nome na
F-1. Curtam o texto, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...
BOMBAS NA FÓRMULA 1
De
alguns dias para cá, a Fórmula 1 anda fervendo com várias “bombas” que estão
estourando nos bastidores da categoria, sendo que algumas delas tem efeitos bem
amplos e envolvendo muita gente no circo e que podem causar vários rebuliços.
Para
começar, temos a compra da Rolls-Royce pela Volkswagen, uma das gigantes da
indústria automobilística mundial. E o que isso tem a ver com a F-1, afinal?
Bem, para início de conversa, a compra da Rolls-Royce passa pelo seu
proprietário, que atualmente é o grupo Vickers. Este, por sua vez, desde 1990 é
dono de um dos mais respeitados grupos presentes no universo da F-1, a
Cosworth. Simplificando, agora a Volkswagen, além de dona da Rolls-Royce, é
também proprietária da Cosworth, o que pode gerar a implosão de uma das mais
conhecidas marcas ligadas à F-1.
Já
não é segredo que a Volkswagen, diante do sucesso da Mercedes-Benz na F-1 com a
McLaren, somado o anúncio, já oficial, do retorno da BMW à categoria no ano
2000, também tem planos de entrar na F-1. A única dúvida fica por conta de
quando e com qual equipe a Volkswagen entraria na maior categoria
automobilística do planeta. Agora, com a compra da Cosworth, que integra o
grupo Vickers, a Volkswagen tem todos os meios para efetivar seu ingresso na
categoria. E já correm boatos de que a Benetton seria o time escolhido pela
marca para receber os motores da agora nova parceria Volkswagen-Cosworth.
E
a Ford? Tudo indica que a parceria Ford-Cosworth, firmada há 31 anos, que
resultou até agora em 13 títulos de pilotos e 10 de construtores, com 174
vitórias em 458 GPs, irá acabar. Tudo indica que em 1999 a união Ford-Coworth
já estará oficialmente dissolvida. Nem mesmo o acordo de 5 anos da Ford com a
Stewart Racing irá escapar desta hecatombe da fábrica norte-americana na
categoria. Embora os motores levem o logo da Ford, é a Cosworth quem projeta e
constrói os propulsores, que são financiados pela fábrica norte-americana. E
isso não é nenhuma novidade na F-1: os motores Mercedes que equipam os carros da
McLaren, por exemplo, são construídos pela Ilmor Engineering, e não pela
própria Mercedes.
Embora
haja acordo de cooperação tecnológica entre a Cosworth e a Ford, tudo indica
que os motores deverão sofrer um forte retrocesso com a Ford tendo de encarar sozinha
o desafio da F-1, o que pode significar um período sombrio para a Stewart e as
demais equipes que utilizam os motores Ford. Mas a Stewart, por ser o time
oficial da fábrica, é quem deverá sofrer o maior baque.
Outra
“bomba” é que a Honda vai mesmo voltar à F-1, e praticamente já em 1999. E com
equipe completa, construindo tanto carro quanto motor. Surgiram alguns boatos
de que a Honda poderia comprar a equipe Jordan para poupar esforços em montar a
estrutura de uma escuderia, mas os novos rumores indicam que a Honda irá ser
mais uma equipe na categoria. Os chassis deverão ser projetados por Harvey
Postlethwhite e Mike Gascgoine, atual dupla de projetistas da Tyrrel, que está
sofrendo uma total reformulação para 1999. A confecção dos carros deverá ficar
a cargo de Gianpaolo Dallara, marcando o seu retorno à F-1, onde esteve
presente pela última vez em 1992, quando fabricou os carros da extinta Scuderia
Itália. O retorno da Honda, se ajuda a F-1 a ter um grid mais cheio – afinal,
serão 24 carros contra os 22 atuais, deixa Eddie Jordan meio inseguro, pois não
se sabe se irá continuar tendo os motores japoneses, embora o mais provável
seja receber unidades cliente da Mugen, enquanto o time oficial terá os motores
de última geração.
Já
a Goodyear também provocou outro rebuliço, reafirmando sua decisão de abandonar
mesmo a F-1, alegando alta dos custos, o que irá deixar a Bridgestone sozinha
na categoria. Mais ainda: o fabricante de pneus ainda deu uma tremenda bronca
pública em Michael
Schumacher antes do GP do Canadá devido às críticas do
bicampeão alemão em relação aos pneus norte-americanos, culpando-os pelo mau
desempenho da Ferrari em relação à McLaren nas últimas etapas. A vitória de
Schumacher no Canadá serviu para acalmar os ânimos, mas a Goodyear já riscou o
bicampeão alemão de sua lista de pilotos preferidos.
Há
ainda vários acontecimentos ocorrendo nos bastidores da F-1, mas estes
relacionados acima são, no momento, os mais contundentes. E eles ajudam a
apimentar o ambiente, garantindo muitas especulações e fofocas sobre o que
ainda pode acontecer. Vamos ver qual vai ser a próxima “bomba” a surgir. E pode
não demorar muito para isso ocorrer...
A McLaren sofreu uma verdadeira hecatombe no Grande Prêmio do Canadá,
ao ficar com seus dois pilotos fora da corrida devido a problemas de câmbio, o
que parece ser o ponto fraco do extraordinário chassi MP4/13. Michael
Schumacher não deixou a chance escapar e venceu a prova, mas não sem ganhar
novos e contundentes arranhões em sua imagem de piloto e pessoa. Schumacher
jogou Heinz-Harald Frentzen para fora da pista ao sair dos boxes de maneira
imprudente. O bicampeão alemão se defendeu dizendo que não viu a Williams do
compatriota, mas Frentzen foi claro ao dizer que foi literalmente fechado pela
Ferrari na curva, sendo obrigado a sair da pista e rodar para não bater no
compatriota. Damon Hill, por sua vez reiterando as “virtudes morais” de
Schumacher como duvidosas, acabou sendo criticado pelo alemão por ter, segundo
Michael, pretensões de “matá-lo a 320 Km/h”, em resposta à sua tentativa de
ultrapassar Hill na pista. A meu ver, Damon apenas tentou defender sua posição,
o que me faz pensar que Schumacher deve achar que os outros pilotos lhe devam
dar passagem. Ambos disputavam a 2ª posição. Por mim, a punição a Michael
Schumacher pelo que fez a Frentzen foi insuficiente. Basta lembrar o que o
alemão fez com Jacques Villeneuve em Jerez de La Fronteira ano passado, e
isso deixa a dúvida se Schumacher ainda está sob a mira da FIA no quesito
direção perigosa e manobras desleais. A FIA precisa tomar alguma atitude quanto
a isto. Schumacher pode ser o melhor piloto da F-1 atual mas como pessoa, seu
caráter é duvidoso. Reconheço seu talento na condução de um carro de corrida,
mas atitudes como esta mostram que o alemão não é confiável, e sua moral não
parece ser das melhores. Um verdadeiro campeão não precisa tomar este tipo de
atitude na pista, pois teoricamente, deveria confiar mais em seu talento.
Lamentável...
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