Saudações a todos. Trago hoje mais
uma coluna antiga, publicada no dia 22 de maio de 1998, onde o assunto
principal é o Grande Prêmio de Mônaco, que naquele ano foi uma das poucas vezes
em que a prova não foi disputada no último domingo do mês de maio. E Mônaco é Mônaco,
e o que escrevi naqueles dias continua bem atual: a corrida monegasca está
firme no calendário da categoria máxima do automobilismo, mais pela força da
tradição e charme que se respira no Principado à beira do Mar Mediterrâneo do
que por qualquer outra coisa, apesar de em algumas ocasiões o GP ter sido até
interessante, fugindo um pouco do seu estilo habitual, que é de muito poucas
ultrapassagens, e algumas procissões que só não são 100% de toda a corrida
porque alguns times e pilotos conseguem dar um ar da graça pelas estratégias de
corrida. De quebra, alguns tópicos rápidos sobre os acontecimentos da semana.
Curtam o texto, que em breve trago mais. Boa leitura...
ARES DE MÔNACO
Chegou a hora
do mais badalado GP do calendário da F-1. Mônaco há anos é um dos locais
sagrados da F-1 atual. Somente aqui no Principado ainda se respira um pouco do
glamour e romantismo da velha e saudosa F-1. Nesta face atual da F-1, com seu
ultraprofissionalismo, frieza e rivalidades exacerbadas, o ambiente da
categoria chega a dar um certo desânimo, contrastando com a alegria,
companheirismo e amizade de tempos atrás.
Aqui em
Mônaco, ainda dá para se recuperar um pouco deste velho ambiente, mas apenas em parte. As relações entre
todo mundo no circo da categoria não se altera, mas o ambiente à volta traz um
pequeno retorno do charme dos antigos Grandes Prêmios, quando as corridas eram
antes de mais nada, uma grande festa e alegria.
E esse é o
único motivo que ainda mantém o GP aqui, nos seus célebres 3,366 Km de percurso
durante 78 voltas. O traçado é praticamente o que menos mudou até hoje na
história da F-1, justamente por estar espremido entre prédios, a marina e as
colinas de Monte Carlo, além do pequeno território do principado, de cerca de
1,5 Km², que lhe confere o posto de 2º menor país do mundo, perdendo apenas
para o Vaticano, que possui apenas 0,45 Km2 de área. O traçado não permite
ultrapassagens e quem larga na frente praticamente tem meia vitória garantida,
desde que não cometa erros durante a prova. E que o carro também não deixe o
piloto na mão.
Estes são os
principais fatores que conferem emoção a este GP. Sobreviver incólume durante
as 78 voltas da corrida já é uma façanha. O traçado é traiçoeiro e não perdoa
erros. E, quando eles acontecem, é bom não estar por perto, se não foi o autor
do erro; o pouco espaço geralmente faz com que alguns acidentes de monta deixem
sobras para quem vem logo atrás. Nélson Piquet já definiu que andar em Mônaco é
como andar de bicicleta dentro de casa. E sabe como Mônaco não perdoa erros e
como os acidentes podem ser tenebrosos: em 85, seu Brabham foi
"atropelado" pelo Alfa Romeu de Riccardo Patrese, num dos acidentes
mais pavorosos da história recente do principado. Até mesmo Ayrton Senna, o
novo “Mister” Mônaco, cometeu um erro crasso aqui ao perder a concentração
sozinho e batendo nos guard-rails, quando praticamente tinha a corrida no
bolso, com quase 1 minuto de vantagem sobre Alain Prost, na prova de 1988.
A provação
começa já na largada, que é o momento mais perigoso potencialmente, quando
todos os carros estão juntos e próximos uns dos outros; sobreviver à disputa da
freada na curva Saint Devote já é um bom começo, mas é só o inicio da corrida.
Hoje não há treinos; é dia de folga para os pilotos. Mais uma tradição em
Mônaco, onde os primeiros treinos são às quintas-feiras. Fora da pista, há
quase tanta agitação quanto dentro dela: há festas, recepções, etc. Tudo o que
é possível de se ver de badalação, está presente em Mônaco. E é nisto que
ainda reside o que resta da velha atmosfera dos GPs. É bem verdade que isto tem
um preço. E que preços! Por ocasião do Grande Prêmio, os preços de Mônaco, que
já são altos, praticamente vão para o espaço! Para os menos prevenidos, uma
refeição em um bom restaurante pode custar quase tão caro quanto um banquete
completo em uma cidade comum. As diárias de hotel, então, nem se fala! E todos
os espaços são ocupados impiedosamente: calçadas, bares, restaurantes, sacadas,
etc. Todo local em potencial para se assistir ao GP é utilizado. Nem o mar
escapa: a marina de Monte Carlo, tradicionalmente movimentada, fica lotada, de
onde muitas pessoas de largas posses vêem a corrida no aconchego de suas
embarcações.
Tanta
carestia, contudo, começa a ter alguns aspectos negativos. Alguns
patrocinadores da F-1, por exemplo, têm fugido deste GP devido aos preços
exorbitantes, pois com o dinheiro necessário para fazer determinado evento em Monte Carlo, é
possível fazer até 3 eventos iguais em outros GPs, dependendo do lugar. Embora isso
venha ocorrendo já há alguns anos, até agora os efeitos são mínimos. Enquanto
existir a F-1, haverá o GP de Mônaco...
A classificação de Mônaco, amanhã, deverá ser uma das mais disputadas da
temporada, pelo menos a nível de motivação. A McLaren luta para se ver livre da
presença incômoda de Michael Schumacher, que vai tentar tudo o que puder para
vencer a corrida no domingo, e se manter na luta pelo título. Uma nova vitória
da McLaren pode azedar os ânimos na Ferrari...
Hoje à tarde ocorre a classificação do grid de largada das 300 Milhas
de Saint Louis. A prova, disputada no Gateway International Raceway, em
Madison, cidade vizinha a St. Louis, é mais uma etapa em circuito oval. O
canadense Greg Moore lidera o campeonato, e Alessandro Zanardi, o vice -líder,
está disposto a ir à forra contra o canadense, depois de ser ultrapassado de
maneira espetacular no GP do Brasil. Já os pilotos brasileiros esperam pelo
menos conseguir acabar com o azar...
A Stewart preparou um novo chassi para Rubens Barrichello para a
disputa do GP de Mônaco. O carro, depois da adaptação para o novo sistema de
suspensão, mostrou um bom ganho de performance na Espanha, onde Rubinho
terminou em 5º. Com o novo carro, já totalmente concebido com os novos
sistemas, espera-se melhorar ainda mais a performance...
A Williams prepara um novo carro para estrear no GP do Canadá. O novo
FW2OB deverá possibilitar uma substancial melhora de performance no time de
Frank Williams. Bater a McLaren talvez ainda seja prematuro, mas incomodar a
Ferrari, nem tanto, o que pode complicar os planos de Schumacher na luta pelo
título...
Na F-CART, a Penske estréia nas 300 Milhas de St. Louis uma nova asa
traseira no seu monoposto que, segundo os testes, corrigiu os desequilíbrios do
chassi. A dúvida fica na adoção da nova eletrônica de gerenciamento do motor
Mercedes, feita pela Magnetti Marelli, que fez alguns motores quebrarem nos
testes...
E, para constar, domingo é dia das 500 Milhas de Indianápolis, pelo
campeonato da IRL. As 500 Milhas não são mais as de antigamente...
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