E o mês de maio já está se
despedindo, e logo, logo, chegaremos à metade do ano de 2018. Portanto, é hora
de apresentar a tradicional edição da Cotação Automobilística, fazendo uma
avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade neste mês de
maio, com minhas devidas considerações e comentários a respeito. Concordando ou
não com minhas opiniões sobre os assuntos tratados, espero que todos possam
apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das
avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM
BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima
edição da Cotação Automobilística no mês que vem, com algumas avaliações dos
acontecimentos do mês de junho, fechando o primeiro semestre de 2018:
EM ALTA:
Will
Power: O piloto australiano da equipe Penske teve um mês de maio absolutamente
perfeito. Além de vencer o GP de Indianápolis, Power ainda escreveu seu nome
nos anais do automobilismo mundial ao vencer a 102ª edição das 500 Milhas de
Indianápolis, e assumir a liderança do campeonato da Indycar, onde vinha tendo
um desempenho até discreto, nas primeiras corridas do ano. Power levou alguns
anos “batendo na trave” até finalmente ser campeão na equipe Penske, o que
conseguiu somente em 2014, e por muito tempo, também foi classificado como ruim
de correr em pistas ovais, o que ele tratou de desmentir com várias vitórias
neste tipo de circuito, e agora consagrando-se por vencer a maior das corridas
em ovais da Indy, as 500 Milhas de Indianápolis. Agora, a meta é tentar
conseguir o bicampeonato, mas a parada promete ser duro, pois a competição na
categoria norte-americana está bem acirrada, e a maior oposição deve vir de
seus companheiros na Penske, todos em busca também do bicampeonato.
Marc
Márquez: a “Formiga Atômica” continua à frente de tudo e de todos na temporada
2018 da MotoGP, caminhando a passos largos mais um título. O piloto da equipe
oficial da Honda averbou duas importantes vitórias na chegada da classe rainha
do motociclismo à Europa, vencendo as etapas da Espanha e da França, e ainda
vendo seus potenciais maiores adversários não conseguindo obter resultados com
a mesma constância e qualidade que os dele, o que o fez abrir uma grande
vantagem na liderança da competição que, no atual ritmo demonstrado pelo
piloto, e principalmente, pelos adversários, dificilmente será revertido ou
diminuído. Já são 36 pontos de vantagem para o mais próximo perseguidor, e sem
a perspectiva de as outras escuderias conseguirem apresentar uma reação tão
eficiente, haja vista os percalços enfrentados pelos rivais, que não conseguem
se estabilizar. Enquanto isso, Márquez simplesmente aproveita as chances e
vai-se embora, em um panorama muito similar o que vimos em ocasiões anteriores.
Jean-Éric
Vergne: O piloto da equipe Techeetah continua rumando firme e determinado rumo
ao título da quarta temporada da Formula-E. O francês fez uma prova combativa
na etapa de Berlim, terminando em 3º lugar e subindo ao pódio, mesmo sem a
necessidade de arriscar, já que seu único rival com chances na disputa, Sam
Bird, não teve uma performance tão positiva na corrida. Mesmo assim, Vergne
duelou com os outros pilotos, tocando rodas até nas disputas de posição,
mostrando que não vai se acomodar na luta pelo título. E, faltando apenas 3
corridas, ele está bem próximo de faturar o caneco de campeão, tendo aberto 40
pontos para o piloto inglês da equipe Virgin. Mas Vergne sabe que não pode
comemorar antecipadamente, e por isso mesmo, não deve pegar leve nas corridas
finais, se tiver condições de lutar por bons resultados. Pior para Bird, que
deverá precisar de um milagre para ainda ter condições de ser campeão...
Thierry
Neuville: O piloto da equipe Hyundai venceu o Rali de Portugal, e com Sébastien
Ogier não marcando pontos, assumiu a liderança da competição, com 119 pontos,
contra 100 do francês da equipe da Ford. Foi o segundo triunfo do belga na
temporada, e graças à maior regularidade, entre eles dois pódios, Neuville
conseguiu desbancar Ogier da liderança da competição. Mas, mais importante do
que conquistar este feito, será mantê-lo: com 7 etapas até o encerramento da
competição, Neuville precisará manter o ritmo para evitar que Ogier consiga
reverter a situação. Afinal, bastou ficar sem marcar pontos em uma etapa, e
Sébastien acabou perdendo a liderança... Quem não garante que possa ocorrer o
mesmo com Thierry? Portanto, mais do que nunca, Neuville terá de abrir o olho e
evitar ser surpreendido, não apenas pelo rival francês, mas também pelos
percursos das próximas etapas. Afinal, ralis são sempre marcados pela
imprevisibilidade, então...
Charles
LeClerc: O piloto monegasco da equipe Sauber na F-1 começa a mostrar a que
veio, depois de fazer uma corrida muito segura e firme em Barcelona, após o
show do Azerbaijão, e começa a deixar Marcus Ericsson para trás no time suíço.
E ele teria pelo menos terminado novamente à frente de seu companheiro de
equipe em Mônaco, se não tivesse perdido os freios e acabasse enchendo a
traseira de Brendon Hartley na freada da chicane do porto. Nesse ritmo, é
natural que o rapaz comece a ser notado por muitos, e ser especulado sobre seu
futuro, que poderia ser até na Ferrari, no lugar de Kimi Raikkonem, o que não é
pouca coisa. Mas o time de Maranello não pretende promovê-lo assim tão rápido,
e faz o certo, permitindo a Charles acumular quilometragem em um time sem
maiores cobranças, lhe dando a chance de crescer e se desenvolver, evitando
queimá-lo. Que LeClerc saiba aproveitar o momento para começar a fazer o seu
nome na F-1, e não seja tragado pelo moedor de carne que é a categoria máxima
do automobilismo, que não hesita em descartar talentos potenciais dependendo
das circunstâncias...
NA MESMA:
Max
Verstappen: O piloto holandês continua sua sina de se envolver em confusão ou
cometer erros em todas as corridas da atual temporada da F-1. Se “Mad Max” fez
uma boa corrida na Espanha, onde até subiu ao pódio em3º lugar, foi sorte
também quando ele tocou no pneu traseiro do carro de Lance Stroll e nada
aconteceu além de um pequeno dano na asa dianteira de seu Red Bull, mas que
poderia ter terminado de forma bem diferente para ambos os pilotos. Mas o pior
mesmo foi em Mônaco, onde o time dos energéticos tinha tudo para dominar a
corrida e fazer uma dobradinha, tanto na primeira fila do grid quanto no
resultado da corrida. Mas, no treino livre de sábado, eis que Verstappen acaba
batendo o carro exatamente no mesmo ponto onde havia batido há dois anos atrás,
e sem participar do treino de classificação, teve de largar em último, e com isso,
perdendo toda e qualquer chance, salvo algo inusitado, de obter um bom
resultado. Pelo menos na corrida ele conseguiu se manter longe de encrencas, e
terminou em 9º lugar. Mas pegou mal mesmo porque seu companheiro Daniel
Ricciardo largou na pole, e liderou a corrida de ponta a ponta, vencendo o GP
de Mônaco. Verstappen já está em sua 4ª temporada na F-1, e já disputou 66
provas; não é mais nenhum novato, mas precisa parar de errar, se não quiser
levar algumas broncas pra lá de merecidas. E, ao que parece, o time já está
perdendo a paciência com tantos erros...
Nelsinho
Piquet: O piloto brasileiro continua seu calvário na F-E, depois de um início
bem promissor na atual temporada, em uma nova escuderia. Em Berlim, Piquet mais
uma vez acabou superado pelo companheiro de time Mith Evans, e terminou sua 4ª
corrida consecutiva sem marcar pontos, e com isso acabou superado na
classificação por Evans, que agora é o 7º colocado com 51 pontos, enquanto o
brasileiro é o 8º, com os mesmos 45 pontos de antes, o que dá uma idéia de como
a boa temporada que até então Nelsinho vinha realizando acabou mudando de ares.
Há quem diga que ele não deveria ter dividido atenções em querer disputar
também a Stock Car brasileira, mas isso não procede, uma vez que diversos outros
pilotos na competição também disputam corridas em outros certames, e nem por
isso seus empenhos são questionados. Mas a promissora temporada, onde Piquet
esperava reconquistar o seu prestígio, não está tendo o desfecho que o piloto
esperava, infelizmente...
Lucas
Di Grassi: O piloto brasileiro da equipe Audi Abt no campeonato da F-E
definitivamente deixou os dias ruins do início da competição para trás, e vem
pontuando bem e com regularidade nas últimas corridas, mostrando que, se não
fossem os problemas de confiabilidade do carro, poderia estar lutando pelo
bicampeonato. Mas não é para tanto: embora Lucas tenha feito boas corridas e
mostrado a combatividade de sempre, o brasileiro ainda não teve a chance de
voltar a subir ao degrau mais alto do pódio na atual temporada. Foram quatro
pódios consecutivos desde a etapa de Punta Del Este, no Uruguai, todos na 2ª
posição. Os resultados não podem ser considerados exatamente ruins, mas Di
Grassi até o presente momento vem sendo superado no campeonato pelo parceiro
Daniel Abt, que já conquistou uma pole-position, além de duas vitórias na atual
temporada. Seria bom para Lucas desencantar e voltar a vencer, nem que seja
pelo aspecto moral de não passar a temporada sem vencer, quando seu time mostra
agora um equipamento tão competitivo...
Jorge
Lorenzo: O piloto espanhol segue sua sina na equipe Ducati, sendo mais lento
que Andrea Dovizioso, e não conseguindo render o mesmo que o italiano com a
Desmosédici, em um momento particularmente sensível para o time de Borgo Panigale,
que deverá bater o martelo em breve sobre a manutenção ou não do tricampeão em
sua escuderia para as próximas temporadas. A Ducati já renovou o contrato de
Dovizioso para 2019 e 2020, mas a situação de Lorenzo segue em aberto, e se o
espanhol ao menos conseguiu terminar a corrida da França sem percalços, na
Espanha, Jorge acabou ocasionando um acidente que eliminou não apenas ele e
Dani Pedrosa da corrida, mas também Andrea Dovizioso, que não teve como evitar
a colisão. Lorenzo dificultou o quanto pôde a ultrapassagem do parceiro, que
forçou na tentativa e perdeu o ponto de freada numa curva, com Lorenzo fazendo
a manobra para dar o “X” e voltar ao traçado habitual, sem perceber que Pedrosa
já estava nessa trajetória, atingindo o piloto da Honda, e levando Andrea
junto. Lorenzo continua sem conseguir se adaptar direito ao comportamento da
moto italiana, algo que já deveria estar pelo menos mais solucionado, visto que
o seu segundo ano na Ducati, mas a situação parece não dar sinais claros de
solução do problema. Com uma moto competitiva, e capaz de pressionar a Honda, a
Ducati precisa mais do que nunca que seus dois pilotos andem a fundo, o que não
vem acontecendo com o espanhol no mesmo nível que Dovizioso. Jorge permanece no
time, ou será rifado? Saberemos a resposta em breve...
Dani
Pedrosa: O espanhol, piloto do time oficial da Honda na MotoGP, vem tendo mais
uma temporada onde está completamente ofuscado pelo companheiro de time, que
vai firme em busca de mais um título, enquanto ele, no máximo, pode aspirar a
vencer uma ou outra corrida, quando tudo se encaixa mais a seu favor. Enquanto
Márquez lidera a classificação, com 95 pontos, Pedrosa é apenas o 10º colocado,
com apenas 29 pontos. Além de não conseguir acompanhar o ritmo de Marc com a
frequência desejada, Pedrosa também já teve seus percalços nesta temporada, com
dois tombos feios, o último deles em Jerez de La Fronteira, quando lutava pelo
2º lugar com a dupla da Ducati e acabou atingido por Jorge Lorenzo, sendo
catapultado de sua moto, em um momento onde ele ainda estava se recuperando de
uma cirurgia por causa do tombo anterior, e teve sorte de pelo menos não se
estrumbicar feio, aumentando suas lesões. Em outras palavras, o piloto espanhol
vem tendo também alguns azares completamente alheios a seu controle, o que só
complica sua situação no campeonato. E há quem diga que o time estaria
finalmente pensando em um novo nome para o seu lugar, mas por enquanto, Pedrosa
estaria garantido na escuderia ainda. Mais pelo fato de não arrumar confusão
com Marquez nos boxes e na pista, claro...
EM BAIXA:
Felix
Rosenqvist: O piloto sueco da equipe Mahindra era um dos postulantes ao título
da atual temporada da Formula-E, mas de um momento para o outro, sua sorte na
competição sofreu uma reviravolta completa, e sem conseguir ter resultados mais
primorosos nas últimas corridas, não apenas ficou fora de combate na luta pelo
título, como agora vê sua 3ª colocação na classificação seriamente ameaçada por
outros pilotos que vêm crescendo de produção, como Sebastien Buemi, e a dupla
da Audi, que estão chegando perto muito rápido, e se não conseguir retomar os
bons resultados do início da competição, pode ser superado facilmente, e
terminar a temporada sem ter muito o que comemorar...
Emoção
no GP de Mônaco: O Grande Prêmio de Mônaco é a prova mais tradicional do
calendário da F-1, mas ao mesmo tempo, é uma das mais enfadonhas dos últimos
tempos. Só não ganha do GP da Espanha porque Barcelona é um autódromo, enquanto
a corrida monegasca não tem muito para onde ir além das ruas do Principado. Por
isso mesmo, é complicado que a prova tenha emoção, quando nada fora do normal
acontece, como ocorreu este ano. Os primeiros colocados no grid praticamente
chegaram nas mesmas posições, e não houve nenhuma tentativa de disputa entre
eles. Daniel Ricciardo, mesmo tendo problemas no seu carro, em nenhum momento
foi ameaçado de fato por Sebastian Vettel, que satisfeito por estar à frente de
Lewis Hamilton, contentou-se em manter sua posição, o mesmo valendo para o
inglês, que tampouco se esforçou em tentar avançar à frente, ciente de que a
perda de alguns poucos pontos era algo aceitável, diante das circunstâncias.
Nem mesmo a asa móvel foi capaz de dar maior emoção, e nem mesmo os pneus
hipermacios não foram capazes de modificar a situação. A corrida sobrevive
unicamente pela sua tradição, mas até quando?
Novo
kit aerodinâmico da Indycar: O novo kit aerodinâmico utilizado a partir desta
temporada nos carros da Indycar foram bem aceitos pelo público e pelas equipes
da categoria, visando baixar os custos, e proporcionar mais emoção às corridas,
o que tem sido até visto de forma positiva, pelo menos nos circuitos mistos e
de rua. Mas nas pistas ovais, parece que o entusiasmo já não é o mesmo, diante
dos resultados observados nas duas corridas disputadas até agora, em Phoenix, e
em Indianápolis, onde a emoção das disputas já não foi a mesma de antes. Se em
Phoenix a corrida foi modorrenta, até pelas características do circuito oval de
apenas uma milha, no Indianápolis Motor Speedway vimos uma Indy500 com o menor
número de disputas dos últimos anos, além de vermos vários pilotos acabarem
perdendo a traseira de seus carros, e baterem, abandonando a corrida. De
positivo, o fato de que nos acidentes ocorridos nenhum carro decolou, comprovando
que as mudanças efetuadas nos novos aerokits para que eles não favorecessem a
decolagem dos carros foram bem sucedidas. O menor downforce gerado pelos novos
carros deixaram os monopostos mais ariscos, e contribuíram para diminuir a
escalada da velocidade em Indianápolis, mas ao mesmo tempo, também deixaram os
pilotos mais suscetíveis ao comportamento dos carros, pelo que se viu nas
várias rodadas de pilotos durante a corrida, para não mencionar os duelos pelas
posições, que ficaram aquém do que se esperava.
Papelão
na Williams: Que o time de Frank Williams é a grande decepção da temporada, já
ficou mais do que evidente. O carro é ruim, e a dupla de pilotos, certamente
não inspira muita confiança. Mas, e quando um deles ameaça pelo menos dar um
alento ao time, como foi a performance de Sergey Sirotkin em Monte Carlo, foi a
vez do time cometer erro de principiante, ao não conseguir terminar de montar
as rodas no carro do russo antes dos três minutos regulamentares no grid, o que
acabou motivando uma punição de stop & go a Sergey, e consequentemente,
arruinando suas esperanças de, quem sabe, mostrar o que podia fazer na corrida
monegasca. E, depois, no pagamento da pena, o time quase marca bobeira
novamente quando um dos mecânicos se aproxima para refrigerar o bólido, quase
fazendo algo no carro, o que é proibido neste momento em que o piloto paga a
punição. Chegou a aparecer uma menção sobre nova investigação para o carro do
russo, que felizmente não resultou em nada, mas o estrago inicial já estava
feito, e Lance Stroll, por sua vez, também não conseguiu nada de relevante, e
com isso, os carros de Grove foram novamente os últimos a receberem a
bandeirada, em 16ºe 17º lugares. O ano vai ser mesmo mais complicado do que se
pensava...
Kris
Meeke: O piloto britânico da equipe Citroen no Mundial de Rali acabou rifado
pelo time depois do Rali de Portugal. A alegação do time é que o piloto
arriscava demais ao volante, e a gota d’água teria sido outro acidente sofrido
pelo piloto na etapa portuguesa. Meeke era o 8º colocado no campeonato, com 43
pontos, e o melhor piloto da Citroen na competição, enquanto Craig Breen é o
10º colocado, com 26 pontos. A equipe alegou questões de segurança para
suspender o piloto, mas a justificativa não parece ter tido muita aceitação.
Pelo visto, o time francês vai longe dos tempos em que contava com Sébastien
Loeb e viu o piloto ser nada menos do que 9 vezes campeão consecutivo... Resta
saber se a marca manterá Meeke para o ano que vem, ou se o piloto partirá para
outro time...