E o ano de 2018 mal começou, o
carnaval já foi embora, e estamos para entrar em março, mês onde tradicionalmente
tem início alguns dos mais importantes campeonatos do mundo do esporte a motor,
entre eles a Fórmula 1, que finalmente entrou na pista esta semana para a
primeira sessão de testes da pré-temporada. Mas, enquanto estes campeonatos não
começam, é hora de trazer hoje a tradicional sessão de notas rápidas falando de
alguns acontecimentos ocorridos neste mês de fevereiro que agitaram o mundo da
competição em alta velocidade, sempre com alguns comentários rápidos a
respeito, em mais uma edição da Flying Laps. Então, uma boa leitura a todos, e
até a sessão Flying Laps do mês que vem...
Depois de triunfar na etapa inicial da
temporada 2018 do Mundial de Rali, a prova de Monte Carlo, o francês Sébastien
Ogier não teve muito o que comemorar na segunda etapa do calendário, o Rali da
Suécia. O francês foi apenas o 11º colocado, resultado pouco comum no currículo
do atual campeão da categoria, que só exibia resultados ruins quando abandonava
uma etapa. A vitória acabou com o belga Thierry Neuville, com Craig Breen
(Citroen) na 2ª posição, e Andreas Mikkelsen fechando o pódio, e garantindo a
maioria da Hyundai, que festejou o triunfo com Neuville. Com o resultado,
Neuville assumiu a liderança da competição, com 41 pontos. Apesar do resultado
magro na segunda etapa, Ogier ainda mantém a vice-liderança do campeonato, com
31 pontos, uma vez que o restante da concorrência não conseguiu ser constante
nos resultados das duas provas disputadas até aqui. O terceiro colocado na
classificação, o finlandês Esapekka Lappi, tem apenas 23 pontos, empatado com o
compatriota Jari-Matti Latvala. Logo atrás, também empatados com 21 pontos cada
um, vem Ott Tanak e Andreas Mikkelsen. Entre os construtores, a parada está bem
mais acirrada, com a Hyundai na liderança, com 54 pontos, com a Toyota
encostada logo atrás, com 53 pontos. A Citroen ocupa a 3ª posição, com 46
pontos, enquanto a M-Sport Ford tem 43 pontos. O campeonato parece que terá um
maior equilíbrio este ano, e pelo menos no que tange à disputa entre
construtores, tudo parece realmente caminhar nesse sentido. Já na disputa entre
os pilotos, ainda é cedo para afirmar que o domínio de Ogier está chegando ao
fim. Thierry Neuville tem seus méritos por liderar a competição neste momento,
mas resta saber se ele conseguirá manter a dianteira até o final da competição,
uma vez que ainda temos 11 etapas a serem disputadas.
A
contratação de Fernando Alonso pela equipe Toyota para disputar o Mundial de
Endurance na classe LMP1 já provocou suas primeiras consequências. Com datas
coincidentes, a 6 Horas de Fuji não poderiam contar com a presença do
asturiano, que no mesmo final de semana, em 21 de outubro, estará disputando o
Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Austin, Texas. Mas eis que a direção da
categoria mudou a data da corrida para uma semana antes, no dia 14, tudo para
que Alonso possa estar na pista. A alteração de data atende principalmente aos
interesses da Toyota, o único time de fábrica na classe LMP1 que sobrou na
competição, e que por tabela também é proprietária do circuito de Fuji, no
Japão, onde a corrida será disputada, além de ser também um, senão o principal
patrocinador da etapa. Se por um lado isso foi bom, permitindo que a Toyota
conte com Fernando Alonso, por outro lado, vários outros pilotos acabaram
prejudicados com a mudança de data, que se por um lado, deixa de coincidir com
a data da prova de F-1, agora irá bater de frente com a etapa da Petit Le Mans,
etapa que fechará o calendário do IMSA Weather Tech Sportscar, competição na
qual vários pilotos que também competem no WEC participam. Obviamente, choveram
críticas à atitude da direção do WEC, que ao privilegiar a participação de
Alonso, prejudicaram muitos outros pilotos, que agora terão de escolher em qual
prova estarão presentes. A IMSA já adiantou que não terá como mudar a data de
sua prova, pelos inúmeros contratos firmados. E, por seu lado, a direção do WEC
já deu uma bofetada nos críticos, afirmando que sua decisão não será revista, e
dizendo sem floreios nas entrelinhas que o que importa é ter Alonso presente na
sua etapa, permitindo que ele dispute o título da competição com mais chances.
Fernando Alonso já tem certa antipatia por muitos fãs do esporte a motor, pelas
estripulias que perpetrou durante sua carreira, sendo um piloto de difícil
convivência dentro de um time, e com privilégios desproporcionais em virtude
dos problemas internos que já causou nos times por onde passou, e que agora
ganha mais um motivo de fúria por parte de muitos fãs pela manobra realizada
pela direção do WEC. E não é só Alonso que sai chamuscado, mesmo que
indiretamente, do episódio, mas o próprio WEC, que até o ano passado via seu
campeonato para 2018 bem enfraquecido, com a saída da Porsche, e a iminência de
perder também a Toyota, o que deixaria a classe LMP1 esvaziada de competidores.
Se o pior acabou sendo evitado, a categoria de corridas de endurance podia
passar sem esse desgaste, completamente inútil e desnecessário...
A imagem da
endurance também teve outra polêmica desnecessária neste mês de fevereiro,
quando a organização da categoria anunciou que irá punir incisivamente qualquer
time privado que “ouse” andar à frente da Toyota na classe LMP1. Explica-se: os
times de fábrica possuem regras técnicas que lhes conferem maior possibilidade
de performance, pelo uso de sistemas de potência híbridos. Já os times
“privados”, que não são de fábricas, tem motorização com propulsores
convencionais, menos potentes do que os sistemas híbridos. Como a Toyota é a
única equipe de fábrica que sobrou, em tese, ela tem os protótipos mais rápidos
na pista, e isso nunca foi novidade na classe LMP1, onde os times particulares
nunca tinham o mesmo nível de performance dos times de fábrica. Mas, até o ano
passado, os times de fábrica não corriam sozinhos, tendo sempre algum
concorrente no mesmo nível, que no caso, eram Audi, e Porsche. Como única equipe
de fábrica, a Toyota é a favorita disparada na competição, sem rivais. A
direção do WEC baixou normas para tentar diminuir o déficit de performance
entre os times de fábrica e os privados, como por exemplo, pesos menores para
os protótipos dos times privados, fluxo de combustível no consumo de motor,
entre outros detalhes. Mas, como a Toyota, mesmo com estas regras, deve ser a
franca favorita, se algum outro carro na LMP1 andar melhor que eles, a direção
do WEC já assume que tal situação só poderia ser obtida com um carro ilegal, ou
fora do regulamento, daí o motivo do anúncio da punição. Mas, e se alguém
produzir um excelente carro, e que possa dar trabalho aos Toyotas? Como é que
fica? Por mais que a regra de punição tenha um embasamento técnico justificado,
o modo como foi anunciada pegou muito mal, como um sinal claro de favorecimento
à Toyota, e um recado para ninguém atrapalhar a corrida dos japoneses, como se
fosse uma verdade inconstestável que o carro nipônico não pode ser mais lento
do que os dos times privados. Então, se é assim, para quê tanto esforço em
conseguir novos times para a classe LMP1, se eles poderão ser castigados se
fizerem o seu trabalho direito? Isso ainda vai dar muito o que falar...
Rubens
Barrichello tranquilizou seus fãs ao anunciar que foi liberado pelos médicos
para disputar a etapa inaugural do campeonato da Stock Car, agora no mês de
março. O piloto, recordista de participações na F-1, e campeão da Stock Car,
passou mal no início deste mês de fevereiro, precisando ser internado em um
hospital, onde foi constatado que havia sofrido um princípio de AVC.
Felizmente, tudo não passou de um grande susto, e Rubinho, por recomendação de
Dino Altman, médico da Stock Car, submeteu-se a uma bateria de exames para
comprovar sua saúde, tendo obtido aprovação dos médicos que o examinaram. Menos
mal, enfim, e Barrichello poderá voltar a acelerar com tudo na temporada da
Stock, onde terá a forte concorrência de Nelsinho Piquet como companheiro na
equipe Fulltime.
Atual
campeão da MotoGP, o espanhol Marc Márquez já garantiu a renovação de seu
contrato com a equipe de fábrica da Honda na classe rainha do motociclismo, que
terminava ao fim deste ano. Cobiçado pelos outros times, Márquez não vê motivos
para trocar de equipe no momento, e estará defendendo as cores da Honda nas
temporadas de 2019 e 2020. Desde que estreou na principal categoria da MotoGP,
Marc já conquistou o título 4 vezes, e a Honda, mesmo nos momentos mais
complicados, sempre foi competitiva. A “Formiga Atômica” comprova que faz a
diferença no time, se for comparado o desempenho de seu companheiro de equipe
Dani Pedrosa, que apesar de vencer algumas corridas nos últimos anos, nunca
conseguiu disputar efetivamente o título da categoria, ficando à sombra de
Márquez no time, que sempre esteve na luta firme pelo campeonato desde que
estreou como titular na equipe de fábrica da Honda, vindo da Moto2, em 2013.
A Honda não foi o primeiro time de
fábrica da MotoGP a confirmar piloto para as próximas temporadas. A Yamaha, em
fins de janeiro, já havia anunciado a renovação do contrato de Maverick Viñales
por mais dois anos, também para as temporadas de 2019 e 2020. Viñales estreou
na equipe dos três diapasões no ano passado, após uma brilhante temporada em
2016 defendendo outro time de fábrica, a Suzuki. Quanto a Valentino Rossi, cujo
contrato também se encerra no fim deste ano, ainda não há nada acertado, mas
comenta-se que o “Doutor” deverá renovar seu contrato novamente. A dúvida é
quanto ao período do novo contrato, já que Rossi é o piloto mais velho do grid,
o que aumenta as especulações sobre quanto o italiano irá pendurar o capacete.
Um novo contrato de dois anos garantiria Rossi na MotoGP até 2020, quando
estará completando 40 anos de idade. Valentino tem surpreendido todos com sua
vitalidade e dedicação na carreira, em um momento da vida onde muitos
profissionais na MotoGP já estão pendurando o capacete ou já o fizeram antes.
Mas Rossi mostra que, com um equipamento competitivo, ele ainda tem muita lenha
para queimar, como confirmam as temporadas de 2014, 2015 e 2016, quando ele foi
vice-campeão, perdendo apenas para Marc Márquez e Jorge Lorenzo. No ano passado,
Rossi acabou ficando de fora da disputa do título na parte final da temporada,
devido à queda de performance da Yamaha, o que também tirou seu companheiro de
equipe, Maverick Viñales, do páreo.
Outro time da MotoGp que também deverá
ter atenção à sua dupla de pilotos é a Ducati, onde os contratos dos atuais
titulares se encerram ao final deste ano. Depois da excelente temporada de
2017, Andrea Dovizioso está em alta no time italiano, e certamente está
merecendo ter mais atenção por parte da direção da equipe de Borgo Panigale.
Aliás, Dovizioso passou a merecer muito mais atenção também dos times
concorrentes, o que pode significar uma possível troca de ares no próximo ano,
mas só se a Ducati marcar bobeira e não valorizar o seu piloto, ainda mais
depois de quase ser campeão no ano passado, encarando Marc Márquez de frente em
várias provas, e obtendo vitórias memoráveis, levando o time italiano até à
última prova disputando o título da temporada. Em contrapartida, ninguém
esperava um ano de resultados tão medianos de Jorge Lorenzo, que não conseguiu
se adaptar com tanta facilidade à desmosedici como imaginava, e passou o ano
sem vencer nenhuma corrida ou sequer entrar na disputa pelo título. Isso
motivou a direção do time a declarar que se quiser ter o contrato renovado,
Lorenzo terá de aceitar um salário menor do que o atual, acertado quando acabara
de se tornar tricampeão mundial pela Yamaha, em 2016. Se o piloto espanhol não
desencantar nesta temporada, a Ducati certamente vai rever o salário do piloto
para 2019, isso se Lorenzo não resolver mudar de time...