quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1998 – 30.04.1998



            Na postagem de hoje, trago outro de meus antigos textos, neste caso a coluna publicada no dia 30 de abril de 1998, e que dissertava como os times da F-1 enfrentavam algumas “crises” no campeonato daquele ano, após a etapa de San Marino, disputada em Ímola no fim de semana anterior. Quase todo mundo tinha alguma coisa para reclamar, das mais relevantes às mais fúteis. Sim, não é de hoje que o pessoal costuma resmungar quando alguma coisa não vai bem. A palavra “crise” pode até ter soado forte demais, já que a maioria das situações não era bem motivo para ser chamada desse jeito, mas como usar termos mais pesados costumava soar mais impactante, acabei usando-a assim mesmo. De resto, algumas notas rápidas sobre a corrida da F-CART em Nazareth. Curtam o texto, que em breve tem mais...


CRISE

Crise é a palavra do momento na F-1. Não há quase praticamente nenhuma escuderia que não esteja com alguma crise no momento. Tentando resolver algumas destas crises, quase todos os times da F-1 estiveram esta semana na pista de Barcelona a fim de conseguir algum incremento de performance, depois de mais uma vitória da McLaren no GP de San Marino.
Na Williams, por exemplo, há um tiroteio verbal. Villeneuve, o atual campeão diz que não consegue arrancar mais velocidade do chassi FW20, por mais que pilote agressivamente. Seu colega, Frentzen, também faz algumas criticas ao carro, embora até o momento tenha sido menos contundente que seu colega canadense. 0 FW20 tem manifestado instabilidades nas curvas, com o carro a fugir de traseira. Na tentativa de curar a deficiência, a Williams está remontando o conjunto traseiro de suspensão do FW19 de 97, que parece ser mais estável do que o conjunto traseiro do atual FW20.
Na Ferrari, apesar do bom desempenho do time em Ímola, Schumacher não cansa de reclamar da Goodyear, dando a entender que a culpa de não estar melhor no campeonato é da fábrica norte-americana de pneus. A Goodyear está com novos compostos para usar no GP espanhol, a ser realizado semana que vem, mas pelos resultados vistos até agora a McLaren vai ser mais uma vez a favorita.
A Jordan começa a sofrer criticas de Damon Hill, primeiro piloto do time, que já identificou muitos defeitos no chassi EJ198, que reduz a competitividade do carro em corrida, apesar de em algumas qualificações ter mostrado bom desempenho. Já a Sauber, que teve bons desempenhos nas últimas duas etapas com Jean Alesi, também não está imune a algumas críticas: Alesi diz que o chassi precisa melhorar nas qualificações pois poderia avançar mais na corrida se conseguisse largar mais à frente. De fato, este é um defeito que a Sauber já vem manifestando desde o ano passado, e isso foi crucial para tolher melhores possibilidades de resultados, pois a tendência de quem fica largando a meio do grid é ter de ficar com muitas ultrapassagens para fazer, o que significa perda de tempo.
Na Benetton, o problema é gerir seus pilotos. O time teve um tremendo desaire em San Marino, depois de boas expectativas na qualificação. Mas ficaram a ver navios na prova, depois de ver seus pilotos fazerem algumas arruaças na pista, o que resultou nos abandonos verificados. No que tange aos times dos pilotos brasileiros, a coisa anda muito mal. A TWR-Arrows descobriu que os motivos das quebras insistentes do câmbio do novo chassi A19 é mecânico e não eletrônico. Mas, mesmo vendo alguma luz no fim do túnel, ainda há muito o que fazer, especialmente no quesito motor, onde o novo propulsor V-10 criado por Brian Hart precisa crescer bastante. Até mesmo a aerodinâmica arrojada do carro precisa ser um pouco mais trabalhada, pois o carro mostrou muita instabilidade em alguns pontos de alta velocidade. John Barnard trabalha para tentar mostrar progressos para a prova de Mônaco, pois em Barcelona o motor deverá podar as chances da equipe, pois perde até 15 km/h em velocidade final para os melhores propulsores.
Na Stewart, tudo indica que Jan Magnussen ficará a pé. Além de não estar conseguindo resultados com o SF-02, o dinamarquês acertou Rubens Barrichello por trás e provocou o abandono do piloto brasileiro. A isto some-se o fato de o carro da Stewart ter demonstrado graves desequilíbrios a alta velocidade, com tendências a fugir ora de frente, ora de traseira, o que tem cansado Rubinho, que por mais que pilote, não consegue obter melhor performance do bólido.
Na Tyrrel, a crise é com Ricardo Rosset, que não consegue entender como está sendo tão lento com o carro. A isso se soma uma falta de sorte que tem se mostrado patente especialmente no carro do piloto brasileiro. Já a Minardi parece não ter crise no momento, uma vez que, para quem andava em último ano passado, o time até que tem andado bem melhor este ano.
Para finalizar, a McLaren não parece estar também com nenhuma crise mas, com time tendo sua melhor temporada desde 1991, quem pode dizer que não vai aparecer nenhuma? O tempo dirá...


Um ponto positivo foi dado em relação ao campeonato da F-1 em San Marino. Primeiro, a McLaren mostrou que não é inquebrável, com o abandono de Mika Hakkinem. Segundo, a classificação do campeonato, com Hakkinem a 26 pontos, Couthard a 23, e Schumacher a 20 indicam claramente que o mundial não será aquele passeio visto em Melbourne e Interlagos...


Embora ninguém aponte, a Chip Ganassi já começa a mostrar sua excelente forma e pode estar em vias de conseguir o seu terceiro titulo consecutivo em 3 anos. Jimmy Vasser ganhou as 225 Milhas de Nazareth na última segunda-feira, com Alessandro Zanardi, vencedor da prova de Long. Beach, em 2º lugar. Zanardi agora é 2º no campeonato, enquanto Vasser ocupa a 5ª posição. Foi a segunda vitória consecutiva do time no campeonato. A ressalva é que o time conseguiu a vitória na estratégia de corrida, e não na superioridade de equipamento, o que mostra o equilíbrio da categoria. A próxima etapa da F-CART é aqui no Brasil.


Depois de firmarem o pacto de não-agressão na sexta-feira, os pilotos da F-CART parecem que resolveram esquecer tudo na corrida, o que resultou em muitas manobras arriscadas, com direito a alguns pilotos irem parar no muro. Hélio Castro Neves foi um dos que reclamaram da atitude dos demais, pois quando foi abrir para dar passagem a Michael Andretti, que liderava a corrida, o traçado de Michael tirou a estabilidade do piloto brasileiro, e ele seguiu para o muro. Não foi um bom dia para os pilotos brasileiros na F-CART. Maurício Gugelmim bateu muito forte no final da corrida, e a forte pancada de traseira causou um pequeno deslocamento das vértebras da coluna. Possivelmente, Gugelmim estará fora do GP do Brasil, mas tudo indica que ele poderá correr...
 



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