Voltando a trazer um de meus antigos
textos, hoje trago a coluna publicada no dia 17 de abril de 1998, quase vinte
anos atrás. O assunto do texto era dar uma pequena explicação, de forma sucinta,
das asas auxiliares que os bólidos da F-1 haviam passado a usar naqueles
tempos, por um breve período, antes que a FIA se metesse no meio e proibisse
tudo, alegando questões de segurança, em parte bem justificáveis, pois alguns
times estavam experimentando colocar asas em locais que poderiam ser perigosos,
no caso de encostar em outro carro, ou acertar em algo dentro do box, durante
os pit stops. Mesmo assim, é um retrato de um momento onde até então ainda
havia mais liberdade aos projetistas da F-1 do que se vê hoje em dia, com o
regulamento cada vez mais cheio de proibições e restrições, que culminaram por
eliminar quase completamente a personalidade dos carros, cada vez mais
parecidos uns com os outros, e sem a possibilidade de se inovar, haja visto que
algumas inovações recentes sempre acabaram vetadas pela FIA, sob os mais
variados argumentos, sendo um deles agora evitar que certos times tenham
vantagens “injustas” sobre outros, quando não é a politicagem de outros times
jogando na ilegalidade particularidades de projetos que não conseguem entender
ou copiar, embora esse último artifício não seja lá uma novidade na categoria.
De quebra, ainda coloquei o calendário
do ano da Stock Car nacional e da F-Truck, além de algumas notas rápidas sobre
o Grande Prêmio da Argentina, disputado há poucos dias, que prometia a
expectativa de um campeonato mais disputado do que se imaginava, e não um
passeio da McLaren sobre a concorrência, como se imaginava até então. Curtam o
texto, que em breve tem mais...
UMA QUESTÃO DE ASA
Muita
gente que assiste às últimas corridas da Fórmula 1 têm achado curioso o visual
de alguns carros da categoria, com “hastes” em lugares bem curiosos em relação
ao tradicional visual dos bólidos.
Pois
bem, estas tais “hastes” nada mais são do que asas aerodinâmicas suplementares,
destinadas a dar maior aderência e suporte ao monoposto. Quanto mais “asa” um
carro possui, teoricamente mais estabilidade ele tem em termos de downforce,
embora isso penalize o bólido nas retas, perdendo velocidade de ponta. Mas em
circuitos como o de Buenos Aires, que é cheio de curvas e muito travado, o
dispositivo não penaliza tanto em seu grau máximo, pois são poucos os pontos de
alta velocidade, nas pequenas retas existentes no traçado. Daí, então, o uso
destas asas como forma de aumentar a estabilidade do carro nas muitas curvas.
Geralmente,
estas asas não são previstas no projeto original, surgindo mais como evidência
da deficiência do carro do que por sua eficácia. É só ver os carros da McLaren
e da Ferrari, por exemplo, para ver que eles não precisam destas asas para ter
maior estabilidade, pois suas asas normais já dão todo o suporte que precisam.
Isso é uma evidência do excelente projeto destes carros.
Não
é de hoje que as asas dos bólidos de F-1 têm formas diferentes do seu padrão
normal. Em 1983, por exemplo, com o banimento do efeito-solo e dos carros-asa,
os engenheiros apelaram para apêndices extras nos ailerons como forma de
recuperar o apoio aerodinâmico perdido. Surgiram as famosas “orelhas” nas asas
traseiras de diversos bólidos. Foram usados por praticamente todos os times,
como McLaren, Toleman, Brabham, etc. No início desta década, os spoilers foram
a grande vedete da aerodinâmica, com diversas canaletas e apêndices que
tornavam as asas dianteiras verdadeiros canalizadores de ar, proporcionando um
downforce tremendo. Pouco depois, a FIA proibiu tanta eficácia aerodinâmica, ao
impor limites mais rigorosos às asas dianteiras.
Em
1993, coube à Arrows apresentar uma novidade, ao mostrar um aileron triplo na
traseira, como forma de conseguir mais apoio e tração. No mesmo ano, a McLaren
também apresentou uma grande novidade que foram os defletores laterais,
possibilitando mais pressão e tração ao monoposto. Estes artifícios foram
utilizados por inúmeras escuderias, principalmente nos traçados mais lentos.
Até a Williams chegou a usar a asa traseira tripla em Hungaroring, mesmo sendo
a equipe com o melhor carro da categoria.
Em
1995, a McLaren apresentou uma 3ª asa, instalada junto à entrada de ar. Vista
mais como enfeite, chegou até a ser utilizada por outros times, como Jordan, em
traçados travados e lentos, mas não durou muito tempo.
E,
ano passado, a Tyrrel lançou a última novidade, com asas laterais instaladas
acima dos radiadores. E que já ganharam até o apelido de “espetos de
churrasco”, em virtude de seu aspecto, que claramente parece destoar do
restante do conjunto.
Mas
o dispositivo parece que realmente funciona, uma vez que foram adotados por
diversos times este ano, como a Prost, Sauber e Jordan, além da Tyrrel. Esta
ainda lançou uma outra novidade, com uma asa montada na suspensão, mas este
recurso foi banido pela FIA em razão da segurança, e atualmente não é mais
permitido.
Estes
foram os casos mais chamativos, mas a aerodinâmica criou muitos artifícios nos
bólidos nos últimos tempos. A criatividade e a competitividade da categoria são
sempre uma corrida contra o tempo, e podem surgir novidades a qualquer momento.
O que poderá vir a seguir?
CALENDÁRIOS 98: BRASILEIRO DE STOCK CAR
DATA
|
LOCAL
|
08.03
|
Curitiba*
|
26.04
|
São Paulo
|
10.05
|
Tarumã
|
07.06
|
Goiânia
|
19.07
|
Rio de Janeiro
|
09.08
|
São Paulo
|
13.09
|
Brasília
|
11.10
|
Curitiba
|
08.11
|
Goiânia
|
29.11
|
São Paulo
|
(*) = Etapas já realizadas.
CALENDÁRIOS 98: BRASILEIRO DE F-TRUCK
DATA
|
LOCAL
|
22.03
|
Caruaru*
|
03.05
|
Guaporé
|
07.06
|
Curitiba
|
16.08
|
Goiânia
|
27.09
|
São Paulo
|
08.11
|
Tarumã
|
13.12
|
Londrina
|
(*) = Etapas já realizadas.
O campeonato de F-1 renasceu no último fim de semana com a vitória de
Michael Schumacher e da Ferrari no GP da Argentina. Contribuíram para isso o
circuito Oscar Galvez, muito travado, com diversas curvas, o talento de
Schumacher, que sabe tirar vantagem deste tipo de traçado, e a baixa
temperatura, que ajudou os novos compostos da Goodyear a darem uma resposta
cabal às equipes da Bridgestone. O único ponto negativo da vitória de
Schumacher foi sua ultrapassagem forçada em David Couthard no
início da prova, quando o piloto alemão praticamente jogou o escocês para fora
da pista e assumiu a liderança da corrida. Com o ritmo que o bicampeão da
Ferrari demonstrou durante toda a prova, não era preciso apelar deste jeito
numa ultrapassagem. E aquilo trouxe de volta momentos na memória, como em
Adelaide (Austrália) em 94, e Jerez de La Fronteira (Espanha), no ano passado.
Schumacher pode ser o maior piloto da F-1 atual, mas gestos como esse mancham
sua reputação. Um piloto de calibre tem que saber ultrapassar sem apelações
deste tipo...
A situação da Williams, quem diria, está lamentável. O time teve um
desempenho medíocre em
Buenos Aires e imaginem só, Jacques Villeneuve, o atual
campeão do mundo, com apenas 2 pontos no campeonato, decorridas 3 provas, dá o
que pensar...
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