Dentro
de duas semanas os carros elétricos voltarão às pistas para iniciar a quarta temporada
da F-E, que a cada ano se consolida mais e mais, atraindo mais expectadores,
fãs, e fábricas interessadas em participar da competição, com o advento de
importantes nomes para a quinta temporada, que se iniciará no fim do ano que
vem. Confiram agora um pequeno texto com algumas das novidades desta nova
temporada que está para começar, os times e pilotos envolvidos, e as corridas
que serão disputadas. Uma boa leitura a todos...
FORMULA-E 2017/2018: LARGADA
PARA A QUARTA TEMPORADA DA CATEGORIA
Campeonato dos carros de competição
elétricos monopostos inicia mais uma temporada com vistas a um grande
crescimento a partir da quinta temporada.
Adriano de Avance Moreno
A Formula-E está pronta para acelerar novamente. E o campeonato promete ser disputado. |
A Fórmula-E
prepara-se para acelerar novamente pelas pistas do mundo afora. Na semana que
vem, os times disputarão as primeiras corridas da quarta temporada do certame
de carros de competição monopostos totalmente elétricos, e ao contrário do que
muitos esperavam, todos estão cheios de perspectivas com a chegada de novos
fabricantes à competição, o que irá ocorrer a partir da quinta temporada,
quando mais algumas novidades também serão introduzidas. Uma das mudanças serão
nas baterias que os times usam. As atuais, em uso pela última temporada e a
nova que se inicia, são fornecidas pela divisão de tecnologia da Williams, que
compete na F-1. As que serão usadas na quinta temporada serão outras, agora
fornecidas pela divisão de engenharia da McLaren, não por acaso outro grupo que
também compete na F-1, e que ganhou a concorrência aberta pela organização da categoria
para o fornecimento do novo sistema de baterias.
Mas,
enquanto a temporada 2018/2019 não chega, é hora de começar a disputa da
temporada 2017/2018. Teremos um certame com 14 corridas, duas a mais do que a
temporada passada, que corou o brasileiro Lucas Di Grassi como campeão,
derrotando o suíço Sébastien Buemi num duelo eletrizante, para ser redundante,
com o piloto da escuderia e.dams a dominar o campeonato, e acabar perdendo a taça
na reta final da competição, sucumbindo à pressão. O piloto brasileiro, aliás,
estampará o Nº 1 em seu monoposto, sendo o segundo piloto tupiniquim a
conseguir tal feito, repetindo a conquista feita por Nelsinho Piquet na primeira
temporada da categoria.
A
competição continua com 10 times e 20 pilotos na pista. Todos os chassis
continuam a ser fornecidos pela Sparks, e os pneus continuam sendo os Michelan.
Entre as novidades, a Audi ABT agora é um time oficial de fábrica, reforçando
ainda mais as atenções da marca de Ingolstadt na competição, agora que não
disputa mais o Mundial de Endurance. O anúncio, somado à conquista do título
por parte de Lucas, transforma a escuderia numa força de respeito, uma vez que
Di Grassi, com muita competência e alguma sorte, conseguiu destronar Buemi e a
poderosa e.dams, que caminhava firme para levar o suíço ao bicampeonato.
Mantendo a parceria com a Schaeffler, a Audi reforçou o trabalho de
desenvolvimento do powertrain (trem de força) da escuderia, rebatizando-o agora
como Audi e-tron FE04. Daniel ABT continua no time, sendo companheiro de Lucas,
e ainda aguarda a oportunidade de poder mostrar toda a sua capacidade, uma vez
que nos três primeiros anos da parceria, poucas vezes andou no nível do
parceiro brasileiro.
A temporada
está começando mais tarde do que nos outros anos, e em 2017, teremos apenas a prova
de Hong Kong, que será em rodada dupla, com uma corrida no sábado, e outra no
domingo. Depois, os pilotos só voltam à pista em 2018, com uma seleção de datas
um pouco mais regular. As novidades no calendário são as novas etapas na América
do Sul. Saíram a Argentina e o Uruguai, entram Chile e o Brasil. O país Andino
terá uma corrida em Santiago, marcando o retorno de uma competição de carros em
circuito fechado ao país após décadas. E o Brasil finalmente terá uma etapa na
competição, marcada para o mês de março, em um traçado que será montado junto
ao Centro de Convenções do Anhembi, aproveitando trechos que foram usados anos
atrás para a corrida da Indycar.
Roma, na Itália, será um dos novos palcos de corridas nesta quarta temporada. |
O
calendário também terá novas provas na Europa. Roma, capital da Itália, fará
sua estréia no certame. Mas um país que finalmente voltará a sediar uma corrida
de carros é a Suíça, com uma etapa marcada para Zurique. O país europeu proibiu
as corridas em 1955, após o desastre que vitimou inúmeras pessoas nas 24 Horas
de Le Mans. A lei foi mudada recentemente, abrindo uma exceção para permitir a
disputa de corridas de carro estritamente elétricos, visando sediar uma etapa da
F-E. No encerramento da competição, as cidades de Nova Iorque e Montreal
continuarão a ter rodadas duplas. A etapa canadense, aliás, apesar de ter o
melhor circuito de rua até hoje já usado pela categoria, ainda cogita de realizar
a corrida no circuito Gilles Villeneuve, pista que também é usada pela F-1, mas
por enquanto isso ainda está sendo apenas estudado.
Entre as
novidades para deixar a competição mais aguerrida nesta nova temporada, está o
novo limite de utilização de energia para os pilotos. A potência em corrida foi
aumentada dos 170 Kw para 180Kw. A força no treino de classificação também
aumentou de 190 Kw para 200Kw, e por tabela, a força “extra” proporcionada pelo
fanboost também teve um acréscimo de potência de 10 Kj, tudo para deixar os
carros mais rápidos neste novo campeonato. Mas, a potência a mais terá também
um ônus: como a capacidade de carga das baterias permanece a mesma do último
ano, times e pilotos precisarão ser ainda mais eficientes na gestão da energia
disponível por carro durante as corridas. Na temporada passada, alguns pilotos
conseguiram surpreender a concorrência neste quesito, sabendo economizar
energia no momento certo para avançar para a frente e obter resultados
inesperados. A maior potência a ser utilizada pelos carros também promoverá o
desenvolvimento dos trens de força, já que os motores precisarão ser mais
econômicos para poderem utilizar essa força adicional sem comprometer a
autonomia de corrida, um desafio que certamente vai exigir muito trabalho dos
engenheiros de cada escuderia, bem como do talento de seus pilotos em serem rápidos
sem desgastarem seu equipamento demasiado.
Outra mudança anunciada é no
número de dias de filmagem que as equipes podem realizar, que era de três e foi
aumentado para seis, com a obrigatoriedade de apenas metade destes dias ser
feito em um circuito de corrida permanente. Além de permitir que os times andem
mais um pouco, a medida visa que eles usem os dias a mais permitidos para
realizarem demonstrações de seus carros nas ruas de algumas cidades, a fim de
atrair o público para a competição. Outra novidade é em relação à pontuação da
volta mais rápida na corrida, que agora ficará restrita aos carros das
primeiras 10 posições. A medida é para evitar que alguém volte lá no fim dos
competidores da prova apenas para fazer a volta mais rápida e ganhar o ponto de
bonificação.
Os fins de
semana que apresentarem rodadas duplas passarão a contar com apenas um treino
livre na manhã de domingo, ao invés dos tradicionais dois treinos livres, que
continuarão a ser realizados no sábado. Os treinos de classificação continuam
sem mudanças.
A exemplo
do que foi feito na F-1, os carros passarão a utilizar números maiores nas carenagens,
que trarão também de forma visível as iniciais dos nomes dos pilotos, visando
facilitar a identificação dos mesmos junto ao público, tanto no circuito quanto
na transmissão pela TV.
Diferente
dos anos anteriores, a categoria realizou os testes da pré-temporada na
Espanha. O palco escolhido foi o Circuito Ricardo Tormo, em Valência, nos dias
2, 3 e 5 de outubro. Em termos de resultados, Sébastien Buemi e Oliver Turvey
foram os destaques, liderando três sessões cada um, com Jerôme D’Ambrosio e Sam
Bird comandando as sessões restantes. As posições dos pilotos variaram
bastante, e como alguns times testaram com pilotos que não eram seus titulares,
os tempos ficaram ainda mais misturados. Mas, de positivo, foi ver praticamente
metade do grid dentro de 1s de diferença para o mais veloz, o que deixou alguns
pilotos, como o atual campeão, Lucas Di Grassi, animado para as expectativas de
disputa da próxima temporada, prevendo muita briga e equilíbrio na pista, o que
deve deixar as corridas bem animadas.
Sam Bird continua firme na Virgin, e quer incomodar mais do que nunca. |
Entre as
escuderias, a Audi ABT, Mahindra e e.dams mantiveram suas duplas de pilotos.
Uma das principais mudanças foi de Nelsinho Piquet, da NexTev para a Jaguar.
Cansado de outra temporada com resultados abaixo do esperado, o primeiro
campeão da categoria foi buscar novos ares e será o líder na pista da marca
inglesa, que fez sua estréia no campeonato passado e apesar de ter ficado na
última colocação na classificação de equipes, vem investindo forte para
desenvolver seu equipamento e batalhar por melhores resultados.
Entre os
novatos na competição está Andre Loterer, oriundo do Mundial de Endurance, que
fará dupla com Jean-Éric Vergne na Techeetah. Outro estreante será Eduardo
Mortara, campeão da F-3 Européia, que terá Mauro Engel como parceiro de equipe
na Venturi. Luca Filippi, por sua vez, substituirá Nelsinho Piquet na nova NIO
Formula E Team, ex-China Racing, ao lado de Oliver Turvey. Na Dragon, Loic
Duval acabou dispensado, tendo seu lugar ocupado por outro piloto egresso do
WEC, Neel Jani, que foi campeão em 2016 na classe LMP1, com a Porsche. E outro
piloto que acabou demitido foi José Maria López, que perdeu seu lugar na Virgin
para Alex Lynn, que tem no currículo a vitória nas 12 Horas de Sebring deste
ano, nos Estados Unidos. E a Andretti contará com Kamui Koabayashi como um de seus
pilotos, pelo menos na rodada dupla de Hong Kong. No cômputo geral, o grid da
F-E tem pilotos com grandes currículos nesta temporada, mostrando que a
categoria dos carros elétricos está deixando de ser algo considerado apenas por
pilotos sem opções em outros certames. O nível dos competidores é o mais alto
desde que o campeonato começou a ser disputado, e isso é visto como algo muito
positivo.
A Audi deixou o Mundial de Endurance (WEC) e agora focará suas forças na Formula-E. |
Várias
cidades mundo afora se mostraram interessadas em receber corridas da categoria,
e o fato de novos fabricantes de carros manifestarem interesse em participar,
com anúncios já confirmados de BMW, Nissan e Porsche, além do aumento de
interesse por parte da Audi, Penske, e outros nomes que já participam da
competição mostram que a F-E só tende a ganhar cada vez mais importância e
destaque no meio do esporte a motor. É muito cedo para afirmar que isso seja
apenas uma moda passageira, mas com vários países europeus começando a impor restrições
para a fabricação em um futuro próximo de carros a combustão, os fabricantes
começam a ver a competição da categoria com mais interesse e atenção. Não dá
para saber até que ponto a F-E crescerá, mas o certame segue dando um passo de
cada vez, para evitar que os custos sufoquem os times, e o desenvolvimento da tecnologia
se foque no que precisa ser desenvolvido de fato. O resto cabe aos times e
pilotos mostrarem nas pistas do que são capazes. E se conseguirem oferecer uma
boa disputa, melhor ainda. Urge, contudo, melhorar o design de algumas das
pistas utilizadas, para tentar melhorar o nível das disputas, com traçados que
favoreçam a competição, e não a prejudiquem, com traçados excessivamente
travados e/ou estreitos, algo que poderá ser melhorado com o tempo.
O canal de
esportes pago Fox Sports continua firme como um dos parceiros da categoria, e é
através dele que os brasileiros continuarão firmes em acompanhar as corridas da
F-E, que terá todas as suas provas transmitidas ao vivo pelos dois canais do
grupo no Brasil, o Fox Sports e o Fox Sports 2, que terá um time acompanhando
in loco a corrida que será realizada em São Paulo, prometendo trazer todas as
informações para os fãs da velocidade, que vem aumentando paulatinamente em
número, motivados pelos títulos conquistados por Piquet e Di Grassi, mas também
pelas boas disputas que as etapas do certame vem apresentando em várias
ocasiões.
Aliás, o
Brasil contará mais uma vez apenas com Nelsinho Piquet e Lucas Di Grassi no
grid da categoria. Atual campeão, Lucas lutará pelo bicampeonato, em um dos
melhores times da competição, que com o envolvimento oficial agora da Audi,
tende a ser bem mais forte e competitivo, oferecendo a Di Grassi melhores
condições de disputa do que já possuía. Para Nelsinho, que após a conquista do
título penou nas duas temporadas seguintes com o pouco competitivo carro da
China Racing, a expectativa é de voltar a ter melhores resultados ao volante da
Jaguar, que tem grandes ambições para o seu projeto de competição na categoria,
e quer vencer corridas. E sabe que o piloto brasileiro é um grande reforço para
o time nesta nova temporada. Resta saber se a Jaguar aprendeu bem os macetes em
seu ano de estréia para vir realmente forte nesta sua segunda temporada e mostrar
que está ali para brigar de fato entre os primeiros.
A F-E já mostrou
que, apesar do equilíbrio nos testes da pré-temporada, a disputa vai ser de
gente grande. Portanto, é hora de se preparar firme, e ligar as tomadas para
mais uma temporada que tem tudo para deixar os amantes da velocidade vidrados
com as disputas na pista. E que vença o melhor!
PILOTOS E EQUIPES DA
TEMPORADA 2017/2018
EQUIPE
|
POWERTRAIN
|
PILOTOS (Número)
|
Audi Sport ABT Schaeffler
|
Audi e-tron FE04
|
Lucas Di Grassi (1)
Daniel ABT
|
MS &
AD Andretti Formula E
|
Andretti
ATEC-03
|
Kamui Kobayashi (27)
Antônio Félix da Costa (28)
|
DS Virgin
Racing
|
DS Virgin
DSV-03
|
Sam Bird
(2)
Alex Lynn
(36)
|
Dragon
Racing
|
Penske
EV-2
|
Jerôme
D’Ambrosio (7)
Neel Jani
(6)
|
Jaguar
Racing
|
Jaguar
I-Type II
|
Nélson
Angelo Piquet (3)
Mitch
Evans (20)
|
Mahindra
Racing
|
Mahindra
M4Electro
|
Nick
Heidfeld (23)
Felix
Rosenqvist (19)
|
NIO
Formula E Team
|
NextEV
NIO Sport 003
|
Oliver
Turvey (16)
Lucca
Filippi (68)
|
Renault
e.dams
|
Renault
Z.E. 17
|
Sébastien
Buemi (9)
Nicolas
Prost (8)
|
Techeetah
|
Renault
Z.E. 17
|
Jean-Éric
Vergne (25)
Andre
Lotterer (18)
|
Venturi
Formula E
|
Venturi
VM200-FE-03
|
Eduardo
Mortara (4)
Maro
Engel (5)
|
CALENDÁRIO DA
FORMULA-E 2017/2018
DATA
|
ETAPA/PAÍS/CIRCUITO
|
02.12.2017
|
Eprix de
Hong Kong/China/Hong Kong Central Harbourfront Circuit (Corrida 1)
|
03.12.2017
|
Eprix de
Hong Kong/China/Hong Kong Central Harbourfront Circuit (Corrida 2)
|
13.01.2018
|
Eprix de Marrakesh/Marrocos/Circuit International
Automobile Moulay El Hassan
|
03.02.2018
|
Eprix de Santiago/Chile/Circuito de Rua de Santiago
|
03.03.2018
|
Eprix da Cidade do México/México/Autódromo Hermanos
Rodriguez
|
17.03.2018
|
Eprix de São Paulo/Brasil/Circuito do Anhembi*
|
14.04.2018
|
Eprix de Roma/Itália/Circuto Cittadino dell’EUR
|
28.04.2018
|
Eprix de Paris/França/Circuito de Rua de Paris
|
19.05.2018
|
Eprix de Berlim/Alemanha/Tempelhof Airport Street Circuit
|
10.06.2018
|
Eprix de Zurique/Suíça/**
|
14.07.2018
|
Eprix de Nova Iorque/Estados Unidos/Circuito de Rua do
Brooklin (Corrida 1)
|
15.07.2018
|
Eprix de Nova Iorque/Estados Unidos/Circuito de Rua do
Brooklin (Corrida 2)
|
28.07.2018
|
Eprix de Montreal/Canadá/Circuito de Rua de Montreal
(Corrida 1)
|
29.07.2018
|
Eprix de Montreal/Canadá/Circuito de Rua de Montreal
(Corrida 2)
|
(*) = Traçado ainda a ser definido.
(**) = Traçado e local ainda a ser definido.
Nelsinho Piquet defenderá a Jaguar, na busca pelo bicampeonato. Lucas Di Grassi, o atual campeão (abaixo), segue firme na Audi ABT, e também lutará pelo bicampeonato. |
Vice-campeão na primeira e na terceira temporada, Sébastien Buemi vai querer dar o troco e conquistar o bi. O suíço, bem como a equipe e.dams é um adversário a ser respeitado...e temido. |
A Mahindra manteve sua dupla e pretende vir forte nesta temporada. |
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