quarta-feira, 22 de novembro de 2017

ESPECIAL FORMULA-E 2017/2018



            Dentro de duas semanas os carros elétricos voltarão às pistas para iniciar a quarta temporada da F-E, que a cada ano se consolida mais e mais, atraindo mais expectadores, fãs, e fábricas interessadas em participar da competição, com o advento de importantes nomes para a quinta temporada, que se iniciará no fim do ano que vem. Confiram agora um pequeno texto com algumas das novidades desta nova temporada que está para começar, os times e pilotos envolvidos, e as corridas que serão disputadas. Uma boa leitura a todos...


FORMULA-E 2017/2018: LARGADA PARA A QUARTA TEMPORADA DA CATEGORIA

Campeonato dos carros de competição elétricos monopostos inicia mais uma temporada com vistas a um grande crescimento a partir da quinta temporada.

Adriano de Avance Moreno

A Formula-E está pronta para acelerar novamente. E o campeonato promete ser disputado.
            A Fórmula-E prepara-se para acelerar novamente pelas pistas do mundo afora. Na semana que vem, os times disputarão as primeiras corridas da quarta temporada do certame de carros de competição monopostos totalmente elétricos, e ao contrário do que muitos esperavam, todos estão cheios de perspectivas com a chegada de novos fabricantes à competição, o que irá ocorrer a partir da quinta temporada, quando mais algumas novidades também serão introduzidas. Uma das mudanças serão nas baterias que os times usam. As atuais, em uso pela última temporada e a nova que se inicia, são fornecidas pela divisão de tecnologia da Williams, que compete na F-1. As que serão usadas na quinta temporada serão outras, agora fornecidas pela divisão de engenharia da McLaren, não por acaso outro grupo que também compete na F-1, e que ganhou a concorrência aberta pela organização da categoria para o fornecimento do novo sistema de baterias.
            Mas, enquanto a temporada 2018/2019 não chega, é hora de começar a disputa da temporada 2017/2018. Teremos um certame com 14 corridas, duas a mais do que a temporada passada, que corou o brasileiro Lucas Di Grassi como campeão, derrotando o suíço Sébastien Buemi num duelo eletrizante, para ser redundante, com o piloto da escuderia e.dams a dominar o campeonato, e acabar perdendo a taça na reta final da competição, sucumbindo à pressão. O piloto brasileiro, aliás, estampará o Nº 1 em seu monoposto, sendo o segundo piloto tupiniquim a conseguir tal feito, repetindo a conquista feita por Nelsinho Piquet na primeira temporada da categoria.
            A competição continua com 10 times e 20 pilotos na pista. Todos os chassis continuam a ser fornecidos pela Sparks, e os pneus continuam sendo os Michelan. Entre as novidades, a Audi ABT agora é um time oficial de fábrica, reforçando ainda mais as atenções da marca de Ingolstadt na competição, agora que não disputa mais o Mundial de Endurance. O anúncio, somado à conquista do título por parte de Lucas, transforma a escuderia numa força de respeito, uma vez que Di Grassi, com muita competência e alguma sorte, conseguiu destronar Buemi e a poderosa e.dams, que caminhava firme para levar o suíço ao bicampeonato. Mantendo a parceria com a Schaeffler, a Audi reforçou o trabalho de desenvolvimento do powertrain (trem de força) da escuderia, rebatizando-o agora como Audi e-tron FE04. Daniel ABT continua no time, sendo companheiro de Lucas, e ainda aguarda a oportunidade de poder mostrar toda a sua capacidade, uma vez que nos três primeiros anos da parceria, poucas vezes andou no nível do parceiro brasileiro.
            A temporada está começando mais tarde do que nos outros anos, e em 2017, teremos apenas a prova de Hong Kong, que será em rodada dupla, com uma corrida no sábado, e outra no domingo. Depois, os pilotos só voltam à pista em 2018, com uma seleção de datas um pouco mais regular. As novidades no calendário são as novas etapas na América do Sul. Saíram a Argentina e o Uruguai, entram Chile e o Brasil. O país Andino terá uma corrida em Santiago, marcando o retorno de uma competição de carros em circuito fechado ao país após décadas. E o Brasil finalmente terá uma etapa na competição, marcada para o mês de março, em um traçado que será montado junto ao Centro de Convenções do Anhembi, aproveitando trechos que foram usados anos atrás para a corrida da Indycar.
Roma, na Itália, será um dos novos palcos de corridas nesta quarta temporada.
            O calendário também terá novas provas na Europa. Roma, capital da Itália, fará sua estréia no certame. Mas um país que finalmente voltará a sediar uma corrida de carros é a Suíça, com uma etapa marcada para Zurique. O país europeu proibiu as corridas em 1955, após o desastre que vitimou inúmeras pessoas nas 24 Horas de Le Mans. A lei foi mudada recentemente, abrindo uma exceção para permitir a disputa de corridas de carro estritamente elétricos, visando sediar uma etapa da F-E. No encerramento da competição, as cidades de Nova Iorque e Montreal continuarão a ter rodadas duplas. A etapa canadense, aliás, apesar de ter o melhor circuito de rua até hoje já usado pela categoria, ainda cogita de realizar a corrida no circuito Gilles Villeneuve, pista que também é usada pela F-1, mas por enquanto isso ainda está sendo apenas estudado.
            Entre as novidades para deixar a competição mais aguerrida nesta nova temporada, está o novo limite de utilização de energia para os pilotos. A potência em corrida foi aumentada dos 170 Kw para 180Kw. A força no treino de classificação também aumentou de 190 Kw para 200Kw, e por tabela, a força “extra” proporcionada pelo fanboost também teve um acréscimo de potência de 10 Kj, tudo para deixar os carros mais rápidos neste novo campeonato. Mas, a potência a mais terá também um ônus: como a capacidade de carga das baterias permanece a mesma do último ano, times e pilotos precisarão ser ainda mais eficientes na gestão da energia disponível por carro durante as corridas. Na temporada passada, alguns pilotos conseguiram surpreender a concorrência neste quesito, sabendo economizar energia no momento certo para avançar para a frente e obter resultados inesperados. A maior potência a ser utilizada pelos carros também promoverá o desenvolvimento dos trens de força, já que os motores precisarão ser mais econômicos para poderem utilizar essa força adicional sem comprometer a autonomia de corrida, um desafio que certamente vai exigir muito trabalho dos engenheiros de cada escuderia, bem como do talento de seus pilotos em serem rápidos sem desgastarem seu equipamento demasiado.
Outra mudança anunciada é no número de dias de filmagem que as equipes podem realizar, que era de três e foi aumentado para seis, com a obrigatoriedade de apenas metade destes dias ser feito em um circuito de corrida permanente. Além de permitir que os times andem mais um pouco, a medida visa que eles usem os dias a mais permitidos para realizarem demonstrações de seus carros nas ruas de algumas cidades, a fim de atrair o público para a competição. Outra novidade é em relação à pontuação da volta mais rápida na corrida, que agora ficará restrita aos carros das primeiras 10 posições. A medida é para evitar que alguém volte lá no fim dos competidores da prova apenas para fazer a volta mais rápida e ganhar o ponto de bonificação.
            Os fins de semana que apresentarem rodadas duplas passarão a contar com apenas um treino livre na manhã de domingo, ao invés dos tradicionais dois treinos livres, que continuarão a ser realizados no sábado. Os treinos de classificação continuam sem mudanças.
            A exemplo do que foi feito na F-1, os carros passarão a utilizar números maiores nas carenagens, que trarão também de forma visível as iniciais dos nomes dos pilotos, visando facilitar a identificação dos mesmos junto ao público, tanto no circuito quanto na transmissão pela TV.
            Diferente dos anos anteriores, a categoria realizou os testes da pré-temporada na Espanha. O palco escolhido foi o Circuito Ricardo Tormo, em Valência, nos dias 2, 3 e 5 de outubro. Em termos de resultados, Sébastien Buemi e Oliver Turvey foram os destaques, liderando três sessões cada um, com Jerôme D’Ambrosio e Sam Bird comandando as sessões restantes. As posições dos pilotos variaram bastante, e como alguns times testaram com pilotos que não eram seus titulares, os tempos ficaram ainda mais misturados. Mas, de positivo, foi ver praticamente metade do grid dentro de 1s de diferença para o mais veloz, o que deixou alguns pilotos, como o atual campeão, Lucas Di Grassi, animado para as expectativas de disputa da próxima temporada, prevendo muita briga e equilíbrio na pista, o que deve deixar as corridas bem animadas.
Sam Bird continua firme na Virgin, e quer incomodar mais do que nunca.
            Os times seguem desenvolvendo seus trens de força, com o apoio de suas parceiras. A Dragon está trazendo para a competição o apoio técnico da Penske Automotive, enquanto a Andretti já começa a estreitar sua colaboração com a futura vinda da BMW. A Renault, campeã de construtores com a e.dams nestes três anos, mantém firme seu trabalho para o ano de sua despedida da competição, quando será substituída pela Nissan na próxima temporada, sendo uma das poucas marcar a dar preferência para aumentar seus esforços na F-1.
            Entre as escuderias, a Audi ABT, Mahindra e e.dams mantiveram suas duplas de pilotos. Uma das principais mudanças foi de Nelsinho Piquet, da NexTev para a Jaguar. Cansado de outra temporada com resultados abaixo do esperado, o primeiro campeão da categoria foi buscar novos ares e será o líder na pista da marca inglesa, que fez sua estréia no campeonato passado e apesar de ter ficado na última colocação na classificação de equipes, vem investindo forte para desenvolver seu equipamento e batalhar por melhores resultados.
            Entre os novatos na competição está Andre Loterer, oriundo do Mundial de Endurance, que fará dupla com Jean-Éric Vergne na Techeetah. Outro estreante será Eduardo Mortara, campeão da F-3 Européia, que terá Mauro Engel como parceiro de equipe na Venturi. Luca Filippi, por sua vez, substituirá Nelsinho Piquet na nova NIO Formula E Team, ex-China Racing, ao lado de Oliver Turvey. Na Dragon, Loic Duval acabou dispensado, tendo seu lugar ocupado por outro piloto egresso do WEC, Neel Jani, que foi campeão em 2016 na classe LMP1, com a Porsche. E outro piloto que acabou demitido foi José Maria López, que perdeu seu lugar na Virgin para Alex Lynn, que tem no currículo a vitória nas 12 Horas de Sebring deste ano, nos Estados Unidos. E a Andretti contará com Kamui Koabayashi como um de seus pilotos, pelo menos na rodada dupla de Hong Kong. No cômputo geral, o grid da F-E tem pilotos com grandes currículos nesta temporada, mostrando que a categoria dos carros elétricos está deixando de ser algo considerado apenas por pilotos sem opções em outros certames. O nível dos competidores é o mais alto desde que o campeonato começou a ser disputado, e isso é visto como algo muito positivo.
A Audi deixou o Mundial de Endurance (WEC) e agora focará suas forças na Formula-E.
            Várias cidades mundo afora se mostraram interessadas em receber corridas da categoria, e o fato de novos fabricantes de carros manifestarem interesse em participar, com anúncios já confirmados de BMW, Nissan e Porsche, além do aumento de interesse por parte da Audi, Penske, e outros nomes que já participam da competição mostram que a F-E só tende a ganhar cada vez mais importância e destaque no meio do esporte a motor. É muito cedo para afirmar que isso seja apenas uma moda passageira, mas com vários países europeus começando a impor restrições para a fabricação em um futuro próximo de carros a combustão, os fabricantes começam a ver a competição da categoria com mais interesse e atenção. Não dá para saber até que ponto a F-E crescerá, mas o certame segue dando um passo de cada vez, para evitar que os custos sufoquem os times, e o desenvolvimento da tecnologia se foque no que precisa ser desenvolvido de fato. O resto cabe aos times e pilotos mostrarem nas pistas do que são capazes. E se conseguirem oferecer uma boa disputa, melhor ainda. Urge, contudo, melhorar o design de algumas das pistas utilizadas, para tentar melhorar o nível das disputas, com traçados que favoreçam a competição, e não a prejudiquem, com traçados excessivamente travados e/ou estreitos, algo que poderá ser melhorado com o tempo.
            O canal de esportes pago Fox Sports continua firme como um dos parceiros da categoria, e é através dele que os brasileiros continuarão firmes em acompanhar as corridas da F-E, que terá todas as suas provas transmitidas ao vivo pelos dois canais do grupo no Brasil, o Fox Sports e o Fox Sports 2, que terá um time acompanhando in loco a corrida que será realizada em São Paulo, prometendo trazer todas as informações para os fãs da velocidade, que vem aumentando paulatinamente em número, motivados pelos títulos conquistados por Piquet e Di Grassi, mas também pelas boas disputas que as etapas do certame vem apresentando em várias ocasiões.
            Aliás, o Brasil contará mais uma vez apenas com Nelsinho Piquet e Lucas Di Grassi no grid da categoria. Atual campeão, Lucas lutará pelo bicampeonato, em um dos melhores times da competição, que com o envolvimento oficial agora da Audi, tende a ser bem mais forte e competitivo, oferecendo a Di Grassi melhores condições de disputa do que já possuía. Para Nelsinho, que após a conquista do título penou nas duas temporadas seguintes com o pouco competitivo carro da China Racing, a expectativa é de voltar a ter melhores resultados ao volante da Jaguar, que tem grandes ambições para o seu projeto de competição na categoria, e quer vencer corridas. E sabe que o piloto brasileiro é um grande reforço para o time nesta nova temporada. Resta saber se a Jaguar aprendeu bem os macetes em seu ano de estréia para vir realmente forte nesta sua segunda temporada e mostrar que está ali para brigar de fato entre os primeiros.
            A F-E já mostrou que, apesar do equilíbrio nos testes da pré-temporada, a disputa vai ser de gente grande. Portanto, é hora de se preparar firme, e ligar as tomadas para mais uma temporada que tem tudo para deixar os amantes da velocidade vidrados com as disputas na pista. E que vença o melhor!

PILOTOS E EQUIPES DA TEMPORADA 2017/2018

EQUIPE
POWERTRAIN
PILOTOS (Número)
Audi Sport ABT Schaeffler
Audi e-tron FE04
Lucas Di Grassi (1)
Daniel ABT
MS & AD Andretti Formula E
Andretti ATEC-03
Kamui Kobayashi (27)
Antônio Félix da Costa (28)
DS Virgin Racing
DS Virgin DSV-03
Sam Bird (2)
Alex Lynn (36)
Dragon Racing
Penske EV-2
Jerôme D’Ambrosio (7)
Neel Jani (6)
Jaguar Racing
Jaguar I-Type II
Nélson Angelo Piquet (3)
Mitch Evans (20)
Mahindra Racing
Mahindra M4Electro
Nick Heidfeld (23)
Felix Rosenqvist (19)
NIO Formula E Team
NextEV NIO Sport 003
Oliver Turvey (16)
Lucca Filippi (68)
Renault e.dams
Renault Z.E. 17
Sébastien Buemi (9)
Nicolas Prost (8)
Techeetah
Renault Z.E. 17
Jean-Éric Vergne (25)
Andre Lotterer (18)
Venturi Formula E
Venturi VM200-FE-03
Eduardo Mortara (4)
Maro Engel (5)

CALENDÁRIO DA FORMULA-E 2017/2018

DATA
ETAPA/PAÍS/CIRCUITO
02.12.2017
Eprix de Hong Kong/China/Hong Kong Central Harbourfront Circuit (Corrida 1)
03.12.2017
Eprix de Hong Kong/China/Hong Kong Central Harbourfront Circuit (Corrida 2)
13.01.2018
Eprix de Marrakesh/Marrocos/Circuit International Automobile Moulay El Hassan
03.02.2018
Eprix de Santiago/Chile/Circuito de Rua de Santiago
03.03.2018
Eprix da Cidade do México/México/Autódromo Hermanos Rodriguez
17.03.2018
Eprix de São Paulo/Brasil/Circuito do Anhembi*
14.04.2018
Eprix de Roma/Itália/Circuto Cittadino dell’EUR
28.04.2018
Eprix de Paris/França/Circuito de Rua de Paris
19.05.2018
Eprix de Berlim/Alemanha/Tempelhof Airport Street Circuit
10.06.2018
Eprix de Zurique/Suíça/**
14.07.2018
Eprix de Nova Iorque/Estados Unidos/Circuito de Rua do Brooklin (Corrida 1)
15.07.2018
Eprix de Nova Iorque/Estados Unidos/Circuito de Rua do Brooklin (Corrida 2)
28.07.2018
Eprix de Montreal/Canadá/Circuito de Rua de Montreal (Corrida 1)
29.07.2018
Eprix de Montreal/Canadá/Circuito de Rua de Montreal (Corrida 2)

(*) = Traçado ainda a ser definido.
(**) = Traçado e local ainda a ser definido.

Nelsinho Piquet defenderá a Jaguar, na busca pelo bicampeonato. Lucas Di Grassi, o atual campeão (abaixo), segue firme na Audi ABT, e também lutará pelo bicampeonato.
Vice-campeão na primeira e na terceira temporada, Sébastien Buemi vai querer dar o troco e conquistar o bi. O suíço, bem como a equipe e.dams é um adversário a ser respeitado...e temido.
A Mahindra manteve sua dupla e pretende vir forte nesta temporada.

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