No ano passado, Felipe Massa havia decidido deixar a F-1, e recebeu belas homenagens em Interlagos, mas ele acabou permanecendo mais um ano. Agora, ele novamente se despede da F-1, mais uma vez. |
E Felipe Massa está
dando adeus à Fórmula 1! De novo! Pois é... No ano passado, o piloto brasileiro
já dava por encerrada a sua participação na categoria máxima do automobilismo,
mais por inconformismo de não ter um lugar competitivo para correr este ano do
que por falta de capacidade para correr. Então, ele decidiu sair, não iria
mendigar por vaga para disputar esta temporada, apenas por disputar. Tinha suas
razões, e não devia satisfações a ninguém, apenas a si mesmo e sua família.
Agradeceu a todo o apoio recebido durante sua carreira na F-1, partiria para
outros vôos em 2017. Nada de excepcional. Apenas iniciaria uma nova fase na
vida e na carreira.
Mas, quis o destino
que Nico Rosberg, conquistado o campeonato, surpreendesse o mundo e anunciasse
o fim de sua carreira de piloto. A Mercedes teve, então, que procurar por um
substituto, e a escolha mais óbvia acabou sendo Valtteri Bottas, então na
Williams, que obviamente aceitou negociar seu piloto mediante uma boa
compensação financeira, o que conseguiu. Mas aí, era necessário ter um piloto,
e Felipe Massa, recéma-aposentado, foi convidado a retornar, com a óbvia missão
de capitanear o time nas pistas nesta temporada, visto que o outro piloto da
escuderia, o canadense Lance Stroll, não tinha condições de realizar tal
tarefa. Pesou também o fato de a patrocinadora máster do time, a Martini,
precisar de um piloto com mais de 25 anos de idade para poder capitalizar em
termos de marketing com suas ações junto à escuderia, o que não seria permitido
com o jovem Stroll.
E Felipe retornou.
Nada contra. Ele sentiu que precisavam dele, e saber que você é necessário é
uma sensação empolgante. Você se sente importante, útil. Mesmo sabendo que isso
aconteceu somente porque perderiam Bottas, que mal faria Felipe continuar nas
pistas um pouco mais? E a Williams, nos treinos da pré-temporada, até deu pinta
de que poderia pelo menos continuar lutando junto às primeiras colocações, logo
abaixo da dupla Mercedes/Ferrari, e quem sabe pudesse ser páreo para a Red
Bull. Os prognósticos eram interessantes, e depois de uma temporada onde o time
de Frank Williams decaíra de performance de maneira até abrupta, mostrando uma
fadiga de material contundente no projeto de seu carro, apesar de ainda
desfrutar do melhor motor da F-1 atual, a perspectiva da escuderia de
recuperar-se perante os concorrentes deixou muitos torcedores animados.
Outro ponto a se
entusiasmar era o novo regulamento técnico, que permitia aos bólidos serem
muito mais velozes. Massa, que nunca se entendeu direito com os carros nos
últimos anos, por exigir uma condução que soubesse privilegiar a preservação do
equipamento com velocidade, poderia acelerar novamente à vontade, como fizera
em seus melhores momentos na categoria, em especial nas temporadas de 2006,
2007, e 2008. Lógico que praticamente 10 anos mais velho, talvez não fosse mais
como antes, mas a tentativa era mais do que válida. Felipe merecia pelo menos
poder voltar a se divertir guiando um F-1, como nos velhos tempos.
Na Sauber, Massa disputou suas primeiras temporadas na F-1. |
E ele até começou bem,
com um promissor 6º lugar na Austrália, que repetiria no Bahrein, após ter
ficado zerado na China. Não era o que muitos esperavam da Williams, que havia
andado mais na pré-temporada, mas havia esperança de melhoras. Só que estas
nunca vieram, e a exemplo dos anos anteriores, a escuderia inglesa mais uma vez
foi ficando para trás no campeonato, só que desta vez até mais rápido do que
nas últimas temporadas. Pontuar foi ficando cada vez mais complicado, e até
times menos capacitados, como a Sauber, ou menos competitivos, como a McLaren
(mais uma vez afogando-se nos problemas de falta de potência e confiabilidade
das unidades de potência da Honda) em certos momentos pareciam andar mais do
que os carros de Grove. Mesmo as pistas de alta velocidade, onde a Williams
costumava ainda respirar melhor nos anos anteriores, passaram a ser um tormento
para a escuderia, que não rendia nada do que esperava. E, com o carro ficando
para trás, Felipe acabou ficando também. O que prometia ser uma temporada
satisfatória, onde Massa voltava a sentir o prazer de guiar um F-1 no limite, a
ponto de o piloto até fazer planos para a temporada de 2018, logo se tornou
problemática, tendo de lutar muito para conseguir resultados irrisórios na
pista.
Como desgraça pouca é
bobagem, Felipe também voltou a ter azar em várias corridas, como em Baku, onde
seu carro simplesmente quebrou a suspensão no momento de melhor resultado
potencial da temporada, pela confusão que a prova havia se tornado. Prova disso
foi ver Lance Stroll, seu até então estabanado colega de equipe, terminar em 3º
lugar e subir ao pódio, no melhor resultado da equipe no ano. Na Hungria,
Felipe acabou de fora por problemas de saúde, e acabou substituído por Paul Di
Resta, que há anos não guiava um F-1. Uma sequência de resultados magros nas
provas asiáticas não eram um problema. A Williams já preparava um novo pacote
técnico para 2018, totalmente diferente do utilizado este ano, e portanto, as
expectativas para a temporada seguinte eram bem mais animadoras. O problema foi
que a escuderia resolveu fazer um “vestibular” para ver quem seria o melhor
piloto do time para 2018, e aí, o ambiente azedou de vez entre o time e Massa,
e ninguém pode culpar o brasileiro por isso.
Na Ferrari, os melhores momentos de Felipe na F-1, mas também alguns dos piores. Ponto alto foi o vice-campeonato de 2008. |
A Williams parece não
aprender com seus erros, e a forma com falta com o respeito a seus pilotos é
gritante. Lógico que a F-1 nunca foi um mar de rosas, mas algumas atitudes
simples e diretas seriam o suficiente para se manter um mínimo de respeito para
com seus pilotos. Massa, depois de se esforçar tanto pelo time nos últimos
anos, não teve o seu devido respeito por parte da cúpula da equipe, que não se
esforçou em tentar diminuir o clima ruim que o anúncio do tal “vestibular”
criou. Muito pelo contrário. Massa, por sua vez, tinha todo o direito de exigir
respeito, e uma resposta objetiva do time. Não conseguindo uma coisa nem outra,
resolveu pedir a conta, de novo, e desta vez, em definitivo, todos acreditam.
Faz bem. Depois do que Felipe fez, atendendo ao pedido de retorno, o mínimo que
a escuderia lhe devia era um tratamento transparente e honesto a respeito de
seus planos para a temporada de 2018.
Se a temporada deste
ano foi ruim, a culpa cabe mais à Williams do que a Massa, em que pese a
performance de Felipe sempre cair bastante quando o carro não é competitivo,
uma vez que o piloto quase nunca pareceu conseguir superar as limitações do
equipamento, como alguns pilotos conseguem fazer, mais ou menos frequentemente.
Mas seu felling e experiência poderiam ser úteis no desenvolvimento do carro do
ano que vem. Mas, o histórico da Williams, que já destratou até pilotos que
foram campeões por ela, mostra que a escuderia insiste em velhos e maus
hábitos. Se perder Felipe pode ter alguns créditos negativos, pelo fato de o
novo piloto que for substituí-lo não mostrar o mesmo felling e senso de
desenvolvimento nos parâmetros do carro, o problema será todo deles. Massa nada
mais lhes deve, e está mais do que certo de ir cuidar da própria vida e buscar
as satisfações que merece.
Felipe deu o melhor de si pela Williams, mas o time faltou com o respeito ao brasileiro nesta temporada, com relação a seus planos para 2018, e Massa decidiu cair fora, mais uma vez. |
Neste fim de semana
aqui em Interlagos, Felipe está de bem com a vida. Não teremos a mesma comoção
vista no ano passado, quando ele ainda estava a caminho de sua aposentadoria.
Ele apenas quer fazer uma prova decente, e se divertir nestas duas corridas que
irá disputar, aqui e em Abu Dhabi, antes de pendurar o capacete, pelo menos na
F-1. Para o próximo ano, ele ainda não traçou planos do que irá fazer. A F-E
era uma de suas opções para o futuro, tendo até feito um acerto com a Jaguar
para ser um de seus pilotos, mas sua permanência na F-1 acabou fazendo o acordo
gorar. E, devido à falta de respeito da Williams, que poderia muito bem ter
sido mais clara e respeitosa para com Massa, avisando-o de que não o tinha nos
planos para 2018, ele até poderia ter retomado seus entendimentos com a Jaguar.
Mas a marca inglesa precisava ter seus planos para a próxima temporada prontos,
e por isso, acabou contratando Nelsinho Piquet. O grid da competição de carros
monopostos elétricos para o próximo certame está fechado. Se Massa ainda
pretende competir por lá, só no ano que vem, e bem no final dele.
Até lá, certamente
Felipe terá algumas opções de competições que poderá disputar. Provavelmente,
ele aproveitará o final do ano para descansar, e só depois pensar no que irá
fazer. Terá muito tempo para pensar com calma, e ver as opções que existem onde
poderá competir, de acordo com suas preferências. Os seus verdadeiros
torcedores, e não aqueles que adoram malhar nossos representantes que não são
campeões, mais uma vez parabenizam Felipe pela bela carreira que construiu até
aqui, e lhe desejam boa sorte em sua próxima empreitada.
Aos detratores, talvez
a “frustração” de não terem a quem denegrir no próximo ano, já que em 2018,
pela primeira vez desde 1971, não teremos um brasileiro no grid da categoria
máxima do automobilismo ao iniciar o campeonato, nem a perspectiva de ter
alguém tão já por lá. Me pergunto a quem irão destilar todo o seu ódio,
inconformismo, e frustrações... Nada disso será da conta de Massa, que irá
cuidar, e muito bem, de sua vida, sem precisar dar satisfações a ninguém. E ele
mais do que merece, por tudo que já passou até aqui em sua carreira, da qual
tem muito do que se orgulhar, mesmo não tendo conseguido ser campeão do mundo,
como esperava no início de sua chegada à F-1. Mas isso, hoje, é o de menos.
A MotoGP chegou ao Circuito
Ricardo Tormo, nos arredores de Valência, Espanha, para a derradeira etapa do
campeonato de 2017. Na pista, Marc Márquez tem uma das mãos na taça do título
da temporada. Com 21 pontos de vantagem na classificação, só um desastre pode
impedir o tricampeão da equipe oficial da Honda de comemorar o seu quarto
título na classe rainha do motociclismo mundial. Difícil, mas não impossível.
Afinal, estamos falando de corrida de motos, e a possibilidade de um acidente
ou incidente está sempre presente. Por isso mesmo, Márquez deverá ser mais
prudente do que nunca, evitando correr riscos demasiados na corrida de domingo,
que terá transmissão ao vivo pelo canal pago SporTV a partir das 11da manhã,
pelo horário de Brasília. O que não significa que a “Formiga Atômica” não irá
partir para o ataque, o que seria a melhor forma de liquidar a fatura desde já.
Para Andrea Dovizioso, único que pode frustrar a conquista de Marc de mais um
título, a situação é bem mais complicada: o piloto da Ducati precisa vencer ou
vencer, e ainda torcer para que Márquez não conquiste mais do que 4 pontos. Em
outras palavras, Márquez precisa apenas de um 11º lugar na corrida da
Comunidade Valenciana para faturar o tetra, independente de Dovizioso vencer ou
não a prova. E, mesmo que as preces de Andrea sejam atendidas, e o piloto da
Honda por acaso não marque pontos, o piloto da Ducati precisará vencer a
corrida se quiser ser campeão. Se for segundo colocado, marcará apenas 20
pontos, e perderá a parada por apenas 1 ponto. A vitória vale 25 pontos,
portanto, é um tudo ou nada para o piloto da Desmosedici. Jorge Lorenzo, que
nas últimas corridas vem conseguindo subir de produção com a Ducati, já admitiu
que poderá fazer jogo de equipe para o parceiro de time conquistar o título da
temporada, mas admite que será difícil ele poder dar alguma ajuda substancial
neste sentido, não apenas por ser contra seus instintos de competidor, mas
justamente pela desvantagem na pontuação tornar a meta bem complicada. Mesmo
que a Ducati consiga fazer uma dobradinha, Márquez ainda tem muita folga para
terminar sendo campeão, mesmo que não chegue nas primeiras colocações. De uma
forma ou de outra, Dovizioso já pode comemorar o que conseguiu realizar nesta
temporada, conseguindo vencer várias corridas, e chegando à última etapa em
condições ainda de ser campeão, algo que nem mesmo a Ducati sonhava em seus
melhores prognósticos para a temporada, onde esperavam sim melhorar sua
performance e voltar a vencer corridas com maior regularidade, mas cientes de
que ainda estavam um pouco abaixo das toda-poderosas Honda e Yamaha. Vença ou
não o campeonato, a Ducati termina o ano melhor do que jamais esteve na última
década, e pronta para tentar manter o ritmo e desafiar abertamente, de igual
para igual suas rivais, e lutar com tudo pelo título da temporada da
motovelocidade em 2018. Hoje começam os treinos oficiais na pista valenciana,
com a disputa do treino de classificação para o grid de largada neste sábado. O
Circuito Ricardo Tormo tem 4 Km de extensão, com um total de 14 curvas, sendo 9
à esquerda e 5 à direita. A corrida será disputada em 30 voltas, com um
percurso total de 120 Km. No ano passado, Jorge Lorenzo venceu a corrida,
despedindo-se da Yamaha, com Marc Márquez em 2º lugar, e Andrea Iannone, também
se despedindo da Ducati, fechando o pódio, em 3º lugar. Lorenzo é o piloto com
mais vitórias em Valência, com 4 triunfos, seguido de Dani Pedrosa, com 3. Com
duas vitórias na pista, Casey Stoner é quem mais largou na pole, em 4 ocasiões,
com Valentino Rossi logo atrás, com 3 pole-positions. Vamos ver quem chegará na
frente e quem sairá campeão domingo, na bandeirada final do campeonato 2017 da
MotoGP...
A Toro Rosso deverá largar do
fundo do grid em Interlagos. O motivo? Troca das unidades de potência da
Renault, cuja decisão só será conhecida nos treinos livres de hoje. A marca
francesa também está aproveitando estes momentos finais da temporada para
tentar ver o que pode evoluir ou forçar de seus motores, visando as novas
unidades de potência que apresentará no próximo ano. Se conseguir chegar mais
perto das unidades da Mercedes e da Ferrari, certamente será muito bom para a
competição, especialmente para a Red Bull e a McLaren, que usarão estas novas unidades
de força, além da escuderia de fábrica da própria Renault...
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