Olá
a todos. Hoje trago mais uma de minhas antigas colunas, e esta foi publicada no
dia 03 de abril de 1998, e o assunto era sobre as possíveis investidas da Honda
no automobilismo, após realizar com sucesso o primeiro prova da F-CART no país,
no megacomplexo de Motegi, construído pela fábrica japonesa. Na época, a
montadora competia oficialmente na F-CART, já tendo conquistado em parceria com
a Chip Ganassi os títulos da categoria em 1996 e 1997, e continuaria faturando
os títulos de 1998 e 1999, para depois repetir a dose em parceria com a Penske
nos anos de 2000 e 2001. Mas na Fórmula 1, a Honda competia extra-oficialmente,
com seus propulsores sendo fornecidos e preparados pela Mugen, empresa do filho
do fundador da Honda.
Já
se aventava pela categoria máxima do automobilismo sobre o retorno dos japoneses,
com tudo preparado para se dar no ano 2000. Infelizmente, o projeto sofreu
percalços inesperados pelo caminho, e o retorno deu-se novamente apenas como
fornecedora de motores, tal como havia sido sua última participação, de 1983 a
1992. Somente em 2006 a Honda atuaria como time completo, tendo comprado a
equipe BAR, e o resultado foi desastroso em 2007 e 2008, motivando a
desistência do projeto de F-1. A Honda retornaria apenas em 2015, novamente
como fornecedora de motores, agora repetindo a parceria com a McLaren. O
resultado, como todos sabem, foi abaixo das críticas, com a escuderia inglesa
desfazendo a parceria após três anos de resultados medíocres.
De
quebra, o texto ainda traz mais algumas notas sobre alguns acontecimentos do
mundo da velocidade, além do calendário de 1998 da Motovelocidade
e também da F-3 Sul-Americana, que
naquela época era um campeonato de prestígio e respeito na América Latina, bem
diferente do que se vê hoje por aqui... Aproveitem o texto, e boa leitura a
todos!
VENTOS NIPÔNICOS
A
F-CART realizou com grande sucesso no último final de semana a sua incursão
pela Ásia, quando realizou o 1º Grande Prêmio do Japão de F-CART, no
espetacular autódromo de Motegi. O público foi excelente, e a disputa na pista,
emocionante. Adrian Fernandez e Al Unser Jr. duelaram ferozmente pela vitória,
que acabou com o piloto mexicano. Al Jr., de seu lado, mostrou-se novamente em
grande forma, depois de passar a temporada do ano passado na sombra de Paul
Tracy na equipe Penske.
Igualmente
impressionante foi o ritmo da corrida, que transcorreu mais de metade de sua
duração sem interrupções, um feito em se tratando de um circuito oval. A
largada da pista dava a impressão de que os carros pareciam minúsculos, ante o
gigantismo das instalações. Embora tenha saído derrotada na pista, a Honda deu
um show fora dela. A fábrica japonesa pode orgulhar-se de possuir um dos
melhores e mais estruturados autódromos do mundo, fruto de um investimento
gigantesco, de aproximadamente meio bilhão de dólares, o que mostra a
disposição da Honda de marcar presença no automobilismo.
E
esse investimento deverá crescer em breve. Com a afirmação da fábrica japonesa no
campeonato da F-CART, já circulam boatos de que para breve é aguardada a
divulgação oficial do retorno da Honda à Fórmula 1, de onde saiu ao fim do ano
de 1992. E já começam a pipocar fofocas de que o tão esperado retorno da
fábrica japonesa à maior categoria do automobilismo mundial pode se dar no ano
2000. E não vai ser apenas como fabricante de motores: segundo fontes da
própria Honda, eles pretendem construir também os carros. Segundo os japoneses,
esse seria o novo desafio para a Honda: dominar a tecnologia de construção de
monopostos de corrida, que tem nos europeus os expoentes máximos desta área de
competição.
Não
seria a primeira vez que a Honda se aventuraria a fazer algo assim. Em meados
da década de 1960, a Honda fez sua estréia na F-1 como equipe completa,
fabricando chassi e motor. O carro era um desastre e só se salvava o motor: um
possante V-12 que deixou meia F-1 na época em polvorosa com o potencial do
bicho. Para alívio dos europeus, a Honda conseguia apenas 2 vitórias, uma no GP
do México de 1965, e a outra no GP da Itália de 1967. Ao fim do ano seguinte, fábrica
deixou a categoria depois de 35 GPs disputados devido aos fracos resultados.
A
Honda só voltaria à F-1 em 1983, agora como fabricante de motores apenas,
equipando a equipe Spirit. Em 1984, começou sua parceria com a Williams, que a
partir do final de 1985 começou a saga vitoriosa da fábrica japonesa na
categoria, continuando depois com a McLaren.
Correm
rumores de que a Honda já tem até os pilotos definidos para formar a sua
“equipe” na F-1: Alessandro Zanardi e Gil de Ferran, que são seus principais
pilotos na F-CART. E a fábrica nipônica pretende fazer um investimento monstro
no desenvolvimento de toda a tecnologia necessária para que o evento não se
torne um fiasco. A equipe que mantém o desenvolvimento e construção de motores
para a F-CART será diferente da que irá empreender a aventura na F-1. Irá
haver, no máximo, intercâmbio de tecnologia entre os times, a exemplo do que
ocorre com a Mercedes-Benz, que utilizou tecnologia do seu motor de F-1 para
projetar e construir o motor destinado à F-CART nesta temporada.
Se
tudo correr bem, em 1999 a Honda fará um ano inteiro de preparação, pretendendo
fazer um número interminável de testes para assegurar-se de que a possível
estréia de 2000 seja a melhor possível. Que seja bem-vinda de volta à F-1...
CALENDÁRIOS 98: F-3 SUL-AMERICANA
DATA
|
PROVA
|
22.03
|
Temulo*
|
29.03
|
Paraná*
|
19.04
|
Cascavel
|
17.05
|
Resistência
|
28.06
|
Goiânia
|
05.07
|
Brasília
|
02.08
|
Posadas
|
30.08
|
Rio Cuarto
|
20.09
|
São Paulo
|
27.09
|
Curitiba
|
31.10
|
Piriápolis
|
08.11
|
Buenos Aires
|
(*) = Etapas já realizadas.
CALENDÁRIOS 98: MUNDIAL DE MOTOVELOCIDADE 500cc
DATA
|
PROVA
|
CIRCUITO
|
05.04
|
GP do Japão
|
Suzuka
|
19.04
|
GP da Malásia
|
Johor
|
03.05
|
GP da Espanha
|
Jerez de La Fronteira
|
17.05
|
GP da Itália
|
Mugello
|
31.05
|
GP da França
|
Paul Ricard
|
14.06
|
GP de Jarama
|
Jarama
|
27.06
|
GP da Holanda
|
Assen
|
05.07
|
GP da Inglaterra
|
Donington Park
|
19.07
|
GP da Alemanha
|
Sachsenring
|
23.08
|
GP da República Tcheca
|
Brno
|
06.09
|
GP de San Marino
|
Ímola
|
20.09
|
GP de Barcelona
|
Barcelona
|
04.10
|
GP da Austrália
|
Phillipe Island
|
18.10
|
GP do Brasil
|
Jacarepaguá
|
25.10
|
GP da Argentina
|
Buenos Aires
|
A volta da Honda à F-1 já está provocando uma disputa de bastidores na
categoria. Apesar de declarar que pretende competir como equipe completa, tem
time que já está fazendo coro para conseguir utilizar os motores japoneses. A
Jordan, que já usa motores Honda preparados pela Mugen, é a maior interessada,
mas o novo time BAR (British American Racing), que assumiu a Tyrrel, já anda
dizendo que tem um pré-acordo com os japoneses...
O pessoal da F-CART teve uma semana de muito trabalho. Depois de
realizar o GP do Japão no sábado passado, todos os equipamentos tiveram de ser
empacotados para retorno bem rápido aos EUA, principalmente para Los Angeles.
Desde terça-feira, os mecânicos começaram a desempacotar o equipamento e a
fazer mudanças técnicas dos carros para o circuito urbano de Long Beach, cujos
treinos começam hoje. Além da correria de serviço, o problema é ter de se
ajustar ao fuso horário, mais de 12 horas a menos do que o Japão...
E os brasileiros continuam implacáveis na F-3 Inglesa. Enrique Bernoldi
conseguiu sua segunda vitória consecutiva em 2 etapas, desta vez em Thruxton. Martin
O’ Connel foi de novo o segundo colocado. Mário Haberfeld
ficou em 4º, enquanto Luciano Burti faturou o 6º lugar. Os ingleses que se
cuidem...
Wagner Ebrahim, por sua vez, repetiu o feito de Bernoldi, só que na
FoVauxhall. Na 2ª etapa do certame, conquistou sua 2ª vitória consecutiva.
Procuram-se adversários para os brasileiros...
A Honda saiu vencida de Motegi, onde tinha preparado motores
específicos para seus pilotos conseguirem a vitória na etapa da F-CART, mas
ainda é cedo para dizer que a fábrica japonesa está vencida no campeonato. A
Ford agora já acumula 2 vitórias, com Michael Andretti e Adrian Fernandez, Só
para recordar, a fábrica norte-americana também conseguiu as 2 primeiras
vitórias em 97. Domingo, em
Long Beach, a Honda espera iniciar sua reação, tal qual em
97...
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