Valtteri Bottas estragou a festa que a Ferrari esperava promover em Sochi, e pode vir a ser uma nova preocupação para a Ferrari no campeonato. |
O Grande Prêmio da
Rússia conseguiu ser a corrida mais chata da temporada até agora. Praticamente
ninguém passou ninguém na pista, e nem mesmo as estratégias de box conseguiram
dar um alento à corrida, que fica cada vez mais intragável quando vejo o
presidente russo Putin fazer o seu marketing pessoal, ainda mais com Bernie
Ecclestone a seu lado. Saber que a corrida russa a ainda deve permanecer vários
anos no calendário dá uma indigestão danada, enquanto pistas mais atraentes
continuam de fora.
A única coisa
interessante em Sochi foi ver mais um round no duelo que promete agitar a
Fórmula 1 na temporada 2017: o confronto Ferrari X Mercedes. Não se pode nem dizer
mais que a luta é de Sébastian Vettel contra Lewis Hamilton, porque Valtteri
Bottas resolveu entrar na parada, e tem tudo para complicar, a bem ou mal, a
luta pelo título da temporada. Se até então vínhamos vendo a Mercedes ser o
carro mais rápido na classificação, e a Ferrari o melhor em corrida, eis que as
coisas se inverteram na corrida russa. Foi a Ferrari a dar as caras na
classificação, dominando a primeira fila do grid como não fazia há praticamente
uma década. Tudo apontava para um possível passeio do time vermelho no domingo,
pelo retrospecto das provas anteriores, que mostravam que o modelo SF70-H
demonstrava um melhor ritmo de corrida do que de classificação. Seria um golpe
e tanto na Mercedes, que até então vinha equilibrando a luta, mas perdendo por
detalhes para os rivais de Maranello. E levando em conta que na próxima
corrida, na Espanha, teremos todos os times com novidades, nada melhor do que partir
para a etapa da Catalunha com o melhor saldo possível.
Mas Valtteri Bottas
resolveu melar os planos do time vermelho. Uma largada poderosa e precisa fez o
piloto finlandês, que já havia posto as manguinhas de fora no Bahrein ao
conquistar sua primeira pole-position, chegar à liderança da corrida ainda na
primeira volta, e de lá não saiu mais, conquistando com méritos a sua primeira
vitória na F-1. Para a Ferrari, o prejuízo só não foi maior porque Kimi
Raikkonem foi o 3º, logo atrás de Vettel, e Hamilton, que é considerado o
verdadeiro adversário do alemão, foi um apagado 4º lugar, em que nunca demonstrou
ritmo para brigar pela vitória. O resultado está na classificação do
campeonato, com Vettel mais líder do que nunca, com 86 pontos, contra 73 de
Hamilton. São 13 pontos de vantagem importantes. Bottas, com o triunfo de
Sochi, chegou a 63 pontos, ou seja, 23 de desvantagem para Vettel, e por isso
mesmo, até o presente momento, não é considerado ameaça. Mas isso pode mudar.
A performance de
Valtteri em Sochi demonstrou que a Mercedes, a princípio um pouco perdida no
acerto de seu carro, corrigiu os problemas e melhorou sua performance. O
problema é que apenas o finlandês aproveitou-se disso. Lewis Hamilton fez na
Rússia sua pior performance desde o GP de Cingapura do ano passado, quando
também coube a seu companheiro de equipe, o alemão Nico Rosberg, garantir mais
um triunfo à escuderia prateada, em uma corrida que parecia destinada a ser
vencida pelos concorrentes, mais preparados. Uma vez na liderança, Bottas
sentou o pé direito no acelerador para ganhar uma vantagem segura que impedisse
a Ferrari de tentar dar o bote na parada de box, como havia feito na Austrália.
Vettel melhorou o seu ritmo depois do pit stop, mas precisou ir à caça do
piloto da Mercedes, e quando finalmente encostou a ponto de criar alguma emoção
na luta pelo vitória da corrida russa, as características do circuito jogaram
contra. Mas seria errado desmerecer o mérito de Bottas na sua condução na
segunda metade da corrida: o finlandês manteve um ritmo forte o tempo todo, de
modo a garantir que Vettel nunca chegasse perto o suficiente sequer para fazer
uso do DRS, e com isso, encostar de vez.
Um arranque fulminante do finlandês e uma ultrapassagem decidida: Bottas assumiu a liderança e comandou a corrida com autoridade. |
De nada adiantou
também o chilique de Vettel com Felipe Massa, apontando o dedo para o
brasileiro, a quem acusou de atrapalhá-lo na luta com seu ex-companheiro de
equipe. O piloto da Ferrari não teria conseguido superar Bottas de qualquer
maneira, tivesse ou não perdido tempo atrás do piloto da Williams. E é bom que
se diga que Vettel pegou Massa num ponto ruim, menos favorável do que quando
Bottas precisou superar o brasileiro, retardatário, nas voltas finais. Faz
parte do jogo: é preciso saber se livrar dos retardatários com desenvoltura, e
perder o mínimo de tempo na pista. E Felipe esteve longe de bloquear o piloto
da Ferrari também. Ali, de certa forma, Vettel acusou o golpe de perder uma
corrida que pensava poderia ser sua. Faltou combinar com Bottas.
A perspectiva do duelo
em Barcelona é alta. A Ferrari terminou os testes da pré-temporada com o melhor
tempo na pista da Catalunha, mas as escuderias trarão novos pacotes de desenvolvimento
de seus carros, e a tendência é que algumas coisas possam mudar. Nada impede
que a Ferrari melhore o seu ritmo, e possa passar de fato à frente da Mercedes
em todos os parâmetros. Mas, nada também garante que a Mercedes corrija as
pequenas deficiências do seu carro, e volte a se impor na pista, seja em
classificação ou em corrida. O que se teme é que a prova de Barcelona vire uma
procissão tão enfadonha e monótona quanto a de Sochi, de modo que quem largar
na frente lá chegará, se nada de anormal acontecer. Se o pior se concretizar, as
emoções da corrida poderão se resumir à primeira volta, com quem conseguir
chegar na frente depois da primeira curva a garantir a vitória se não cometer
erros.
Lewis Hamilton não se achou na Rússia. O azar foi só dele. |
Neste ponto, o treino
de classificação volta a ganhar importância fundamental. Mas, ao mesmo tempo, é
preciso lembrar o que aconteceu na Rússia, onde a perspectiva de uma vitória
ferrarista veio abaixo logo na freada da primeira curva. Foi praticamente a
única surpresa da corrida de Sochi, mas foi fundamental para se mudar a
expectativa da corrida. Em Barcelona, temos uma boa reta de largada, e o espaço
até a freada da primeira curva, se não é tão grande quanto na pista russa, é
suficiente para alguém que consiga largar bem dar bote semelhante, e tanto
Mercedes quanto Ferrari estarão de sobreaviso para tentar impedir o rival de
tentar pulo semelhante.
Já no que tange à
disputa dos pilotos, a Ferrari parece mais cômoda. Kimi Raikkonem fez sua
melhor corrida na Rússia, mas mesmo assim esteve longe de ameaçar a posição de Vettel
no resultado da corrida. Já na Mercedes, a intenção é manter o jogo livre entre
a dupla de pilotos, ainda que a direção da escuderia admita que possa ter de
fazer uso de ordens de equipe. Mas dependerá principalmente da performance de
Hamilton para ter ou não de apelar para isso. Lewis esteve abaixo do seu normal
em Sochi, mas se o inglês se recompor e mostrar do que é capaz, ele é um
adversário quase imbatível, e nestas condições, o melhor que Bottas pode fazer
é ficar por perto para garantir o melhor resultado possível, de preferência
ficando entre Hamilton e o maior rival da Ferrari. Por outro lado, Valtteri
terá de mostrar serviço para garantir à Mercedes poder lutar livremente pela
vitória, como fez na Rússia, onde conquistou uma vitória que impediu que a
Ferrari nocauteasse o time alemão.
A corrida foi a mais enfadonha da temporada até aqui. Ninguém passou ninguém, praticamente. |
Se a Mercedes quiser
privilegiar Hamilton, o inglês terá de fazer por merecer. Em Sochi, nem de
longe ele mereceria uma ajuda por parte de Bottas, que tinha de cuidar de sua
corrida. E se o finlandês continuar subindo de produção, isso deverá ser bom
para o campeonato, uma vez que Valtteri deverá entrar efetivamente na luta pelo
título. Mas pode ser ruim para a Mercedes, se tiver que dividir forças entre
seus pilotos, enquanto para a Ferrari não seria incômodo algum colocar
Raikkonem em segundo plano para privilegiar exclusivamente Vettel. Aliás, pelas
cobranças que a cúpula ferrarista tem feito, ou Kimi acorda de vez, ou ficará
para escanteio em Maranello. Isso pode ser um revés para a Mercedes, mas se o
time alemão cumprir com sua parte nos boxes, e seus pilotos fizerem a sua na
pista, nada impede que tanto Hamilton quanto Bottas virem pesadelos para
Vettel, que ao invés de ter de derrotar apenas um deles, terá os dois pilotos para
infernizá-lo, e com boas perspectivas até de deixarem o ferrarista em segundo plano.
Difícil? Talvez, mas não impossível. Basta apenas Lewis Hamilton se focar na
pista, não perder sua concentração, e Bottas garantir o seu lado na competição.
Afinal, a Mercedes
ainda lidera o campeonato de construtores, com 136 pontos. Uma amostra de sua força,
mas que mantenha o pé no chão, pois a Ferrari está bem atrás, com 135 pontos.
Suas duplas de pilotos estão bem à frente da concorrência, até mesmo Raikkonem,
o mais fraco na competição até aqui. Curiosamente, Vettel manifestou desejo de
que a Red Bull volte rapidamente a disputar posições na frente, obviamente com
a esperança de que o time dos energéticos bagunce a relação de forças, e
complique a situação para os lados da Mercedes. Sébastian precisa tomar cuidado
com seus desejos, pois parece se esquecer de que a própria Ferrari também pode
se complicar nisso. Ou ele esqueceu do seu chilique em Sochi no ano passado que
acabou promovendo Max Verstappen para a Red Bull, e transformou o atrevido
holandês em mais uma pedra na sua sapatilha? Se ele quiser se garantir, melhor
que a disputa fique apenas entre ele e os pilotos da Mercedes. Para a
competição, seria ótimo do ponto de vista esportivo.
Mas, do jeito que a
coisa vai no momento, creio que devemos nos garantir mesmo é com o duelo
Mercedes X Ferrari. No ritmo que as coisas estão até o momento, a emoção da
disputa está garantida. Claro que seria bom a Red Bull chegar junto para
disputar vitórias, mas será que conseguiria disputar o título? Seria realmente
muito bom. Sonhar ainda é preciso. Só é preciso tomar cuidado para que os
sonhos não virem pesadelos. Sigamos para o próximo round desta disputa...
A MotoGP chegou à Europa para sua
primeira corrida no velho continente. Neste domingo temos o Grande Prêmio da
Espanha, e o palco é o conhecido circuito de Jerez de La Fronteira, na região
da Andaluzia, ao sul da Espanha. O autódromo, que já recebeu provas da F-1 até
a segunda metade dos anos 1990, tem a pista com uma extensão de 4,4 Km, com
cerca de 5 curvas para a esquerda e oito para a direita, num total de 13. A
corrida da classe rainha do motociclismo será disputada em 27 voltas. Valentino
Rossi é o maior vencedor desta pista, com nada menos do que 7 vitórias, a
última dela justamente no ano passado. O pódio foi completado por Jorge
Lorenzo, então companheiro de Rossi na Yamaha, e Marc Márquez em 3º lugar. Aliás,
o “Doutor” chega a Jerez como líder do campeonato, com 56 pontos, após o
segundo lugar em Austin, na etapa do Circuito das Américas, no Texas, Estados
Unidos. Maverick Viñales, seu atual companheiro da equipe da Yamaha, ocupa a
vice-liderança, com 50 pontos, resultado de seus triunfos no Qatar e na
Argentina. Com a vitória em Austin, Marc Márquez, da Honda, que vinha um pouco
em baixa na temporada, assumiu a 3ª posição, com 38 pontos. Andrea Dovizioso é
o 4º colocado, com a Ducati, com 30 pontos. Carl Crutchlow, da LCR Honda, vem
logo a seguir, com 29 pontos. Dani Pedrosa, da Honda, é o 6º colocado, com 27
pontos. Quem até agora não conseguiu se achar em sua nova equipe é Jorge
Lorenzo, que no momento ocupa a 13ª posição na classificação, com apenas 12
pontos, mas está decidido a virar o jogo e pelo menos subir de produção, embora
já tenha se dado conta que o desafio de conduzir o time de Borgo Panigale ao
topo será um pouco mais complicado do que imaginava. A corrida terá transmissão
ao vivo a partir das 9:00 Hrs. no canal pago SporTV3 na manhã deste domingo.
Felipe Massa vinha fazendo mais
uma corrida sólida em Sochi, ocupando a 6ª posição, e garantindo-se como
“melhor do resto” na pista, fora os pilotos das três grandes – leia-se
Mercedes, Ferrari e Red Bull. Não ameaçava quem ia à frente, mas também não
dava chances a quem vinha atrás. Até que teve um pneu furado na parte final da
corrida, e precisou fazer um it stop extra. Voltou na 9ª posição, o que só
serviu para salvar 2 pontos. Lance Stroll, por sua vez, voltou a dar o seu
showzinho: desta vez, rodou sozinho logo no início da corrida, e conseguiu não
ser atingido por ninguém, voltou à prova, e conseguiu terminar sua primeira
prova de F-1, ainda que em 11º lugar, mas pelo menos superou as Sauber, o que
não é muito difícil; além de um carro da Hass e daToro Rosso, o que já é um bom
sinal. Mas o azar sofrido por Felipe, eu teria marcado mais 6 pontos se tivesse
conseguido chegar em 6º, cobrou o seu preço: A Force India, que vem conseguindo
marcar pontos de maneira firme e sólida em todas as corridas do ano, e com seus
dois pilotos, já é a 4ª colocada no Campeonato de Construtores da F-1, com 31
pontos. A Williams, que até o presente momento é um time de um piloto só em
termos de resultados, vem no5º lugar, com 18 pontos conseguidos por Felipe
Massa. O time de Frank tem um carro melhor, e maior potencial de evolução, mas
a Force India tem uma dupla de pilotos mais efetiva, tanto que ambos tem
largado mais atrás no grid, e conseguido avançar até a zona de pontos. Lance Stroll,
por enquanto, vem sendo o calcanhar de Aquiles da escuderia de Grove.
Stoffel Vandorne não conseguiu
largar com a McLaren no Bahrein. Em Sochi, a vítima foi Fernando Alonso. Quem
será a vítima da vez em Barcelona? Façam suas apostas!
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