Voltando
a trazer mais textos antigos aqui no blog, hoje trago esta coluna que foi
publicada em 23 de janeiro de 1998. O assunto principal eram os lançamentos dos
novos modelos das escuderias para a temporada daquele ano da Fórmula 1, com
nada menos do que seis novos carros dando o ar da graça no intervalo de poucos
dias. Era sempre uma grande expectativa ver o que cada time iria apresentar.
Hoje, com uma pré-temporada das mais mirradas, quase todos os times fazem os lançamentos
de seus novos já na pista, sem muitas formalidades, ao contrário do que se via
há quase 20 anos atrás. Tudo bem que exagerava-se um bocado em algumas apresentações,
que viravam verdadeiros espetáculos que nem sempre compensavam o que o time
mostrava depois, mas era uma época onde se gastava a rodo com isso, e por
incrível que pareça, custava bem menos competir do que hoje. De resto, a coluna
ainda traz algumas menções rápidas a outros acontecimentos da semana, com
direito a alguns comentários. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos
antigos...
OS NOVOS F-1
Esta
foi uma semana agitada para as equipes da Fórmula 1. Da última segunda-feira,
até amanhã, sábado, nada menos do que 6 escuderias terão apresentado os seus
novos modelos 98 para o público. Depois da Benetton e da Ferrari, seguidas de
Stewart, agora foi a vez da Jordan, Prost, Sauber, Minardi e, quarta-feira, a
Tyrrel, mostrarem seus bólidos 98. E amanhã, em Liefield, na Inglaterra, será a
vez da TWR-Arrows apresentar o seu carro 98, concebido por ninguém menos do que
John Barnard.
Cada
lançamento foi cercado de muitas expectativas. É natural, pois cada time sonha
fazer muito mais do que fez em 97. A Stewart, por exemplo, reafirmou suas
metas, elegendo 98 como ano da afirmação da equipe na categoria. E não faltam
motivos para isso: o novo SF02 foi projetado com muito mais cuidado e esmero do
que o SF01, e a Ford e a Cosworth dedicaram muito trabalho ao desenvolvimento
do novo motor Ford Zetec para torná-lo tão versátil e potente quanto os motores
Mercedes e Renault. A nível de pilotos, a equipe está bem servida, com Rubens
Barrichello, assumidamente o primeiro piloto do time, e Jan Magnussen, outro
grande talento.
A
Jordan mudou o visual para 97. Saiu a cobra estilizada, entrou uma vespa, com a
qual Eddie Jordan pretende dar algumas “ferroadas” na concorrência, já que a
cobra de 97 não “mordeu” ninguém. Se a equipe perdeu o motor Peugeot, ganhou o
reforço de Damon Hill, um piloto de bom nível, e que sabe trabalhar no
desenvolvimento de um carro, o que não foi possível desenvolver a contento no
ano passado, já que o time de Eddie correu com dois pilotos novatos. E Hill não
deixa por menos: “Quero ganhar pelo menos 1 GP até o fim do ano”, declarou o
campeão de 1996. Se o motor Mugen-Honda não desapontar, a equipe tem boas
chances, especialmente com Damon Hill, já que Ralf Schumacher até agora não
mostrou toda a raça e talento do irmão mais velho.
Na
Prost, só otimismo no lançamento do novo carro de 98. Agora empurrado pelo
potente motor Peugeot, e continuando com os excelentes pneus da Bridgestone, o
time deve confirmar sua evolução apresentada em 97. Alain Prost está otimista
com relação à situação da escuderia, e não escondeu a insatisfação com Damon
Hill, a quem já dava por contratado, quando o piloto inglês fechou contrato com
a Jordan. Só restou a Prost dar apoio a seus pilotos, Olivier Panis e Jarno
Trulli, ainda que o tetracampeão mundial não esconda que prefere ter um piloto
mais completo do que ambos em seu time. Em todo caso, é preciso estar atento à
performance do time de Alain Prost.
Finalizando
as estréias até agora, temos a Tyrrel. No ano do seu adeus à F-1, o velho Ken
Tyrrel espera uma temporada com performances mais consistentes. Com algum
dinheiro trazido pelo japonês Toranosuke Takagi, a equipe está tentando contar
também com o brasileiro Tarso Marques, que foi finalmente liberado pela Minardi
para negociar com outros times. Tecnicamente, a Tyrrel precisa melhorar, pois
passa a contar com um motor um pouco mais potente, o Ford Zetec V-10, em
substituição ao antigo V-8 EC da Ford.
Amanhã
será a vez da Arrows mostrar o seu carro 98. Praticamente só os pneus e o
primeiro piloto do time, Pedro Paulo Diniz, serão as constantes. O restante
todo é novo: o motor continua a ser o Yamaha, mas agora totalmente concebido
por Brian Hart, que tem fama respeitável no quesito de preparação de motores. O
carro terá a assinatura de projeto de John Barnard, que costuma ser competente
no que faz. E juntando a tudo isso o novo piloto Mika Salo, nova promessa da
F-1, que será o companheiro de Diniz no time, ganhando uma chance real de
competir na categoria, podemos esperar um ano de evolução na TWR-Arrows.
Semana
que vem, é a vez da Williams mostrar o seu novo carro. Depois vem a McLaren e
os demais times restantes. Está chegando a hora de conferir como a F-1 irá se
mostrar em 98. Até o momento, as expectativas são animadoras, pelo menos na
teoria.
Vai começar um dos vários campeonatos de automobilismo de 1998. Amanhã,
a F-Indy (IRL) dá a largada do certame deste ano. Na pista oval do parque da Disney,
em Orlando (Flórida), pelo menos 3 brasileiros estarão na pista: Marco Greco,
Affonso Giaffone Neto, e Raul Boesel, que ficou sem lugar para correr na
F-CART.
Tony Kanaan será o único piloto da Tasman nesta temporada da F-CART. E
o piloto brasileiro já começa a impressionar a equipe com seu desempenho nos
testes. Os técnicos da Honda, antes um pouco receosos com um piloto novato,
passaram a dar total apoio a Kanaan, depois de comprovarem o seu talento e
capacidade nos testes.
O cerco à publicidade de cigarro se alastra: agora são os países do
sudeste asiático que não irão mais permitir nenhuma publicidade de cigarro em
seus países. A China, que ainda permite este tipo de propaganda, já começa a
colocar obstáculos às indústrias tabaqueiras, o que pode dificultar sua entrada
no calendário da F-1...
Cisão nos times de ponta da F-1. Enquanto Williams e Ferrari
mantiveram-se fiéis à Goodyear, McLaren e agora, a Benetton, correrão com os
pneus da Bridgestone. Teoricamente, agora a Bridgestone terá meios de bagunçar
o tradicional domínio da Goodyear na categoria, onde já deu alguns sustos na
concorrente em 97, equipando carros apenas de times pequenos e/ou médios.
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