quarta-feira, 31 de maio de 2017

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MAIO DE 2017



            E mais um mês já está indo embora. Estamos para entrar no mês de junho, e atingir a metade do ano de 2017. E fim de mês significa que é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que aconteceu no mundo do esporte a motor neste mês de maio, com minhas impressões e visão sobre os acontecimentos em algumas das categorias de competições. Então, espero que possam apreciar o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: O tetracampeão alemão vem mostrando que vai ser um oponente duro de roer na luta pelo título daF-1 nesta temporada. Tirando tudo o que pode do bom modelo SF70-H produzido pela Ferrari, Sebastian duelou ferozmente com Lewis Hamilton pela vitória no GP da Espanha, e se não venceu na etapa disputada no circuito da Catalunha, em Mônaco, deu o melhor de si para vencer pela terceira vez na temporada, e abrir praticamente 25 pontos de vantagem para o tricampeão inglês da equipe Mercedes, aproveitando o mau momento vivido por Lewis no Principado, onde nunca esteve com chances de lutar pela vitória. Mantendo uma constância firme, e não desperdiçando nenhuma oportunidade, Vettel vem pontuando em todas as etapas, e subindo sempre ao pódio. Nesse ritmo, ele vai comemorar o pentacampeonato muito em breve, em que pese ainda faltarem muitas corridas até o fim da competição.

Sébastien Buemi: Depois de uma etapa complicada no México, o piloto da equipe e.dams retomou as rédeas do campeonato da F-E, e obteve duas vitórias incontestáveis em Mônaco e Paris, dominando ambas as etapas, desde a largada na pole-position, e voltando a disparar na classificação e abrir uma distância mais do que confortável para Lucas Di Grassi, seu maior rival na competição. Como o piloto suíço precisará se ausentar em uma das etapas finais devido a conflito de data com o Mundial de Endurance, ele precisa garantir-se para que esta prova a menos não interfira nas suas chances de conquistar o bicampeonato da competição de carros monopostos elétricos. E está conseguindo realizar seu objetivo, tendo agora 43 pontos de vantagem para Di Grassi, que certamente terá muitas dificuldades para diminuir esta desvantagem na pontuação.

Takuma Sato: O piloto japonês, com passagem discreta pela F-1, rumou para a IRL há alguns anos, tendo sido o primeiro piloto japonês a triunfar em uma etapa da categoria, ao vencer em Long Beach, em 2013. A fama de piloto rápido, mas também expoente da “maldição dos pilotos nipônicos”, tradicionalmente propensos a se meterem em confusão na pista, fez a carreira de Sato ter altos e baixos na categoria americana, mas ninguém nunca pode acusar Takuma de corpo mole e de não lutar pelas melhores posições. E quem espera sempre alcança, e este ano, competindo pelo time de Michael Andretti, ganhou um carro mais competitivo, e na disputa das 500 Milhas de Indianápolis, sempre esteve entre os pilotos mais rápidos da corrida, desde a largada abrindo a segunda fila do grid, em 4º lugar. E, no momento decisivo da corrida, nas voltas finais, o “Samurai Voador” partiu para cima dos concorrentes, e travou um duelo acirrado com Hélio Castro Neves pela vitória, chegando finalmente ao triunfo na Brickyard Line, onde por pouco não venceu em 2012. Uma vitória que comprova o talento que Sato sempre teve, e que espera, faça a fama de trapalhão dos pilotos nipônicos ficar para trás no mundo do automobilismo de monopostos.

Iniciativas do Liberty Media para a F-1: Não é novidade que a chegada do grupo Liberty Media como novo “dono” do campeonato da F-1 deu uma arejada ao clima asséptico e extremamente sério que vigorava na categoria máxima do automobilismo. O afastamento de Bernie Ecclestone do comando das operações também começa a mostras seus pontos positivos, e nas últimas duas etapas, foram implantadas algumas novidades com o objetivo de fazer o público ficar mais próximo dos pilotos e da categoria, com diversas atividades e até mesmo entrevista dos primeiros colocados no grid no meio da pista, bem de frente para a torcida. Gestos que seriam impensáveis na gestão de Ecclestone, para quem o público deveria ser mantido à distância, ou até mesmo ser dispensado de entrar nos autódromos, não fossem os ingressos a principal fonte de renda dos promotores locais das corridas. Com um clima mais ameno e menos carregado, a idéia é tornar a F-1 mais próxima e menos carrancuda para o público. Por enquanto, são atitudes simples e até singelas, mas que representa uma importante mudança de mentalidade no modo como a categoria máxima do automobilismo é gerida, e um passo importante para tentar atrair de volta os torcedores que não mais curtiam a F-1.

Maverick Vinales: O novo piloto espanhol da Yamaha vem mostrando as garras na MotoGP, e faturou mais uma vitória na competição, na etapa da França, depois de um duelo renhido com Valentino Rossi, e um bom pega com o francês Johaan Zarco. Mas a disputa com Rossi foi de eletrizar, com Maverick sendo superado pelo “Doutor” e conseguindo retomar a dianteira nas voltas finais. A briga só não foi até a bandeirada porque Rossi errou e caiu da moto na última volta, mas o italiano já sentiu que terá de se aplicar ainda mais do que imaginava para se manter à frente de seu novo companheiro de equipe, que mostra que não veio para fazer figuração, e que pretende lutar firme pelo título da classe rainha do motociclismo. Pode estar começando a sair faíscas no relacionamento entre Viñales e Rossi, mas o “Mavecão” dá mostras de que vai se manter firme em sua posição, para o azar de Valentino...



NA MESMA:

McLaren/Honda: O time inglês e sua parceira nipônica continuam tendo problemas e mais enguiços a cada etapa do mundial de F-1. Na Espanha, Fernando Alonso até conseguiu impressionar com um 7º lugar no grid, assim como Sttofel Vandoorne e Jenson Button também conseguiram passar para o Q3 na etapa de Mônaco. Mas Button, por ter tido troca de componentes do motor, que mais uma vez deram sinais de problemas, teve de largar em último, pelas punições por troca destas peças. E, quando não é o carro que dá problemas, são as situações de corrida: em Barcelona, Alonso e Felipe Massa se tocaram logo no início da prova e o espanhol caiu lá para trás, onde até que vinha se recuperando, até o carro abrir o bico novamente. Em Monte Carlo, Button acertou Pascal Wehrlein numa disputa de posição e abandonou, enquanto Vandoorne acertou a proteção de pneus na curva Saint Dévote, e igualmente deu adeus à corrida. E assim, a McLaren segue zerada no campeonato, ocupando a última colocação no campeonato.

Dilema de Fernando Alonso com a Honda: É desnecessário dizer que o bicampeão de F-1 vem comendo o pão que os japoneses amassaram na categoria máxima do automobilismo nos últimos três anos. Por isso mesmo, a experiência de competir nas 500 Milhas de Indianápolis, onde teria um equipamento competitivo que lhe permitiria disputar a vitória na mais famosa corrida dos Estados Unidos, e uma das componentes da Tríplice Coroa do Automobilismo, pareceu algo irresistível, mesmo abrindo mão de correr em Mônaco, prova onde a McLaren teoricamente poderia almejar um bom resultado. E Alonso se apaixonou pelo clima mais relax da Indy, e com um carro competitivo, pode mostrar o seu talento, e sendo até mesmo candidato à vitória na prova. O espanhol não se fez de rogado, e teve um desempenho digno do grande piloto que é em sua primeira participação na Indy500, chegando a liderar a corrida e estando sempre entre os primeiros colocados. Mas eis que o espanhol viu suas expectativas ruírem quando seu motor, também produzido pela Honda, e que vinha se mantendo extremamente competitivo... também quebrou, fazendo o asturiano abandonar a prova. Claro que o motor Honda também quebrou em outros carros, mas impossível deixar de notar o dilema que o piloto da F-1 vive com os propulsores nipônicos, que certamente ainda darão muito o que falar até o final do ano...

Performance da Ducati na MotoGP: Depois de um ano em que experimentou crescimento em seus resultados, inclusive com o retorno às vitórias, em 2016, o time de Borgo Panigale esperava melhorar seu desempenho nesta temporada, contando com os talentos de Jorge Lorenzo, tido como a peça que faltava para levar a Ducati de volta ao topo. Se é verdade que desafiar Yamaha e Honda ainda fosse pensar alto demais, a meta era pelo menos se aproximar mais das duas principais equipes da categoria, e quem sabe, conseguir aproveitar melhores chances de vitória quando eles tivessem algum problema. Andrea Dovizioso e Jorge Lorenzo já conseguiram subir ao pódio, mas até o presente momento foram resultados esporádicos. Lorenzo ainda não conseguiu exibir um desempenho de monta, à exceção da prova em Jerez, e tem tido péssimas posições de largada, o que o obriga a ter de fazer provas de recuperação. Andrea Dovizioso até tem conseguido largar mais à frente, e com isso, obter alguns resultados um pouco melhores, mas a expectativa era estar um pouco mais à frente. Tanto que ambos foram superados por Johaan Zarco, da equipe Tech3, que vem mostrando muita raça e competência nestas últimas provas, ocupando o posto de melhor piloto fora o quarteto da Honda e Yamaha oficiais.

Kimi Raikkonen: O piloto finlandês mostrou velocidade ao fazer a pole-position em Mônaco, dando esperanças aos seus torcedores de esperarem por uma nova vitória do “Iceman”, ao mesmo tempo em que todo mundo ficava com aquele frisson de em que momento da corrida a Ferrari certamente faria seu jogo de equipe para fazer de Vettel o vencedor da prova, com sua política tacanha de favorecimento a um de seus pilotos, que tantas vezes já vimos. Mas, se a Ferrari realmente desfavoreceu Kimi, por outro lado é inegável que o finlandês também não fez tudo o que deveria para evitar a manobra de ultrapassagem na parada de box, abrindo uma vantagem suficiente que minasse as possibilidades do time italiano de tentar tal plano, permitindo que seu companheiro de equipe voltasse à sua frente na pista. Kimi ainda tem lenha pra queimar na F-1, mas precisa ser mais incisivo em certos momentos, a fim de não dar justificativas a seus críticos de que já está fazendo hora extra na categoria máxima do automobilismo.

Hélio Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske mostrou mais uma vez que não é tricampeão da Indy500 por acaso. Hélio partiu da 19ª posição do grid, e sempre avançou para a frente durante a prova, para na reta final, colocar-se como candidato à vitória nas 500 Milhas. Mas, novamente, o sonho de obter a 4ª vitória, e igualar-se aos mitos Rick Mears, Al Unser e A.J. Foyt, foi adiado, ao ser batido nas voltas finais por um Takuma Sato inspirado, e com um carro muito rápido. E o jejum de vitórias, perto de completar 3 anos, segue firme ainda. Mas perto do que aconteceu durante a corrida, inclusive com o forte acidente sofrido por Scott Dixon e Jay Howard, onde Hélio literalmente passou debaixo do carro em vôo do neozelandês, não há muito o que reclamar. É voltar a sentar no carro, e continuar a acelerar fundo nas próximas corridas.



EM BAIXA:

Equipe Williams: O time de Grove continua com sua sina de ter apenas um piloto trazendo pontos para o time, e com isso, já perdeu contato com a Force India, que disparou na frente pontuando com muito mais regularidade com seus dois pilotos. Mas, como desgraça pouca é bobagem, o monoposto do time também vem decaindo de performance, enquanto os rivais evoluem, e como consequência, até a Toro Rosso já passou à frente, e Felipe Massa começa a perder posições na classificação, apesar de seus esforços. A equipe andou para trás em Barcelona, ficando sem pontuar em uma pista onde havia andado muito bem na pré-temporada, e em Monte Carlo, o brasileiro só marcou pontos devido aos azares dos rivais, andando num ritmo muito fraco para marcar pontos. A escuderia, que tencionava ser a 4ª força do mundial, no momento é apenas a 6ª, e se não tomar cuidado, pode ficar ainda mais para trás na competição. É preciso reagir o quanto antes. Resta saber se vão conseguir.

Lance Stroll: O piloto canadense continua sob pressão, e para piorar, não está conseguindo melhorar sua performance. Em Barcelona, onde deveria andar melhor, por conhecer a pista e ter andado nela com o carro atual, acabou superado na pista por Felipe Massa, mesmo o brasileiro tendo ficado quase um minuto atrás dele após ter tido um pneu furado logo na primeira volta. E em Mônaco, o canadense voltou a bater o carro, nos treinos, e pior foi quando ele mencionou que batia na mesma curva quando jogava videogame, o que monstra que ele não tomou os devidos cuidados na vida real. O time tenta aliviar a pressão sobre o jovem piloto, mas começa a se perguntar se o polpudo patrocínio trazido pelo jovem compensará os prejuízos que vem acumulando na pista e nos resultados. Se o garoto não colocar a cabeça no lugar logo, vai sair pela porta dos fundos, isso se não continuar se garantindo pelo patrocínio milionário garantido por sua família.

Racha na F-Truck: Depois da debandada da maioria das equipes que disputavam a categoria, a organização da categoria de competição de caminhões não deu o braço a torcer e resolveu começar o seu campeonato assim mesmo, e o que tivemos foi uma etapa de início com apenas 8 competidores no Velopark, e 10 pilotos na segunda etapa, em Rivera. Mas os times dissidentes acabam de lançar a Copa Truck, que abriu seu campeonato neste último final de semana de maio, e já contando com 20 pilotos no seu grid, e apresentando um campeonato com cerca de seis etapas em rodadas duplas, sendo a próxima já na primeira quinzena de junho. E o campeonato da Copa Truck começou com corridas movimentadas, que tem tudo para eclipsar a F-Truck, que certamente terá muitas dificuldades para se reerguer, até porque a debandada dos times foi grande, em virtude das desavenças com a organização da categoria, que já vem enfrentando problemas há tempos. E, pelo visto, vai ter ainda mais complicações pela frente, com a competição da Copa Truck...

Queda da Suzuki na MotoGP: A temporada 2017 está confirmando o que muita gente já esperava. Sem Maverick Viñales, o time japonês não está conseguindo nesta temporada a mesma performance do ano passado. No comparativo até aqui, ao fim da etapa da França, O time da Suzuki andava frequentemente logo atrás dos times oficiais da Honda, Yamaha, e Ducati, superando esta com alguma facilidade. Até então, Viñales tinha tido 2 6ºs lugares, um pódio (3º), um abandono, e um 4º lugar. Até o momento, seu substituto, Andrea Iannonne conseguiu apenas um 7º lugar como melhor resultado, tendo dois abandonos, um 16º e um 10º lugares. No ano passado, o time até conseguiu vencer com o piloto espanhol, e quem sabe, ter pretensões de chegar mais perto de suas rivais Yamaha e Honda. Pelo jeito, a situação ficou bem mais complicada, e o time nipônico terá de trabalhar ainda mais duro e encontrar um jeito de Iannonne andar melhor, também.

Sébastien Bourdais: O que prometia ser uma boa temporada para o francês Sébastien Bourdais foi pelo ralo com o acidente sofrido em Indianápolis, durante o treino de classificação. A batida causou diversos ferimentos no piloto, que felizmente não foram fatais, e tão pouco graves, mas exigiram uma cirurgia e um tempo de recuperação de pelo menos dois meses, o que fará o piloto da Dale Coyne poder voltar à competição somente a partir de agosto, quando o campeonato já estará em suas etapas finais. Bourdais tinha grandes chances de largar entre os primeiros e de fazer bonito na corrida, já que seu time tinha encontrado um bom acerto para o carro na pista oval do IMS, como comprovou o 3º lugar de seu companheiro de equipe Ed Jones. Agora, é descansar, e se preparar para um bom retorno na temporada de 2017...