E
mais um mês já está indo embora. Estamos para entrar no mês de junho, e atingir
a metade do ano de 2017. E fim de mês significa que é hora de mais uma edição
da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação do que aconteceu no mundo do
esporte a motor neste mês de maio, com minhas impressões e visão sobre os
acontecimentos em algumas das categorias de competições. Então, espero que
possam apreciar o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM
ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na
cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Sebastian
Vettel: O tetracampeão alemão vem mostrando que vai ser um oponente duro de
roer na luta pelo título daF-1 nesta temporada. Tirando tudo o que pode do bom
modelo SF70-H produzido pela Ferrari, Sebastian duelou ferozmente com Lewis
Hamilton pela vitória no GP da Espanha, e se não venceu na etapa disputada no
circuito da Catalunha, em Mônaco, deu o melhor de si para vencer pela terceira
vez na temporada, e abrir praticamente 25 pontos de vantagem para o tricampeão
inglês da equipe Mercedes, aproveitando o mau momento vivido por Lewis no
Principado, onde nunca esteve com chances de lutar pela vitória. Mantendo uma
constância firme, e não desperdiçando nenhuma oportunidade, Vettel vem
pontuando em todas as etapas, e subindo sempre ao pódio. Nesse ritmo, ele vai
comemorar o pentacampeonato muito em breve, em que pese ainda faltarem muitas
corridas até o fim da competição.
Sébastien
Buemi: Depois de uma etapa complicada no México, o piloto da equipe e.dams
retomou as rédeas do campeonato da F-E, e obteve duas vitórias incontestáveis
em Mônaco e Paris, dominando ambas as etapas, desde a largada na pole-position,
e voltando a disparar na classificação e abrir uma distância mais do que
confortável para Lucas Di Grassi, seu maior rival na competição. Como o piloto
suíço precisará se ausentar em uma das etapas finais devido a conflito de data
com o Mundial de Endurance, ele precisa garantir-se para que esta prova a menos
não interfira nas suas chances de conquistar o bicampeonato da competição de
carros monopostos elétricos. E está conseguindo realizar seu objetivo, tendo
agora 43 pontos de vantagem para Di Grassi, que certamente terá muitas
dificuldades para diminuir esta desvantagem na pontuação.
Takuma
Sato: O piloto japonês, com passagem discreta pela F-1, rumou para a IRL há
alguns anos, tendo sido o primeiro piloto japonês a triunfar em uma etapa da
categoria, ao vencer em Long Beach, em 2013. A fama de piloto rápido, mas
também expoente da “maldição dos pilotos nipônicos”, tradicionalmente propensos
a se meterem em confusão na pista, fez a carreira de Sato ter altos e baixos na
categoria americana, mas ninguém nunca pode acusar Takuma de corpo mole e de
não lutar pelas melhores posições. E quem espera sempre alcança, e este ano,
competindo pelo time de Michael Andretti, ganhou um carro mais competitivo, e
na disputa das 500 Milhas de Indianápolis, sempre esteve entre os pilotos mais
rápidos da corrida, desde a largada abrindo a segunda fila do grid, em 4º
lugar. E, no momento decisivo da corrida, nas voltas finais, o “Samurai Voador”
partiu para cima dos concorrentes, e travou um duelo acirrado com Hélio Castro
Neves pela vitória, chegando finalmente ao triunfo na Brickyard Line, onde por
pouco não venceu em 2012. Uma vitória que comprova o talento que Sato sempre
teve, e que espera, faça a fama de trapalhão dos pilotos nipônicos ficar para
trás no mundo do automobilismo de monopostos.
Iniciativas
do Liberty Media para a F-1: Não é novidade que a chegada do grupo Liberty Media
como novo “dono” do campeonato da F-1 deu uma arejada ao clima asséptico e
extremamente sério que vigorava na categoria máxima do automobilismo. O
afastamento de Bernie Ecclestone do comando das operações também começa a
mostras seus pontos positivos, e nas últimas duas etapas, foram implantadas
algumas novidades com o objetivo de fazer o público ficar mais próximo dos
pilotos e da categoria, com diversas atividades e até mesmo entrevista dos
primeiros colocados no grid no meio da pista, bem de frente para a torcida.
Gestos que seriam impensáveis na gestão de Ecclestone, para quem o público
deveria ser mantido à distância, ou até mesmo ser dispensado de entrar nos
autódromos, não fossem os ingressos a principal fonte de renda dos promotores
locais das corridas. Com um clima mais ameno e menos carregado, a idéia é
tornar a F-1 mais próxima e menos carrancuda para o público. Por enquanto, são
atitudes simples e até singelas, mas que representa uma importante mudança de
mentalidade no modo como a categoria máxima do automobilismo é gerida, e um
passo importante para tentar atrair de volta os torcedores que não mais curtiam
a F-1.
Maverick
Vinales: O novo piloto espanhol da Yamaha vem mostrando as garras na MotoGP, e
faturou mais uma vitória na competição, na etapa da França, depois de um duelo
renhido com Valentino Rossi, e um bom pega com o francês Johaan Zarco. Mas a
disputa com Rossi foi de eletrizar, com Maverick sendo superado pelo “Doutor” e
conseguindo retomar a dianteira nas voltas finais. A briga só não foi até a
bandeirada porque Rossi errou e caiu da moto na última volta, mas o italiano já
sentiu que terá de se aplicar ainda mais do que imaginava para se manter à
frente de seu novo companheiro de equipe, que mostra que não veio para fazer
figuração, e que pretende lutar firme pelo título da classe rainha do
motociclismo. Pode estar começando a sair faíscas no relacionamento entre
Viñales e Rossi, mas o “Mavecão” dá mostras de que vai se manter firme em sua
posição, para o azar de Valentino...
NA MESMA:
McLaren/Honda:
O time inglês e sua parceira nipônica continuam tendo problemas e mais enguiços
a cada etapa do mundial de F-1. Na Espanha, Fernando Alonso até conseguiu
impressionar com um 7º lugar no grid, assim como Sttofel Vandoorne e Jenson Button
também conseguiram passar para o Q3 na etapa de Mônaco. Mas Button, por ter
tido troca de componentes do motor, que mais uma vez deram sinais de problemas,
teve de largar em último, pelas punições por troca destas peças. E, quando não
é o carro que dá problemas, são as situações de corrida: em Barcelona, Alonso e
Felipe Massa se tocaram logo no início da prova e o espanhol caiu lá para trás,
onde até que vinha se recuperando, até o carro abrir o bico novamente. Em Monte
Carlo, Button acertou Pascal Wehrlein numa disputa de posição e abandonou,
enquanto Vandoorne acertou a proteção de pneus na curva Saint Dévote, e
igualmente deu adeus à corrida. E assim, a McLaren segue zerada no campeonato,
ocupando a última colocação no campeonato.
Dilema
de Fernando Alonso com a Honda: É desnecessário dizer que o bicampeão de F-1
vem comendo o pão que os japoneses amassaram na categoria máxima do
automobilismo nos últimos três anos. Por isso mesmo, a experiência de competir
nas 500 Milhas de Indianápolis, onde teria um equipamento competitivo que lhe
permitiria disputar a vitória na mais famosa corrida dos Estados Unidos, e uma
das componentes da Tríplice Coroa do Automobilismo, pareceu algo irresistível,
mesmo abrindo mão de correr em Mônaco, prova onde a McLaren teoricamente
poderia almejar um bom resultado. E Alonso se apaixonou pelo clima mais relax
da Indy, e com um carro competitivo, pode mostrar o seu talento, e sendo até
mesmo candidato à vitória na prova. O espanhol não se fez de rogado, e teve um
desempenho digno do grande piloto que é em sua primeira participação na
Indy500, chegando a liderar a corrida e estando sempre entre os primeiros
colocados. Mas eis que o espanhol viu suas expectativas ruírem quando seu
motor, também produzido pela Honda, e que vinha se mantendo extremamente
competitivo... também quebrou, fazendo o asturiano abandonar a prova. Claro que
o motor Honda também quebrou em outros carros, mas impossível deixar de notar o
dilema que o piloto da F-1 vive com os propulsores nipônicos, que certamente
ainda darão muito o que falar até o final do ano...
Performance
da Ducati na MotoGP: Depois de um ano em que experimentou crescimento em seus
resultados, inclusive com o retorno às vitórias, em 2016, o time de Borgo
Panigale esperava melhorar seu desempenho nesta temporada, contando com os
talentos de Jorge Lorenzo, tido como a peça que faltava para levar a Ducati de
volta ao topo. Se é verdade que desafiar Yamaha e Honda ainda fosse pensar alto
demais, a meta era pelo menos se aproximar mais das duas principais equipes da
categoria, e quem sabe, conseguir aproveitar melhores chances de vitória quando
eles tivessem algum problema. Andrea Dovizioso e Jorge Lorenzo já conseguiram
subir ao pódio, mas até o presente momento foram resultados esporádicos. Lorenzo
ainda não conseguiu exibir um desempenho de monta, à exceção da prova em Jerez,
e tem tido péssimas posições de largada, o que o obriga a ter de fazer provas
de recuperação. Andrea Dovizioso até tem conseguido largar mais à frente, e com
isso, obter alguns resultados um pouco melhores, mas a expectativa era estar um
pouco mais à frente. Tanto que ambos foram superados por Johaan Zarco, da
equipe Tech3, que vem mostrando muita raça e competência nestas últimas provas,
ocupando o posto de melhor piloto fora o quarteto da Honda e Yamaha oficiais.
Kimi
Raikkonen: O piloto finlandês mostrou velocidade ao fazer a pole-position em
Mônaco, dando esperanças aos seus torcedores de esperarem por uma nova vitória
do “Iceman”, ao mesmo tempo em que todo mundo ficava com aquele frisson de em
que momento da corrida a Ferrari certamente faria seu jogo de equipe para fazer
de Vettel o vencedor da prova, com sua política tacanha de favorecimento a um
de seus pilotos, que tantas vezes já vimos. Mas, se a Ferrari realmente
desfavoreceu Kimi, por outro lado é inegável que o finlandês também não fez
tudo o que deveria para evitar a manobra de ultrapassagem na parada de box,
abrindo uma vantagem suficiente que minasse as possibilidades do time italiano
de tentar tal plano, permitindo que seu companheiro de equipe voltasse à sua
frente na pista. Kimi ainda tem lenha pra queimar na F-1, mas precisa ser mais
incisivo em certos momentos, a fim de não dar justificativas a seus críticos de
que já está fazendo hora extra na categoria máxima do automobilismo.
Hélio
Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske mostrou mais uma vez que não
é tricampeão da Indy500 por acaso. Hélio partiu da 19ª posição do grid, e
sempre avançou para a frente durante a prova, para na reta final, colocar-se
como candidato à vitória nas 500 Milhas. Mas, novamente, o sonho de obter a 4ª
vitória, e igualar-se aos mitos Rick Mears, Al Unser e A.J. Foyt, foi adiado,
ao ser batido nas voltas finais por um Takuma Sato inspirado, e com um carro
muito rápido. E o jejum de vitórias, perto de completar 3 anos, segue firme
ainda. Mas perto do que aconteceu durante a corrida, inclusive com o forte
acidente sofrido por Scott Dixon e Jay Howard, onde Hélio literalmente passou
debaixo do carro em vôo do neozelandês, não há muito o que reclamar. É voltar a
sentar no carro, e continuar a acelerar fundo nas próximas corridas.
EM BAIXA:
Equipe
Williams: O time de Grove continua com sua sina de ter apenas um piloto
trazendo pontos para o time, e com isso, já perdeu contato com a Force India,
que disparou na frente pontuando com muito mais regularidade com seus dois
pilotos. Mas, como desgraça pouca é bobagem, o monoposto do time também vem
decaindo de performance, enquanto os rivais evoluem, e como consequência, até a
Toro Rosso já passou à frente, e Felipe Massa começa a perder posições na
classificação, apesar de seus esforços. A equipe andou para trás em Barcelona,
ficando sem pontuar em uma pista onde havia andado muito bem na pré-temporada,
e em Monte Carlo, o brasileiro só marcou pontos devido aos azares dos rivais,
andando num ritmo muito fraco para marcar pontos. A escuderia, que tencionava
ser a 4ª força do mundial, no momento é apenas a 6ª, e se não tomar cuidado,
pode ficar ainda mais para trás na competição. É preciso reagir o quanto antes.
Resta saber se vão conseguir.
Lance
Stroll: O piloto canadense continua sob pressão, e para piorar, não está
conseguindo melhorar sua performance. Em Barcelona, onde deveria andar melhor,
por conhecer a pista e ter andado nela com o carro atual, acabou superado na
pista por Felipe Massa, mesmo o brasileiro tendo ficado quase um minuto atrás
dele após ter tido um pneu furado logo na primeira volta. E em Mônaco, o
canadense voltou a bater o carro, nos treinos, e pior foi quando ele mencionou
que batia na mesma curva quando jogava videogame, o que monstra que ele não
tomou os devidos cuidados na vida real. O time tenta aliviar a pressão sobre o
jovem piloto, mas começa a se perguntar se o polpudo patrocínio trazido pelo
jovem compensará os prejuízos que vem acumulando na pista e nos resultados. Se
o garoto não colocar a cabeça no lugar logo, vai sair pela porta dos fundos,
isso se não continuar se garantindo pelo patrocínio milionário garantido por
sua família.
Racha
na F-Truck: Depois da debandada da maioria das equipes que disputavam a
categoria, a organização da categoria de competição de caminhões não deu o
braço a torcer e resolveu começar o seu campeonato assim mesmo, e o que tivemos
foi uma etapa de início com apenas 8 competidores no Velopark, e 10 pilotos na
segunda etapa, em Rivera. Mas os times dissidentes acabam de lançar a Copa
Truck, que abriu seu campeonato neste último final de semana de maio, e já
contando com 20 pilotos no seu grid, e apresentando um campeonato com cerca de
seis etapas em rodadas duplas, sendo a próxima já na primeira quinzena de
junho. E o campeonato da Copa Truck começou com corridas movimentadas, que tem
tudo para eclipsar a F-Truck, que certamente terá muitas dificuldades para se
reerguer, até porque a debandada dos times foi grande, em virtude das
desavenças com a organização da categoria, que já vem enfrentando problemas há
tempos. E, pelo visto, vai ter ainda mais complicações pela frente, com a
competição da Copa Truck...
Queda
da Suzuki na MotoGP: A temporada 2017 está confirmando o que muita gente já
esperava. Sem Maverick Viñales, o time japonês não está conseguindo nesta
temporada a mesma performance do ano passado. No comparativo até aqui, ao fim
da etapa da França, O time da Suzuki andava frequentemente logo atrás dos times
oficiais da Honda, Yamaha, e Ducati, superando esta com alguma facilidade. Até
então, Viñales tinha tido 2 6ºs lugares, um pódio (3º), um abandono, e um 4º
lugar. Até o momento, seu substituto, Andrea Iannonne conseguiu apenas um 7º
lugar como melhor resultado, tendo dois abandonos, um 16º e um 10º lugares. No
ano passado, o time até conseguiu vencer com o piloto espanhol, e quem sabe,
ter pretensões de chegar mais perto de suas rivais Yamaha e Honda. Pelo jeito,
a situação ficou bem mais complicada, e o time nipônico terá de trabalhar ainda
mais duro e encontrar um jeito de Iannonne andar melhor, também.
Sébastien
Bourdais: O que prometia ser uma boa temporada para o francês Sébastien
Bourdais foi pelo ralo com o acidente sofrido em Indianápolis, durante o treino
de classificação. A batida causou diversos ferimentos no piloto, que felizmente
não foram fatais, e tão pouco graves, mas exigiram uma cirurgia e um tempo de
recuperação de pelo menos dois meses, o que fará o piloto da Dale Coyne poder
voltar à competição somente a partir de agosto, quando o campeonato já estará
em suas etapas finais. Bourdais tinha grandes chances de largar entre os
primeiros e de fazer bonito na corrida, já que seu time tinha encontrado um bom
acerto para o carro na pista oval do IMS, como comprovou o 3º lugar de seu
companheiro de equipe Ed Jones. Agora, é descansar, e se preparar para um bom
retorno na temporada de 2017...