A F-1 disputa neste final de semana a etapa da Rússia. No ano passado, houve muita confusão logo na largada. O que veremos este ano? |
O circo da F-1 chegou a
Sochi para a disputa da quarta etapa do campeonato coma perspectiva de mais um duelo
renhido entre as principais forças da competição, Mercedes e Ferrari. Sébastian
Vettel, depois de sua bela vitória em Sakhir, lidera a competição, e como quem
não quer nada, já veio avisando que a Mercedes deve ter favoritismo na pista
russa. Será mesmo? Muitos apostam que é mais uma jogada para colocara pressão
sobre o time alemão, e fazê-lo trabalhar no limite para que cometam erros.
Depois do que vimos no Bahrein, não é difícil de acreditar nesta teoria. Até
Toto Wolf admitiu que seu time precisa se acostumar com a nova realidade, e que
os anos de domínio ficaram para trás. A Ferrari chegou pra valer, e a dor de
cabeça só não é maior porque Kimi Raikkonen não está rendendo o que poderia,
acumulando até o presente momento apenas metade da pontuação de Vettel.
Lewis Hamilton saiu
derrotado da Austrália, e conseguiu dar o troco na etapa seguinte, na China.
Será que o tricampeão inglês repete a dose neste GP? Em tese, uma vitória de
Lewis é praticamente obrigação para a Mercedes, que fecharia a primeira fase da
temporada na frente. Daqui de Sochi todos os times retornam às suas fábricas,
para na etapa de Barcelona colocarem na pista os primeiros megapacotes de
atualizações de seus bólidos. A Red Bull é quem terá maisa mostrar: pretende
estrear um chassi completamente revisado, se não novo, do modelo RB13, que até
agora não rendeu o que equipe e pilotos esperavam. Como uma nova versão da
unidade de potência da Renault só deve vir para a etapa do Canadá, as maiores
chances do time dos energéticos tentar reequilibrar a luta com Mercedes e
Ferrari reside na melhoria significativa de seu chassi, e numa temporada onde a
aerodinâmica foi aumentada, causou espanto Adrian Newey, conhecido justamente
por ser um mago nesta área, não ter conseguido produzir um carro tão notável como
se poderia esperar.
Mas, outra pergunta
paira no ar: a Ferrari mostrou um chassi com melhor ritmo de corrida até aqui,
enquanto a Mercedes ainda é o carro mais veloz em volta lançada. Quem garante
queos pacotes de atualizações que ambos os times prometem estrear em Barcelona
não alterem essa equação que rendeu até agora pelo menos duas corridas bem
interessantes. O modelo W08 criado em Brackley é um carro extremamente competitivo,
e com um potencial de desenvolvimento que só a equipe técnica da Mercedes pode
mensurar. No caso da Ferrari, ainda paira certa dúvida no ar: o novo modelo
SF70-H foi desenvolvido pelo novo corpo técnico que assumiu a Ferrari em meados
do ano passado, ou pelo time coordenado por James Allison, dispensado pela
escuderia italiana no primeiro semestre de 2016? Todos concordam que o trabalho
começou com Allison, e que o novo corpo técnico, que muitos esperavam não
conseguir produzir um carro tão competitivo em tão pouco tempo, soube muito bem
finalizá-lo, e garantir que o resultado final fosse o melhor carro da Ferrari
nos últimos anos, capaz realmente de permitir ao time de Maranello sonhar
efetivamente com a conquista do título, obtido pela última vez em 2007. Mas
será que o novo corpo técnico conseguirá dar o devido desenvolvimento ao modelo
SF70-H para mantê-lo à altura da competitividade do W08?
Há outro detalhe
interessante nesta equação: James Allison, demitido da Ferrari no ano passado,
hoje está justamente na Mercedes. E em integração com o corpo técnico do time
alemão, deve saber em que pontos o carro vermelho pode ser melhor desenvolvido,
e estudar maneiras de incrementar o desenvolvimento do carro prateado. Se a
Mercedes conseguir apresentar uma melhoria maior do que a Ferrari, as chances
de uma temporada bem disputada pelo título pode ser abreviada. E, se a Red Bull
acertar o rumo do seu carro, Daniel Ricciardo e Max Verstappen poderão ter
condições reais de se meterem na luta por vitórias na pista, o que poderia
também complicar os planos de Maranello, que no momento tem de se preocupar
somente com a dupla Lewis Hamilton-Valtteri Bottas. Deixar mais gente entrar na
brincadeira pode ter consequências indesejáveis para todos, por mais que se
pronunciem a favor de uma disputa mais equilibrada e emocionante na pista.
E é por isso que obter
uma nova vitória aqui na Rússia ganha importância capital. A Ferrari precisa
continuar no ataque, a fim de garantir mais uma vitória, e ganhar uma dianteira
que seja a maior possível, a fim de minimizar possíveis problemas que possam
surgir quando implantar seu pacote de atualizações. Se a Mercedes trabalhar
melhor, e dotar o modelo W08 de muito mais performance, as chances de
competição da Ferrari podem se reduzir, de modo que Vettel poderá ter muito mais
dificuldades para manter a luta parelha. Lógico que o equilíbrio de forças
também pode se manter, e tudo continuar do modo como se encontra hoje. Mas,
pelo sim, pelo não, é tratar de dar outro golpe contundente na rival, para se
manter à frente. A Ferrari soube usar muito melhor a estratégia de corrida do
que a Mercedes, mas uma hora a sorte pode mudar, portanto, não se pode dar
chance ao azar. Se os prateados acertarem todos os detalhes da competição no
fim de semana, e seus pilotos conduzirem à perfeição, eles podem muito bem sair
vencedores.
O circuito de Sochi
tem certas similaridades com o do Albert Park, com várias curvas fechadas, além
de uma pista mais estreita do que as de Sakhir e Shangai. Isso já dá uma
preocupação maior com a dificuldade de ultrapassagens, que pode voltar a se
manifestar na pista russa, a exemplo do que aconteceu em Melbourne. Os times
deverão tentar obter dados a respeito das chances de ultrapassagens nos dois
treinos livres de hoje, e caso as informações não sejam animadoras, a
classificação para o grid terá importância ainda maior. Se nas corridas
anteriores disputadas aqui, quem largou na primeira fila teve meio caminho para
a vitória, agora isso poderá ser ainda mais crucial, em que pese voltarmos
novamente a um detalhe que também foi fundamental para a reversão das
expectativas na Austrália; a estratégia de corrida. Em Melbourne, a capacidade
de conservar melhor os pneus foi fundamental para Vettel ficar mais tempo na
pista em seu início, e depois, já na frente, não apenas defender-se de um
eventual ataque dos pilotos da Mercedes, mas de ir-se embora com autoridade, de
modo a não ser ameaçado.
A pista de Sochi desgasta muito menos os pneus do que em outros circuitos. Isso pode fazer as estratégias de pneus variarem de time para time. |
Pois este circuito de
Sochi tem uma baixa taxa de degradação dos compostos, a ponto de Nico Rosberg
ter tido um pneu furado logo no início da etapa de 2014, e mesmo efetuando
somente aquela troca, ter ido direto até o fim da prova com o mesmo composto de
pneus. E estou falando dos compostos da Pirelli que, em tese, não deveriam
render tanto, a fim de provocar mais emoções e disputadas nas corridas. Então,
a capacidade do carro da Ferrari de cuidar melhor de seus pneus poderá vir a
ser um fator decisivo na estratégia de corrida. Se Hamilton largar na pole, ele
terá de ir com tudo para a frente, procurando deixar todos para trás, e
garantir que Vettel não esteja por perto o suficiente para repetir a tática de
Melbourne, e para evitar perder tempo com tráfego na volta dos boxes. Mas, se
na teoria parece simples, na prática a história é outra: a Ferrari, já tendo ciência
deste detalhe, vai mandar Vettel ir com tudo também desde o início. Largar na
melhor posição possível será obrigatório para definir a melhor estratégia para
a prova. E a conservação dos pneus poderá ser o fator decisivo: assim como na
Austrália Lewis acabou detonando seus compostos antes do que esperava, ele
também precisará cuidar para que seus pneus não acabem prematuramente se tiver
que impor um ritmo alucinante logo de cara. A pista russa pode ajudar, mas a
capacidade e equilíbrio dos carros também influenciarão neste parâmetro, e o
melhor comportamento do modelo SF70-H em relação os pneus certamente pode vir a
ser um trunfo contundente.
Ficamos na expectativa
também de como a Mercedes se posicionará a respeito de Bottas na pista. No
Bahrein, o time errou na calibragem dos pneus do finlandês, e ele não conseguiu
render o que poderia na pista. A escuderia então, precisou apelar para “ordens
de equipe”, a fim de que Bottas deixasse Hamilton passar, para duelar com
Vettel, o que jogou contra a imagem de esportividade que a Mercedes vinha conseguindo
cultivar tão cuidadosamente nos últimos anos ao promover a igualdade de sua dupla
de pilotos. Ter de apelar para tal recurso novamente poderá ter efeitos
negativos em Bottas, que se verá sem maiores perspectivas dentro do time
alemão, e quem sabe, resolva até sair ao fim de seu ano de contrato. Isso se o
finlandês também não passar a render mais. Assim como Raikkonen, Bottas até
agora só conseguiu ficar perto de Hamilton a contento na Austrália. Ele precisa
afinar sua pilotagem, e se colocar como adversário real da Ferrari e de Vettel.
Os treinos de hoje
devem dar uma boa dimensão do que poderemos esperar para a corrida. Será a
primeira vez que Sochi receberá os novos carros da F-1, então os times terão de
ter uma idéia mais aproximada dos limites que eles poderão atingir com sua
maior carga aerodinâmica e downforce. Na China, Bahrein e Austrália, pistas já
com muitas edições de GPs, os times tinham uma idéia de quando corriam lá na
década passada quando as regras técnicas eram outras. Aqui na Rússia, eles
terão de encontrar os novos limites e testar a reação dos carros a fundo, para verem
quais as possibilidades que terão a considerar pela frente.
Esperemos, portanto,
que isso possa provocar mais uma corrida bem disputada e com grandes emoções, e
não uma prova chata e sem atrativos, como alguns temem que a pista possa
oferecer. É verdade que não dá para esperar que todas as etapas sejam bem
disputadas e emocionantes, mas quando lembramos que daqui, a próxima corrida é
em Barcelona, circuito mais do que conhecido a fundo pelas escuderias, e que
geralmente não tem apresentado boas corridas nos últimos tempos, esperemos
então que a corrida russa seja realmente “russa”, para compensar o possível
marasmo aguardado para a etapa espanhola. Claro, todo mundo espera estar errado
nos seus pressentimentos... Vejamos o que o fim de semana nos aguarda...
Depois da primeira etapa em
circuito misto permanente, chegou a hora da Indycar realizar sua primeira corrida
em circuito oval, neste sábado à noite. O palco é o Phoenix International
Raceway, circuito oval de apenas uma milha, localizado na capital do Estado do
Arizona. A pista voltou ao calendário da competição no ano passado, tendo a
vitória de Scott Dixon, da Ganassi, com o pódio completado por Simon Pagenaud,
da Penske, e seu companheiro Will Power. A pole-position foi de Hélio Castro
Neves, mas o brasileiro não conseguiu se manter na dianteira, e fechou a prova
apenas em 11º. Tony Kanaan, que largou na primeira fila, ao lado de seu
compatriota, teve menos azar, e finalizou em 4º lugar. A corrida será
transmitida ao vivo pelo canal Bandeirantes, a partir das 22:15 Hrs. deste
sábado, e também pelo canal pago Bandsports. Aliás, devo elogiar a transmissão
da etapa de Barber feita pela emissora, que começou bem antes da largada, tanto
no canal aberto Bandeirantes quanto no canal pago Bandsports, e aproveitou
muito bem o lance da presença de Fernando Alonso na etapa do Alabama,
acompanhando os bastidores da corrida, e dando vários detalhes da repercussão
causada pela decisão do espanhol de disputar as 500 Milhas de Indianápolis
deste ano em uma associação da McLaren com o time de Michael Andretti. E, ao
contrário do que aconteceu na transmissão da F-1 na Globo, Téo José e Felipe
Giaffone não se furtaram a falar da situação do espanhol na F-1, com os
problemas enfrentados pela equipe McLaren, e como começou a idéia de se
disputar a Indy500. A emissora ainda fica devendo ter um repórter “in loco” nas
corridas, mas pelo menos já está fazendo um melhor aproveitamento do material
da própria categoria, e com isso, deixando a transmissão com mais informações e
detalhes do que anda ocorrendo na pista e fora dela. E isso deve dar bons
prognósticos do que esperar da cobertura das provas de Indianápolis, neste mês
de maio, onde a emissora deverá contar com equipe de reportagem no local para
acompanhar todos os detalhes. Quem sabe não chegou a hora da Bandeirantes
realmente aproveitar melhor a competição da Indycar na sua programação?
A prova de Phoenix acontece neste sábado à noite. Quem vai vencer a primeira corrida em pista oval da temporada 2017? |
Ainda sobre Fernando Alonso, o
espanhol terá como instrutor pessoal na sua empreitada na Indy500 deste ano
ninguém menos do que o brasileiro Gil de Ferran. Gil disputou a mítica prova e
venceu a etapa de 2003 competindo pela Penske. Gil ainda foi bicampeão da
F-Indy original, em 2000 e 2001, também pela Penske, que na época corria com
motores da Honda, fábrica à qual o brasileiro é ligado, tendo sido inclusive
diretor da equipe de F-1 na década passada. O brasileiro disse que voltar a
Indianápolis com a função de servir de instrutor e orientador para Alonso traz
muitas lembranças da época em que competia na pista, e que a sensação agora,
mesmo do lado de fora, não é tão diferente. Gil revelou que ficou impressionado
com a dedicação demonstrada por Fernando na empreitada, procurando aprender o
máximo que puder para encarar uma das provas mais famosas do mundo do
automobilismo mundial. Alonso certamente causará uma grande sensação na
Indy500. Aliás, já está causando...
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