E
mais um mês já está indo embora. Abril já se encontra em seus últimos dias, e em
breve adentraremos o mês de maio. E como acontece em todo final de mês, lá
vamos nós para mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma
avaliação do que aconteceu no mundo do esporte a motor neste último mês, com
minhas impressões sobre os acontecimentos. Então, aproveitem o texto, no
esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA
MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa
leitura a todos, e até a cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Sébastian
Vettel: O tetracampeão parece ter renascido com o bom modelo SF70-H produzido
por Maranello, e já conseguiu duas vitórias inconstestáveis e lidera o
campeonato de F-1. Não é segredo que o modelo da Ferrari parece render melhor
em ritmo de corrida que o modelo W08 da Mercedes, mas o time vermelho também
tem cuidado melhor da estratégia de corrida, e Vettel, voltou a andar o que
demonstrava nos seus tempos de Red Bull, e até parou de reclamar pelo rádio,
como vivia fazendo no ano passado. Ainda é cedo para afirmar que o piloto
alemão tem primazia na pista para ser o principal favorito ao título, mas se
conseguir manter a disputa no nível atual, tem boas chances de fazer a Ferrari
voltar ao título, mas a parada será dura, e não é permitido errar na disputa
que se prenuncia com a Mercedes.
Disputa
nas corridas do campeonato na F-1: Se a corrida da Austrália deu uma imagem de
que as corridas poderiam ser procissões em alta velocidade, com poucas
ultrapassagens, as etapas da China e do Bahrein, felizmente, corrigiram a
situação, e mostraram que teremos, sim, um bom campeonato. Não apenas a
Mercedes terá de se aplicar a fundo na pista a partir de agora, se quiser
continuar vencendo, como a Ferrari mostra estar sabendo usar melhor as
estratégias de corrida, e com isso, equilibrar a situação a assumir até mesmo
certo favoritismo na competição. No pelotão intermediário, por sua vez, está
havendo boas disputas, com muita briga entre vários times, sem uma relação de
forças estabelecida. O único ponto negativo é que há um abismo entre Mercedes e
Ferrari e o resto do grid, incluída a Red Bull, que por sua vez, está à frente
de todas as outras, mas sem conseguir encostar nos times da frente. Mas há
espaço para os times desenvolverem seus carros, e quem sabe as disputas fiquem
mais acirradas? Podemos ter boas brigas na pista durante o ano, e isso é o mais
importante.
Novo
formato de rodadas duplas da Stock Car: O novo formato das rodadas duplas do
campeonato nacional da Stock Car, com a duração das duas corridas do fim de
semana praticamente igual foi muito bem aceito não apenas pelos times e pilotos
da categoria, como também pelos torcedores. No formato antigo, os pilotos
costumavam privilegiar uma das corridas, e com isso a disputa ficava
prejudicada em uma das corridas, uma vez que os pilotos procuravam economizar o
equipamento, e assim, não disputavam com tudo o que poderiam render. Agora, com
as duas corridas tendo a mesma duração, a parada é outra, e não há mais como
preterir uma prova em detrimento da outra. É pau na máquina o tempo todo, nas
duas provas do fim de semana, e com isso, já estamos vendo muito mais disputas
e pegas do que vínhamos tendo na pista, e quem ganha são os torcedores, que
estão tendo a oportunidade de assistir a corridas muito mais emocionantes e
concorridas. Tivemos 4 vencedores diferentes nas duas rodadas duplas realizadas
até agora, e com dois pilotos a dividirem a liderança da competição.
Lucas
Di Grassi: Vice-campeão da F-E, o brasileiro Lucas Di Grassi deu um show de
perícia na etapa da Cidade do México, ao superar as adversidades da corrida
para executar com maestria uma estratégia de corrida que muitos apostavam ser
completamente suicida e sem chances de sucesso. Trocando de carro várias voltas
antes do esperado, o piloto da equipe Audi ABT precisaria conseguir gerenciar
com muita precisão o seu consumo de energia no segundo carro para chegar até o
final. Assumindo a liderança após um duelo breve com o belga Jerôme D’Ambrosio,
Lucas conseguiu escapar o suficiente para controlar o seu gasto de energia,
enquanto o belga segurava demais os competidores atrás de si, que quando
conseguiram se livrar dele, já era tarde para impedir uma vitória completamente
surpreendente do brasileiro, que volta a equilibrar o duelo pelo título da
temporada da F-E, que via Sébastien Buemi disparar na liderança depois de 3
triunfos consecutivos. Ainda há muito chão pela frente, e o suíço da e.dams
ainda é o favorito na competição. Mas etapas como a do México mostram que a luta
poderá não ser tão fácil quando Buemi pensa. Mesmo assim, o brasileiro terá de
se aplicar como nunca para superar a desvantagem de equipamento que ainda
possui. Talento ele já mostrou que tem...
Pietro
Fittipaldi na World Series: Em seu segundo ano competindo na categoria, o neto
de Émerson Fittipaldi faturou as duas corridas da rodada dupla disputadas na
pista de Silverstone. Duas vitórias incontestáveis que certamente credenciam o
jovem Fittipaldi a ser o favorito para o título da temporada, e quem sabe
depois, permitir o seu acesso à nova F-2, e daí, à F-1. Mas é preciso ir
devagar com a coisa: antes uma categoria de acesso de renome, patrocinada pela
Renault, a World Series hoje não tem mais o mesmo prestígio e a classe de
competição de antes. Os triunfos de Pietro são válidos, claro, mas a
concorrência é muito fraca, e o número de competidores, cerca de 12, muito
pouco para dizer sobre as reais qualidades do piloto, que até pode ter feito
realmente bonito na pista, mas em um certame com poucas opções competitivas,
isso pode dar a ele dimensões superdimensionadas de suas capacidades, e fazê-lo
levar um choque desagradável de realidade quando voltar a encarar competição de
nível. Que o garoto não se deixe empolgar com seu bom momento, e saiba que ainda
terá muitos desafios realmente duros pela frente, se quiser chegar à categoria
máxima do automobilismo.
NA MESMA:
Sébastien
Bourdais: Que o bom momento iria acabar, e a realidade se imporia, era apenas
questão de tempo, mas ao que parece, o período de glória para o piloto francês,
que mesmo com a fraca Dale Coyne está conseguindo liderar o campeonato 2017 da
Indycar ainda vai durar um pouco mais. Mesmo tendo feito sua corrida mais fraca
na temporada na etapa do Alabama, o bom resultado obtido na prova de Long
Beach, onde novamente subiu ao pódio, depois de uma performance quase tão
espetacular quanto a de São Petesburgo, mantém o piloto francês como líder da
temporada após 3 corridas disputadas. Mas não se pode ficar iludido: os
concorrentes mais poderosos estão chegando perto, em especial Scott Dixon e
Josef Newgarden, que estão comendo a vantagem inicial de Bourdais, e tem tudo
para desbanca-lo da liderança da competição já na próxima corrida, pondo fim ao
conto de fadas que muitos gostariam que perdurasse. Mas a próxima corrida é em
uma pista oval, e o pessoal da Honda parece forte neste tipo de pista. Quem
sabe Sébastien não continue nos surpreendendo um pouco mais? O campeonato
agradeceria muito.
Marc
Márquez: O piloto da equipe oficial da Honda na MotoGP pode estar em certa
desvantagem no atual momento na competição, em relação à dupla da Yamaha, mas
em se tratando na pista de Austin, no Texas, a “Formiga Atômica” mostra que o
circuito texano tem dono. Márquez marcou a pole-position para a prova, e apesar
de um duelo inicial com seu companheiro de equipe Dani Pedrosa, partiu para
conquistar sua 5ª vitória consecutiva no Circuito das Américas, mantendo sua
hegemonia por lá intacta, pelo menos até a próxima temporada. Que o diga
Maverick Viñales, que desta vez foi para o chão sozinho ainda na primeira
metade da corrida, e não pode testar a invencibilidade do atual tricampeão no
circuito do Texas.
Felipe
Massa e a Williams: Se há alguma coisa que se pode observar a respeito de
Felipe Massa e da equipe Williams nas últimas temporadas, é que o piloto e o
carro da escuderia inglesa possuem aversão a piso molhado, não conseguindo
render o esperado neste tipo de condução. E nem mesmo o novo FW40 se mostrou
diferente neste quesito: na prova da China, Massa terminou fora da zona de
pontos, só não cruzando a linha de chegada em último por haver uma Sauber ainda
na pista. Não apenas o carro não conseguia oferecer tração, como Felipe também
parecia não conseguir mostrar o que sabe. Mas bastou uma corrida em pista seca
para o time se reencontrar e voltar a mostrar ser a 4ª força da F-1 no momento,
na pista de Sakhir, onde Massa até travou duelos com pilotos mais bem
equipados, como Daniel Ricciardo e Kimi Raikkonem, mas exibindo uma performance
solitária de sua posição na pista, sem conseguir ir mais à frente, mas
conseguindo se defender sem problemas de quem vinha atrás. Infelizmente para a
Williams, até o presente momento o time é uma equipe de um piloto só, já que
Lance Stroll ainda não conseguiu se livrar dos problemas, mesmo que ele não
tenha sido o responsável principal, como ocorreu na prova do Bahrein.
Valentino
Rossi: O “Doutor” é simplesmente o maior nome da MotoGP na atualidade, e se
mostra competitivo e forte, e se não tem a velocidade bruta dos pilotos mais
jovens, como Marc Márquez e o seu novo companheiro de equipe, Maverick Viñales,
o italiano compensa com experiência e sabedoria nas corridas. Por isso, Rossi é
o líder do campeonato, após marcar presença no pódio em todas as corridas disputadas
na temporada 2017, enquanto os rivais diretos já beijaram o chão em alguma corrida.
O piloto da Yamaha mostra que apesar da pré-temporada ter ficado aquém do
esperado, não se pode subestimar sua capacidade de reação, especialmente em
corrida. Mas, se quiser chegar a seu oitavo título na classe rainha do
motociclismo, Valentino sabe que terá desafios difíceis pela frente, em especial
seu novo companheiro de time, e o sempre combativo Marc Márquez. Mas o “Doutor”
mostra que ainda é um erro subestimá-lo na pista, e ele pretende dar tudo de si
sempre. Segura o italiano!
Equipe
Penske na Indycar: O time de Roger Penske até que se abalou um pouco com o
poderio reforçado dos times da Honda na categoria, mas mostrou que ainda é o time
a ser vencido. Seus pilotos marcaram a poles em todas as corridas até agora, e
Josef Newgarden já averbou sua primeira vitória na sua nova escuderia, na pista
de Barber, onde contou com 3 de seus pilotos entre os 4 primeiros colocados na
bandeirada. A disputa na Indy este ano está mais parelha, e com boas possibilidades
de outros times surpreenderem, mas não se deve subestimar a força competitiva
da Penske, que mostra que deve vir firme na disputa do título em mais uma
temporada.
EM BAIXA:
Kimi
Raikkonen: o piloto finlandês, que pareceu renascer no ano passado obtendo boas
performances e garantindo mais um ano de contrato, está decepcionando neste
início de temporada. Apesar de dispor do mesmo excelente modelo que está
permitindo a seu companheiro de equipe Sébastian Vettel vencer corrida e
liderar o mundial, Kimi até agora ficou praticamente fora dos pódios na
temporada, e dos pilotos dos dois times que comandam o campeonato, é o último
colocado, tendo apenas metade dos pontos de Vettel. A situação já serviu de
motivo para a direção do time chamar o finlandês para uma “conversa” a fim de
solucionar a situação, e então voltamos à situação dos últimos anos, em que
Kimi está novamente na corda bamba em Maranello, podendo este ser, “mais uma
vez”, o seu último ano na categoria máxima do automobilismo. Se o carro da
Ferrari não fosse competitivo, até se poderia compreender, mas a situação é
exatamente oposta. A Ferrari é uma força real, e a cúpula da equipe quer seus
dois pilotos brigando lá na frente, e não apenas um deles. E isso infelizmente
é ruim para a disputa da F-1, com um piloto a menos em condições de discutir as
vitórias não entregando a disputa que todos esperavam.
Will
Power: O piloto australiano da equipe Penske não vem tendo um início de
campeonato muito inspirador. Apesar de ter conquistado 2 pole-positions nas 3
etapas da temporada disputadas até aqui, Power não vem tendo sorte nas
corridas. Em São Petesburgo, teve problemas no carro e abandonou a corrida,
depois de andar sempre entre os primeiros colocados. Na etapa de Long Beach,
Will se envolveu em um enrosco com Charli Kimball, com ambos os pilotos indo
parar no muro, e saindo da disputa das primeiras colocações. Em Barber, Power
também vinha em relativa boa posição na corrida, mas um problema num pneu o
obrigou a uma parada extra nos boxes, que o fez cair para o meio de trás do
pelotão, de onde não conseguiu se recuperar. Com todos estes percalços, Power
ocupa apenas a 14ª posição na classificação, com 50 pontos, sendo o pior piloto
da Penske na competição até aqui. Vai ser preciso fazer umas sessões de reza
brava para tirar essa urucubaca toda de cima, e começar a abocanhar bons
resultados, se quiser disputar o bicampeonato.
Grande
Prêmio da Malásia de F-1: Que os malaios já não estavam mais empolgados em
sediar uma corrida de F-1, não era nenhum segredo, e que o contrato em vigor,
válido até 2018, não seria renovado, diante dos altos custos que vinham sendo
praticados na gestão de Bernie Ecclestone. Pois eis que os malaios resolveram
antecipar sua saída: a etapa deste ano será a última corrida da F-1 em Sepang,
não sendo realizada a corrida em 2018, como previsto inicialmente. O objetivo
agora é ter a MotoGP como evento principal no circuito de Kuala Lumpur, que na
opinião dos organizadores, custa muito menos e oferece muito mais disputas. Com
o interesse do retorno das provas da França e da Alemanha ao calendário do ano
que vem, o pessoal do Liberty Media, muito mais flexível e menos “guloso” em
termos de taxas de realização de corridas, não colocaram empecilhos à saída
antecipada dos malaios. Qual será a próxima corrida a sair de agora em diante?
Cingapura também não está mais tão seduzida pela categoria máxima do
automobilismo, e pode realmente sair fora a qualquer momento...
Bernie
Ecclestone: O ex-todo poderoso chefão da F-1 voltou a frequentar o grid da
categoria máxima do automobilismo, no Bahrein, a convite da família real
barenita, e pareceu não gostar de ser apenas uma peça decorativa, já que não
tem mais poder para decidir nada. Mesmo assim, mostrou que se estivesse à
frente ainda da F-1, não concordaria com certas coisas que andam acontecendo,
como a decisão de Fernando Alonso de disputar a Indy500 deste ano, mesmo
abrindo mão de correr o GP de Mônaco, marcado para o mesmo dia. Na sua opinião,
piloto de F-1 tem de estar comprometido com a F-1, e não com outras categorias.
É por este tipo de atitude que Ecclestone não deixará saudades de sua gestão. E
não adianta também fazer um mea culpa, ao admitir que certas corridas ainda
poderiam estar no calendário se ele tivesse cobrado taxas mais razoáveis,
porque ele sabia exatamente o que estava fazendo, e tinha plena noção, melhor
do que ninguém, que a situação estava ficando cada vez mais insustentável, com
taxas cada vez mais altas. Os tempos definitivamente são outros, e a F-1
precisa se adaptar e mudar para atender a esse novo mundo atual. E o velho
Bernie, apesar de tudo o que fez pela F-1, lamento dizer, seu tempo já
passou...
Equipe
Mercedes na F-1: O time alemão, campeão nos últimos três anos, parece não estar
sabendo reagir direito à concorrência de verdade que está enfrentando pela
primeira vez desde que se tornou uma força dominante na F-1. No Bahrein, além
de cometer o erro na calibragem do pneu de Valtteri Bottas, ainda precisou se
“rebaixar” e apelar para ordens de equipe, a fim de deixar Lewis Hamilton na
posição de desafiar Sébastian Vettel pela vitória na etapa de Sakhir. O time
alemão ainda é uma grande força na F-1, e possivelmente ainda tem o melhor
carro do grid, mas a competição mais acirrada está fazendo a escuderia pecar em
detalhes mínimos no final de semana que estão sendo devidamente aproveitados
pelos rivais, e com isso, superando o time prateado, que terá, sim, disputa
direta pelo título com uma escuderia rival, e não apenas internamente, como
ocorreu de 2014 a 2016. Os prateados que botem a cabeça no lugar e tratem de se
acostumar com o novo panorama da F-1, muito mais interessante para todos que
curtem o automobilismo e bons duelos. Ah, sim: também pegou mal ver que aquele
papo de “igualdade de condições” que diziam dar a Hamilton e Nico Rosberg era
devido apenas ao time alemão dominar a competição...
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