quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

FLYING LAPS - DEZEMBRO DE 2016



            E chegamos a 2017. Sim, mais um ano se inicia, e 2016 já ficou completamente para trás. Mas o último mês teve vários acontecimentos ocorrendo no mundo da velocidade, e como é costume em cada início de mês, é hora de termos mais uma edição da sessão Flying Laps, relacionando alguns dos acontecimentos vividos no universo das corridas em dezembro, com alguns comentários rápidos sobre eles, e fecharmos de vez o ano de 2016. Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima sessão Flying Laps, em fevereiro de 2017, com mais alguns tópicos rápidos do que estiver rolando no mundo do esporte a motor neste primeiro mês do ano de 2017.


Felipe Fraga sagrou-se campeão da Stock Car nacional na temporada de 2016. Aos 21 anos, o piloto da equipe Cimed chegou para a etapa final da competição, em Interlagos, com uma boa vantagem sobre seu único oponente na disputa pelo título, Rubens Barrichello. Enquanto Fraga fez uma corrida conservadora, pensando unicamente na conquista do título, só restava a Rubens partir para o ataque, e ainda torcer para um azar do rival, o que poderia ter acontecido, já que a etapa derradeira do campeonato viu a chuva aparecer para complicar um pouco a situação, e vejam só, Barrichello foi quem acabou rodando, logo no início da prova, e precisou fazer uma boa corrida de recuperação para voltar às primeira posições. Para piorar a situação, Felipe Fraga ainda tinha conquistado a pole-position, em um treino disputadíssimo com Barrichello. Com a vinda da chuva, as posições de ambos os pilotos na corrida se inverteram: Fraga, jogando no seguro, foi aos boxes e trocou para pneus de chuva; Barrichello, por sua vez, a exemplo do que fizera em Hockenhein em 2000, manteve-se na pista com pneus de seco, e foi se aguentando, e subindo na classificação. Nas últimas voltas, travou um duelo acirradíssimo com Daniel Serra, que acabou por vencer a corrida, enquanto Rubinho ficava em 2° lugar. Com a 10ª colocação, Felipe Fraga conquistava o título do campeonato, de modo que a posição de Rubens pouco importaria se tivesse vencido ou não. Daniel Serra cruzou a linha de chegada com uma vantagem de 0s619 para Barrichello. O pódio foi completado por Ricardo Maurício, que chegou 9s275 atrás do piloto da Red Bull. Em outro duelo apertado, Cacá Bueno foi o 4° colocado, logo à frente de Júlio Campos, que chegou colado no pentacampeão, que fez uma temporada muito abaixo do que é o seu normal este ano. A vitória de Daniel Serra, por sinal, o catapultou para o 3° lugar na classificação final da competição, com os mesmos 229 pontos de Valdeno Brito, mas que não conseguiu nenhuma vitória na temporada, terminando, assim, em 4° lugar. Fraga terminou o ano com 309 pontos, 14 à frente de Rubens Barrichello, que fechou com 295 pontos.


Felipe Fraga foi o grande nome do campeonato da Stock Car este ano. O piloto da Cimed conquistou nada menos do que 5 vitórias, e marcou 4 pole-positions, os melhores resultados individuais da temporada. Rubens Barrichello, por sua vez, mostrou que não foi vice-campeão à toa: venceu 3 provas, e marcou por duas vezes a pole-position, mostrando grande forma e dedicação aos 44 anos, mais do que o dobro da idade do novo campeão da Stock. Logo a seguir nas estatísticas, com 2 vitórias, tivemos Cacá Bueno, Marcos Gomes e Max Wilson. Com 3 poles, Cacá foi o piloto que mais vezes largou na frente, atrás de Fraga. Nada menos do que 10 pilotos diferentes venceram corridas no ano, mesmo número de pilotos que conquistaram pole-positions. Alguns destes, porém, não conseguiram aproveitar a primazia de largar na frente, como foi o caso de Ricardo Maurício, Ricardo Zonta, Lucas Foresti, Raphael Abbate, e Nestor Girolami. Em compensação, alguns dos vencedores do ano passaram em branco no quesito pole-positions, como Daniel Serra, Marcos Gomes, Galid Osman, e Thiago Camilo, o que mostra que largar na frente nem sempre garante a vitória, ainda mais em um ano onde as estratégias válidas para a primeira e a segunda corrida variaram, de acordo com as expectativas dos pilotos e suas possibilidades. Curiosamente, na segunda corrida de Curvello, Barrichello arriscou na estratégia de combustível, e por pouco não obteve sua 4ª vitória na temporada, ficando sem combustível na volta final, e parando seu carro nos metros iniciais da entrada da reta dos boxes do circuito, perdendo a vitória, e qualquer possibilidade de pontuar naquela corrida, o que fatalmente foi decisivo na perda do título da competição, uma vez que os pontos fizeram falta na etapa final, em Interlagos. Mas, foi uma aposta do piloto da equipe Fulltime, e infelizmente não deu certo. Ficará a dúvida se, em caso de ter dado certo, se Felipe Fraga teria tido postura mais arrojada na etapa final, em Interlagos, por não ter a vantagem de pontos que teria como teve, lhe permitindo correr sem se envolver em maiores riscos.


A Stock Car aproveitou para divulgar o seu calendário para a temporada de 2017 neste mês de dezembro. O campeonato se iniciará no dia 2 de abril, no autódromo de Goiânia. E as grandes novidades da temporada de 2017 serão o retorno à Argentina, com uma etapa marcada para o dia 11 de junho, em local ainda a ser determinado; e a pista de Vello Cittá, no dia 6 de agosto. A Corrida do Milhão será realizada no dia 10 de setembro, mas ainda não se sabe onde ela será feita. A temporada será encerrada no dia 10 de dezembro, em Interlagos. Foi reservado o dia 26 de novembro para o autódromo de Brasília, mas dadas as condições em que o autódromo da capital federal foi deixado após as obras irregulares feitas com o intuito de modernizar a pista para receber uma etapa da IRL há alguns anos, esta data está completamente pendente, não se tendo certeza alguma se irá acontecer ou não. Dependerá de conseguirem colocar as coisas de pé por lá, e neste momento de crise, vai ser preciso uma reza brava para que tudo saia e seja realizada corrida no local. Outros circuitos confirmados no calendário são o Velopark, Santa Cruz do Sul, Londrina, Curvello, Tarumã, e Curitiba.


A equipe de Michael Andretti completou seu plantel de pilotos para temporada 2017 da Indy Racing League, com a confirmação de que o japonês Takuma Sato guiará o 4° carro da escuderia. Sato pilotou nos últimos anos para a equipe de A. J. Foyt, e em tese, terá agora uma estrutura melhor para tentar resultados mais ousados. Para seu lugar, a Foyt acabou contratando Carlo Muñoz, que é justamente quem será substituído na Andretti Autosport por Sato. Vale lembrar que a equipe Andretti corre com motores da Honda na categoria, e isso acabou facilitando o acordo com Takuma, que é um piloto apoiado pela marca japonesa há vários anos. Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, e Alexander Rossi continuam no time para a temporada de 2017. Com seu tradicional quarteto de carros na pista, o time de Michael Andretti é, ao lado da Penske e da Ganassi, a escuderia com mais pilotos no grid disputando toda a temporada. No time de Roger Penske estarão Simon Pagenaud, o atual campeão da categoria; Will Power, o vice-campeão; Hélio Castro Neves, que vai para seu 18° ano na equipe, recorde de permanência da escuderia de um mesmo piloto; e Josef Newgarden, que tem tudo para ser um dos destaques da competição, como já foi em 2016, quando competiu no time de Ed Carpenter, e agora terá uma estrutura de ponta por trás de si. Na Ganassi, além de Scott Dixon e do brasileiro Tony Kanaan, estão confirmados Charlie Kimball, e Max Chilton, mantendo praticamente o mesmo quarteto de pilotos que competiu na temporada de 2016. A diferença é que a Ganassi, após competir os últimos anos com a Chevrolet, voltará a usar motores da Honda na nova temporada, procurando obter um diferencial para os rivais que não conseguiu encontrar na competição em 2016.


A equipe de Ed Carpenter, por sua vez, confirmou a contratação de J.R. Hildebrand para ocupar o lugar que foi de Newgarden nos últimos anos na escuderia. Hildebrand irá disputar todas as provas, enquanto o segundo carro do time ficará dividido entre Ed Carpenter, dono da escuderia, e que competirá nas etapas em pistas ovais, e Spencer Pigot, que assumirá o carro nas demais etapas, em pistas de rua e mistas. Em tese, o time deve perder parte de seu brilho, pois duvida-se que Hildebrand consiga repetir os desempenhos de Josef Newgarden no time, onde mesmo dispondo de uma estrutura de equipe média, o piloto conseguiu até vencer corrida e terminar o campeonato entre os primeiros, mostrando grande talento e constância.


Ao fechar o ano de 2016, o único time da Indy Racing League a não ter um nome definido para a temporada de 2017 foi a KV. Sébastien Bourdais se mandou para a Dale Coyne, e o time dirigido por Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven deverá competir em 2017 com apenas um carro em tempo integral, um belo retrocesso para o time que chegou a competir com até 3 carros em anos não tão distantes. No time de Sam Schimdt, permanece a dupla titular de 2016, o canadense James Hinchcliffe e o russo Mikhail Aleshin, para 2017. Na Foyt, além de contar com Carlos Muñoz, o time terá também a presença de Conor Daly, que deixou a Dale Coyne, que por sua vez, terá o piloto Ed Jones em seu lugar. Se não houverem mudanças de última hora até o início da temporada de 2017, o número de competidores da IRL 2017 deverá ficar restrito a 23 pilotos, o que evidencia as dificuldades em se conseguir melhorar a competição da categoria, que já foi bem mais atrativa em tempos recentes. As dificuldades para se obter bons patrocínios continua alta, o que motivou o fechamento de alguns times, e o encolhimento de outros, como foram os casos da Panther e da KV.


Para os fãs brasileiros que acompanham as corridas da Indy, pelo menos houve uma boa notícia em dezembro: a Bandeirantes anunciou que continuará transmitindo as provas. O ponto negativo é que os fãs não devem esperar coisa muito melhor do que já viram nos últimos anos, com provas sendo transmitidas ora no canal aberto, ora no canal fechado (Bandsports), e olha que em 2016, com a desistência da emissora de transmitir o Campeonato Brasileiro de Futebol, o que em tese liberaria espaço em sua programação dominical para as corridas da Indy, nem por isso a emissora tratou a competição com mais acuro e decência. Resta saber o que farão em 2017.


Com o receio de o Brasil não ter mais representante no grid da F-1 em 2017, muitos temeram pelo fim da transmissão das corridas da categoria máxima do automobilismo em canal aberto em nosso país. Mas, pelo menos em 2017, esse perigo está afastado, já que a Globo vendeu quase todas as cotas de patrocínio, e com um aumento de cerca de 10% sobre o valor cobrado em 2015. Isso significa que as corridas continuarão sendo transmitidas ao vivo pela Globo, com algumas exceções, como as provas que colidirem com os jogos de futebol no domingo à tarde. E podem esquecer os treinos de classificação, o que deve ser exibido apenas por ocasião do Grande Prêmio do Brasil, e olhe lá. Quem quiser ver os treinos livres e a classificação terá de recorrer ao canal pago SporTV. As incertezas agora se transferem para a temporada de 2018...

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