E
chegamos a 2017. Sim, mais um ano se inicia, e 2016 já ficou completamente para
trás. Mas o último mês teve vários acontecimentos ocorrendo no mundo da
velocidade, e como é costume em cada início de mês, é hora de termos mais uma
edição da sessão Flying Laps, relacionando alguns dos acontecimentos vividos no
universo das corridas em dezembro, com alguns comentários rápidos sobre eles, e
fecharmos de vez o ano de 2016. Então, uma boa leitura para todos, e até a
próxima sessão Flying Laps, em fevereiro de 2017, com mais alguns tópicos
rápidos do que estiver rolando no mundo do esporte a motor neste primeiro mês
do ano de 2017.
Felipe Fraga sagrou-se campeão da Stock
Car nacional na temporada de 2016. Aos 21 anos, o piloto da equipe Cimed chegou
para a etapa final da competição, em Interlagos, com uma boa vantagem sobre seu
único oponente na disputa pelo título, Rubens Barrichello. Enquanto Fraga fez
uma corrida conservadora, pensando unicamente na conquista do título, só
restava a Rubens partir para o ataque, e ainda torcer para um azar do rival, o
que poderia ter acontecido, já que a etapa derradeira do campeonato viu a chuva
aparecer para complicar um pouco a situação, e vejam só, Barrichello foi quem
acabou rodando, logo no início da prova, e precisou fazer uma boa corrida de
recuperação para voltar às primeira posições. Para piorar a situação, Felipe
Fraga ainda tinha conquistado a pole-position, em um treino disputadíssimo com
Barrichello. Com a vinda da chuva, as posições de ambos os pilotos na corrida
se inverteram: Fraga, jogando no seguro, foi aos boxes e trocou para pneus de
chuva; Barrichello, por sua vez, a exemplo do que fizera em Hockenhein em 2000,
manteve-se na pista com pneus de seco, e foi se aguentando, e subindo na
classificação. Nas últimas voltas, travou um duelo acirradíssimo com Daniel
Serra, que acabou por vencer a corrida, enquanto Rubinho ficava em 2° lugar.
Com a 10ª colocação, Felipe Fraga conquistava o título do campeonato, de modo
que a posição de Rubens pouco importaria se tivesse vencido ou não. Daniel
Serra cruzou a linha de chegada com uma vantagem de 0s619 para Barrichello. O
pódio foi completado por Ricardo Maurício, que chegou 9s275 atrás do piloto da
Red Bull. Em outro duelo apertado, Cacá Bueno foi o 4° colocado, logo à frente
de Júlio Campos, que chegou colado no pentacampeão, que fez uma temporada muito
abaixo do que é o seu normal este ano. A vitória de Daniel Serra, por sinal, o
catapultou para o 3° lugar na classificação final da competição, com os mesmos
229 pontos de Valdeno Brito, mas que não conseguiu nenhuma vitória na
temporada, terminando, assim, em 4° lugar. Fraga terminou o ano com 309 pontos,
14 à frente de Rubens Barrichello, que fechou com 295 pontos.
Felipe Fraga
foi o grande nome do campeonato da Stock Car este ano. O piloto da Cimed
conquistou nada menos do que 5 vitórias, e marcou 4 pole-positions, os melhores
resultados individuais da temporada. Rubens Barrichello, por sua vez, mostrou
que não foi vice-campeão à toa: venceu 3 provas, e marcou por duas vezes a
pole-position, mostrando grande forma e dedicação aos 44 anos, mais do que o
dobro da idade do novo campeão da Stock. Logo a seguir nas estatísticas, com 2
vitórias, tivemos Cacá Bueno, Marcos Gomes e Max Wilson. Com 3 poles, Cacá foi
o piloto que mais vezes largou na frente, atrás de Fraga. Nada menos do que 10
pilotos diferentes venceram corridas no ano, mesmo número de pilotos que
conquistaram pole-positions. Alguns destes, porém, não conseguiram aproveitar a
primazia de largar na frente, como foi o caso de Ricardo Maurício, Ricardo
Zonta, Lucas Foresti, Raphael Abbate, e Nestor Girolami. Em compensação, alguns
dos vencedores do ano passaram em branco no quesito pole-positions, como Daniel
Serra, Marcos Gomes, Galid Osman, e Thiago Camilo, o que mostra que largar na
frente nem sempre garante a vitória, ainda mais em um ano onde as estratégias
válidas para a primeira e a segunda corrida variaram, de acordo com as
expectativas dos pilotos e suas possibilidades. Curiosamente, na segunda
corrida de Curvello, Barrichello arriscou na estratégia de combustível, e por
pouco não obteve sua 4ª vitória na temporada, ficando sem combustível na volta
final, e parando seu carro nos metros iniciais da entrada da reta dos boxes do
circuito, perdendo a vitória, e qualquer possibilidade de pontuar naquela
corrida, o que fatalmente foi decisivo na perda do título da competição, uma
vez que os pontos fizeram falta na etapa final, em Interlagos. Mas, foi uma
aposta do piloto da equipe Fulltime, e infelizmente não deu certo. Ficará a
dúvida se, em caso de ter dado certo, se Felipe Fraga teria tido postura mais
arrojada na etapa final, em Interlagos, por não ter a vantagem de pontos que
teria como teve, lhe permitindo correr sem se envolver em maiores riscos.
A Stock Car aproveitou para divulgar o
seu calendário para a temporada de 2017 neste mês de dezembro. O campeonato se
iniciará no dia 2 de abril, no autódromo de Goiânia. E as grandes novidades da
temporada de 2017 serão o retorno à Argentina, com uma etapa marcada para o dia
11 de junho, em local ainda a ser determinado; e a pista de Vello Cittá, no dia
6 de agosto. A Corrida do Milhão será realizada no dia 10 de setembro, mas
ainda não se sabe onde ela será feita. A temporada será encerrada no dia 10 de
dezembro, em Interlagos. Foi reservado o dia 26 de novembro para o autódromo de
Brasília, mas dadas as condições em que o autódromo da capital federal foi
deixado após as obras irregulares feitas com o intuito de modernizar a pista
para receber uma etapa da IRL há alguns anos, esta data está completamente
pendente, não se tendo certeza alguma se irá acontecer ou não. Dependerá de
conseguirem colocar as coisas de pé por lá, e neste momento de crise, vai ser
preciso uma reza brava para que tudo saia e seja realizada corrida no local.
Outros circuitos confirmados no calendário são o Velopark, Santa Cruz do Sul,
Londrina, Curvello, Tarumã, e Curitiba.
A equipe de Michael Andretti completou
seu plantel de pilotos para temporada 2017 da Indy Racing League, com a
confirmação de que o japonês Takuma Sato guiará o 4° carro da escuderia. Sato
pilotou nos últimos anos para a equipe de A. J. Foyt, e em tese, terá agora uma
estrutura melhor para tentar resultados mais ousados. Para seu lugar, a Foyt
acabou contratando Carlo Muñoz, que é justamente quem será substituído na
Andretti Autosport por Sato. Vale lembrar que a equipe Andretti corre com
motores da Honda na categoria, e isso acabou facilitando o acordo com Takuma,
que é um piloto apoiado pela marca japonesa há vários anos. Ryan Hunter-Reay,
Marco Andretti, e Alexander Rossi continuam no time para a temporada de 2017. Com
seu tradicional quarteto de carros na pista, o time de Michael Andretti é, ao
lado da Penske e da Ganassi, a escuderia com mais pilotos no grid disputando
toda a temporada. No time de Roger Penske estarão Simon Pagenaud, o atual
campeão da categoria; Will Power, o vice-campeão; Hélio Castro Neves, que vai
para seu 18° ano na equipe, recorde de permanência da escuderia de um mesmo
piloto; e Josef Newgarden, que tem tudo para ser um dos destaques da
competição, como já foi em 2016, quando competiu no time de Ed Carpenter, e
agora terá uma estrutura de ponta por trás de si. Na Ganassi, além de Scott
Dixon e do brasileiro Tony Kanaan, estão confirmados Charlie Kimball, e Max
Chilton, mantendo praticamente o mesmo quarteto de pilotos que competiu na
temporada de 2016. A diferença é que a Ganassi, após competir os últimos anos
com a Chevrolet, voltará a usar motores da Honda na nova temporada, procurando
obter um diferencial para os rivais que não conseguiu encontrar na competição
em 2016.
A equipe de Ed Carpenter, por sua vez,
confirmou a contratação de J.R. Hildebrand para ocupar o lugar que foi de
Newgarden nos últimos anos na escuderia. Hildebrand irá disputar todas as
provas, enquanto o segundo carro do time ficará dividido entre Ed Carpenter,
dono da escuderia, e que competirá nas etapas em pistas ovais, e Spencer Pigot,
que assumirá o carro nas demais etapas, em pistas de rua e mistas. Em tese, o
time deve perder parte de seu brilho, pois duvida-se que Hildebrand consiga
repetir os desempenhos de Josef Newgarden no time, onde mesmo dispondo de uma
estrutura de equipe média, o piloto conseguiu até vencer corrida e terminar o
campeonato entre os primeiros, mostrando grande talento e constância.
Ao fechar o ano de 2016, o único time da
Indy Racing League a não ter um nome definido para a temporada de 2017 foi a
KV. Sébastien Bourdais se mandou para a Dale Coyne, e o time dirigido por Jimmy
Vasser e Kevin Kalkhoven deverá competir em 2017 com apenas um carro em tempo
integral, um belo retrocesso para o time que chegou a competir com até 3 carros
em anos não tão distantes. No time de Sam Schimdt, permanece a dupla titular de
2016, o canadense James Hinchcliffe e o russo Mikhail Aleshin, para 2017. Na
Foyt, além de contar com Carlos Muñoz, o time terá também a presença de Conor
Daly, que deixou a Dale Coyne, que por sua vez, terá o piloto Ed Jones em seu
lugar. Se não houverem mudanças de última hora até o início da temporada de
2017, o número de competidores da IRL 2017 deverá ficar restrito a 23 pilotos,
o que evidencia as dificuldades em se conseguir melhorar a competição da
categoria, que já foi bem mais atrativa em tempos recentes. As dificuldades
para se obter bons patrocínios continua alta, o que motivou o fechamento de
alguns times, e o encolhimento de outros, como foram os casos da Panther e da
KV.
Para os fãs brasileiros que acompanham
as corridas da Indy, pelo menos houve uma boa notícia em dezembro: a
Bandeirantes anunciou que continuará transmitindo as provas. O ponto negativo é
que os fãs não devem esperar coisa muito melhor do que já viram nos últimos
anos, com provas sendo transmitidas ora no canal aberto, ora no canal fechado
(Bandsports), e olha que em 2016, com a desistência da emissora de transmitir o
Campeonato Brasileiro de Futebol, o que em tese liberaria espaço em sua
programação dominical para as corridas da Indy, nem por isso a emissora tratou
a competição com mais acuro e decência. Resta saber o que farão em 2017.
Com o receio de o Brasil não ter mais
representante no grid da F-1 em 2017, muitos temeram pelo fim da transmissão
das corridas da categoria máxima do automobilismo em canal aberto em nosso
país. Mas, pelo menos em 2017, esse perigo está afastado, já que a Globo vendeu
quase todas as cotas de patrocínio, e com um aumento de cerca de 10% sobre o
valor cobrado em 2015. Isso significa que as corridas continuarão sendo
transmitidas ao vivo pela Globo, com algumas exceções, como as provas que colidirem
com os jogos de futebol no domingo à tarde. E podem esquecer os treinos de
classificação, o que deve ser exibido apenas por ocasião do Grande Prêmio do
Brasil, e olhe lá. Quem quiser ver os treinos livres e a classificação terá de
recorrer ao canal pago SporTV. As incertezas agora se transferem para a
temporada de 2018...
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